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resumo do livro A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL P

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LIVRO A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL P. 76-100
Vivemos o tempo das crises, crise da ciência, dos paradigmas, das ideologias, dos modelos de economias etc., mas quando o mundo não esteve em crise? O mundo e todas as suas gerações viveram as guerras, os conflitos, as transformações, as descobertas etc.
Porém, as crises a que nos referimos seria o que podemos considerar o começo do fim? Seria o apocalipse se aproximando ao indagar que o fim da humanidade seria o fim da racionalidade característica do ser humano? A crise da ciência seria nosso retorno para a obscuridade, dúvidas, perguntas sem respostas? O que é enfim a crise da ciência, dos paradigmas das ciências sociais, ideologias e relações entre estas crises?
O paradigma da modernidade foi a “racionalidade” tempo em que o homem mais evoluiu em termos de ciência, arte e política e mais se houve transformações no mundo. A ciência teve fundamental importância nessas transformações ao explicar o que antes só havia explicações mitológicas que tanto impediam a evolução do homem.
A partir do século X começa a era da pós-modernidade que ainda não tem seu paradigma definido, mas tudo indica que esse novo paradigma é o mercado que não significa que chegamos ao século X e XI mais modernos porque estamos na era pósmoderna, mas pode significar que estamos retrocedendo em termos de evolução pela fragmentação do pensamento que nos faz tomarmos decisões ausentes de reflexões regulados pelo mercado e atendimento de seus interesses. Poderíamos ter varias explicações para a falta de reflexão como o excesso de informações através dos veículos de comunicações em massa, mas o que mais afeta a humanidade são as transformações promovidas pela classe burguesa desde o século XVI até a atualidade.
Quando a burguesia promove a sua revolução, torna-se detentora e controla os meios de produção e a classe que vende sua força de trabalho. O trabalho do homem passa a ser fragmentado, ou seja, ele só conhece uma parte do trabalho sendo as demais executadas da mesma forma por outros trabalhadores tornando-se o trabalho estranho. Esse modo de produzir chama-se divisão do trabalho que faz com que as mercadorias sejam produzidas de forma mais rápida, mas limita e nega ao operário o conhecimento que poderia libertar de sua condição subordinada ao burguês. Se funda a socialidade entre os homens, impõem-lhes uma forma determinada de relações sociais, que é a relação de troca especificamente capitalista (GUERRA, 1995, p. 93). Ou seja, relações de troca e não o trabalho passou a expressar a liberdade dos sujeitos.
Com essas transformações no modo de produção a burguesia adultera o modelo de racionalidade que a fez alcançar as suas finalidades, e não somente transformações no modo de produção, a burguesia inventa o seu mundo impondo um modelo de Estado conservador, institui leis universais e cria uma cultura que obriga a todos aspirarem pelo ideal burguês.
O consenso destrói o antagonismo e interesses de classes, paradigmas são aceitos sem reflexões e sem questionamentos. O paradigma tem na atividade seu fundamento e meio de realização, “todos os mistérios, que conduzem ao misticismo encontram sua solução racional na práxis humana e na compreensão dessa práxis” (Marx, in Marx e Engels, 1989:96. p.91). Ou seja, é no trabalho do homem que ele faz descobertas, evolui e se liberta. A burguesia promoveu sua revolução porque o paradigma de seu momento histórico promoveu a compreensão da realidade e tornou possível a sua libertação, já o trabalho alienado não tem condições de fazer o homem refletir sobre a sua realidade e promover a transformação desse sistema.
O trabalho faz o homem deixar de ser um ser natural e ser um ser social produto e produtor de si mesmo. Quanto mais um homem trabalha, mais ele deixa de ser um ser natural e se transforma em um ser social, “nesse processo de autocriação, que se realiza pela práxis, o homem supera a sua natureza animal e vincula-se ao gênero humano” (GUERRA, 1995, p.82).
Na atualidade a ciência vem sendo questionada em razão de no seu surgimento ter si autodeterminado como capaz de responder a todas as questões ignorando todas as outras formas de conhecimento. O seu fracasso reside na falta de abertura a outros conhecimentos e se concretiza na chegada ao segundo milênio sem essas respostas e incapaz de atender as suas próprias expectativas.
Hoje mais do que nunca além de não termos respostas, continuamos com conflitos, problemas insolúveis, doenças incuráveis etc.
No caso das ciências sociais o fim da guerra fria e todos os problemas e fracassos de países socialistas foram à razão para desacreditar do Marxismo por ter sido a única sustentação teórica para todas as tentativas de transformação do sistema capitalista em um sistema mais igualitário e justo.
Porém analisa-se a relação do marxismo com os fatos, mas não se analisa que nunca se viveu uma revolução comunista de fato, e tudo que houve até o momento foram tentativas de transformações muito mais orientadas por ideologias do que por teorias já que não as seguiram na integra.
Essa analise é necessária ao conceber que existem experiências socialistas de fato, mas que seria necessário saber quanto tempo levaria para uma revolução comunista acontecer haja vista que a revolução burguesa também demorou a ocorrer e só se concretizou na idade média.
Hoje tanto o capitalismo como o socialismo mostram-se fracassados na tentativa de proporcionar condições de vida dentro dos princípios de liberdade e autonomia independente de suas linhas teóricas.
A crise da ciência, dos paradigmas e todas as crises que vivenciamos, denota a crise do próprio ser humano que salvando as exceções só consegue responder a questões imediatas como que lanche vai comer no MEC? Mas não se reflete o que significa comer neste Fast Food, não lhe interessa de onde é esta empresa, nem porque ela realiza as suas atividades no Brasil, ou porque abrir uma conta no Bradesco e não no Banco do Brasil. O senso crítico da atualidade se limita a discutir o que é coisa de pobre e o que não é, mas o porquê existe a pobreza não lhe interessa e até considera totalmente natural, quando não uma questão de merecimento.
Enfim, a crise da pos-modernidade é a resposta da constante pergunta do capitalismo “onde está o lucro?” Para responder esta pergunta o capitalismo alterou as relações de trabalho que assim como o trabalho da classe operária tornou o pensamento da humanidade fragmentado, assim como criou necessidades e colocou outras em desuso. Isto tem desumanizado o homem por não lhe permitir o senso critico da realidade e o transformou mais uma vez em escravo do próprio homem e também do consumo, onde o homem só se realiza no seu desejo de possuir as coisas, que por tanto obedecer a esse desejo ele mesmo torna-se uma coisa e a coisa torna-se humanizada e mais importante que ele.
REFERÊNCIA GUERRA, Yolanda, A Instrumentalidade do Serviço Social, São Paulo: Ed. Cortez, 1995.

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