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A IMPORTÂNCIA DE DISCUTIR GÊNERO NA PSICOLOGIA resumo

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A IMPORTÂNCIA DE DISCUTIR GÊNERO NA PSICOLOGIA
O texto traz como proposta trazer a discussão questão de gênero para o campo da Psicologia, conceituando o termo numa perspectiva cultural, histórica e relacional, ressaltando a sua importância como categoria de estudo para a Psicologia e para a atuação profissional dos psicólogos. 
No que diz respeito ao gênero, algumas características remetem às construções sobre o papel de homem e de mulher em nossa sociedade que se relacionam com determinadas normas e regras sociais que são impostas, internalizadas, naturalizadas e cobradas pelo discurso dominante. 
Isso pode ser bem observado na sociedade, de como ela desde sempre acredita, internaliza, e naturaliza que determinadas tarefas são classificadas como atividades de homem e outras de mulheres, por exemplo, desde o nascimento, que caracterizamos que jogar bola é atividade de homens, brincar de boneca é atividade de mulheres; que homens não choram, são racionais, enquanto as mulheres são sensíveis; estimulamos os encontros sexuais fortuitos dos homens desde a adolescência e reprimimos as mulheres sexualmente, incentivando-as à procura de um “príncipe encantado” para quem elas possam “se entregar” e ter a primeira experiência sexual.
Todas essas construções acabam por enquadrar as pessoas em certos comportamentos que são vistos pela sociedade como naturais, quando na verdade, trata-se de uma construção social. 
Ao longo das nossas vidas, no nosso cotidiano, no nosso ciclo social e até dentro da nossa casa, encontramos exemplos de comportamentos machistas perpetrados não apenas por homens, mas também por mulheres. Um exemplo disso é quando uma mãe diz para uma filha que é ela quem deve arrumar a casa porque ela é mulher e que o seu irmão “não precisa” fazer nada. 
Esses tipos de comentários, faz com que percebamos que não apenas vem dos homens, mas que as mulheres também reforçam as construções machistas em nossa sociedade, porém, também seria um equívoco enorme acreditar que essas construções existem por culpa das mulheres. É importante desmitificar isto. As mulheres, assim como os homens, são produtos de uma sociedade patriarcal onde impera um discurso dominante que é machista e que se apresenta não apenas para os homens, mas também para as mulheres, como Lei, como o padrão moral, ético e “normal” a ser seguido por todas(os).
É sabido que as mulheres na atual sociedade ainda se encontram em uma posição de desprivilegio em comparação aos homens que geralmente estão em vantagem de oportunidades, por exemplo, o questionamento que é feito por conta de os homens terem os maiores salários para os mesmos cargos desempenhados por mulheres; os cargos de chefia e de política são assumidos por eles em sua maioria; quando resolvem trabalhar em áreas rotuladas de “femininas”, eles têm maior ascensão que as mulheres, pois logo se tornam chefes de cozinha, chefes de costura, etc.. Também vemos a relação da liberdade sexual, em que os homens são considerados “os garanhões”, enquanto que as mulheres são rotuladas, quando elas exercem sua sexualidade de forma livre são ainda rotuladas como “galinhas”, “fáceis’, “piriguetes” etc. Também tem a relação da traição, que quando o homem trai a parceira é “justificável” pelo simples fato de serem homens, mas quando o oposto ocorre eles “geralmente” a trata de maneira agressiva. 
Outra contestação relacionado ao gênero é a questão das mulheres estarem invisibilizadas na linguagem, ou seja, a gramatica traz o plural das palavras no masculino por motivos arbitrários e na Psicologia isso é ratificado visto que na carteira de identidade profissional do Conselho Regional de Psicologia é assinado onde se encontra “assinatura do Psicólogo” (grifo nosso), apesar de as mulheres psicólogas representarem a maioria da profissão no Brasil, de acordo com pesquisa de opinião pública realizada pelo Conselho Federal de Psicologia – CFP em 2004 . 
A Psicologia de certa forma também contribui para uma sociedade machista, no que diz respeito na criação e aplicação de testes de inteligência que endossa características de homens e mulheres como se fossem inatas, quando, na verdade, são construídas e, a partir desses instrumentos, elabora laudos psicológicos que expressam uma visão de mundo retrógrada que demarca, muitas vezes de forma imutável, os papéis sociais masculinos e femininos e as produções de subjetividades pautadas em tais modelos. 
Essas crenças que estão de forma naturalizada são necessárias serem descontruídas em prol de uma efetiva igualdade de direitos para homens e mulheres. 
Na Gramática (DICIONÁRIO DE FILOLOGIA E GRAMÁTICA, 1964), gênero corresponde à categoria que divide os substantivos em masculino, feminino e neutro, embora nas línguas ocidentais de procedência latina tenha havido uma redução de três gêneros (masculino, feminino e neutro) para dois gêneros (masculino e feminino).
São vários as definições acerca do termo gênero e isso quer dizer que o significado atribuído às palavras é arbitrário, “formatados” à luz da sociedade e da cultura, ou seja, trata-se de construções sociais. 
O texto teve o Interesse de entender o sentido teórico atribuído ao gênero pelas autoras feministas; compreender como o termo vem sendo pensado e discutido a partir de uma vasta produção teórica do Feminismo no Brasil e no mundo.
Segundo a autora Cecília Sardenberg (2004), o termo gênero foi conceituado numa perspectiva feminista em finais da década de 1970. Inicialmente, era uma palavra usada apenas em oposição a “sexo” para, posteriormente, referir-se à construção social das identidades sexuais, descrevendo o que é socialmente construído. Já nas décadas de 1970 e 1980, de acordo com Bila Sorj (1992), os estudos de gênero passaram a envolver duas dimensões: a ideia de que o gênero seria um atributo social institucionalizado e a noção de que o poder estaria distribuído de modo desigual entre os sexos, subordinando a mulher. Para ela, gênero também representa um instrumento de transformação crítica e social, pois o termo emergiu como um conceito dentro das grandes ideias que causaram impacto no cenário intelectual do final do século XX, abrindo caminho para a desconstrução e a desnaturalização do masculino e do feminino, já que a noção do que é ser homem ou mulher também é variável de acordo com épocas e culturas. 
De modo geral, para as autoras feministas, falar de gênero é falar de opressão do Patriarcado, que está arraigado politicamente no discurso linguístico e social, pois as diferenças entre os sexos se pautam em construções simbólicas hierárquicas que associam o masculino com quaisquer termos que estejam em posição superior. 
Levando em conta essas considerações é importante que repensemos os conceitos de sexo e de gênero, visto que gênero corresponde a uma construção social que organiza as relações entre homens e mulheres em um determinado contexto, estruturando relações de poder desiguais. 
A Psicologia deve assumir o compromisso social de promover discursos alternativos que questionem a ordem dominante que oprime muitas mulheres, jovens, negras(os), a população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros – LGBTTT, dentre outras categorias, identificando e desconstruindo estruturas sociais e práticas pessoais e profissionais que sustentam o sexismo e funcionam como instrumentos de controle social. É sobre esse aspecto que se pauta a importância de discutir gênero na Psicologia em suas diversas áreas de saber e atuação.
É preciso discutirmos e desconstruir essas e outras questões que estão no alicerce da nossa identidade: discutir estereótipos de masculinidade e feminilidade e discutir a prática da Psicologia nos diferentes espaços utilizando a perspectiva de gênero.
A Psicologia, como campo de pesquisa, formação e atuação profissional voltada para o ser humano, tem muito a contribuir com essa discussão de gênero e sexo. O profissional da psicologia pode refletir sobre os impactos nas produções de subjetividade para homens e mulheres, considerandoo contexto patriarcal e as relações de poder, simbólicas, políticas, sociais e culturais envolvidas.

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