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Aula 5 - Dominio Publico Internacional e Relacoes Internacionais

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Professor Doutor Vladmir Silveira Assistente Carolina Fernandes 
Monitor Helder França
Aula 05 – Domínio Público Internacional: águas e rios internacionais, zona econômica exclusiva, plataforma continental e espaço internacional
24.03.2015
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Professor Doutor Vladmir Silveira Assistente Carolina Fernandes 
Monitor Helder França
I. Introdução
A expressão “domínio público internacional” é usada pela doutrina para denominar os territórios (em sentido lato) que são utilizados por mais de um Estado soberano, chegando, em alguns casos, até despertar o interesse de toda a comunidade internacional. 
É o que ocorre, por exemplo, com o mar, os rios internacionais, o espaço aéreo, a estratosfera e com o continente antártico.
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II. Direito do Mar
Antes da ONU: Regras costumeiras.
Após a ONU: Tratados internacionais (Genebra, 1958: Convenção sobre o Mar Territorial e Zona Contígua; Convenção sobre o Alto-Mar; Convenção sobre Pesca e Conservação dos Recursos Vivos do Alto-Mar; e Convenção sobre Plataforma Continental).
Convenção da ONU sobre Direito do Mar: concluída em 1982, em Montego Bay (Jamaica), entrando em vigor em 1994. O Brasil ratificou referida Convenção em 1998 (Lei n° 8.617/93, que reduziu a 12 milhas a largura de nosso mar territorial e adota o conceito de zona econômica exclusiva para as 180 milhas adjacentes).
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Águas interiores não versadas na Convenção da ONU (1982): rios e lagos de água doce, como de pequenos mares interiores, carentes de interesse internacional. Sobre essas águas o Estado costeiro exerce soberania ilimitada, porém não absoluta (direito de passagem inocente*, reconhecido em favor dos navios – mercantes ou de guerra – de qualquer Estado).
* O direito de passagem inocente nada mais é do que o simples ato de uma embarcação, mercantil ou militar, utilizar-se das águas de um determinado Estado para deslocar-se a um determinado local (porto). Qualquer abuso a esse direito constitui ato ilícito internacional. Ressalte-se, que o Estado costeiro pode regulamentar as regras da passagem inocente, inclusive podendo estabelecer rotas marítimas, mas nunca negá-la impondo dificuldades ou obrigações exageradas ou não razoáveis.
No que diz respeito à soberania do Estado em relação às águas, afirma a Convenção da ONU (1982) que esta se estende ao leito do mar, incluindo-se também o seu respectivo subsolo e espaço aéreo subjacentes.
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Extensão do mar territorial
Relaciona-se com o imperativo de defesa do território (12 milhas marítimas como a largura da faixa de mar territorial, reconhecendo, todavia, 200 milhas marítimas como zona econômica exclusiva). 
Fixação do mar territorial
Delimita-se a partir da largura de uma reta que se inicia na linha litorânea da maré baixa, alternada com a linha de reservas das águas interiores, quando existem portos ou baías.
Área contígua
Com o objetivo de fiscalizar e proteger seu território e suas águas, a zona contígua pode ser considerada uma segunda faixa adjacente ao mar territorial, não podendo ir além de 24 milhas marítimas contadas da mesma linha de base do mar territorial. Atualmente, só é utilizada pelos países que, por alguma razão, continuam mantendo o seu mar territorial com apenas 12 milhas marítimas. 
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III. Zona Econômica Exclusiva (“ZEE”)
A ZEE foi regulamentada na Convenção da ONU de 1982, sendo uma faixa adjacente ao mar territorial que se sobrepõe à zona contígua e possui tamanho devidamente predefinido. 
Geralmente, fixa-se o mar territorial em 12 milhas marítimas e a ZEE em 188 milhas marítimas. Mas pode-se estabelecer um mar territorial maior ou menor, porém quanto maior for menor for o mar territorial maior será a ZEE e vice-versa. Logicamente, respeitando o limite máximo de 200 milhas marítimas contadas da linha de base. 
Sobre a ZEE, o Estado é limitada e especificamente soberano: Exerce direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais existentes na água, no leito e no subsolo. Exerce jurisdição sobre a ZEE em matéria de preservação do meio ambiente, investigação científica e instalação de ilhas artificiais.
Todos os Estados gozam certas liberdades: (a) navegação (prerrogativa mais ampla que a passagem inocente); (b) sobrevoo (que acima das águas territoriais não é permitido por norma geral alguma); e (c) colocação de cabos ou dutos submarinos. Não podem explorar economicamente a área, salvo acordos bilaterais ou regionais com países vizinhos que não possuem litoral (acordos de aproveitamento do excedente de recursos vivos).
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V. Plataforma Continental
A plataforma continental é aquela determinada parte do leito do mar adjacente à costa, que geralmente não possui mais do que 200 metros de profundidade. A plataforma continental termina em inclinações abruptas que conduzem ao que se denomina fundo marinho.
O Estado costeiro exerce sua soberania no que se diz respeito à exploração de recursos naturais das plataformas continentais e o seu respectivo subsolo. É importante frisar que os Estados costeiros possuem direitos econômicos exclusivos, que independem de ocupação da plataforma ou de qualquer pronunciamento dos demais.
De acordo com a Convenção da ONU de 1982, a plataforma continental possui como limite o mesmo da ZEE (200 milhas marítimas a partir da linha da base, salvo exceções).
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VI. Fundos Marinhos
O fundo marinho e seu subsolo foram convencionados pela primeira vez na Convenção da ONU de 1982. Esta área não possui jurisdição nacional, ou seja, ela fica além das plataformas continentais e seu maior interesse diz respeito aos nódulos de polimetálicos. 
Esta área é patrimônio comum da humanidade, apesar da existência de pretensões diversas, como a dos Estados Unidos, que defendiam que este território deveria constituir-se como res nullius – ou seja, quem tivesse condição (tecnológica, econômica, etc.) poderia explorá-la individualmente. 
Assim, foi instituída uma autoridade internacional dos fundos marinhos, que é formada por todos os Estados-membros da Convenção da ONU de 1982, responsável por administrar a área. Desse modo, a exploração é feita pelos Estados sob o controle de uma OI por intermédio da empresa – seu órgão operacional.
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VII. Alto-Mar 
Princípio da liberdade e restrições à liberdade
A liberdade do alto-mar é o mais amplo, não podendo qualquer Estado emanar algum tipo de restrição.
Século XVII: Mare liberum (Hugo Grócio) x Mare clausum (John Selden).
Século XX: A Convenção da ONU de 1982 parte do princípio da liberdade do alto-mar e estabelece um padrão mínimo de disciplina. Para referida Convenção, a liberdade concerne à navegação, ao sobrevoo por aviões de qualquer natureza, à colocação de cabos e dutos submarinos, à construção de ilhas superficiais e instalações congêneres, à pesca e à iniciação científica. Tais prerrogativas não excluem os Estados que não possuem litoral.
O alto-mar deve ser utilizado para fins pacíficos. Todos os Estados mutualmente se responsabilizam pela conservação dos recursos vivos do mar, total repressão ao tráfico de drogas, do trânsito e comércio ilícito de drogas, da pirataria (fins privados), entre outras condutas estabelecidas como ilegais.
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A regulamentação da navegação
A Convenção de 1982, no que diz respeito à nacionalidade, e com intuito de desestimular os bandeiras facilitadores (ou pavilhões de complacência), estipulou que há sempre um vínculo substancial entre o Estado e o navio que carrega sua bandeira. 
Desta maneira, sempre que um navio estiver em alto mar, presume-se que este se encontra sob a jurisdição de seu Estado, possuindo os navios de guerra autoridade sobre navios mercantes de igual bandeira. Se necessário, é lícito ao navio de guerra valer-se do chamado direito de visita sobre um navio mercante de outra nacionalidade. Entretanto, é necessário que exista justo motivo para tal medida.
Também ficou determinado o direito de perseguição contínua (hot pursuit), ou seja, o direito dos navios de guerra de um Estado costeiro de continuar a perseguição em alto-mar a um navio mercante que tenha infringido as normas aplicáveis em seu mar territorial ou zona contígua. Todavia, exige-se que essa perseguição tenha se iniciado no seu mar territorial, seja ininterrupta e não avance outro mar territorial.
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VIII. Trânsito Marítimo: Estreitos e Canais
Estreitos (Por exemplo, de Gibraltar, de Grand Belt, de Bósforo, etc.)
Corredor cujas águas integram o mar territorial de um ou mais Estados, e que assegura a comunicação entre espaços de alto-mar ou ZEE, interessando à navegação internacional.
Os estreitos possuem grande importância para a navegação internacional e, por isso, o direito de passagem em trânsito aos navios e aeronaves, civis ou militares de qualquer bandeira foi garantido pela Convenção da ONU de 1982. 
O direito de passagem inocente diferencia-se da passagem em trânsito, pois essa última não se restringe apenas aos navios, contemplando também as aeronaves sobrejacentes ao estreito. 
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Canais 
Por exemplo, do Panamá, de Corinto, de Suez, etc.
Também são corredores que facilitam o transito entre 2 espaços marítimos. Contudo, não constituem obra da natureza e, portanto, seu regime jurídico está sujeito ao Estado que efetivamente o construiu.
Desta maneira, é comum que sejam construídos canais em regiões de Estados que não possuem condições de arcar com tais despesas de construção. Nesses casos, nada impede que outros Estados que possuem maiores condições financeiras de arcar com a construção dos canais, o façam, exercendo considerável influência no âmbito do regime jurídico a ser adotado pelos usuários do canal. 
Exemplo: O canal do Panamá foi construído pelos EUA em 1914. Todavia, o seu regime jurídico foi estabelecido pelo tratado de Hay-Bunau Barilla, anteriormente, em 1903. 
Posteriormente, Estados Unidos e Panamá reviram o tratado, por intermédio de um segundo tratado sobre o canal (1977), o qual deveria ter restituído o exercício da soberania sobre o canal ao Panamá.
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IX. Rios Internacionais
Francisco Rezek: “Todo curso d’água que banha mais de um Estado soberano”.
O interesse despertado pelos rios internacionais resumiu-se na comodidade do transporte fluvial. Hoje, sua importância, sem prejuízo do constante valor econômico da navegação, pauta-se em: 
Produção de energia elétrica; 
Irrigação; e 
Proveito industrial direto (trouxe o problema da poluição dos rios internacionais e deu origem às primeiras normas a tal respeito).
Dominado pela casuística (poucos princípios relevantes relativos aos rios internacionais).

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