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Universidade Federal do Ceará Centro de Ciências Departamento de Química Analítica e Físico-Química Viscosidade de Líquidos PRÁTICA Nº4 Aluno: Pedro Nonato da Silva Júnior Matrícula: 367522 Professor(a): Adriana Nunes Correia Curso: Farmácia Data da prática: 24 de abril de 2015 FORTALEZA 2015 1. INTRODUÇÃO A viscosidade de um líquido (inverso da fluidez) mede a resistência interna oferecida ao movimento relativo de diferentes partes desse líquido. Considerando que esse líquido esteja escoando por um tubo estreito, ele escoará mais lentamente na porção em contato com a parede e mais velozmente na porção central líquido, isso devido ao atrito existente entre a parede e o líquido. O coeficiente de viscosidade (também conhecido como viscosidade absoluta ou viscosidade dinâmica) nada mais é que a quantificação desse atrito, medido em g/cm.s (Poise) no sistema CGS e Pa.s no S.I. Existe ainda a viscosidade cinemática , a qual relaciona o coeficiente de viscosidade do líquido com a sua respectiva massa específica, sendo expressa em Stokes (cm²/s) e a viscosidade relativa rel que é obtida comparando a viscosidade de um líquido desconhecida com a de um líquido padrão. A viscosidade relativa é adimensional. A viscosidade pode ser obtida experimentalmente com auxílio de aparelhos denominados viscosímetros. Para a realização dessa prática foram utilizados dois tipos de viscosímetro: o viscosímetro de Oswald-Fenske, que permite determinar a viscosidade relativa de um líquido de massa específica conhecida comparando com um padrão, e um viscosímetro rotatório ou reômetro que indica a viscosidade dinâmica da solução em análise. Figura 1 - Viscosímetro de Ostwald-Fenske (à esquerda) e Viscosímetro Rotatório ou Reômetro 2. OBJETIVO Determinar as viscosidades relativa, dinâmica e cinemática dos soros fisiológicos, caseiro e para reidratação oral, utilizando o viscosímetro de Ostwald-Fenske; Determinar as viscosidades dinâmica e cinemática da carmelose em diferentes concentrações utilizando um viscosímetro rotatório. 3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Parte 1 – Determinação das viscosidades dos soros utilizando o viscosímetro de Oswald-Fenske. Inicialmente, preencheu-se o viscosímetro com água numa quantidade suficiente para completar metade do volume do bulbo A. Então, com o auxílio de uma pipeta, o líquido foi sugado até o bulbo B, completando todo seu volume, passando até o bulbo C, sendo preenchido até, aproximadamente, metade de seu volume. Tirou-se a pipeta e cronometrou-se três vezes o tempo de escoamento pelo bulbo B. Os tempos foram registrados para que então a água pudesse ser descartada e o teste fosse feito, agora com o soro fisiológico. O procedimento foi repetido com os demais soros disponíveis, sendo que foram feitas ambientações na troca de um soro para outro. Parte 2 – Determinação da viscosidade da Carmelose em diferentes concentrações usando um viscosímetro rotatório ou reômetro. O aparelho foi ligado e seu autoteste feito. Um béquer contendo água foi acoplado ao aparelho usando o menor spindle disponível (L1) e então foi possível registrar sua viscosidade dinâmica, bem como a porcentagem de torque do spindle. Esse procedimento foi realizado analogamente com as amostras de Carmelose 0,5% e 1%, com a diferença apenas no spindle utilizado, já que o reômetro só funcionou quando o spindle ideal para amostra analisada estava acoplado. Isso indica que sempre se devem testar os menores spindles quando não se tem certeza de qual utilizar para a amostra a ser analisada. A B C Figura 2 - Esquema do viscosímetro usado 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Parte 1 – Determinação da viscosidade dos soros utilizando os viscosímetro de Oswald-Fenske. Foram realizadas três medições de tempo de escoamento dos líquidos analisados como forma de minimizar disparidades, uma vez que o observador pode influenciar diretamente nos resultados, no caso da cronometragem. Os tempos registrados para cada amostra, bem como a média de tempo adotada para cada uma foram organizados na seguinte tabela: Amostra t1, s t2, s t3, s 𝒕 , s Água 68 69 70 69 Soro Fisiológico 68 68 68 68 Soro para Reidratação Oral 70 72 72 71,3 Soro Caseiro 80 78 78 78,6 Tabela 1 - Tempos de escoamento das amostras analisadas Para cada amostra, foi calculada a média aritmética dos tempos obtidos: Água: 𝑡 = 68 + 69 + 70 3 = 69𝑠 Soro Fisiológico: 𝑡 = 68 + 68 + 68 3 = 68𝑠 Soro p/ Reidratação Oral: 𝑡 = 70 + 72 + 72 3 = 71,3𝑠 Soro Caseiro: 𝑡 = 80 + 78 + 78 3 = 78,6𝑠 Tendo em mãos o tempo médio de escoamento de cada amostra, foi possível calcular a densidade relativa de cada uma, utilizando a seguinte equação: 𝜂𝑟𝑒𝑙 = 𝜌1.𝑡1 𝜌2.𝑡2 Sendo: 1: massa específica da amostra; 𝑡1 : tempo médio de escoamento da amostra; 2: massa específica da água; 𝑡2 : tempo médio de escoamento da água. Com isso, obtiveram-se os seguintes valores: Soro Fisiológico: 𝜂𝑟𝑒𝑙 (𝑆𝐹) = 1,00406 × 68 0,99730 × 69 = 0,9921 Soro para Reidratação Oral: 𝜂𝑟𝑒𝑙 (𝑆𝑅𝑂) = 1,0201 × 71,3 0,99730 × 69 = 1,0569 Soro Caseiro: 𝜂𝑟𝑒𝑙 (𝑆𝐶) = 1,0722 × 78,6 0,99730 × 69 = 1,2246 Usando os dados de viscosidade relativa, foi possível calcular a densidade dinâmica de cada amostra, usando a equação: 𝜂 = 𝜂𝑟𝑒𝑙 × 𝜂𝐻2𝑂 Onde: rel: viscosidade relativa da amostra; água: viscosidade dinâmica da água na temperatura do experimento, em cP. Considerando que a temperatura ambiente na hora do experimento era igual a 24C, os valores de viscosidade dinâmica determinados para as amostras foram: Soro Fisiológico: 𝜂𝑆𝐹 = 0,9921 × 0,9111 = 0,9039 𝑐𝑃 Soro para Reidratação Oral: 𝜂𝑆𝑅𝑂 = 1,0569 × 0,9111 = 0,9629 𝑐𝑃 Soro Caseiro: 𝜂𝑆𝐶 = 1,2246 × 0,9111 = 1,1157 𝑐𝑃 Por fim, calculou-se a viscosidade cinemática usando os valores de viscosidade recém descobertos, dada a equação: 𝜐 = 𝜂 𝜌 Onde: : viscosidade dinâmica da amostra, em cP; : massa específica da amostra, em g/cm³. Os valores das massas específicas dos soros foram os encontrados na prática nº1 de picnometria e usados nos cálculos de determinação da viscosidade cinemática: Soro Fisiológico: 𝜐𝑆𝐹 = 0,9039 1,00406 = 0,9002 𝑐𝑆𝑡 Soro para Reidratação Oral: 𝜐𝑆𝑅𝑂 = 0,9629 1,0201 = 0,9436 𝑐𝑆𝑡 Soro Caseiro: 𝜐𝑆𝐶 = 1,1157 1,0722 = 1,0406 𝑐𝑆𝑡 Todos os dados aqui demonstrados foram organizados na seguinte tabela: Amostra , g/cm³ Tempo de escoamento médio 𝒕 , s rel , cP , cSt Água 0,99730 69 - - - Soro Fisiológico 1,00406 68 0,9921 0,9039 0,9002 Soro para Reidratação Oral 1,0201 71,3 1,0569 0,9629 0,9436 Soro Caseiro 1,0722 78,6 1,2246 1,1157 1,0406 Tabela 2 - Viscosidades relativa, dinâmica e cinemática das amostras analisadas, a 24 C Nota-se que dentre as amostras analisadas, o soro caseiro apresentou os maiores valores de viscosidade, enquanto a água, os menores. Isso pode ser justificado pela quantidade de moléculas presentes em cada solução. Quanto maior o número de moléculas em solução, maior a possibilidade de interação delas com a parede do recipiente e consequentemente, maior o coeficiente deviscosidade apresentado, oriundo do atrito presente entre a camada de líquido e a parede do recipiente. O soro fisiológico apresenta apenas cloreto de sódio em sua composição, e por conta disso, apresenta íons dissociados em solução aquosa. Já o soro para reidratação oral apresenta glicose (em maior quantidade), cloreto de sódio, citrato de sódio e cloreto de potássio. Percebem-se que há mais moléculas presentes em solução, então as interações com as paredes serão mais freqüentes, provocando um maior atrito e um maior coeficiente de viscosidade, comparado ao da água e do soro fisiológico. A sacarose é o principal constituinte do soro caseiro. Por ser uma molécula grande, de grande peso molecular e estar em maior concentração por litro de solução que os outros soros, ela garantiu ao soro caseiro os maiores valores de viscosidades apresentados na análise. Além disso, esse soro apresentou o maior tempo de escoamento, o que reforça ainda mais o fato dele ser o líquido mais viscoso dentre as amostras. Parte 2 – Determinação da viscosidade da Carmelose em diferentes concentrações usando um viscosímetro rotatório ou reômetro. Com base nos dados registrados na análise da amostra de água e nas de carmelose, juntamente com as massas específicas que foram fornecidas, foi possível determinar a viscosidade cinemática das amostras: Água: 𝜐á𝑔𝑢𝑎 = 3 0,9973 = 3,0081 𝑐𝑆𝑡 Carmelose 0,5%: 𝜐𝑐𝑚𝑙 0,5% = 197 1,0005 = 196,90 𝑐𝑆𝑡 Carmelose 1%: 𝜐𝑐𝑚𝑙 1,0% = 740 1,0009 = 739,33 𝑐𝑆𝑡 Os dados obtidos foram organizados na seguinte tabela: Amostra Spindle utilizado Porcentagem de torque , g/cm³ , mPa.s , CST Água L1 6,3% 0,99730 3 3,0081 Carmelose 0,5% L2 65,8% 1,00050 197 196,90 Carmelose 1,0% L3 62,1% 1,00090 740 739,33 Tabela 3 - Viscosidades dinâmica e cinemática da água e carmelose a 24 C, obtidas a partir de um viscosímetro rotatório. Verificou-se que a carmelose em uma maior concentração apresentou maiores valores de viscosidade, o que de fato era o esperado desde que há mais moléculas em solução e consequentemente há uma maior resistência à fluidez devido a presença de mais atrito (fazendo uma alusão ao viscosímetro de Oswald-Fenske). A carmelose apresentou maior viscosidade que a água porque apresenta mais moléculas em solução e analogamente a solução mais concentrada de carmelose apresentou a maior viscosidade por conta disso, o que já foi explicado no item anterior. Analisando os resultados de ambas as partes do experimento, se notou que a viscosidade varia linearmente com a massa específica e com o tempo de escoamento das amostras apresentadas. Vale ressaltar que mesmo assim a viscosidade não está diretamente ligada à massa específica, como por exemplo, a água e o óleo de soja: o óleo apresenta menor massa específica que a da água e mesmo assim é mais viscoso. Os dados aqui apresentados não são fidedignos por conta de diversos erros experimentais que ocorreram no decorrer do experimento. Os valores adotados de massa específica dos soros foram obtidos numa temperatura diferente do experimento, bem como os valores de massa específica da carmelose, O procedimento experimental não foi seguido à risca, conforme o manual, nem o reômetro foi ligado com antecedência. Além disso, um dos spindles estava com defeito, tornando imprecisa a medição da viscosidade dinâmica da água. 5. CONCLUSÃO Com base nos resultados, pôde-se notar que a viscosidade nos soros e na carmelose varia conforme a quantidade de moléculas presentes em solução: quanto maior o número de moléculas, maior a interação das mesmas com a parede, maior a resistência do líquido ao movimento, devido ao atrito, provocando um maior tempo de escoamento e consequentemente, um maior coeficiente de viscosidade. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MANUAL de práticas: Disciplina: Físico - Química aplicada à Farmácia. Ceará: Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências, Departamento de Química Analítica E Físico- Química, 2009. 41 p. LEHNINGUER, A.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Principios de Bioquimica 5a Ed. Sao Paulo: Sarvier, 2011. 1304p. BROWN, T. L.; LEMAY, Jr, H. E.; BURDGE, J.R. Química: a Ciência Central. 9ª Ed. São Paulo: Pearson, 2005. 963p. .
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