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Ementa e Acórdão 01/08/2018 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.156 SÃO PAULO RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO REQTE.(S) :GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO ADV.(A/S) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO INTDO.(A/S) :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO ADV.(A/S) :CARLOS ROBERTO DE ALCKMIN DUTRA E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – LEI Nº 10.894/2001 EDITADA PELO ESTADO DE SÃO PAULO – DIPLOMA LEGISLATIVO QUE, EMBORA VEICULADOR DE MATÉRIAS SUBMETIDAS, EM TEMA DE PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS LEIS, AO EXCLUSIVO PODER DE INSTAURAÇÃO DO CHEFE DO EXECUTIVO, RESULTOU, NÃO OBSTANTE, DE INICIATIVA PARLAMENTAR – SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL – REGIME JURÍDICO – LEI ESTADUAL QUE “DISPÕE SOBRE O PREENCHIMENTO DOS CARGOS DE DIREÇÃO EXECUTIVA NAS AGÊNCIAS REGULADORAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS E OUTROS ÓRGÃOS OU ENTIDADES ASSEMELHADOS, RESPONSÁVEIS PELA REGULAMENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DO ESTADO” – USURPAÇÃO DO PODER DE INICIATIVA RESERVADO AO GOVERNADOR DO ESTADO – OFENSA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA SEPARAÇÃO DE PODERES – INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL – REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – PRECEDENTES – PARECER DA PROCURADORIA- -GERAL DA REPÚBLICA PELA INCONSTITUCIONALIDADE – AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTE. Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 64F0-EF08-C629-EB93 e senha 9D49-639F-51EB-5910 Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 21 Ementa e Acórdão ADI 3156 / SP PROCESSO LEGISLATIVO E INICIATIVA RESERVADA DAS LEIS – O desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo legislativo, que resulte da usurpação de poder sujeito à cláusula de reserva, traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência reflete típica hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do diploma legislativo eventualmente editado. Situação ocorrente na espécie, em que o diploma legislativo estadual, de iniciativa parlamentar, incidiu em domínio constitucionalmente reservado à atuação do Chefe do Poder Executivo: regime jurídico dos servidores públicos e organização da Administração Pública. A usurpação da prerrogativa de instaurar o processo legislativo, por iniciativa parlamentar, qualifica-se como ato destituído de qualquer eficácia jurídica, contaminando, por efeito de repercussão causal prospectiva, a própria validade constitucional da norma que dele resulte. Precedentes. Doutrina. Nem mesmo eventual aquiescência do Chefe do Poder Executivo mediante sanção, expressa ou tácita, do projeto de lei, ainda quando dele seja a prerrogativa usurpada, tem o condão de sanar esse defeito jurídico radical. Insubsistência da Súmula nº 5/STF (formulada sob a égide da Constituição de 1946), em virtude da superveniente promulgação da Constituição Federal de 1988. Doutrina. Precedentes. SIGNIFICAÇÃO CONSTITUCIONAL DO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS (CIVIS E MILITARES) – A locução constitucional “regime jurídico dos servidores públicos” corresponde ao conjunto de normas que disciplinam os diversos aspectos das relações, estatutárias ou contratuais, mantidas pelo Estado com os seus 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 64F0-EF08-C629-EB93 e senha 9D49-639F-51EB-5910 Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP PROCESSO LEGISLATIVO E INICIATIVA RESERVADA DAS LEIS – O desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo legislativo, que resulte da usurpação de poder sujeito à cláusula de reserva, traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência reflete típica hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do diploma legislativo eventualmente editado. Situação ocorrente na espécie, em que o diploma legislativo estadual, de iniciativa parlamentar, incidiu em domínio constitucionalmente reservado à atuação do Chefe do Poder Executivo: regime jurídico dos servidores públicos e organização da Administração Pública. A usurpação da prerrogativa de instaurar o processo legislativo, por iniciativa parlamentar, qualifica-se como ato destituído de qualquer eficácia jurídica, contaminando, por efeito de repercussão causal prospectiva, a própria validade constitucional da norma que dele resulte. Precedentes. Doutrina. Nem mesmo eventual aquiescência do Chefe do Poder Executivo mediante sanção, expressa ou tácita, do projeto de lei, ainda quando dele seja a prerrogativa usurpada, tem o condão de sanar esse defeito jurídico radical. Insubsistência da Súmula nº 5/STF (formulada sob a égide da Constituição de 1946), em virtude da superveniente promulgação da Constituição Federal de 1988. Doutrina. Precedentes. SIGNIFICAÇÃO CONSTITUCIONAL DO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS (CIVIS E MILITARES) – A locução constitucional “regime jurídico dos servidores públicos” corresponde ao conjunto de normas que disciplinam os diversos aspectos das relações, estatutárias ou contratuais, mantidas pelo Estado com os seus 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 64F0-EF08-C629-EB93 e senha 9D49-639F-51EB-5910 Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 21 Ementa e Acórdão ADI 3156 / SP agentes. Nessa matéria, o processo de formação das leis está sujeito, quanto à sua válida instauração, por efeito de expressa reserva constitucional, à exclusiva iniciativa do Chefe do Poder Executivo. Precedentes. ATUAÇÃO DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO NO PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO CONCENTRADA DE CONSTITUCIONALIDADE – O Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua jurisdição constitucional. Precedentes. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência da Ministra Cármen Lúcia, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade de votos, em julgar procedente o pedido formulado na ação direta, para declarar a inconstitucionalidade integral da Lei n. 10.894, de 28/9/2001, do Estado de São Paulo, nos termos do voto do Relator. O Ministro Marco Aurélio acompanhou o Relator com ressalvada. Brasília, 1º de agosto de 2018. CELSO DE MELLO – RELATOR 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 64F0-EF08-C629-EB93 e senha 9D49-639F-51EB-5910 Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP agentes. Nessa matéria, o processo de formação das leis está sujeito, quanto à sua válida instauração, por efeito de expressa reserva constitucional, à exclusiva iniciativado Chefe do Poder Executivo. Precedentes. ATUAÇÃO DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO NO PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO CONCENTRADA DE CONSTITUCIONALIDADE – O Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua jurisdição constitucional. Precedentes. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência da Ministra Cármen Lúcia, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade de votos, em julgar procedente o pedido formulado na ação direta, para declarar a inconstitucionalidade integral da Lei n. 10.894, de 28/9/2001, do Estado de São Paulo, nos termos do voto do Relator. O Ministro Marco Aurélio acompanhou o Relator com ressalvada. Brasília, 1º de agosto de 2018. CELSO DE MELLO – RELATOR 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 64F0-EF08-C629-EB93 e senha 9D49-639F-51EB-5910 Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 21 Relatório AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.156 SÃO PAULO RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO REQTE.(S) :GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO ADV.(A/S) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO INTDO.(A/S) :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO ADV.(A/S) :CARLOS ROBERTO ALCKMIN DUTRA R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): O Senhor Governador do Estado de São Paulo ajuíza ação direta de inconstitucionalidade, impugnando a Lei nº 10.894/2001, que, editada por essa unidade da Federação, “Dispõe sobre o preenchimento dos cargos de Direção Executiva nas Agências Reguladoras de Serviços Públicos e outros órgãos ou entidades assemelhados, responsáveis pela regulamentação e fiscalização de serviços públicos do Estado” (fls. 14 – grifei). Os preceitos normativos impugnados na presente sede de fiscalização normativa abstrata possuem o seguinte conteúdo material (fls. 14): “Artigo 1º – O preenchimento dos cargos de Direção Executiva nas Agências Reguladoras de Serviços Públicos e outros órgãos ou entidades assemelhados, responsáveis pela regulamentação e fiscalização de serviços públicos do Estado fica disciplinado nos termos da presente lei. Artigo 2º – São condições indispensáveis para a ocupação dos cargos de que trata esta lei: I – possuir ilibada reputação e idoneidade moral; II – não ter praticado ato de improbidade administrativa nem ter sofrido condenação por crime falimentar, de prevaricação, de corrupção passiva ou ativa e concussão, contra a economia popular, a fé pública, a propriedade ou o sistema financeiro; Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14993602. Supremo Tribunal Federal AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.156 SÃO PAULO RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO REQTE.(S) :GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO ADV.(A/S) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO INTDO.(A/S) :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO ADV.(A/S) :CARLOS ROBERTO ALCKMIN DUTRA R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): O Senhor Governador do Estado de São Paulo ajuíza ação direta de inconstitucionalidade, impugnando a Lei nº 10.894/2001, que, editada por essa unidade da Federação, “Dispõe sobre o preenchimento dos cargos de Direção Executiva nas Agências Reguladoras de Serviços Públicos e outros órgãos ou entidades assemelhados, responsáveis pela regulamentação e fiscalização de serviços públicos do Estado” (fls. 14 – grifei). Os preceitos normativos impugnados na presente sede de fiscalização normativa abstrata possuem o seguinte conteúdo material (fls. 14): “Artigo 1º – O preenchimento dos cargos de Direção Executiva nas Agências Reguladoras de Serviços Públicos e outros órgãos ou entidades assemelhados, responsáveis pela regulamentação e fiscalização de serviços públicos do Estado fica disciplinado nos termos da presente lei. Artigo 2º – São condições indispensáveis para a ocupação dos cargos de que trata esta lei: I – possuir ilibada reputação e idoneidade moral; II – não ter praticado ato de improbidade administrativa nem ter sofrido condenação por crime falimentar, de prevaricação, de corrupção passiva ou ativa e concussão, contra a economia popular, a fé pública, a propriedade ou o sistema financeiro; Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14993602. Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 21 Relatório ADI 3156 / SP III – não haver trabalhado, nos últimos 2 (dois) anos, em cargo de direção e não ter, nos últimos 4 (quatro) anos, exercido atividade com ou sem vínculo empregatício, ou de qualquer forma colaborado com a gestão ou administração de empresas que são ou serão reguladas pelo órgão; IV – não possuir o interessado, o cônjuge ou companheira(o), ou os parentes consanguíneos ou afins até o 2º grau, participação acionária ou societária em empresas que são ou serão reguladas pelo órgão ou em empresas a elas coligadas. Artigo 3º – É vedado aos ocupantes dos cargos de que trata esta lei, durante o seu exercício: I – exercer, com ou sem vínculo empregatício, cargo ou função em empresas ou instituições privadas sob supervisão ou regulação do órgão; II – exercer qualquer atividade profissional paralela às suas funções, direta ou indiretamente vinculada às instituições mencionadas no inciso anterior. Parágrafo único – Findo o exercício do cargo, ficam mantidos, pelo período de 4 (quatro) anos, os impedimentos previstos neste artigo. Artigo 4º – Vetado. Artigo 5º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.” (grifei) O autor da presente ação direta sustenta a inconstitucionalidade do diploma legislativo em questão, apoiando-se, para tanto, nas seguintes razões (fls. 05/11): “(...) O diploma legislativo em questão, como já assinalado, é de iniciativa parlamentar, tendo estabelecido condições a serem preenchidas pelos ocupantes dos cargos de Direção Executiva das Agências Reguladoras e órgãos ou entidades assemelhados responsáveis pela regulamentação e fiscalização de serviços públicos do Estado. Fixa também vedações aos ocupantes dos cargos durante seu exercício, além de determinar que essas vedações devem perdurar pelo período mínimo de quatro anos após a cessação do exercício do cargo. 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14993602. Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP III – não haver trabalhado, nos últimos 2 (dois) anos, em cargo de direção e não ter, nos últimos4 (quatro) anos, exercido atividade com ou sem vínculo empregatício, ou de qualquer forma colaborado com a gestão ou administração de empresas que são ou serão reguladas pelo órgão; IV – não possuir o interessado, o cônjuge ou companheira(o), ou os parentes consanguíneos ou afins até o 2º grau, participação acionária ou societária em empresas que são ou serão reguladas pelo órgão ou em empresas a elas coligadas. Artigo 3º – É vedado aos ocupantes dos cargos de que trata esta lei, durante o seu exercício: I – exercer, com ou sem vínculo empregatício, cargo ou função em empresas ou instituições privadas sob supervisão ou regulação do órgão; II – exercer qualquer atividade profissional paralela às suas funções, direta ou indiretamente vinculada às instituições mencionadas no inciso anterior. Parágrafo único – Findo o exercício do cargo, ficam mantidos, pelo período de 4 (quatro) anos, os impedimentos previstos neste artigo. Artigo 4º – Vetado. Artigo 5º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.” (grifei) O autor da presente ação direta sustenta a inconstitucionalidade do diploma legislativo em questão, apoiando-se, para tanto, nas seguintes razões (fls. 05/11): “(...) O diploma legislativo em questão, como já assinalado, é de iniciativa parlamentar, tendo estabelecido condições a serem preenchidas pelos ocupantes dos cargos de Direção Executiva das Agências Reguladoras e órgãos ou entidades assemelhados responsáveis pela regulamentação e fiscalização de serviços públicos do Estado. Fixa também vedações aos ocupantes dos cargos durante seu exercício, além de determinar que essas vedações devem perdurar pelo período mínimo de quatro anos após a cessação do exercício do cargo. 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14993602. Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 21 Relatório ADI 3156 / SP 6. Ao assim dispor, a lei em questão trata do regime jurídico dos servidores públicos estaduais, matéria sobre a qual as propostas legislativas são de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo. …...................................................................................................... 8. Decorre da abrangência do texto constitucional que as regras a serem preenchidas para investidura no cargo, bem como as vedações a serem observadas por seus titulares, compõem o regime jurídico dos servidores, matéria cuja iniciativa da proposta legislativa é atribuída pelo arcabouço constitucional privativamente ao Chefe do Poder Executivo, nos termos do artigo 61, § 2º, inciso II, alínea ‘c’. ........................................................................................................... 10. Anote-se que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal está pacificada no sentido de entender que a norma constitucional relativa a iniciativa das leis é de observância compulsória pelos Estados-membros da Federação, obrigados que estão a observar as linhas mestras do processo legislativo ditado pela Constituição Federal. …...................................................................................................... 16. Ademais, porque o diploma legislativo em foco invade a competência privativa do Chefe do Poder Executivo, além do flagrante vício formal, configura-se também afronta ao princípio da independência e harmonia entre os Poderes, consagrado no artigo 2º da Constituição Federal e também previsto no artigo 5º da Constituição do Estado de São Paulo. …...................................................................................................... 21. Por todo o exposto, não resta dúvida de que a Lei do Estado de São Paulo nº 10.894, de 28 de setembro de 2001, está eivada de inconstitucionalidade, por chocar-se com os artigos 2º; 61, § 1º, inciso II, ‘c’; e 84, inciso III, da Constituição Federal.” (grifei) A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, ao prestar as informações que lhe foram solicitadas, limitou-se a sustentar a validade constitucional do diploma legislativo ora questionado (fls. 40/46). 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14993602. Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP 6. Ao assim dispor, a lei em questão trata do regime jurídico dos servidores públicos estaduais, matéria sobre a qual as propostas legislativas são de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo. …...................................................................................................... 8. Decorre da abrangência do texto constitucional que as regras a serem preenchidas para investidura no cargo, bem como as vedações a serem observadas por seus titulares, compõem o regime jurídico dos servidores, matéria cuja iniciativa da proposta legislativa é atribuída pelo arcabouço constitucional privativamente ao Chefe do Poder Executivo, nos termos do artigo 61, § 2º, inciso II, alínea ‘c’. ........................................................................................................... 10. Anote-se que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal está pacificada no sentido de entender que a norma constitucional relativa a iniciativa das leis é de observância compulsória pelos Estados-membros da Federação, obrigados que estão a observar as linhas mestras do processo legislativo ditado pela Constituição Federal. …...................................................................................................... 16. Ademais, porque o diploma legislativo em foco invade a competência privativa do Chefe do Poder Executivo, além do flagrante vício formal, configura-se também afronta ao princípio da independência e harmonia entre os Poderes, consagrado no artigo 2º da Constituição Federal e também previsto no artigo 5º da Constituição do Estado de São Paulo. …...................................................................................................... 21. Por todo o exposto, não resta dúvida de que a Lei do Estado de São Paulo nº 10.894, de 28 de setembro de 2001, está eivada de inconstitucionalidade, por chocar-se com os artigos 2º; 61, § 1º, inciso II, ‘c’; e 84, inciso III, da Constituição Federal.” (grifei) A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, ao prestar as informações que lhe foram solicitadas, limitou-se a sustentar a validade constitucional do diploma legislativo ora questionado (fls. 40/46). 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14993602. Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 21 Relatório ADI 3156 / SP O eminente Senhor Advogado-Geral da União, ao pronunciar-se nestes autos, manifestou-se pela procedência da presente ação direta de inconstitucionalidade (fls. 107/112). O eminente Senhor Procurador-Geral da República, por sua vez, opinou pela inconstitucionalidade da lei estadual ora impugnada (fls. 116/119), fazendo-o em manifestação que está assim ementada(fls. 116): “Lei nº 10.894/2001 – Iniciativa parlamentar, usurpação de competência privativa do Chefe do Poder Executivo, ainda com a discordância expressa da autoridade manifestada em veto. – Afronta ao artigo 61, § 1º, II, ‘c’, da Constituição Federal. – Pela declaração de inconstitucionalidade.” (grifei) Este é o relatório, de cujo texto a Secretaria remeterá cópia a todos os Senhores Ministros deste Egrégio Tribunal (Lei nº 9.868/99, art. 9º, “caput”; RISTF, art. 172). __________________________________________ 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14993602. Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP O eminente Senhor Advogado-Geral da União, ao pronunciar-se nestes autos, manifestou-se pela procedência da presente ação direta de inconstitucionalidade (fls. 107/112). O eminente Senhor Procurador-Geral da República, por sua vez, opinou pela inconstitucionalidade da lei estadual ora impugnada (fls. 116/119), fazendo-o em manifestação que está assim ementada (fls. 116): “Lei nº 10.894/2001 – Iniciativa parlamentar, usurpação de competência privativa do Chefe do Poder Executivo, ainda com a discordância expressa da autoridade manifestada em veto. – Afronta ao artigo 61, § 1º, II, ‘c’, da Constituição Federal. – Pela declaração de inconstitucionalidade.” (grifei) Este é o relatório, de cujo texto a Secretaria remeterá cópia a todos os Senhores Ministros deste Egrégio Tribunal (Lei nº 9.868/99, art. 9º, “caput”; RISTF, art. 172). __________________________________________ 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14993602. Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO 01/08/2018 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.156 SÃO PAULO V O T O O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Destaco, inicialmente, a plena legitimidade do comportamento processual do Senhor Advogado-Geral da União, cujo pronunciamento favorável à procedência da presente ação direta tem suporte na orientação jurisprudencial que o Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou em diversos precedentes (RTJ 213/436-438 – ADI 341/PR – ADI 1.440/SC, v.g.). A jurisprudência desta Suprema Corte já se consolidou no sentido de que o Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender, incondicionalmente, o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua jurisdição constitucional: “ATUAÇÃO DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO NO PROCESSO DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO – O Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua jurisdição constitucional. Precedentes.” (ADI 2.681-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Vale rememorar, no ponto, que o Supremo Tribunal Federal, por mais de uma vez, já teve a oportunidade de advertir que “o Advogado-Geral da União não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela esta Corte Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal 01/08/2018 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.156 SÃO PAULO V O T O O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Destaco, inicialmente, a plena legitimidade do comportamento processual do Senhor Advogado-Geral da União, cujo pronunciamento favorável à procedência da presente ação direta tem suporte na orientação jurisprudencial que o Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou em diversos precedentes (RTJ 213/436-438 – ADI 341/PR – ADI 1.440/SC, v.g.). A jurisprudência desta Suprema Corte já se consolidou no sentido de que o Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender, incondicionalmente, o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua jurisdição constitucional: “ATUAÇÃO DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO NO PROCESSO DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO – O Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua jurisdição constitucional. Precedentes.” (ADI 2.681-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Vale rememorar, no ponto, que o Supremo Tribunal Federal, por mais de uma vez, já teve a oportunidade de advertir que “o Advogado-Geral da União não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela esta Corte Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP já fixou entendimento pela sua inconstitucionalidade” (ADI 1.616/PE, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – grifei). Esse entendimento jurisprudencial veio a ser reafirmado nos julgamentos da ADI 2.101/MS, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, e da ADI 3.916/DF, Rel. Min. EROS GRAU. Incensurável, desse modo, sob a perspectiva de suas funções no processo de fiscalização normativa abstrata, o pronunciamento que, nestes autos, manifestou o Senhor Advogado-Geral da União. Prosseguindo neste julgamento, Senhora Presidente, tenho por formalmente inconstitucional a Lei nº 10.894/2001 editada pelo Estado de São Paulo, eis que configurada, na espécie, hipótese de usurpação do poder de iniciativa atribuído ao Chefe do Poder Executivo local, considerado o fato de que o diploma legislativo em questão, resultante de projeto apresentado por Deputado Estadual, além de envolver a disciplina normativa da organização e do funcionamento de órgãos da Administração Pública estadual, também veicula matéria inerente ao regime jurídico de servidores públicos. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao examinar a controvérsia ora em julgamento, tem reiteradamente advertido que “O modelo estruturador do processo legislativo, tal como delineado em seus aspectos fundamentais pela Cartada República, impõe-se, enquanto padrão normativo de compulsório atendimento, à observância incondicional dos Estados-membros” (RTJ 170/792, Rel. Min. CELSO DE MELLO). A disciplina normativa pertinente ao regime jurídico dos servidores públicos e à organização e ao funcionamento dos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública estadual traduz matéria que se insere, por efeito de sua natureza mesma, na esfera de exclusiva iniciativa do Chefe do Poder Executivo, em face da cláusula de reserva inscrita no art. 61, § 1º, II, “a”,“c” e “e”, da Constituição da República, que consagra 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP já fixou entendimento pela sua inconstitucionalidade” (ADI 1.616/PE, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – grifei). Esse entendimento jurisprudencial veio a ser reafirmado nos julgamentos da ADI 2.101/MS, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, e da ADI 3.916/DF, Rel. Min. EROS GRAU. Incensurável, desse modo, sob a perspectiva de suas funções no processo de fiscalização normativa abstrata, o pronunciamento que, nestes autos, manifestou o Senhor Advogado-Geral da União. Prosseguindo neste julgamento, Senhora Presidente, tenho por formalmente inconstitucional a Lei nº 10.894/2001 editada pelo Estado de São Paulo, eis que configurada, na espécie, hipótese de usurpação do poder de iniciativa atribuído ao Chefe do Poder Executivo local, considerado o fato de que o diploma legislativo em questão, resultante de projeto apresentado por Deputado Estadual, além de envolver a disciplina normativa da organização e do funcionamento de órgãos da Administração Pública estadual, também veicula matéria inerente ao regime jurídico de servidores públicos. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao examinar a controvérsia ora em julgamento, tem reiteradamente advertido que “O modelo estruturador do processo legislativo, tal como delineado em seus aspectos fundamentais pela Carta da República, impõe-se, enquanto padrão normativo de compulsório atendimento, à observância incondicional dos Estados-membros” (RTJ 170/792, Rel. Min. CELSO DE MELLO). A disciplina normativa pertinente ao regime jurídico dos servidores públicos e à organização e ao funcionamento dos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública estadual traduz matéria que se insere, por efeito de sua natureza mesma, na esfera de exclusiva iniciativa do Chefe do Poder Executivo, em face da cláusula de reserva inscrita no art. 61, § 1º, II, “a”,“c” e “e”, da Constituição da República, que consagra 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP princípio fundamental inteiramente aplicável, em tema de processo legislativo , aos Estados-membros (RTJ 150/341 , Rel. Min. ILMAR GALVÃO – RTJ 150/482 , Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – RTJ 155/22 , Rel. Min. CÉLIO BORJA – RTJ 156/777 , Rel. Min. CELSO DE MELLO – RTJ 156/788 , Rel. Min. ILMAR GALVÃO – RTJ 174/75, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – RTJ 178/621, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – RTJ 185/408-409, Rel. Min. ELLEN GRACIE – ADI 1.060- -MC/RS, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – ADI 1.729-MC/RN , Rel. Min. NELSON JOBIM – ADI 1.730-MC/RS , Rel. Min. MOREIRA ALVES – ADI 2.115-MC/RS , Rel. Min. ILMAR GALVÃO – ADI 2.336-MC/SC , Rel. Min. NELSON JOBIM – ADI 2.400-MC/SC , Rel. Min. ILMAR GALVÃO – ADI 2.417-MC/SP, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – ADI 2.569/CE, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, v.g.): “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCONSTITUCIONALIDADES FORMAL E MATERIAL DOS ARTS. 4º E 5º DA LEI N. 227/1989, DO ESTADO DE RONDÔNIA. AFRONTA AOS ARTS. 25, 37, INC. X E XIII, 61, § 1º, INC. I, ALÍNEA ‘A’, E 63 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1. Inconstitucionalidade formal dos arts. 4º e 5º da Lei n. 227/1989, que desencadeiam aumento de despesa pública em matéria de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo. Afronta aos arts. 25; 61, § 1º, inc. I, alínea ‘a’; e 63 da Constituição da República. 2. Inconstitucionalidade material dos arts. 4º e 5º da Lei n. 227/1989, ao impor vinculação dos valores remuneratórios dos servidores rondonienses com aqueles fixados pela União para os seus servidores (art. 37, inc. XIII, da Constituição da República). 3. Afronta ao art. 37, inc. X, da Constituição da República, que exige a edição de lei específica para a fixação de remuneração de servidores públicos, o que não se mostrou compatível com o disposto na Lei estadual n. 227/89. 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP princípio fundamental inteiramente aplicável, em tema de processo legislativo , aos Estados-membros (RTJ 150/341 , Rel. Min. ILMAR GALVÃO – RTJ 150/482 , Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – RTJ 155/22 , Rel. Min. CÉLIO BORJA – RTJ 156/777 , Rel. Min. CELSO DE MELLO – RTJ 156/788 , Rel. Min. ILMAR GALVÃO – RTJ 174/75, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – RTJ 178/621, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – RTJ 185/408-409, Rel. Min. ELLEN GRACIE – ADI 1.060- -MC/RS, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – ADI 1.729-MC/RN , Rel. Min. NELSON JOBIM – ADI 1.730-MC/RS , Rel. Min. MOREIRA ALVES – ADI 2.115-MC/RS , Rel. Min. ILMAR GALVÃO – ADI 2.336-MC/SC , Rel. Min. NELSON JOBIM – ADI 2.400-MC/SC , Rel. Min. ILMAR GALVÃO – ADI 2.417-MC/SP, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – ADI 2.569/CE, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, v.g.): “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCONSTITUCIONALIDADES FORMAL E MATERIAL DOS ARTS. 4º E 5º DA LEI N. 227/1989, DO ESTADO DE RONDÔNIA. AFRONTA AOS ARTS. 25, 37, INC. X E XIII, 61, § 1º, INC. I, ALÍNEA ‘A’, E 63 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1. Inconstitucionalidade formal dos arts. 4º e 5º da Lei n. 227/1989, que desencadeiam aumento de despesa pública em matéria de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo. Afronta aos arts. 25; 61, § 1º, inc. I, alínea ‘a’; e 63 da Constituição da República. 2. Inconstitucionalidade material dos arts. 4º e 5º da Lei n. 227/1989, ao impor vinculação dos valores remuneratórios dos servidores rondonienses com aqueles fixados pela União para os seus servidores (art. 37, inc. XIII, da Constituição da República). 3. Afronta ao art. 37, inc. X, da Constituição da República, que exige a edição de lei específica para a fixação de remuneração de servidores públicos, o que não se mostrou compatível com o disposto na Lei estadual n. 227/89. 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 21 Voto -MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP 4. Competência privativa do Estado para legislar sobre política remuneratória de seus servidores. Autonomia dos Estados-membros. Precedentes. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.” (RTJ 204/941, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – grifei) “CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO LEGISLATIVO: INICIATIVA LEGISLATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. C.F., art. 61, § 1º, II, ‘c’. INICIATIVA LEGISLATIVA RESERVADA A OUTRO PODER: PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. C.F., art. 2º. I. – As regras básicas do processo legislativo federal são de observância obrigatória pelos Estados-membros e Municípios. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. II. – Leis que disponham sobre servidores públicos são de iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executivo (C.F., art. 61, § 1º, II, ‘a’, ‘c’, ‘f’), à Câmara dos Deputados (C.F., art. 51, IV), ao Senado Federal (C.F., art. 52, XIII), ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça (C.F., art. 96, II, ‘b’). III. – Lei de iniciativa reservada a outro poder: não-observância: ofensa ao princípio da separação dos poderes (C.F., art. 2º). IV. – Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.” (ADI 2.731/ES, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – grifei) “(...) 1. Ao alterar a jornada de trabalho de categorias específicas, a Lei 751/03, de iniciativa parlamentar, cuidou do regime jurídico de servidores estaduais, e, com isso, incursionou indevidamente em domínio temático cuja iniciativa é reservada ao Chefe do Poder Executivo, nos termos do art. 61, II, § 1º, ‘c’, da CF. Precedentes. 2. O sancionamento tácito do Governador do Estado do Amapá em exercício ao projeto que resultou na Lei estadual 751/03 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP 4. Competência privativa do Estado para legislar sobre política remuneratória de seus servidores. Autonomia dos Estados-membros. Precedentes. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.” (RTJ 204/941, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – grifei) “CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO LEGISLATIVO: INICIATIVA LEGISLATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. C.F., art. 61, § 1º, II, ‘c’. INICIATIVA LEGISLATIVA RESERVADA A OUTRO PODER: PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. C.F., art. 2º. I. – As regras básicas do processo legislativo federal são de observância obrigatória pelos Estados-membros e Municípios. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. II. – Leis que disponham sobre servidores públicos são de iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executivo (C.F., art. 61, § 1º, II, ‘a’, ‘c’, ‘f’), à Câmara dos Deputados (C.F., art. 51, IV), ao Senado Federal (C.F., art. 52, XIII), ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça (C.F., art. 96, II, ‘b’). III. – Lei de iniciativa reservada a outro poder: não-observância: ofensa ao princípio da separação dos poderes (C.F., art. 2º). IV. – Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.” (ADI 2.731/ES, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – grifei) “(...) 1. Ao alterar a jornada de trabalho de categorias específicas, a Lei 751/03, de iniciativa parlamentar, cuidou do regime jurídico de servidores estaduais, e, com isso, incursionou indevidamente em domínio temático cuja iniciativa é reservada ao Chefe do Poder Executivo, nos termos do art. 61, II, § 1º, ‘c’, da CF. Precedentes. 2. O sancionamento tácito do Governador do Estado do Amapá em exercício ao projeto que resultou na Lei estadual 751/03 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP não tem o condão de convalidar o vício de iniciativa originário. Precedentes. 3. Ação direta de inconstitucionalidade parcialmente conhecida e, nesta parte, julgada procedente.” (ADI 3.627/AP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – grifei) “(...) 2. Viola a cláusula de reserva de iniciativa do chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, II, ‘a’, extensível aos Estados- -Membros por força do art. 25 da CF) a concessão de gratificação a policiais militares integrantes de assessoria militar junto ao Tribunal de Contas estadual. O exercício funcional junto a outros órgãos ou Poderes não desnatura o vínculo entre esses servidores e seu cargo e órgão de origem. 3. Ação julgada procedente.” (ADI 5.004/AL, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES – grifei) Na realidade, e consoante tem decidido esta Suprema Corte (RTJ 146/388, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), a definição do poder de instauração do processo legislativo, de um lado, e a designação das hipóteses de reserva de iniciativa em favor do Chefe do Poder Executivo, de outro, derivam de postulados que, inscritos na Carta da República, impõem-se à compulsória observância das demais unidades federadas (Estados-membros, Distrito Federal e Municípios). Esse entendimento jurisprudencial reflete o magistério da doutrina (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Do Processo Legislativo”, p. 244, item n. 161-B, 3ª ed., 1995, Saraiva, v.g.) que, ao discutir a questão da aplicabilidade aos Estados-membros dos princípios gerais consagrados pela Constituição Federal em tema de processo legislativo, identifica entre os postulados de caráter vinculante precisamente aquele concernente à reserva de iniciativa, em situações e em hipóteses análogas às definidas pela Carta da República. 5 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP não tem o condão de convalidar o vício de iniciativa originário. Precedentes. 3. Ação direta de inconstitucionalidade parcialmente conhecida e, nesta parte, julgada procedente.” (ADI 3.627/AP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – grifei) “(...) 2. Viola a cláusula de reserva de iniciativa do chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, II, ‘a’, extensível aos Estados- -Membros por força do art. 25 da CF) a concessão de gratificação a policiais militares integrantes de assessoria militar junto ao Tribunal de Contas estadual. O exercício funcional junto a outros órgãos ou Poderes não desnatura o vínculo entre esses servidores e seu cargo e órgão de origem. 3. Ação julgada procedente.” (ADI 5.004/AL, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES – grifei) Na realidade, e consoante tem decidido esta Suprema Corte (RTJ 146/388, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), a definição do poder de instauração do processo legislativo, de um lado, e a designação das hipóteses de reserva de iniciativa em favor do Chefe do Poder Executivo, de outro, derivam de postulados que, inscritos na Carta da República, impõem-se à compulsória observância das demais unidades federadas (Estados-membros, Distrito Federal e Municípios). Esse entendimento jurisprudencial reflete o magistério da doutrina (MANOEL GONÇALVESFERREIRA FILHO, “Do Processo Legislativo”, p. 244, item n. 161-B, 3ª ed., 1995, Saraiva, v.g.) que, ao discutir a questão da aplicabilidade aos Estados-membros dos princípios gerais consagrados pela Constituição Federal em tema de processo legislativo, identifica entre os postulados de caráter vinculante precisamente aquele concernente à reserva de iniciativa, em situações e em hipóteses análogas às definidas pela Carta da República. 5 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP No caso, o conteúdo material do diploma legislativo ora impugnado (Lei estadual nº 10.894/2001) evidencia que a matéria nele veiculada, não obstante a cláusula de reserva, foi disciplinada por proposta parlamentar que se insinuou em domínio normativo (regime jurídico de servidores públicos e organização da Administração Pública) submetido, com exclusividade, em tema de processo de formação das leis, ao poder de iniciativa constitucionalmente outorgado ao Chefe do Poder Executivo local. Cumpre ter presente, bem por isso, na linha do magistério jurisprudencial longamente consolidado nesta Corte Suprema, que “A cláusula de reserva pertinente ao poder de instauração do processo legislativo traduz postulado constitucional de observância compulsória pelos Estados-membros” (ADI 766/RS, Rel. Min. CELSO DE MELLO), de modo que “Incide em vício de inconstitucionalidade formal a norma legal estadual que, oriunda de iniciativa parlamentar, versa matéria sujeita à iniciativa constitucionalmente reservada ao Chefe do Poder Executivo” (ADI 766/RS, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Impende relembrar que a análise da fase introdutória do processo de formação das leis permite nela distinguir, em face da própria excepcionalidade de que se reveste, a modalidade de iniciativa exclusiva de sua instauração. Nesse contexto, a Lei Fundamental da República elegeu determinados núcleos temáticos para o efeito de, ao discriminá-los de modo taxativo, submetê-los, em regime de absoluta exclusividade, à iniciativa de determinados órgãos ou agentes estatais. A natureza especial que assume a cláusula referente à iniciativa reservada das leis caracteriza, em nosso sistema de direito, derrogação que excepciona o princípio geral da legitimação concorrente para a instauração do processo de formação das espécies legislativas. Disso decorre, portanto, que não se deve presumir a incidência da cláusula de reserva, que 6 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP No caso, o conteúdo material do diploma legislativo ora impugnado (Lei estadual nº 10.894/2001) evidencia que a matéria nele veiculada, não obstante a cláusula de reserva, foi disciplinada por proposta parlamentar que se insinuou em domínio normativo (regime jurídico de servidores públicos e organização da Administração Pública) submetido, com exclusividade, em tema de processo de formação das leis, ao poder de iniciativa constitucionalmente outorgado ao Chefe do Poder Executivo local. Cumpre ter presente, bem por isso, na linha do magistério jurisprudencial longamente consolidado nesta Corte Suprema, que “A cláusula de reserva pertinente ao poder de instauração do processo legislativo traduz postulado constitucional de observância compulsória pelos Estados-membros” (ADI 766/RS, Rel. Min. CELSO DE MELLO), de modo que “Incide em vício de inconstitucionalidade formal a norma legal estadual que, oriunda de iniciativa parlamentar, versa matéria sujeita à iniciativa constitucionalmente reservada ao Chefe do Poder Executivo” (ADI 766/RS, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Impende relembrar que a análise da fase introdutória do processo de formação das leis permite nela distinguir, em face da própria excepcionalidade de que se reveste, a modalidade de iniciativa exclusiva de sua instauração. Nesse contexto, a Lei Fundamental da República elegeu determinados núcleos temáticos para o efeito de, ao discriminá-los de modo taxativo, submetê-los, em regime de absoluta exclusividade, à iniciativa de determinados órgãos ou agentes estatais. A natureza especial que assume a cláusula referente à iniciativa reservada das leis caracteriza, em nosso sistema de direito, derrogação que excepciona o princípio geral da legitimação concorrente para a instauração do processo de formação das espécies legislativas. Disso decorre, portanto, que não se deve presumir a incidência da cláusula de reserva, que 6 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP deve resultar, necessariamente, como no caso ora em exame, de explícita previsão constitucional. Cabe registrar, por oportuno, o magistério de JOSÉ AFONSO DA SILVA (“Curso de Direito Constitucional Positivo”, p. 497/498, 10ª ed., 1995, Malheiros), para quem a outorga do poder de instauração do processo legislativo qualificada, “ope constitutionis”, pela nota da privatividade afasta – em função do caráter extraordinário de que se reveste – a possibilidade jurídica da coparticipação de terceiros na fase introdutória do procedimento de produção normativa. Nesse quadro delineado pela própria Constituição da República, a ação legislativa do Estado-membro revela-se essencialmente condicionada pela necessidade de fiel observância e submissão às diretrizes constitucionais referentes ao postulado da iniciativa reservada, em tema de formação das leis. O desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo de positivação formal do Direito, gerado pela usurpação do poder sujeito à cláusula de reserva, traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência reflete típica hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade jurídica do ato legislativo eventualmente editado. Dentro desse contexto – em que se ressalta a imperatividade da vontade subordinante do poder constituinte –, nem mesmo a aquiescência do Chefe do Executivo mediante sanção ao projeto de lei, ainda quando dele seja a prerrogativa usurpada, tem o condão de sanar esse defeito jurídico radical. Por isso mesmo, a tese da convalidação das leis resultantes do procedimento inconstitucional de usurpação – ainda que admitida por esta Corte sob a égide da Constituição de 1946 (Súmula nº 5) – não mais prevalece, repudiada que foi seja em face do magistério da doutrina 7 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP deve resultar, necessariamente, como no caso ora em exame, de explícita previsão constitucional. Cabe registrar, por oportuno,o magistério de JOSÉ AFONSO DA SILVA (“Curso de Direito Constitucional Positivo”, p. 497/498, 10ª ed., 1995, Malheiros), para quem a outorga do poder de instauração do processo legislativo qualificada, “ope constitutionis”, pela nota da privatividade afasta – em função do caráter extraordinário de que se reveste – a possibilidade jurídica da coparticipação de terceiros na fase introdutória do procedimento de produção normativa. Nesse quadro delineado pela própria Constituição da República, a ação legislativa do Estado-membro revela-se essencialmente condicionada pela necessidade de fiel observância e submissão às diretrizes constitucionais referentes ao postulado da iniciativa reservada, em tema de formação das leis. O desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo de positivação formal do Direito, gerado pela usurpação do poder sujeito à cláusula de reserva, traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência reflete típica hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade jurídica do ato legislativo eventualmente editado. Dentro desse contexto – em que se ressalta a imperatividade da vontade subordinante do poder constituinte –, nem mesmo a aquiescência do Chefe do Executivo mediante sanção ao projeto de lei, ainda quando dele seja a prerrogativa usurpada, tem o condão de sanar esse defeito jurídico radical. Por isso mesmo, a tese da convalidação das leis resultantes do procedimento inconstitucional de usurpação – ainda que admitida por esta Corte sob a égide da Constituição de 1946 (Súmula nº 5) – não mais prevalece, repudiada que foi seja em face do magistério da doutrina 7 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Do Processo Legislativo”, p. 214/217, item n. 133, 5ª ed., 2002, Saraiva; ALEXANDRE DE MORAES, “Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.098, 2002, Atlas; MARCELLO CAETANO, “Direito Constitucional”, vol. II/332, item n. 116, 1978, Forense; PINTO FERREIRA, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. 3/262-263, 1992, Saraiva; FRANCISCO CAMPOS, “Parecer”, “in” RDA 73/380; CAIO TÁCITO, “Parecer”, “in” RDA 68/341), seja, ainda, em razão da jurisprudência dos Tribunais, inclusive a desta Corte (RTJ 69/625 – RTJ 103/36 – RDA 72/226, v.g.). Vale referir, neste ponto, que a jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal Federal na matéria em questão orienta-se no sentido de que a sanção não supre o vício resultante da usurpação de iniciativa, não mais subsistindo, em consequência, ante a sua manifesta incompatibilidade com o modelo positivado na vigente Constituição da República, a Súmula 5 enunciada por esta Corte (RTJ 174/75, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – RTJ 180/91, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – ADI 2.192-MC/ES, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – ADI 2.840/ES, Rel. Min. ELLEN GRACIE, v.g.): “(...) USURPAÇÃO DE INICIATIVA E SANÇÃO EXECUTIVA: A sanção a projeto de lei que veicule norma resultante de emenda parlamentar aprovada com transgressão à cláusula inscrita no art. 63, I, da Carta Federal não tem o condão de sanar o vício de inconstitucionalidade formal, eis que a só vontade do Chefe do Executivo – ainda que deste seja a prerrogativa institucional usurpada – revela-se juridicamente insuficiente para convalidar o defeito radical oriundo do descumprimento da Constituição da República. Precedente. (…).” (RTJ 168/87, Rel. Min. CELSO DE MELLO) “VENCIMENTOS – INICIATIVA DE PROJETO. A teor do artigo 61, § 1º, inciso II, alínea ‘a’, da Constituição Federal, são de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo as leis que disponham acerca da criação de cargos, funções ou empregos 8 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Do Processo Legislativo”, p. 214/217, item n. 133, 5ª ed., 2002, Saraiva; ALEXANDRE DE MORAES, “Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.098, 2002, Atlas; MARCELLO CAETANO, “Direito Constitucional”, vol. II/332, item n. 116, 1978, Forense; PINTO FERREIRA, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. 3/262-263, 1992, Saraiva; FRANCISCO CAMPOS, “Parecer”, “in” RDA 73/380; CAIO TÁCITO, “Parecer”, “in” RDA 68/341), seja, ainda, em razão da jurisprudência dos Tribunais, inclusive a desta Corte (RTJ 69/625 – RTJ 103/36 – RDA 72/226, v.g.). Vale referir, neste ponto, que a jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal Federal na matéria em questão orienta-se no sentido de que a sanção não supre o vício resultante da usurpação de iniciativa, não mais subsistindo, em consequência, ante a sua manifesta incompatibilidade com o modelo positivado na vigente Constituição da República, a Súmula 5 enunciada por esta Corte (RTJ 174/75, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – RTJ 180/91, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – ADI 2.192-MC/ES, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – ADI 2.840/ES, Rel. Min. ELLEN GRACIE, v.g.): “(...) USURPAÇÃO DE INICIATIVA E SANÇÃO EXECUTIVA: A sanção a projeto de lei que veicule norma resultante de emenda parlamentar aprovada com transgressão à cláusula inscrita no art. 63, I, da Carta Federal não tem o condão de sanar o vício de inconstitucionalidade formal, eis que a só vontade do Chefe do Executivo – ainda que deste seja a prerrogativa institucional usurpada – revela-se juridicamente insuficiente para convalidar o defeito radical oriundo do descumprimento da Constituição da República. Precedente. (…).” (RTJ 168/87, Rel. Min. CELSO DE MELLO) “VENCIMENTOS – INICIATIVA DE PROJETO. A teor do artigo 61, § 1º, inciso II, alínea ‘a’, da Constituição Federal, são de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo as leis que disponham acerca da criação de cargos, funções ou empregos 8 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 15 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP públicos na administração direta e autárquica e aumento de remuneração. Relevância de pedido de liminar formulado em ação direta de inconstitucionalidade, no que, encaminhado o projeto pelo Executivo versando sobre tributo, veio a ser emendado na Assembleia para ser normatizada remuneração de servidores. Irrelevância da sanção que se seguiu.” (ADI 2.192-MC/ES, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – grifei) “A SANÇÃO DO PROJETO DE LEI NÃO CONVALIDA O VÍCIO DE INCONSTITUCIONALIDADE RESULTANTE DA USURPAÇÃO DO PODER DE INICIATIVA – A ulterior aquiescência do Chefe do Poder Executivo, mediante sanção do projeto de lei, ainda quando dele seja a prerrogativa usurpada, não tem o condão de sanar o vício radical da inconstitucionalidade. Insubsistência da Súmula nº 5/STF. Doutrina. Precedentes.” (ADI 2.867/ES, Rel. Min. CELSO DE MELLO) No caso presente, o diploma legislativo questionado – que dispõe sobre matériapeculiar ao regime jurídico dos servidores públicos e à organização da Administração Pública – decorreu de processo instaurado por iniciativa parlamentar. Não obstante o veto governamental, a Assembleia Legislativa local, ao rejeitá-lo, fez promulgar, por intermédio de seu Presidente, a Lei estadual nº 10.894/2001. Daí porque o Governador do Estado de São Paulo, insurgindo-se contra o diploma legal referido, deduziu pretensão de inconstitucionalidade, sustentando ofensa ao postulado nuclear da separação de poderes, a partir da ocorrência de usurpação da prerrogativa exclusiva de iniciar, na matéria, o devido processo legislativo. Parece-me evidente que a Lei estadual ora questionada veicula normas que se submetem, em função de seu próprio conteúdo material, ao exclusivo poder de iniciativa do Chefe do Executivo local. 9 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP públicos na administração direta e autárquica e aumento de remuneração. Relevância de pedido de liminar formulado em ação direta de inconstitucionalidade, no que, encaminhado o projeto pelo Executivo versando sobre tributo, veio a ser emendado na Assembleia para ser normatizada remuneração de servidores. Irrelevância da sanção que se seguiu.” (ADI 2.192-MC/ES, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – grifei) “A SANÇÃO DO PROJETO DE LEI NÃO CONVALIDA O VÍCIO DE INCONSTITUCIONALIDADE RESULTANTE DA USURPAÇÃO DO PODER DE INICIATIVA – A ulterior aquiescência do Chefe do Poder Executivo, mediante sanção do projeto de lei, ainda quando dele seja a prerrogativa usurpada, não tem o condão de sanar o vício radical da inconstitucionalidade. Insubsistência da Súmula nº 5/STF. Doutrina. Precedentes.” (ADI 2.867/ES, Rel. Min. CELSO DE MELLO) No caso presente, o diploma legislativo questionado – que dispõe sobre matéria peculiar ao regime jurídico dos servidores públicos e à organização da Administração Pública – decorreu de processo instaurado por iniciativa parlamentar. Não obstante o veto governamental, a Assembleia Legislativa local, ao rejeitá-lo, fez promulgar, por intermédio de seu Presidente, a Lei estadual nº 10.894/2001. Daí porque o Governador do Estado de São Paulo, insurgindo-se contra o diploma legal referido, deduziu pretensão de inconstitucionalidade, sustentando ofensa ao postulado nuclear da separação de poderes, a partir da ocorrência de usurpação da prerrogativa exclusiva de iniciar, na matéria, o devido processo legislativo. Parece-me evidente que a Lei estadual ora questionada veicula normas que se submetem, em função de seu próprio conteúdo material, ao exclusivo poder de iniciativa do Chefe do Executivo local. 9 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 16 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP Não se pode perder de perspectiva, neste ponto – e especialmente no que concerne ao sentido da locução constitucional regime jurídico dos servidores públicos –, que tal expressão exterioriza o conjunto de normas que disciplinam os diversos aspectos das relações, estatutárias ou contratuais, mantidas pelo Estado com os seus agentes. Trata-se, em essência, de noção que, em virtude da extensão de sua abrangência conceitual, compreende, como enfatiza a jurisprudência desta Corte (ADI 1.381-MC/AL, Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADI 2.867/ES, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), todas as regras pertinentes (a) às formas de provimento, (b) às formas de nomeação, (c) à realização do concurso, (d) à posse, (e) ao exercício, inclusive as hipóteses de afastamento, de dispensa de ponto e de contagem de tempo de serviço, (f) às hipóteses de vacância, (g) à promoção e respectivos critérios, bem como avaliação do mérito e classificação final (cursos, títulos, interstícios mínimos), (h) aos direitos e às vantagens de ordem pecuniária, (i) às reposições salariais e aos vencimentos, (j) ao horário de trabalho e ao ponto, inclusive os regimes especiais de trabalho, (k) aos adicionais por tempo de serviço, gratificações, diárias, ajudas de custo e acumulações remuneradas, (l) às férias, licenças em geral, estabilidade, disponibilidade, aposentadoria, (m) aos deveres e proibições, (n) às penalidades e sua aplicação e (o) ao processo administrativo. A lei em causa, cuja formação derivou de iniciativa parlamentar, interferiu no regime jurídico dos servidores públicos locais, com o que incidiu em domínio constitucionalmente reservado à discrição do Governador do Estado, sem cuja provocação formal não se poderia ter como legítimo e válido o processo legislativo instaurado. É por essa razão – e considerando, ainda, os fundamentos inicialmente expostos no presente voto – que entendo plenamente acolhível a pretensão de inconstitucionalidade deduzida pelo Senhor Governador do Estado de São Paulo. 10 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP Não se pode perder de perspectiva, neste ponto – e especialmente no que concerne ao sentido da locução constitucional regime jurídico dos servidores públicos –, que tal expressão exterioriza o conjunto de normas que disciplinam os diversos aspectos das relações, estatutárias ou contratuais, mantidas pelo Estado com os seus agentes. Trata-se, em essência, de noção que, em virtude da extensão de sua abrangência conceitual, compreende, como enfatiza a jurisprudência desta Corte (ADI 1.381-MC/AL, Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADI 2.867/ES, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), todas as regras pertinentes (a) às formas de provimento, (b) às formas de nomeação, (c) à realização do concurso, (d) à posse, (e) ao exercício, inclusive as hipóteses de afastamento, de dispensa de ponto e de contagem de tempo de serviço, (f) às hipóteses de vacância, (g) à promoção e respectivos critérios, bem como avaliação do mérito e classificação final (cursos, títulos, interstícios mínimos), (h) aos direitos e às vantagens de ordem pecuniária, (i) às reposições salariais e aos vencimentos, (j) ao horário de trabalho e ao ponto, inclusive os regimes especiais de trabalho, (k) aos adicionais por tempo de serviço, gratificações, diárias, ajudas de custo e acumulações remuneradas, (l) às férias, licenças em geral, estabilidade, disponibilidade, aposentadoria, (m) aos deveres e proibições, (n) às penalidades e sua aplicação e (o) ao processo administrativo. A lei em causa, cuja formação derivou de iniciativa parlamentar, interferiu no regime jurídico dos servidores públicos locais, com o que incidiu em domínio constitucionalmente reservado à discrição do Governador do Estado, sem cuja provocação formal não se poderia ter como legítimo e válido o processo legislativo instaurado. É por essa razão – e considerando, ainda, os fundamentos inicialmente expostos no presente voto – que entendo plenamente acolhível a pretensão de inconstitucionalidade deduzida pelo Senhor Governador doEstado de São Paulo. 10 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP Cumpre ressaltar, de outro lado, como anteriormente acentuado, que o diploma legislativo ora questionado, ao disciplinar “o preenchimento dos cargos de Direção Executiva nas Agências Reguladoras de Serviços Públicos e outros órgãos ou entidades assemelhados, responsáveis pela regulamentação e fiscalização de serviços públicos do Estado” (grifei), insinuou-se, também, sobre domínio temático reservado ao poder de iniciativa legislativa que pertence, com exclusividade, ao Governador do Estado, por tratar-se de matéria que, por efeito de sua natureza mesma, além de interferir no regime jurídico dos servidores públicos, acha-se inserida, ainda, no âmbito da competência privativa do Chefe do Poder Executivo referente ao exercício da direção superior e à disciplina normativa da organização e do funcionamento dos órgãos da Administração Pública estadual, tal como esta Suprema Corte já teve o ensejo de salientar em julgamento plenário que está assim ementado: “Ação direta de inconstitucionalidade. Emenda Constitucional nº 24 do Estado de Alagoas. Alteração na composição do Conselho Estadual de Educação. Indicação de representante pela Assembleia Legislativa. Vício de iniciativa. Inconstitucionalidade formal. 1. A ação direta foi proposta em face da Emenda Constitucional nº 24/02 do Estado de Alagoas, a qual dispôs sobre a organização e a estruturação do Conselho Estadual de Educação, órgão integrante da Administração Pública que desempenha funções administrativas afetas ao Poder Executivo, conferindo à Assembleia Legislativa o direito de indicar um representante seu para fazer parte do Conselho. 2. A disciplina normativa pertinente ao processo de criação, estruturação e definição das atribuições dos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública estadual, ainda que por meio de emenda constitucional, revela matéria que se insere, por sua natureza, entre as de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo local, pelo que disposto no art. 61, § 1º, inciso II, alínea ‘e’, da Constituição Federal. Precedentes. 11 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP Cumpre ressaltar, de outro lado, como anteriormente acentuado, que o diploma legislativo ora questionado, ao disciplinar “o preenchimento dos cargos de Direção Executiva nas Agências Reguladoras de Serviços Públicos e outros órgãos ou entidades assemelhados, responsáveis pela regulamentação e fiscalização de serviços públicos do Estado” (grifei), insinuou-se, também, sobre domínio temático reservado ao poder de iniciativa legislativa que pertence, com exclusividade, ao Governador do Estado, por tratar-se de matéria que, por efeito de sua natureza mesma, além de interferir no regime jurídico dos servidores públicos, acha-se inserida, ainda, no âmbito da competência privativa do Chefe do Poder Executivo referente ao exercício da direção superior e à disciplina normativa da organização e do funcionamento dos órgãos da Administração Pública estadual, tal como esta Suprema Corte já teve o ensejo de salientar em julgamento plenário que está assim ementado: “Ação direta de inconstitucionalidade. Emenda Constitucional nº 24 do Estado de Alagoas. Alteração na composição do Conselho Estadual de Educação. Indicação de representante pela Assembleia Legislativa. Vício de iniciativa. Inconstitucionalidade formal. 1. A ação direta foi proposta em face da Emenda Constitucional nº 24/02 do Estado de Alagoas, a qual dispôs sobre a organização e a estruturação do Conselho Estadual de Educação, órgão integrante da Administração Pública que desempenha funções administrativas afetas ao Poder Executivo, conferindo à Assembleia Legislativa o direito de indicar um representante seu para fazer parte do Conselho. 2. A disciplina normativa pertinente ao processo de criação, estruturação e definição das atribuições dos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública estadual, ainda que por meio de emenda constitucional, revela matéria que se insere, por sua natureza, entre as de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo local, pelo que disposto no art. 61, § 1º, inciso II, alínea ‘e’, da Constituição Federal. Precedentes. 11 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Inteiro Teor do Acórdão - Página 18 de 21 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 3156 / SP 3. A EC nº 24/02 do Estado de Alagoas incide também em afronta ao princípio da separação dos Poderes. Ao impor a indicação pelo Poder Legislativo estadual de um representante seu no Conselho Estadual de Educação, cria modelo de contrapeso que não guarda similitude com os parâmetros da Constituição Federal. Resulta, portanto, em interferência ilegítima de um Poder sobre o outro, caracterizando manifesta intromissão na função confiada ao Chefe do Poder Executivo de exercer a direção superior e dispor sobre a organização e o funcionamento da Administração Pública. 4. Ação direta julgada procedente.” (ADI 2.654/AL, Rel. Min. DIAS TOFFOLI – grifei) Sendo assim, tendo em consideração as razões expostas, notadamente os precedentes invocados, e acolhendo, ainda, o parecer da douta Procuradoria-Geral da República, julgo procedente a presente ação direta, para declarar a inconstitucionalidade integral da Lei nº 10.894, de 28/09/2001, editada pelo Estado de São Paulo. É o meu voto. 12 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C770-654E-3FCB-62DD e senha A040-43F9-FA2D-1A3B Supremo Tribunal Federal ADI 3156 / SP 3. A EC nº 24/02 do Estado de Alagoas incide também em afronta ao princípio da separação dos Poderes. Ao impor a indicação pelo Poder Legislativo estadual de um representante seu no Conselho Estadual de Educação, cria modelo de contrapeso que não guarda similitude com os parâmetros da Constituição Federal. Resulta, portanto, em interferência ilegítima de um Poder sobre o outro, caracterizando manifesta intromissão na função confiada ao Chefe do Poder Executivo de exercer a direção superior e dispor sobre a organização e o funcionamento da Administração Pública. 4. Ação direta julgada procedente.” (ADI 2.654/AL, Rel. Min. DIAS TOFFOLI – grifei) Sendo assim, tendo em consideração as razões expostas, notadamente os precedentes invocados, e acolhendo, ainda, o parecer da douta Procuradoria-Geral da República, julgo procedente a presente ação direta, para declarar a inconstitucionalidade integral da Lei nº 10.894, de 28/09/2001, editada pelo Estado de São Paulo. É o meu voto. 12 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente
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