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SOCIOLOGIA O francês Augusto Comte (1798-1857), filósofo e matemático, fundador da primeira forma de pensamento social, o positivismo (estado científico). Foi o primeiro teórico a definir a Sociologia como – física social: estática e dinâmica – que procura analisar e compreender a sociedade no sentido da organização (ordem) e da reformulação (progresso). O positivismo expressava uma confiança nos benefícios da industrialização, bem como um otimismo em relação ao progresso capitalista guiado pela técnica, pela ciência e pela racionalidade. O alemão Karl Marx (1818-1883), filósofo e economista, crítico idealizador do socialismo e do comunismo. A sociedade é vista como uma inevitável luta de classes sociais, por causa do sistema capitalista. Este conflito de poder terminaria se existisse igualdade social, se os meios de produção fossem de toda a coletividade. Segundo a visão marxista, a sociedade sempre estará em luta de classes, cada qual lutando por seus interesses, e jamais haverá equilíbrio ou harmonia onde existe dominação e/ou exploração. O francês David Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo, considerado fundador da Sociologia Moderna, a partir de seus estudos a Sociologia passou a ser considerada como uma ciência independente das demais Ciências Sociais (Antropologia, Política, Economia) e da Filosofia. Para ele, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais, ou seja, de todos os processos de interação humana. Seu maior estudo foi sobre o suicídio, tipos e causas. O alemão Max Weber (1864-1920), sociólogo, criou o método compreensivo através da análise dos processos históricos e sociais. Para ele, a pesquisa histórica é essencial para compreensão das sociedades. O objetivo maior da Sociologia é compreender a conduta social, que ele chegou a definir como ação social. Foi fundador da Sociologia da Religião. FONTE: OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo: Ática, 2002. Entre estes teóricos clássicos, o que mais influenciou o serviço social foi o economista Marx, visto que começou a criticar severamente as práticas capitalistas e trouxe como solução as teorias que foram chamadas de socialistas, pois o principal objetivo desse novo processo e sistema social era socializar os bens de consumo e de produção. UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL 30 Assim, seguindo a análise marxista de pensamento e interpretação social, podemos compreender que a Questão Social está diretamente vinculada ao processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, aos conflitos advindos do capital versus trabalho, pois todas as manifestações expressivas na sociedade surgem das relações de exploração e dominação capitalista. De acordo com Iamamoto e Carvalho (1996, apud PIERITZ, 2013a, p. 104): A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão. Marx (1848), descrevendo sua percepção da exploração capitalista, enfatizou que na medida em que a relação de trabalho permite que a remuneração do trabalhador seja menor do que o valor que ele produz, o capitalista, que é o dono dos meios de produção, estará se apropriando da parcela não paga ao trabalhador. Este valor (lucro) apropriado pelo capitalista advém da diferença entre o valor produzido e o salário pago ao trabalhador, e a essa diferença dá-se o nome de mais-valia, ou seja, o excedente, o lucro, a exploração, é evidente no capitalismo, assim a desigualdade social se instaura na sociedade. FIGURA 9 - O FILÓSOFO E ECONOMISTA KARL MARX FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=teoria+marxista +capital+e+trabalho&biw>. Acesso em: 5 jan. 2015. Para Marx, o socialismo prega a igualdade social e não a desigualdade, a exploração, a alienação, a pobreza, entre outras situações de exclusão social que são geradas pelo capitalismo. TÓPICO 2 | SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL E SEU CONTEXTO HISTÓRICO 31 No século XX o enfoque das necessidades humanas foi instigado por duas considerações: problemas na teoria marxista e questões nas políticas públicas. Os marxistas clássicos tinham que explicar a inesperada longevidade do capitalismo, previsto para desmoronar em consequência da superprodução e do subconsumo. Alguns revisionistas marxistas, casando noções freudianas de desejos instintivos com observações acerca do papel da mídia por teóricos da sociedade de massas, propuseram uma explicação em termos de “falsas necessidades”. Começando com Erich Fromm, que foi o primeiro a expor essa ideia nos anos 30, e incluindo Wilhelm Reich, Herbert Marcuse e membros da escola de Frankfurt, esses pensadores argumentaram que o capitalismo tem uma capacidade inigualável de introjetar na psique de seus súditos as necessidades que ele precisa que eles tenham a fim de que o sistema sobreviva. (SPRINGBORG, 1996, p. 519). Nas palavras de Erich Fromm (1987, p. 82), enfatizado anteriormente na citação, podemos averiguar seu embasamento sobre as falsas necessidades produzidas no capitalismo a partir de uma ideologia dominante: As normas pelas quais a sociedade funciona também moldam o caráter dos seus membros (caráter social). Numa sociedade industrial, esses caracteres são: desejo de adquirir propriedade; mantê-la; aumentá- la, isto é, obter lucro. Os que possuem propriedade são admirados e invejados como seres superiores. Mas a vasta maioria de pessoas não possui propriedade alguma no sentido real de capital e bens de capital. [...] E como os grandes proprietários, os pobres estão obcecados pelo desejo de manter o que têm e aumentá-lo, mesmo que seja em um mínimo (por exemplo, poupando um centavo aqui, um centavo ali). Na visão marxista, o modo de desenvolvimento deste processo caracteriza a produção de coisas inúteis que não atendem às necessidades humanas em termos de qualidade de vida e através do processo de trabalho se concretiza uma desvalorização e alienação do ser humano; a força e a energia humanas se reduzem apenas ao fazer repetitivo e não ao pensar crítico; se produz o desnecessário como forma de priorizar o processo de valorização do capital através do consumo sem razão lógica e racional, exercício de uma ilusória e falsa cidadania com negação total dos direitos sociais, como também, consequentemente, degradação do meio ambiente através do próprio processo de trabalho e exploração da natureza. Assim, o trabalho, ao invés de servir para o bem comum de todos, garantido à vida humana e à natureza, passou a ser utilizado para o enriquecimento de alguns. De realização pessoal e criatividade, foi transformado em processo de alienação, em esforço rotineiro e repetitivo e passividade crítica, com resultados de lucro, consumo e destruição, visto que a alienação é um processo que torna algo pertencente alheio a si próprio; assim, os atos de uma pessoa são governados por outros e se transformam em uma força estranha e contrária de si mesmo, obscuramente a alienação se produz para satisfazer as necessidades do mercado. UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL 32 Assim, procurando compreender o mundo contemporâneo, verificamos que, ao longo dos séculos XIX e XX, surge o desemprego nos países desenvolvidos, o mercado se globaliza, surge a concorrência, o capital produtivo ganha organização mais complexa, ocorre o movimento neocolonial pela necessidade de encontrar territórios ricos em matéria-prima que pudessem abastecer a economia para investimento de capitais