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Agentes imunossupressores Ligantes de imunofilina Ciclosporina È um agente imunossupressor amplamente eficaz na manutenção de transplantes de órgãos humanos, no tratamento da doença do enxerto vs. Hospedeiro após o transplante de medula óssea e no tratamento de doenças auto-imunes. Farmacocinética Pode ser administrada via intravenosa ou oral, embora seja lenta e incompletamente absorvida (no máximo 50%). Vias de administração alternativas incluem gotas oftálmicas e inalação. È metabolizado por enzimas P450 no fígado, e possuem significante variabilidade de biodisponibilidade, de forma que, normalmente, administrações subsequentes requerem reajustes baseados na concentração plasmática. Farmacodinâmica Liga-se à ciclofilina, uma proteína intracelular da classe das imunofilinas. O complexo ciclosporina-ciclofilina inibe uma enzima fosfatase, a Calcineurina (ou Citoneurina), necessária para a ativação de um fator de transcrição específico de Linfócitos T – o NF-AT (Nuclear Factor of Activated T cells). Este fator de transcrição está envolvido na síntese de interleucinas por linfócitos T ativados. O principal efeito resulta da inibição da produção de IL-2, responsável pela expansão clonal de linfócitos T ao agir autócrinamente. Usos clínicos A ciclosporina pode ser usada isoladamente ou em combinação com outros imunossupressores (normalmente glicocorticoides). Usada na manutenção de transplantes de órgãos humanos, no tratamento da doença do enxerto vs. Hospedeiro após o transplante de medula óssea e no tratamento de doenças auto-imunes (como uveíte, artrite reumatoide, psoríase, asma, etc). Efeitos colaterais São abundantes, e incluem nefrotoxicidade, hipertensão, hiperglicemia, hepatopatia, hipercalemia, alteração do estado mental, convulsões e hirsutismo. Também causa leve toxicidade sobre a medula óssea, mas pode contribuir com a incidência de linfoma, Sarcoma de Kaposi ou carcinoma de células escamosas na pele – isto se deve ao fato de que a ciclosporina induz a liberação de TGF-β, que contribui para a invasão tumoral e para a metástase. Tacrolimus Não possui relação estrutural com a ciclosporina, mas apresenta mecanismo de ação quase idêntico. Farmacocinética Pode ser administrado via intravenosa ou oral. È metabolizado por enzimas P450 no fígado, e possuem significante variabilidade de biodisponibilidade, de forma que, normalmente, administrações subsequentes requerem reajustes baseados na concentração plasmática. Farmacodinâmica Liga-se à Proteína Ligadora de FK (FKBP), uma proteína intracelular da classe das imunofilinas. O complexo Tacrolimus-FKBP inibe uma enzima fosfatase, a Calcineurina (ou Citoneurina), necessária para a ativação de um fator de transcrição específico de Linfócitos T – o NF-AT. Este fator de transcrição está envolvido na síntese de interleucinas por linfócitos T ativados. O principal efeito resulta da inibição da produção de IL-2, responsável pela expansão clonal de linfócitos T ao agir autócrinamente. O tacrolimus pode ser de 10 a 100 vezes mais potente que a Ciclosporina na inibição de uma resposta imune. Usos clínicos A ciclosporina pode ser usada isoladamente ou em combinação com outros imunossupressores (normalmente glicocorticoides). Usada na manutenção de transplantes de órgãos humanos, no tratamento da doença do enxerto vs. Hospedeiro após o transplante de medula óssea e no tratamento de doenças auto-imunes (como uveíte, artrite reumatoide, psoríase, asma, etc). Efeitos colaterais São abundantes, e incluem nefrotoxicidade, neurotoxicidade hipertensão, hiperglicemia, hepatopatia, hipercalemia, distúrbios do trato gastrintestinal, alteração do estado mental, convulsões e hirsutismo. CSA = Ciclosporina CpN = Ciclofilina FKB = Proteína ligadora de FK TAC = Tacrolimus S = Glicocorticóides Sirolimus (rapamicina) e Everolimus Farmacocinética Atualmente, o Sirolimus só é disponível para administração via oral. Apenas diferindo na absorção, que é rápida, a farmacocinética do sirolimus é semelhante à ciclosporina ou ao tacrolimus, sendo que é substrato, além de enzimas P450, de glicoproteína P. Farmacodinâmica Liga-se, da mesma forma que o Tacrolimus, à FKBP, mas o complexo Sirolimus-FKBP não age na calcineurina – age no Alvo da Rapamicina em Mamíferos (mTOR, ou Mammalian Target Of Rapamycin), impedindo a transcrição do sinal do Receptor de IL-2 para o núcleo celular, bloqueando o ciclo de divisão celular e, consequentemente, a expansão clonal (dentre outras respostas) outrora estimulada por IL-2 (ou outras citocinas). Por se ligar ao mesmo receptor que o Tacrolimus, o Sirolimus é antagonista deste fármaco. Além disso, age inibindo a expansão clonal de linfócitos B e a produção de anticorpos, além de inibir a resposta proliferativa de células mononucleares fagocitárias a fatores estimuladores de colônias. Usos clínicos Frequentemente utilizados na imunossupressão de manutenção em transplantados de órgãos sólidos. Pode ser usado em distúrbios dermatológicos, em combinação com a ciclosporina na uveorretinite. Efeitos colaterais Incluem profunda mielossupressão, especialmente trombocitopenia, hepatotoxicidade, diarreia, hipertrigliceridemia e cefaleia. Micofenolato Mofetila Estrutura Química È um derivado semisintético do ácido micofenólico. Farmacocinética Pode ser administrado via oral ou intravenosa. A metabolização não ocorre por enzimas P450. O micofenolato mofetila rapidamente é hidrolisado a ácido micofenólico – o ácido miofenólico não é administrado diretamente, pois não oferece biodisponibilidade eficaz, ao contrário da administração de micofenolato mofetila, que oferece maior biodisponibilidade. Farmacodinâmica O ácido micofenólico, produto da hidrólise do micofenolato mofetila, age inibindo a enzima inosina monofosfato desidroxigenase, uma enzima necessária para a síntese de nucleotídeos de guanina, causando inibição das respostas de linfócitos T e B. O ácido micofenólico é altamente específico para sua enzima-alvo em linfócitos, de forma que possui perfil curto de efeitos colaterais. Usos clínicos Usada em substituição à Ciclosporina ou Tacrolimus em pacientes que não toleram estes fármacos que foram submetidos a transplantes de órgãos sólidos. Também pode ser usado na doença do Transplante vs. Hospedeiro e doenças auto-imunes, como nefrite lúpica, artrite reumatoide e alguns distúrbios dermatológicos. Efeitos colaterais Pode haver distúrbios gastrintestinais, como diarreia, vômitos, náuseas e dores abdominais, além de cefaleia, hipertensão e mielossupressão reversível (principalmente neutropenia). Talidomida Farmacodinâmica Age inibindo a angiogênese e impedindo a inflamação e a resposta imune – inibe o TNF-α e a fagocitose, estimula a produção de IL-10 (uma citocina anti-inflamatória), altera a expressão de moléculas de aderência e aumenta a imunidade celular mediada por linfócitos T. Usos clínicos Restrito ao tratamento do mieloma múltiplo, de eritema nodoso hanseniano e manifestações cutâneas do lúpus eritematoso. Efeitos colaterais È teratogênico se usado durante a gravidez. Pode causar neuropatia periferia, constipação, exantema, fadiga e hipotireoidismo, além de contribuir com o surgimento de trombose venosa profunda (devido a este efeito colateral, normalmente o paciente que recebe talidomida é tratado concomitantemente com Varfarina).
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