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Criminologia - notas de aulas

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Criminologia 
 
André Teles Página 1 
 
VT – visita externa a uma instituição prisional e o livro O 
direito penal e a vingança do leopardo. Autor Filipe 
Knaar Sodré. Editora Núria Fabris. Equipe: André – 
Gabriele – Jorge – Danuzia – Juliana – Diego – Catiusca 
– Samuelson 
Livros recomendados: Criminologia – Antônio Garcia e 
Pablo de Bolina editora Revista dos tribunais. 
07/08/2013 – Objeto da Criminologia 
Professor Isidoro Orge - isidoroorge@yahoo.com.br 
ANTENÇÃO: o conteúdo destas notas de aulas refletem o minha compreensão sobre o que foi 
ministrado em sala de aula. Ao estudar por apontamentos de outro aluno, você estará lendo o 
entendimento deste, e não necessariamente o que foi dito pelo professor. Ademais, as notas de 
aulas podem sofrer alterações na esquematização, na ordem, bem como acréscimos de outras fontes 
de pesquisa (geralmente transcritas usando fonte 
itálico). 
Crimino(crime)logia(estudo) – estudo do 
criminoso. É uma ciência em constante evolução. 
O objeto de estudo da criminologia são quatro: 
Vítima, o criminoso ou delinquente, o crime ou 
delito (este faz parte da vontade humana) e o 
controle social. 
 O crime sempre vai ocorrer quando houver mais 
de uma pessoa e sempre vai ocorrer por vontade 
ou por necessidade. O crime faz parte da natureza humana, sempre vai ocorrer. Os sete pecados 
capitais são exemplo de “crimes” (pecados) causados por vontade. Sempre que algo é proibido 
haverá o desejo de cometê-lo. Obs. Criminoso é diferente de bandido. Bandido é todo o sujeito que 
age contra o Estado. Criminoso é todo aquele que age contra a sociedade ou pessoa, por isso que o 
bandido às vezes é idolatrado pois ele pode estar agindo contra o Estado, mas não contra a 
sociedade diretamente. Todo bandido é criminoso, mas nem todo criminoso é bandido. 
O controle social é dado pela necessidade do homem em acreditar em algo superior, em ser 
liderado. E estes sujeitos que detinham a liderança também mantinham o controle social. Este 
controle social foi transferido no decorrer dos séculos para o Estado. 
A pena tem quatro finalidades: punitiva (castigos e torturas), preventiva (punição severa que 
causasse o temor de praticar o ilícito), recompensadora (para os que sofreram com o crime 
sentirem-se recompensados com a punição) e reintegradora. Este último surgiu com a criação das 
prisões, onde deixou-se de punir fisicamente (tortura e outros) para punir psicologicamente. 
Vítima ativa é aquela que dá causa ao crime. 
14/08/2013 - A criminologia é: 
Empírica – baseia-se na experiência da observação, nos 
fatos, na prática e isto produz opiniões e argumentos 
diversos; 
Científica (cientificidade) – possui objeto próprio e rigor metodológico, o que lhe dá credibilidade e 
confiabilidade que apenas o conhecimento empírico não pode lhe atribuir. 
Visão panópitica – consegue-se ver a 
todos de um mesmo lugar. Recomendado 
ler o livro “O homem delinquente” de 
Cesare Lombroso 
 
Criminologia 
 
André Teles Página 2 
 
Interdisciplinar – é a capacidade de se relacionar direta e indiretamente com as demais áreas 
científicas como direito penal, direito processual penal, direito penitenciário, psicologia criminal, 
psiquiatria criminal, antropologia criminal, sociologia criminal, ciências biológicas, vitimologia, 
criminalística, ciências econômicas, etc. a criminologia fornece e recebe informações das outras 
disciplinas. 
Criminologia clínica – aborda o criminoso na visão bioantropológica - bio = biologia, antropológica = 
estudo do homem como um todo. Aspecto do desenvolvimento biológico do homem. 
Criminologia geral – aborda o criminoso na visão sociológica, análise do indivíduo na sociedade, 
tende a estudar e o controle social sob o aspecto social. 
21/08/2013 - O objeto da criminologia: 
Delito, delinquente, vítima, controle social. 
Delito – comportamento individual que causa problema social e comunitário. A lei é apenas um 
resultado da análise da criminologia. Para ser considerado um delito é necessário: 
1 – incidência seja dolorosa e aflitiva para a população (causar sofrimento à população) 
2 – incidência massiva (não ser em pontos isolados) 
3 – persistência na ocorrência (não ocorrer “uma vez na vida”) 
4 – negatividade – é um ato repugnante, inaceitável, repulsivo 
Delinquente - O delinquente é estudado através da biopsicosociologia que é diferente da 
biopsicopatologia, baseia-se no conceito histórico do sujeito devendo este ser analisado sob a 
premissa da normalidade. A biopsicosociologia trabalha com o homem como um todo, social, 
psicológica e biológica. 
Vítima - O sujeito que sofre a ação, esta expressão é utilizada no direito penal. Existe a ciência 
chamada vitimologia que estuda a vítima. Há três sentidos para vítima: 
Sentido jurídico geral – indivíduo que recebe a ofensa ou a ameaça diretamente do bem tutelado 
pelo direito. 
Sentido jurídico penal restritivo – é aquele sentido do indivíduo que sofre as consequências da 
norma penal, ou seja, 
Sentido jurídico penal amplo – é aquele que junta o indivíduo e a comunidade prejudicados pelas 
consequências advindas do crime. 
Controle social – é dividido em: 
Formal - exercido pelo estado através dos três poderes. Executivo, judiciário e legislativo. O controle 
social formal é nitidamente seletivo e discriminatório, porque é exercido pela sociedade e não pela 
comunidade. 
 
Criminologia 
 
André Teles Página 3 
 
Informal – é aquele em que a comunidade exerce o poder de vigilância de aplicação de suas próprias 
leis e mantem a ordem do grupo. Elementos que contribuem para este controle paraestatal 
9paralelo ao Estado): associação de bairros, milícias, clubes, igrejas. 
28/08/2013 - Funções da Criminologia 
Básica – informar à sociedade e os poderes públicos sobre o delito, o delinquente, a vítima e o 
controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos seguros que permita compreender 
cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com eficácia e de modo positivo no homem 
delinquente. Ciência interdisciplinar que fornece e recebe informação a outras ciências, como já 
abordado anteriormente. 
* não é mera fonte de dados ou estatística; 
* os dados são em si mesmos neutros e devem ser interpretados por teorias científicas; 
* é uma ciência prática preocupada com problemas E CONFLITOS CONCRETOS HISTÓRICOS; 
Papel da Criminologia: luta contra a criminalidade. Controle e prevenção do delito. 
- não é extirpação 
- considerados imperativos éticos 
- não são 100% penal 
Tríplice aliança da Criminologia 
- explicação científica do fenômeno criminal 
- prevenção do delito 
- intervenção no homem delinquente 
- ineficácia da prevenção penal – estigmatizar o infrator acelera a sua carreira criminal e consolida o 
seu status de desviado; 
- maior complexidade dos mecanismos dissuasórios, certeza e rapidez da aplicação da pena mais 
importante que a gravidade desta. 
- necessidade de intervenção de maior alcance: intervenções ambientais, melhoria das condições de 
vida, reinserção dos ex-reclusos. 
04/09/2013 - Criminologia pré-científica à cientifica 
Na antiguidade a criminologia não era considerada ciência, era pré-científica, havia ausência de 
estudo sistematizado, não havia lógica de estudos para a criminologia, esse atribuía, muitas vezes o 
crime a explicações sobrenaturais, demonismo, concepções diabólicas e ainda hoje algumas pessoa 
alegam estar possuídas por demônios para cometer crimes. Mesmo no mundo moderno ainda existe 
muito crime como tabu. Tabu é o mesmo que proibido, algo que não se deve fazer (por motivos 
 
Criminologia 
 
André Teles Página 4 
 
diversos, religiosos, sociais, etc.), assimo crime também era um tabu, ou seja, proibido. Totem é 
respeito, é a representação do nosso inconsciente, é a representação de nosso temor, é aquilo que 
respeitamos por ser desconhecido, temos medo do que não compreendemos. O totem é o respeito à 
materialização do temor do desconhecido. Essa materialidade do desconhecido aparece para nós 
como, por exemplo, nas imagens religiosas. Tais representações ajudavam o homem a se comportar 
dentro dos parâmetros sociais. 
Grécia – o criminoso e o crime eram vistos como resultado do destino, não existia o livre arbítrio, 
para eles tudo era feito ou influenciado pelos deuses. 
Século XVI – Thomas Morus – trouxe uma concepção inovadora que permaneceu por cerca de 1500 
anos. A lógica da utopia (utopia é a capacidade que a sociedade possui de desejar algo a todo 
instante visando alcançá-lo) e relaciona o crime a desorganização social e a pobreza, sendo que 
estas podiam ser resolvidas, extinguidas. Assim, conseguir acabar com o crime e o criminoso é 
alcançável, não é impossível, mas seria necessário desejar e se empenhar sempre. Esta visão que os 
pobres e os de pouco estudo eram os que mais cometiam crimes é uma visão pequena e limitada que 
ainda iria evoluir. Esta era apenas uma forma de justificar o crime naquela época. 
Século XVIII – Frenologia: um dos frenólogos mais conhecidos foi Frans Joseph Gal. A frenologia 
justificava o comportamento do criminoso através de suas características físicas como o tamanho da 
cabeça, ou alguma deformação física que pudesse ser considerada de modo científico, tais pessoas 
eram consideradas criminosas. A cientificidade até então não era clara, estava baseada no estudo da 
evolução humana e na medicina através de amostras e analogias. Ainda não era uma ciência exata. 
Escola clássica: final do século XVIII – tenta justificar o crime como o criminoso utilizando o seu livre 
arbítrio, ou seja, o desejo, a vontade humana, respeitar ou não as regras. A capacidade de escolha é 
o resquício de liberdade que o homem tem. Justifica-se o crime de acordo com resultado que o 
criminoso terá, maior risco trará maior recompensa. 
Século XIX – loucura moral ou “monomania homicida (uma única mania)” entra a figura do serial 
killer, se começa a analisar o homem como resultado de um desequilíbrio, como um doente e não 
um possuído por demônio. Loucura moral é diferente da loucura mental, é a capacidade que a 
sociedade possui de descumprir as regras conforme seus desejos e vontades. É aquela onde todos 
nós estamos inseridos. Exemplo: uma determinada comunidade sofre ataque de grupos fascistas ou 
racistas, ou determinado grupo social sofre a intolerância de subgrupos. Perseguição religiosa, 
preconceito, intolerâncias diversas. 
Nomes importantes na criminologia: Esquirol (1883); Pinel (1864) - ele estudou o criminoso como 
um doente, um desequilibrado mental, necessitando de tratamento. Voisin (1837); Marx e Engels 
(1850) – o homem é fruto da exploração da mão de obra pelo capital, logo uma sociedade explorada 
pelo capitalismo tende a cair na criminalidade. 
Escola positiva italiana surgiu no século XIX e traz a ordem interna e externa. O criminoso pode ser 
resultado de uma doença mental ou da sociedade. Temos o criminoso nato, o criminaloide e o louco. 
Lombroso - teses: considerava o homem como o resultado antropológico. Existe o criminoso nato, 
aquele que comete o crime porque quer, porque gosta. O criminoso nato é antropologicamente 
 
Criminologia 
 
André Teles Página 5 
 
(como um todo) diferente dos outros indivíduos, é diferente do criminaloide e dos doentes mentais. 
A epilepsia é fator predominante para o crime. Criminoso é resultado do atavismo (sujeito que tem 
algum aspecto físico diferente, fora dos padrões físicos tidos como normais). A prostituição feminina 
também era considerada um crime, equivalia a criminalidade masculina. 
Garófalo – teses: dizia que o crime é o sintoma de uma anomalia moral ou psíquica, dizia também 
que os criminosos possuíam características físicas especiais que os distinguiam dos outros 
criminosos, e por fim, dizia que o delito é a lesão dos sentimentos mais profundos radicados no 
espirito humano e que, no seu conjunto formam o que nós chamamos de senso moral. 
Ferri – teses: o delito é resultado de fatores antropológicos ou individuais, de fatores físicos (clima 
temperatura, etc.), de fatores sociais (família, ordem social, opinião pública). Ele dizia que desses 
fatores elencados, os fatores sociais são os que mais influenciavam o cometimento de delitos, e 
neste caso o criminoso, para Ferri, não é moralmente responsável pela sua conduta, considerando os 
fatores sociais. Para se proteger da criminalidade a sociedade deve cessar de reagir tardia e 
violentamente contra os seus efeitos passando a preveni-los através do diagnóstico das causas 
naturais do delito (política de prevenção). A escola: início do século XX – o elemento principal para a 
explicação da criminologia, com as mudanças sociais ocorridas, com as guerras mundiais, entre 
outras, agora temos o respeito à personalidade do criminoso. Pela lógica antropológica, o criminoso 
é um ser diferente que deve ter a sua personalidade respeitada como ser individual. Não se pode ter 
uma visão apenas antropológica, mas também sociológica. A pena deve ter como função defender a 
sociedade, defesa social. 
11/09/2013 
17/09/2013 - A ideologia de defesa social 
Enrico Ferri, no século XIX, faz uma associação entre a fase pré-científica e a fase científica, onde o 
crime era visto como fato individual e também como abstração normativa (ele não era visto do ponto 
de vista social, apenas como um indivíduo). Ele passa a observar também a norma e não só criminoso 
No final do século XIX intensificou-se os estudos das ciências, surgindo a fase cientifica. Nesta fase a 
criminologia passa a se preocupar com a causa, com o comportamento. Os fundamentos da pena são 
sobre a personalidade, a periculosidade, capacidade de adaptação e não apenas sobre a sua 
natureza, sua índole. O crime não é só um comportamento individual, mas também é um fato 
humano e social – visão da escola positivista 
1824 – Rafael Garófalo – estudou o crime, o criminoso e a pena. Propôs que dentro da criminologia 
existiria o conceito de crime como “fenômeno natural (comportamento humano) de ofensa (crimes 
diversos), aos sentimentos de piedade (sentimento da sociedade) e probidade (sensação de justiça) 
de um grupo social” 
O que levaria ao indivíduo ao cometimento do delito? Analise sobre a ótica pré-científica e científica. 
2 – o crime é considerado um comportamento humano que se enquadra no comportamento penal. 
Disserte. 
 
Criminologia 
 
André Teles Página 6 
 
Contemporâneo 
Alessandro Baratta faz uma análise do princípio da culpabilidade (sentimento do criminoso referente 
ao ato cometido, se ele sente culpa. A sensação de culpa já é uma pena), onde “o delito é o resultado 
de uma postura interior com alto grau de reprovação, pois é contrário aos “bons” valores e normas 
da sociedade”. 
Encontramos a presença deste princípio na reforma de 1814 do código penal. O código penal de 
1930 tomou como base o pensamento de Beccaria – considerado o mais avançado do mundo, (a 
pena não deveria se r apenas punitiva, mas também reintegradora). 
Crime, criminoso, vítima e controle social. Enquanto que o método é empírico, observação da 
realidade; indutivo e interdisciplinar, utilizando-se muitas vezes em suas pesquisas os inquéritos 
sociais, estudos casos, observação participante e grupo de controle. Empírica, mas não experimental, 
suas observações não são feitas em laboratório. 
Para os clássicos: o criminoso era um pecador que optou pelo mal. Para os positivistas:o infrator 
não possui livre-arbítrio, era um prisioneiro de sua própria patologia ou de processos causais alheios. 
Para o marxismo: criminoso é uma vítima natural de certas estruturas econômicas, sendo fungível e, 
portanto culpável é a sociedade. 
09/10/2013 V2 - Princípio da Legitimidade 
Princípio da Legitimidade - É a responsabilidade do Estado. A sociedade deu ao Estado a legitimidade 
de agir em nosso lugar, isto é, em lugar das pessoas. É a crença da sociedade na ação do Estado; do 
bem e do mal; culpabilidade, finalidade ou da prevenção; igualdade, interesse social, delito natural. 
As ações do Estado são aceitas, aprovadas, isto é, legitimadas pela sociedade. Foi concedido ao 
Estado o controle social. Legitimamos também a ação do outro, quem está do nosso lado, temos uma 
relação de confiança com o próximo, o outro. Resumindo: legitimar é confiar, aprovar os atos do 
Estado ou de outro ser humano. 
Teoria do conflito. Escola de Chicago – toda teoria é compartimentalizada, gera outras teorias, 
compartilha e se relaciona com outras ciências, especialmente a biologia, sociologia (como o homem 
é influenciado e influencia o meio) e antropologia (principalmente do ponto de vista cultural) 
criminal. 
- Toda ciência comporta divisões internas 
- Criminologia Interdisciplinar 
- Biologia Criminal, social criminal, antropologia criminal 
- Sociologia criminal: teoria do consenso e do conflito 
Todos os grupos sociais que concordam com as ações sociais das quais faz parte, pertence à teoria 
do consenso, são a maioria da sociedade que elegeram o Estado para exercer o controle social. A 
 
Criminologia 
 
André Teles Página 7 
 
minoria faz parte da teoria do conflito, não concordam com as ações sociais. Os criminosos, em 
regra, não concordam com estes requisitos, ou seja, fazem parte da teoria do conflito. 
- Natureza do corpo social - como age a sociedade, como se comporta. Não é o mesmo que 
sociedade, a sociedade pode ter comportamento ou necessidades diferentes da natureza do corpo 
social. Exemplo: a natureza é pacífica, mas a sociedade é punitiva, violenta. 
 - Fenômeno social - uma ocorrência, um acontecimento individual, pontual, que tenha impacto 
social ao ponto de modificar o comportamento da sociedade. 
Teoria do consenso – as regras que determinam o convívio social dominante representam a vontade 
geral. 
- Teoria do conflito – Shecaira 
- Labeling Aproach 
- Criminologia crítica 
Teoria Marxista – não é uma disputa da sociedade ou de grupos com o Estado, mas uma disputa 
entre classes. 
- Escola de Chicago – surgiu com a quebra da bolsa dos EUA em 1929. Tenta justificar o cometimento 
do crime quando surge uma crise econômica. Ela é considerada o berço da moderna sociologia 
norte-americana. Pessoas que ficaram pobres e cometeram crimes. 
As falhas desta escola: 
- Alta dose de empirismo e pouca preocupação com suportes teóricos, estudaram criminosos apenas 
ou principalmente pela observação. 
- Enfoque pragmático diretamente voltado para os problemas de urbanização do século XX. 
Aumentou o número de pobres e as relações humanas com baixa qualidade de vida, segurança, etc. 
- “Sociologia da grande cidade” a maioria dos crimes acontecia em grandes cidades 
Crime é ligado como problema social e não como patologia individual, fundamentalmente ligado ao 
conceito de espaço. Aumentando o espaço urbano perde-se o controle social. 
Métodos utilizado 
- Método etnográfico (racial negros +), cartográfico (espaço), estatístico (numérico) 
16/10/2013 - Teoria ecológica 
Equilíbrio entre a comunidade humana com o seu ambiente. Explicação do crime perante o meio 
ambiente, dependendo das condições meteorológicas, o ambiente, a condição do ambiente em que 
se está inserido. Para não acontecer o crime é necessário equilíbrio entre as comunidades com o seu 
habitat. 
 
Criminologia 
 
André Teles Página 8 
 
Desorganização social – é um dos fatores que contribuem para o crime 
Paralelismo entre criação de novos centros urbanos e criminalidade – mais centros urbanos podem 
gerar mais ou menos criminalidade, dependendo do meio social em que se insere. 
“Cidade produz delinquência” – hoje o campo também sofre a delinquência gerada pela cidade. Não 
houve um acompanhamento de proteção junto com o crescimento no campo. 
Características: 
Deteriorização do grupo primário. Exemplo: família, ausência da família na criação e educação de 
jovens e adolescentes. Estes são aproveitados por grupos ou organizações criminosas. Decomposição 
das cidades em zonas. Forma de identificar e estereotipar, chancelar um grupo social como 
criminoso, aquelas que periodicamente ocorrem crimes, altos índices de criminalidade. Existência de 
áreas criminógenas. Ausência de efetivo controle social, modificação qualitativa das relações sociais 
e pessoais, perda de raízes no lugar da residência, crise dos valores tradicionais, superpopulação e 
proximidade com as zonas comercias (portos, indústrias). 
Teoria da associação diferencial - Teoria criada por Edwin Sutherland. Esta teoria analisa os 
crimes de colarinho branco, crimes cometidos por pessoas que tem instrução e condições 
econômicas. São crimes que atingem muitas pessoas, e muitas vezes não tem materialidade 
comprovada. O que justifica tal crime? A influência, se manter no estado de destaque, sua condição 
econômica. Tais criminosos são tidos como exemplo a serem seguidos e não propriamente como 
criminosos. São aceitos e valorizados. Quando são cometidos por pessoas no âmbito de sua 
profissão, e por pessoas de responsabilidade e elevado estatuto social. A lógica do crime de 
colarinho branco está na análise do criminoso no tocante, ou no que diz respeito, ao seu 
comportamento. 
Teoria da anomia - Significa ausência de normas, ausência de regras. 
A divisão do trabalho social - trata da divisão das classes sociais. Considera a questão da 
solidariedade, apoiar, colaborar. A divisão do trabalho social tornou as pessoas mais individualistas, 
fragmentou a solidariedade humana. Agimos de forma mecânica por necessidade, por imposição da 
sociedade. Exemplo: cumprimentar alguém na rua. 
A sociedade para Durkheim é o deposito de valores que mais ou menos se consensualiza, ou seja, 
entra em consenso ora crise, ora união. 
Suicídio egoísta – se sente isolada, crise de identidade, se sente abandonada, não se sente como 
parte do grupo social. Mata-se independente do que as pessoas irão pensar. 
Suicídio altruísta – morre em prol do grupo, da sociedade, pela individualização insuficiente, ou seja, 
morre pensando no bem. 
Suicídio anômico – não aceita a condição social em que se encontra. Se relaciona por uma situação 
de desregramento típica de períodos de crise, que impedem o indivíduo de encontrar uma solução 
bem definida para seus problemas. 
 
Criminologia 
 
André Teles Página 9 
 
 
 
06/11/2013 
Teoria das subculturas criminais – existência de subculturas que disputam o poder tentando 
implantar suas ideologias. Subcultura não é inferiorizando, apenas como uma, dentre as muitas 
culturas existentes, que não estão no poder, mas estão lutando por este. A cultura que está no poder 
é que determina as leis, é quem tipifica uma determinada conduta como criminosa ou não. Esta 
teoria tenta justificar, ou explicar o cometimento do crime, dizendo que estes ocorrem por conta das 
subculturas que tentam impor as suas próprias ideologias a cultura dominante, dessa forma eles se 
tornam criminosos. Exemplo: os Blackblocs 
Técnica de neutralização – perspectiva de controle ou correção de comportamentos sociais visando 
neutralizar a ação do Estado. Utiliza a técnica de Maquiavel: dividir para governar. 
Negação do princípioda culpabilidade – todos negam sua culpa com respeito à criminalidade, as 
pessoas, a sociedade e o Estado. 
Teoria de defesa social - O novo paradigma criminológico: “Labelling Approach” (etiquetamento 
social) - o desejo da sociedade de se defender do inimigo, ou seja, do outro. Com isso se justifica o 
aumento de incrementos de segurança desde os muros e cerca elétricas nas residências, até a 
contratação de empresas de segurança privada para as ruas, alegando, como mostrou as outras 
teorias, que não tem nenhuma culpa pelo desenvolvimento da criminalidade. 
Enfoque da reação social – Alessandeo Baratta - Tatuagens sociais (etiquetamento social) são 
aplicadas a todos os que se diferenciam de “mim”, cometendo algum tipo de crime. A sociedade 
tende a rotular todos os que lhe parecem diferentes em sentido social. O indivíduo não é visto pelas 
suas condições físicas e psicológicas, mas pelas condições sociais. 
Durkheim 
Livro:Divisão do 
Trabalho Social
solidariedade 
orgânica 
sociedade 
simples 
solidariedade 
mecânica
sociedade 
complexa 
Livro: O Suicídio
Suicídio egoísta
Suicídio 
altruísta
Suicídio 
anômico
 
Criminologia 
 
André Teles Página 10 
 
12/11/2013 – Apresentação em Power Point 
PERSPECTIVAS PSICANALÍTICAS DA SOCIEDADE PUNITIVA 
 A viragem psicanalítica enquanto instância epistêmica pode muito bem oferecer importantes 
contribuições e apontar para o construtor jurídico-social, no dizer de Lacan. 
"As funções criminogênicas próprias de uma sociedade que, exigindo uma integração vertical 
extremamente complexa e elevada de colaboração social, necessária a sua produção, propõe aos 
sujeitos, aos que ele se dedica, ideais individuais que, tendem a se reduzir a um plano de assimilação 
cada vez mais horizontal". 
 A proposta decorrente dessa condição é uma planificação para efetivar o controle social, que 
vai além da produção de perdas substanciais das potencialidades emancipatórias da pessoa 
humana, gera frustração e fobias através da castração jurídico-penal. 
 Evidentemente que a repressão penal substitui ainda hodiernamente a repressão machista-
paternal então concebida pelo e no complexo de castração coordenativo das limitações 
pessoais, agora impostas pela dogmática jurídico-penal – a dialética da fantasia segundo 
Lacan – apesar de negligente no cumprimento de promessas pelas quais se propõe enquanto 
Teoria Central do Direito Penal. 
É com este intuito que decidimos buscar fontes possíveis de interpelação entre a psicanálise e o 
Direito, valorizando as discussões e contribuindo para novos paradigmas e concepções psicanalíticas 
e jurídicas, para a busca maior do desenvolvimento científico sempre em prol do ser humano, da 
sociedade e dos estudiosos como um sistema multifocal ao passo que é único, particular. 
PSICANÁLISE E DIREITO: POSSIBILIDADES 
 Na teoria da criminalidade podemos distinguir dois aspectos de pensamentos. 
Primeiramente a explicação do comportamento criminoso, este teve uma contribuição 
bastante significativa a partir de Freud com a teoria do delito por sentimento de culpa. 
 Estas teorias têm as suas raízes na doutrina freudiana da neurose e na aplicação dela pelo 
próprio Freud na explicação do comportamento delituoso. Segundo Freud, a repressão dos 
instintos delituosos pela ação do superego, não destrói estes instintos, deixando apenas que 
se sedimentem no inconsciente, de maneira que estes instintos, inconscientemente, estão 
atrelados, imbuídos de culpa, tendendo a confissão. O comportamento delituoso, o indivíduo 
supera o sentimento de culpa e realiza a tendência a confessar. Por essa perspectiva, a teoria 
psicanalítica do comportamento criminoso representa uma negação ao tradicional conceito 
de culpabilidade e em decorrência deste, todo o direito penal que tenha por base este 
princípio. 
 Por outro lado, a teoria psicanalítica da sociedade punitiva, que constitui o segundo aspecto, 
coloca em dúvida o princípio da legitimidade e, portanto, a legitimação do direito penal. A 
função psicossocial que atribuem à reação punitiva permite uma interpretação mistificada 
das racionalizações das pretensões funcionais preventivas, defensivas e éticas sobre as quais 
está basilada a ideologia da defesa social e de forma generalizada todo o direito penal. 
 A teoria da sociedade punitiva, a reação penal ao comportamento delituoso não tem a 
função de eliminar ou definir a criminalidade, mas corresponde a mecanismos psicológicos 
 
Criminologia 
 
André Teles Página 11 
 
face o desvio criminalizado que por sua vez, figura como necessário e impossível de se 
eliminar, de se extrair da sociedade. Em Totem e Tabu, Freud mostra a diferença entre a 
neurose e o tabu, ou seja, a neurose é uma doença individual, e o tabu é uma formação 
social. 
O TABU E SEU LUGAR NA HISTÓRIA 
 O tabu nasceu nos tempos primitivos, ou seja, uma era envolta em magias e religiosidade, 
todos os fenômenos naturais maléficos eram oriundas das forças divinas encolerizadas pelos 
fatos que exigiam reparação. Desse modo, no intuito de amenizar a ira dos “deuses”, foram 
criadas as proibições (religiosas, sociais e políticas), ou seja, o tabu. 
A infração totêmica, ou a desobediência tabu, conduziu a coletividade à punição do infrator, gerando 
assim, o que modernamente denominamos “crime” e “pena”, implicando no sacrifício da vida do 
agressor, ou em oferendas de objetos valiosos (animais, peles e frutas) ás divindades. Então, 
originalmente, a pena implica em vingança, no revide à agressão, transgressão sofrida, 
desproporcionada com a ofensa e aplicada sem preocupação da justiça. 
 O primitivo temia atrair sobre si, violando o tabu, uma grave pena, uma doença ou mesmo, a 
morte. O doente, contrariamente a isso, vincula a proibição o temor de uma pena para um 
de seus parentes, pessoas queridas, não necessariamente sobre si. 
 Quando da violação de um tabu, a punição ocorre de modo espontâneo; é apenas uma 
forma secundária de pena a que se realiza com a intervenção do grupo social, ou seja, a 
punição do grupo se realiza de forma subsidiária à punição espontânea, de maneira que 
todos os componentes do grupo se sentem ameaçados pela violação do tabu e por isso se 
antecipam na punição do violador. 
 Desde os tempos primitivos vingança passou por fases, que não se deram de forma 
sistemática atreladas à adoção de princípios diversos, mas da evolução social. Na vingança 
privada, do cometimento de um crime, a reação era da vítima, dos parentes e até do grupo 
social (tribos), agindo sem proporções, não apenas contra o ofensor, mas todo o seu grupo 
social, implicando numa eliminação, por vezes, de grupos inteiros. 
O Talião surge para limitar à ofensa a um mal idêntico ao praticado, sendo um marco histórico, haja 
vista, a redução da ação punitiva, sendo recepcionado pelo Código de Hamurabi (Babilônia), no 
Êxodo (povo Hebraico) e na Lei das XII Tábuas (Roma). 
Logo após surge a composição, que é um sistema pelo qual o ofensor comprava sua liberdade 
(moeda, gado etc.), livrando-se do castigo, também adotado pelo Código de Hamurabi, pelo 
Pentateuco e o Código de Manu (Índia), remontando as modernas indenizações no âmbito civil e nas 
multas de caráter penal. 
 A fase da vingança divina decorre da influência religiosa e decisiva sobre os povos. O castigo, 
ou oferenda, delegado pela divindade, era aplicado pelos sacerdotes que infligiam penas 
severas, cruéis e desumanas, tendo como escopo a intimidação. 
Com uma organização social mais elaborada, atingiu-se então a vingança pública, proporcionando 
maior estabilidade estatal, visando então, à segurança do príncipe ou soberano, com penas ainda 
severas e cruéis, obedecendo ainda aosentido religioso, era, portanto, justificada essa proteção, 
porque os soberanos governavam em nome das entidades, dos deuses. 
 
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 Numa fase posterior, da pena foi retirado o caráter religioso, e a responsabilidade do grupo, 
ganha então a mentalidade da individualização, contribuído então para que os costume 
penais se fizessem humanos. 
 No período medieval, as práticas penais se enlaçaram e se influenciaram mutuamente no 
direito romano, canônico e bárbaro. Quando das penas de morte, eram as mais cruéis 
(enforcamento, afogamento etc.), visando intimidar e eram cominadas penas desiguais, pois 
tinha como critério a condição política e econômica do réu, sendo amplamente utilizada a 
mutilação, o açoite, a tortura. 
 Nasce a prisão com o iluminismo como o mecanismo mais humanitário para tratar dessa 
problemática. Segundo Odete Maria de Oliveira, surge um novo fato social, surge uma 
sociedade desconhecida dentro de outra sociedade, de costumes e valores próprios, qual 
seja: de celas e muros e nessas comunidades se concentra um universo oculto, coercitivo, 
inacessível e muito particular, e que a ordem interna se mantém pela repressão, num regime 
totalitário de comando e controle externo. 
PSIQUÊ HUMANA E A PRIMITIVIDADE 
 Estes mecanismos primitivos são explicados por Freud através da tentação de imitar aquele 
que violou o tabu, liberando de outra maneira os instintos reprimidos. Esta tentação 
mimética corresponde à representação da capacidade contaminadora do tabu, de modo que 
a reação punitiva pressupõe a presença nos membros do grupo, de impulsos semelhantes ao 
proibido. 
Theodor Reik funda uma teoria psicanalítica do direito penal, tomando por base a dupla função da 
pena, ou seja, a pena serve de satisfação da necessidade inconsciente de punição que impele a uma 
ação proibida e a segunda que traz a pena como uma satisfação também das necessidades de 
punição da sociedade, por intermédio de uma identificação inconsciente com o delinquente. 
 Essas concepções terminam por ser retributiva e preventiva, simultaneamente, não sendo 
mais que uma racionalização dos fenômenos que fundam suas raízes no inconsciente 
humano. A teoria retributiva é correspondente nas autopunições inconscientes encontrados 
nos neuróticos e que são regulados como se houvesse um Talião, ao passo que contradiz a 
evolução da cultura e da humanidade. 
A teoria da retribuição enfatiza a função da pena em face da sociedade (prevenção geral) e em face 
do autor do delito (prevenção especial), influenciando a coletividade e o autor do delito sendo então 
complementares e se fundam na natureza bifurcada da pena e das raízes psicológicas, reiterando a 
concepção freudiana de culpa e de sua anterioridade à ação criminosa. 
 A teoria psicanalítica da finalidade da pena é desenvolvida posteriormente por Franz 
Alexander e Hugo Staub, que põem em relevo o mecanismo sociopsicológico através do qual 
a pena infligida a quem delinque vem contrabalancear a pressão dos impulsos reprimidos, 
que o exemplo de sua aplicação no delinquente torna visível, representando um reforço para 
o superego. 
 A contribuição dada por ambos se dá primeiramente pela transposição do princípio trazido 
por Freud, ou seja, transforma-se numa característica psicológica geral do mundo dos 
delinquentes e das pessoas que incorporam o mundo do sistema penal, estabelecendo entre 
 
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essas pessoas uma afinidade que geralmente se apresenta como pelas fortes tendências 
antissociais não suficientemente reprimidas, impedindo as pessoas pertencentes ao segundo 
grupo um zeloso exercício da função punitiva. 
 Em suma, há uma transposição do referencial, sai da sociedade punitiva, em sentido estrito e 
passa a ser uma reação institucionalizada individualizando nas pessoas que estão ao seu 
serviço, como os juízes, policiais, seguranças etc. 
 Em segundo motivo é notadamente complementar do sentido reikiano, ou seja, a visão 
acerca da pena não é restrita a identificação da sociedade com o delinquente e da correlação 
reforçada do superego, mas do ponto de vista da identificação com um sujeito individual 
com a sociedade punitiva e com os órgãos de reação penal, da falta de resolução por 
intermédio das inibições do comportamento antissocial, levando assim, a identificação do 
sujeito com os atos da sociedade punitiva. 
 A pena adquire um significado de recompensa pela renúncia ao sadismo de maneira que essa 
identificação conduz à diminuição da quantidade de agressões para inibir, favorecida pelo 
caráter ritual e espetacular dos procedimentos judiciários. Eles partem da representação 
ideal de uma justiça racional, que atua sem os conceitos de expiação, de retribuição que não 
serve á agressão dissimulada de agressões em massa. 
Para se alcançar, não basta que o homem tenha equilíbrio do ego sobre a vida afetiva, mas 
que a tendenciosa agressividade das massas alcance uma eliminação ampla através da 
sublimação. 
 O caminho trilhado por Reik, Alexander e Staub, desencadeou ao desenvolvimento 
proporcionado por Paul Reiwald que traz as figuras/conceitos da projeção e do bode 
expiatório como expressões representativas da teoria da sociedade punitiva, como seu 
mecanismo inconsciente. Um mecanismo semelhante ao que caracterizava a mentalidade 
primitiva conduzindo ás representações das forças demoníacas hostis, nas quais estão 
transferidas as próprias agressões, explica como sociedade punitiva as separações do bem e 
do mal. 
 Segundo Helmut Ostermeyer, a pena não basta para descarregar toda a agressão reprimida, 
uma parte dela acaba sendo exteriorizada através de mecanismos de projeção. O fenômeno 
da projeção da agressividade e do correspondentemente sentimento de culpa sobre o 
delinquente é analisado, na literatura psicanalítica como a mítica figura do bode expiatório 
carregado com nossos sentimentos de culpa e enviado ao deserto. 
 Edward Naegeli relaciona a mórbida necessidade de sensacionais descrições de delito com 
este necessário bode, que é encontrado no delinquente, onde então se projeta nossas ou 
menos inconscientes tendências criminosas. 
Essas projeções de sombra, nomeadas por Naegeli, insiste sobre o caráter perigoso que as formas de 
projeção de sombras quando advém de toda uma comunidade e se voltam sobre minorias e grupos 
marginais, gerando uma má-consciência. A história dos povos, das civilizações nos mostra que este é 
um fator real e perigoso, que se atrela a realidade social indistintamente de raça, língua ou cor, 
cultura, região. 
Notadamente vemos uma inquietação por parte de alguns estudiosos que lutam para uma posição 
crítica ante aos apelos sociais e jurídicos, ante a própria consciência, expurgando velhos conceitos e a 
 
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partir da interdisciplinaridade possível entre direito e psicanálise, fazer uma ponte na busca da 
humanização e racionalização do pensar jurídico. 
 É notória a contribuição das teorias psicanalíticas, inclusive para as teorias sociológicas da 
criminalidade e no concernente a criminologia crítica que se utiliza dos conceitos trazidos 
pela psicanálise, fundamentando numa abordagem inovadora tais concepções. 
Porém, se o nosso olhar for singular, compreenderemos que as teorias psicanalíticas tiveram 
e tem uma importante função crítica, não ultrapassaram os limites fundamentais da 
criminologia. 
 É fato que as teorias se apresentam como a etiologia de um comportamento, cuja 
criminalização é aceita sem análise das relações sociais que explicam a lei e seus 
mecanismos. 
 As teorias são limitadas porque orientam a análise sobre as funçõespunitivas sem mediar 
esta análise com o conteúdo específico do comportamento desviante, do seu significado 
dentro da histórica determinabilidade das relações socioeconômicas. 
 Esta identificação tem o mesmo efeito que teria uma justaposição extrínseca dos dois 
momentos. A ausência de uma mediação entre eles é consequência da visão universalizante 
com a qual na visão psicanalítica é interpretada através de estruturas conceituais meramente 
subjetivas e psicológicas, tanto do comportamento criminoso quanto a reação punitiva, têm-
se então uma desintegralização. 
 Notadamente, essa visão universal está presente em todo criminologia liberal, que extirpa o 
caráter único do sujeito e da contextualização socioeconômicas, o que, grosso modo, cria um 
pensamento e o joga para abarcar todas as possibilidades humanas. 
 Mas apesar de suas limitações, traz um olhar atento acerca do indivíduo, mas principalmente 
acerca da sociedade punitiva, traz com muita atualidade as posições e as concepções que 
comparativamente da reação e da punição, dos conceitos e da realidade fática, se mostra 
moderna e reiterada. 
 
20/11/2013 - justiça do século 21 
Justiça restaurativa aplicada à infância e juventude 
Filme crime e castigo E JUSTICA para o século XXI – assistir 
 
 
 
Dupla face – ser sancionatória e pedagógica.

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