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1 Informativo STF Anual 2017 Brasília, fevereiro a dezembro de 2017 Compilação dos Informativos Mensais nºs 66 a 75 O Informativo STF Anual 2017 apresenta todos os resumos de julgamentos divulgados pelos Informativos Mensais STF durante o ano. SUMÁRIO Direito Administrativo Agente Políticos Afastamento de prefeito: supremacia da vontade popular e preservação da coisa pública (Informativo STF Mensal de fevereiro) Abono de permanência e posse no TST (Informativo STF Mensal de abril) Aposentadoria compulsória de magistrado: processo disciplinar e prova emprestada (Informativo STF Mensal de agosto) Agentes Públicos Constituição Federal de 1988 e defensores admitidos sem concurso público (Informativo STF Mensal de outubro) Anistia Política Mandado de segurança: instauração de processo de revisão de anistia e direito líquido e certo (Informativo STF Mensal de maio) Aposentadorias e Proventos Anulação de registro de aposentadoria e comprovação de tempo trabalhado na condição de aluno-aprendiz Aposentadoria compulsória e titulares de serventias judiciais não estatizadas TCU: correção da forma de pagamento de proventos de magistrado (Informativo STF Mensal de fevereiro) Cumulação de proventos, pensões e cargos públicos inacumuláveis em atividade (Informativo STF Mensal de março) Integralidade e Emenda Constitucional 70/2012 (Informativo STF Mensal de abril) Cargo Público Acumulação de cargo público e ‘teto’ remuneratório (Informativo STF Mensal de abril) 2 Concurso Público Promoção funcional retroativa nas nomeações por ato judicial (Informativo STF Mensal de junho) CNJ e anulação de concurso público (Informativo STF Mensal de outubro) Contratação Temporária Contratação temporária e autorização legislativa genérica (Informativo STF Mensal de março) Professor substituto e contratação temporária (Informativo STF Mensal de junho) Contratos Administrativos Responsabilidade subsidiária da Administração e encargos trabalhistas não adimplidos (Informativo STF Mensal de março) Responsabilidade subsidiária da Administração e encargos trabalhistas não adimplidos (Informativo STF Mensal de abril) Contrato de concessão: advento da Lei 12.783/2013 e prorrogação (Informativo STF Mensal de novembro) Domínio Público Terras tradicionalmente ocupadas por indígenas: titularidade e indenização (Informativo STF Mensal de agosto) Amazônia Legal e regularização fundiária (Informativo STF Mensal de outubro) Processo Administrativo Disciplinar TCU: multa e prescrição da pretensão punitiva (Informativo STF Mensal de março) Responsabilidade Civil do Estado Responsabilidade civil do Estado: superpopulação carcerária e dever de indenizar (Informativo STF Mensal de fevereiro) ED: responsabilidade civil do Estado por ato ilícito e contrato administrativo (Informativo STF Mensal de agosto) Serviços Lei 12.485/2011 e TV por assinatura (Informativo STF Mensal de novembro) Servidor Público Jornada de trabalho reduzida e legislação específica (Informativo STF Mensal de junho) Súmula Vinculante 37: reajuste de 13,23% e Lei 13.317/2016 Súmula Vinculante 37: reajuste de 13,23% e Lei 13.317/2016 (Informativo STF Mensal de novembro) 3 Direito Civil Associações Autonomia de entidades desportivas e observância de normas gerais (Informativo STF Mensal de fevereiro) Posse Esbulho e terra indígena (Informativo STF Mensal de março) Sucessão Sucessão e regime diferenciado para cônjuges e companheiros Direito sucessório e distinção entre cônjuge e companheiro (Informativo STF Mensal de maio) Direito Constitucional Assistência Social Estrangeiros e beneficiários de assistência social (Informativo STF Mensal de abril) Bens da União Terrenos de marinha localizados em ilhas costeiras sede de Municípios e bens federais (Informativo STF Mensal de abril) Competência Crime ambiental de caráter transnacional e competência (Informativo STF Mensal de fevereiro) Execução individual de ação coletiva e competência (Informativo STF Mensal de abril) Justiça competente e servidor público celetista (Informativo STF Mensal de maio) Justiça competente e servidor público celetista (Informativo STF Mensal de agosto) Vantagens remuneratórias e superveniência de regime jurídico (Informativo STF Mensal de novembro) Competência Legislativa Competência legislativa dos Municípios e Direito Ambiental (Informativo STF Mensal de março) Meio ambiente e poluição: competência municipal (Informativo STF Mensal de junho) Competência legislativa: proteção do consumidor e lealdade à Federação Lei estadual e prestação de serviço de segurança Lei estadual e serviço de empacotamento (Informativo STF Mensal de agosto) 4 Competência Originária do STF Licença-prêmio e interesse da magistratura (Informativo STF Mensal de fevereiro) Confisco Tráfico de drogas e confisco de bens (Informativo STF Mensal de maio) Conflito Federativo Fundef e fórmula de cálculo (Informativo STF Mensal de setembro) Conselho Nacional de Justiça Conselho Nacional de Justiça: processo disciplinar e competência autônoma Conselho Nacional de Justiça e controle de controvérsia submetida ao Judiciário (Informativo STF Mensal de novembro) Controle de Constitucionalidade ADI estadual e subsídio (Informativo STF Mensal de fevereiro) Bolsas de estudo e dedução do ICMS Guerra fiscal e modulação de efeitos Medida provisória: emenda parlamentar e “contrabando legislativo” (Informativo STF Mensal de março) Autonomia federativa: crimes de responsabilidade e crimes comuns praticados por governador Processamento de governador: autorização prévia da assembleia legislativa e suspensão de funções (Informativo STF Mensal de maio) Alteração de limites de municípios e plebiscito Amianto e competência legislativa concorrente Competência legislativa concorrente e direito ambiental Direito à saúde e amianto Julgamento de governador por crimes comuns e de responsabilidade e competência legislativa (Informativo STF Mensal de agosto) Atividades privativas de nutricionista e livre exercício profissional (Informativo STF Mensal de setembro) Extinção de Tribunais de Contas dos Municípios (Informativo STF Mensal de outubro) ADI: amianto e efeito vinculante de declaração incidental de inconstitucionalidade Amianto e competência legislativa concorrente (Informativo STF Mensal de novembro) Direito de Greve Direito de greve e carreiras de segurança pública (Informativo STF Mensal de abril) Direitos e Garantias Fundamentais Reclamação: direito à informação e sessões secretas do STM (Informativo STF Mensal de março) 5 Ensino religioso em escolas públicas (Informativo STF Mensal de setembro) Extradição Extradição e perda de nacionalidade brasileira (Informativo STF Mensal de março) Homologação de declaração de concordância do extraditando (Informativo STF Mensal de maio) Extradição e expulsão de estrangeiro pai de filho brasileiro (Informativo STF Mensal de agosto) Extradição e instrução deficiente (Informativo STF Mensal de outubro) Dupla extradição: requisitos e competência (Informativo STF Mensal de novembro) Lei de Anistia e prescrição de crimes de lesa-humanidade (Informativo STF Mensal de dezembro)Gratuidade de Ensino Gratuidade de ensino e cobrança de mensalidade em curso de especialização (Informativo STF Mensal de abril) Imunidade Parlamentar Crime de divulgação de informação falsa sobre instituição financeira e imunidade parlamentar (Informativo STF Mensal de maio) Imunidade parlamentar e medida cautelar (Informativo STF Mensal de outubro) Meio Ambiente Paralisação de atividade econômica e meio ambiente (Informativo STF Mensal de maio) Orçamento ADPF e expropriação de recursos administrados pelo poder público estadual (Informativo STF Mensal de junho) Precatórios RFFSA e penhora anterior à sucessão pela União (Informativo STF Mensal de fevereiro) Precatórios e sociedade de economia mista (Informativo STF Mensal de março) RPV e juros moratórios Conselhos profissionais e sistema de precatórios (Informativo STF Mensal de abril) 6 Execução provisória de débitos da Fazenda Pública: obrigação de fazer e regime de precatórios (Informativo STF Mensal de maio) Empresas Públicas e execução de débitos via precatório (Informativo STF Mensal de dezembro) Presidente da República Art. 86 da CF: apreciação das teses da defesa e necessidade de aguardar juízo de admissibilidade da Câmara dos Deputados (Informativo STF Mensal de setembro) Imunidade formal do Presidente da República e aplicabilidade a codenunciados (Informativo STF Mensal de dezembro) Princípio da Igualdade Cotas raciais: vagas em cargos e empregos públicos e mecanismo de controle de fraude (Informativo STF Mensal de junho) Processo Legislativo Interpretação do art. 62, § 6º, da CF e limitação do sobrestamento (Informativo STF Mensal de junho) Reclamação Responsabilidade administrativa por dívidas trabalhistas de empresas terceirizadas (Informativo STF Mensal de outubro) Reclamação e índice de atualização de débitos trabalhistas Repercussão geral e reclamação: impossibilidade (Informativo STF Mensal de dezembro) Tribunal de Contas TCU: redução de pensão e direito individual (Informativo STF Mensal de agosto) Direito Eleitoral Eleições Candidatura avulsa e repercussão geral (Informativo STF Mensal de outubro) Direito Internacional Tratados e Convenções Antinomia entre o CDC e a Convenção de Varsóvia: transporte aéreo internacional (Informativo STF Mensal de maio) Direito Penal Colaboração Premiada Homologação de acordo de colaboração premiada e limites de atuação do relator (Informativo STF Mensal de junho) Concurso de Crimes Latrocínio: pluralidade de vítimas fatais e concurso formal (Informativo STF Mensal de fevereiro) 7 Contravenções Penais Violência doméstica: contravenção penal e possibilidade de substituição da pena (Informativo STF Mensal de novembro) Crimes Contra a Honra Divulgação de discurso editado e difamação (Informativo STF Mensal de setembro) Crimes Contra a Liberdade Sexual Atentado violento ao pudor qualificado e relação de parentesco (Informativo STF Mensal de maio) Crimes Contra a Ordem Tributária Crime societário, individualização da conduta e teoria do domínio do fato (Informativo STF Mensal de maio) Crimes de Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores Lavagem de dinheiro, prescrição e crime permanente (Informativo STF Mensal de maio) Crimes Previstos na Legislação Extravagante Princípio da congruência e “grandes devedores” Transmissão clandestina de sinal de internet: atipicidade (Informativo STF Mensal de outubro) Lei de Segurança Nacional e competência do Supremo (Informativo STF Mensal de novembro) Cumprimento da Pena Tráfico de drogas e fixação de regime inicial (Informativo STF Mensal de março) Dolo Crime de dispensa irregular de licitação e dolo específico (Informativo STF Mensal de abril) Teoria do domínio do fato e autoria (Informativo STF Mensal de outubro) Dosimetria Participação em organização criminosa e quantidade de drogas (Informativo STF Mensal de maio) Embargos de declaração em embargos de declaração e efeitos infringentes (Informativo STF Mensal de dezembro) Falsidade Ideológica Falsidade ideológica e acumulação de cargos públicos (Informativo STF Mensal de maio) Parte Geral Atentado violento ao pudor e regime inicial semiaberto (Informativo STF Mensal de outubro) 8 Indulto e pena de multa (Informativo STF Mensal de novembro) Pena Tráfico de drogas e imediações de estabelecimento prisional (Informativo STF Mensal de março) Remição da pena e jornada de trabalho inferior a seis horas Cumprimento de pena em regime semiaberto ou aberto e estabelecimento prisional adequado (Informativo STF Mensal de abril) Perda do mandato parlamentar e declaração da mesa diretora da casa legislativa (Informativo STF Mensal de maio) Perdão Judicial Colaboração premiada e requisitos para concessão de perdão judicial (Informativo STF Mensal de abril) Prescrição Repercussão geral: suspensão processual e prescrição (Informativo STF Mensal de junho) Cômputo do tempo de prisão provisória e reconhecimento da prescrição da pretensão executória (Informativo STF Mensal de novembro) Princípios e Garantias Penais Rádio comunitária e princípio da insignificância (Informativo STF Mensal de fevereiro) Tipicidade Queixa-crime e individualização da conduta Impossibilidade de trancamento de ação penal via habeas corpus (Informativo STF Mensal de março) Direito Penal Militar Tipicidade HC: Crime militar impróprio e competência (Informativo STF Mensal de outubro) Direito Processual Civil Atos Processuais Alegação de nulidade e aproveitamento de atos processuais (Informativo STF Mensal de agosto) Coisa Julgada Preclusão e autonomia das entidades esportivas (Informativo STF Mensal de abril) Propositura da ação: associação e momento para a filiação (Informativo STF Mensal de maio) 9 Formação, Suspensão e Extinção do Processo Ministério Público comum e especial e legitimidade processual (Informativo STF Mensal de outubro) Honorários Advocatícios Ausência de apresentação de contrarrazões e honorários recursais (Informativo STF Mensal de maio) Fracionamento de honorários advocatícios: impossibilidade (Informativo STF Mensal de novembro) Intervenção de terceiros Amici curiae e tempo de sustentação oral (Informativo STF Mensal de maio) Liquidação/Cumprimento/Execução Condenação contra a Fazenda Pública e índices de correção monetária (Informativo STF Mensal de setembro) Mandado de Segurança Mandado de segurança e prazo decadencial (Informativo STF Mensal de novembro) Prisão Civil Prisão civil por descumprimento de prestação alimentícia e dívida pretérita (Informativo STF Mensal de março) Recursos ED e juízo de admissibilidade de RE (Informativo STF Mensal de novembro) Direito Processual Penal Ação Penal Pedido de desclassificação e emendatio libelli (Informativo STF Mensal de setembro) Princípio do promotor natural e substituição de órgão acusador ao longo do processo (Informativo STF Mensal de outubro) Competência Arquivamento e remessa dos autos Foro por prerrogativa de função e desmembramento de inquérito (Informativo STF Mensal de fevereiro) Início de investigação e conexão (Informativo STF Mensal de junho) Crime praticado por procurador da Repúblicae competência (Informativo STF Mensal de agosto) Denúncia Crime de dispensa ou inexigibilidade indevida de licitação e viabilidade da denúncia Recebimento da denúncia: corrupção passiva e lavagem de dinheiro 10 Recebimento da denúncia: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa Recebimento da denúncia: fraude à licitação e peculato (Informativo STF Mensal de março) Execução da Pena Custódia cautelar e marco inicial para progressão de regime (Informativo STF Mensal de setembro) Execução Provisória da Pena Reclamação, preso advogado e execução provisória da pena (Informativo STF Mensal de maio) Execução antecipada da pena e ação cautelar Execução provisória da pena (Informativo STF Mensal de agosto) Habeas Corpus Condenação em segundo grau e execução da pena (Informativo STF Mensal de fevereiro) Habeas corpus e direito à visitação Habeas corpus e estabelecimento prisional adequado (Informativo STF Mensal de agosto) Habeas corpus impetrado contra decisão de ministro do STF Habeas corpus: pedido de extensão e circunstâncias fáticas incomunicáveis (Informativo STF Mensal de maio) Habeas corpus e medida cautelar de afastamento de cargo público Habeas corpus e visita íntima Repercussão geral e sobrestamento de processo-crime (Informativo STF Mensal de dezembro) Inquirição Violação da ordem de inquirição de testemunhas no processo penal (Informativo STF Mensal de novembro) Intimação Tramitação em tribunal superior e intimação de defensoria pública estadual (Informativo STF Mensal de março) Investigação Penal Inquérito e compartilhamento de peças (Informativo STF Mensal de fevereiro) Delação premiada e sigilo (Informativo STF Mensal de setembro) Jurisdição e Competência Encaminhamento de cópia de depoimento e definição de competência (Informativo STF Mensal de agosto) Fato único: investigados sem prerrogativa de foro e não desmembramento (Informativo STF Mensal de novembro) 11 Medidas Cautelares Diversas da Prisão Senador e imposição de medidas cautelares diversas a prisão (Informativo STF Mensal de setembro) Nulidades Instauração de investigação criminal e determinação de interceptações telefônicas com base em denúncia anônima (Informativo STF Mensal de fevereiro) Defesa prévia e prerrogativa de foro (Informativo STF Mensal de março) Prevenção Colaboração premiada: prevenção e conexão (Informativo STF Mensal de junho) Prisão Domiciliar Substituição de prisão preventiva por domiciliar e cuidados maternos (Informativo STF Mensal de dezembro) Prisão Preventiva Reclamação e prisão preventiva (Informativo STF Mensal de fevereiro) Habeas corpus, competência do STF e soberania dos veredictos do Tribunal do Júri Prisão preventiva e acordo de colaboração premiada (Informativo STF Mensal de abril) Prisão preventiva, risco de reiteração delitiva e presunção de inocência (Informativo STF Mensal de maio) Súmula 691/STF e supressão de instância Prisão preventiva e excesso de prazo Prisão preventiva e destruição de provas (Informativo STF Mensal de junho) Excesso de prazo no julgamento de ação penal (Informativo STF Mensal de setembro) Provas Desarquivamento de inquérito e excludente de ilicitude (Informativo STF Mensal de março) Crime achado e justa causa (Informativo STF Mensal de junho) Quebra de sigilo bancário de contas públicas e requisição pelo Ministério Público (Informativo STF Mensal de setembro) Requisito de Admissibilidade Recursal Interposição de recursos via e-mail (Informativo STF Mensal de março) 12 Sentença Absolutória Falsidade ideológica e ausência de dolo (Informativo STF Mensal de junho) Suspeição Suspeição e inimizade capital (Informativo STF Mensal de setembro) Tramitação em Tribunais Habeas corpus e julgamento monocrático em tribunais (Informativo STF Mensal de março) Direito do Trabalho FGTS FGTS e prescrição trintenária (Informativo STF Mensal de março) Direito Tributário Contribuição Previdenciária Contribuição previdenciária e exercentes de mandato eletivo (Informativo STF Mensal de maio) Contribuições Sociais Incidência do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS e da COFINS Contribuição social do empregador rural sobre a receita da comercialização da produção Contribuição social e ganhos habituais (Informativo STF Mensal de março) COFINS: ampliação da base de cálculo e majoração de alíquota (Informativo STF Mensal de maio) Imposto ICMS e lei estadual (Informativo STF Mensal de dezembro) Imunidades Tributárias Entidades beneficentes de assistência social e imunidade Entidades beneficentes de assistência social e imunidade Imunidade tributária e contribuinte de fato (Informativo STF Mensal de fevereiro) Componentes eletrônicos que acompanham livro e imunidade tributária (Informativo STF Mensal de março) IPTU: imunidade tributária recíproca e cessão de uso de bem público IPTU e imóvel de ente público cedido a empresa privada IPTU e imóvel de ente público cedido a empresa privada Petrobras e imunidade (Informativo STF Mensal de abril) 13 Incentivo Fiscal Alíquota de IPI para produção de açúcar e localização geográfica (Informativo STF Mensal de abril) Regime Tributário Redução da base de cálculo do ICMS e estorno de créditos (Informativo STF Mensal de fevereiro) Taxas Município e taxa de combate a sinistros (Informativo STF Mensal de maio) Base de cálculo de taxa de fiscalização e funcionamento e número de empregados (Informativo STF Mensal de junho) Majoração de taxa por portaria e princípio da reserva legal Município e taxa de combate a sinistros (Informativo STF Mensal de agosto) Tributos Valor Adicionado Fiscal: forma de cálculo e questão infraconstitucional (Informativo STF Mensal de fevereiro) 14 Direito Administrativo Agentes Políticos Afastamento de prefeito: supremacia da vontade popular e preservação da coisa pública Em conclusão, o Plenário julgou prejudicado, por perda de objeto, agravo regimental em que se discutia o afastamento de prefeito do cargo, por força de decisão cautelar de tribunal de justiça em face da suposta prática de crimes — v. Informativo 809. Tratava-se de recurso interposto contra decisão do então Ministro Presidente do STF, que havia deferido, em parte, medida liminar em pedido de suspensão liminar para possibilitar o retorno do requerente ao cargo que exercia. O Tribunal considerou o fato de o mandato do prefeito em questão ter expirado. SL 853 MC-AgR/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1º.2.2017. (Informativo 852, Plenário) Abono de permanência e posse no TST A Primeira Turma, em julgamento conjunto, concedeu a ordem em mandados de segurança impetrados contra decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), na qual foram definidas as balizas para o pagamento de abono de permanência no âmbito do Judiciário federal. No ato impugnado, determinou-se que os tribunais federais observassem o requisito do tempo mínimo de cinco anos no cargo, de carreira ou isolado, para o implemento do benefício, nos termos do art. 40, § 19, da Constituição Federal (CF). No caso, a impetrante tomou posse como ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) após o exercício da função de juízade Tribunal Regional do Trabalho (TRT) até 2014, onde recebia, além do subsídio correspondente, o valor de 11% relativo ao abono de permanência. Sustentava que deveria continuar a percebê-lo, na condição de ocupante de cargo no Judiciário. A Turma asseverou que a decisão do TCU teve efeito concreto, não foi um pronunciamento genérico, tampouco uma simples recomendação. O Colegiado entendeu que o TCU conferiu interpretação restritiva ao § 19 do art. 40 da CF, confundindo o direito à aposentadoria no novo cargo com o direito ao abono. Por fim, ponderou que, se a impetrante viesse a se desligar do cargo de ministra, ainda assim permaneceria com o direito a aposentar-se como juíza. MS 33424/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 28.3.2017. MS 33456/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 28.3.2017. (Informativo 859, 1ª Turma) Aposentadoria compulsória de magistrado: processo disciplinar e prova emprestada A Primeira Turma, por maioria, negou provimento a agravo regimental em que questionada a legalidade de ato do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) quanto à aplicação da pena de aposentadoria compulsória a magistrado estadual por prática de infração disciplinar grave. O agravante alegou ofensa ao princípio da subsidiariedade, dada ausência de análise prévia da suposta falta pela Corregedoria local; invalidade das provas, as quais haviam sido obtidas durante a investigação de outras pessoas; possibilidade de apontamento de nulidades por meio de petição após o prazo previsto no art. 23 da Lei 12.016/2009 (1); incompatibilidade entre o ato de instauração do processo administrativo disciplinar e o acórdão impugnado; e descabimento da sanção imposta por insuficiência probatória. Primeiramente, a Turma evidenciou entendimento consolidado pela Corte no sentido da competência originária e concorrente do CNJ conferida pela Constituição, na aplicação de medidas disciplinares. Em seguida, reafirmou a possibilidade de utilização de dados obtidos por descoberta fortuita em interceptações telefônicas devidamente autorizadas como prova emprestada em processo administrativo disciplinar. Ademais, não verificou a ocorrência de atraso indevido no envio das provas aos órgãos competentes no que se refere a indivíduos detentores de foro por prerrogativa de função. Destacou, ainda, a incongruência entre dilação probatória e mandado de segurança. Afastou também a hipótese de incompatibilidade entre a portaria de instauração do processo e o ato contrariado, visto que a defesa no processo administrativo disciplinar se dá em relação aos fatos descritos na própria portaria de instauração. 15 Outrossim, ausente conclusão do juízo criminal pela prova da inexistência do fato ou pela negativa de autoria, não estão presentes circunstâncias suscetíveis de autorizar excepcional comunicabilidade das esferas penal e administrativa. Por fim, a Turma concluiu pela ausência de ilegalidade do ato e entendeu por justificada a pena de aposentadoria compulsória, haja vista demonstração probatória de infração disciplinar grave. Vencido o ministro Marco Aurélio, que entendeu haver dúvidas em relação à culpabilidade do acusado e destacou a impossibilidade de condenação a partir de simples indícios. Desse modo, sem julgar o aspecto material do caso, votou pelo provimento do agravo regimental. (1) Lei 12.016/2009: “Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado”. MS 30361 AgR/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 29.8.2017. (Informativo 875, 1ª Turma) Agentes Públicos Constituição Federal de 1988 e defensores admitidos sem concurso público A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental em recurso extraordinário em que discutida a situação de advogados contratados sem concurso público para exercer cargo em defensoria pública estadual depois de promulgada a Constituição Federal de 1988. A Lei Complementar 55/1994, do Estado do Espírito Santo, que permitiu a incorporação de advogados admitidos sem a realização de concurso público à defensoria, foi declarada inconstitucional pela Suprema Corte no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1199/ES (DJU de 19.4.2006), ressaltados os efeitos ex tunc da decisão. Nesse sentido, a administração estadual solicitou o cumprimento da sentença da ADI e, por conseguinte, o desligamento dos advogados, alegando que sua manutenção estaria causando prejuízos à instituição. Dessa forma, a Turma decidiu pela regularização da composição da defensoria, no sentido de substituir os advogados contratados pelos indivíduos aprovados em concurso que aguardam na fila, visando à organização mais eficiente e apropriada da administração. Conforme tese fixada em repercussão geral (Tema 476), os princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança legítima não podem justificar a manutenção no cargo de candidato admitido sem concurso público. O Colegiado ressaltou, ainda, a inaplicabilidade do disposto no art. 22 (1) do Ato de Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) ao caso em questão, visto que a contratação dos advogados se deu após a instalação da constituinte. Vencida a ministra Rosa Weber (relatora), que negou provimento ao agravo, por entender a necessidade de resguardo dos princípios da segurança jurídica, boa-fé e confiança, haja vista a decorrência de mais de vinte anos de exercício do cargo pelos contratados. (1) ADCT: “Art. 22. É assegurado aos defensores públicos investidos na função até a data de instalação da Assembléia Nacional Constituinte o direito de opção pela carreira, com a observância das garantias e vedações previstas no art. 134, parágrafo único, da Constituição”. RE 856550/ES, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 10.10.2017. (Informativo 881, Primeira Turma) Anistia Política Mandado de segurança: instauração de processo de revisão de anistia e direito líquido e certo A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, deu provimento a recurso ordinário em mandado de segurança interposto pelo Ministério Público Federal (MPF) — na qualidade de substituto processual —, em que se pretendia impedir o prosseguimento do processo específico de revisão de portaria que conferiu anistia política a ex-integrante da Força Aérea Brasileira. Ao julgar o mandado de segurança, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concluiu pela ausência de interesse processual do impetrante. A Advocacia-Geral da União (AGU) alegou não existir direito líquido e 16 certo a ser protegido quando a Administração está na fase de investigação sobre suposta ilegalidade — ver Informativo 860. O Colegiado determinou ao STJ que prossiga na apreciação do mandado de segurança, com exame da pretensão veiculada pelo impetrante. Pontuou haver duas fases distintas no processo de revisão das anistias deferidas a militares afastados por motivos políticos: a) determinação de amplo procedimento de revisão pelo Ministério da Justiça e pela AGU; e b) abertura de processos individuais de reanálise dos atos de anistia. No caso, ao contrário do afirmado pelo STJ, o processo individual do recorrente já teve início. Ademais, para a Turma, a impetração de mandado de segurança é adequada à situação concreta. Em respeito à cláusula constitucional de acesso ao Judiciário, ao cidadão é assegurada tutela contra lesão ou ameaça de lesão a direito. Vencidos os ministros Alexandre de Moraes e Roberto Barroso, que deram provimento ao recurso. Para eles, a segunda fase darevisão da anistia é uma decorrência concreta da primeira fase. De acordo com os ministros vencidos, a inexistência de direito líquido e certo na hipótese de fato futuro que potencialmente pudesse lesar o impetrante impede o uso do mandado de segurança. Caso contrário, haveria duas situações ensejadoras de mandado de segurança: na instauração do procedimento e, depois, na decisão. Ademais, a simples instauração de processo administrativo para verificar suposta existência de má-fé não viola direito líquido e certo. RMS 34054/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 4.4.2017. (Informativo 860, 1ª Turma) Aposentadoria e Proventos Anulação de registro de aposentadoria e comprovação de tempo trabalhado na condição de aluno-aprendiz A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou mandado de segurança impetrado contra acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), que anulou ato de concessão de aposentadoria e determinou que o impetrante retornasse à atividade, para completar os requisitos da aposentadoria integral, ou que a ele fossem pagos proventos proporcionais ao seu tempo de contribuição. Na espécie, a Corte de Contas glosou o cômputo de tempo prestado na condição de aluno- aprendiz, por entender não ter sido comprovada a efetiva prestação do serviço – v. Informativo 814. O Colegiado afirmou que o servidor, para ter o citado período contado como tempo de serviço, deveria apresentar certidão do estabelecimento de ensino frequentado. Tal documento deveria atestar a condição de aluno-aprendiz e o recebimento de retribuição pelos serviços executados, consubstanciada em auxílios materiais diversos. Ressaltou que, com a edição da Lei 3.353/1959, passou-se a exigir, para a contagem do tempo mencionado, a demonstração de que a mão de obra foi remunerada com o pagamento de encomendas. O elemento essencial à caracterização do tempo de serviço como aluno-aprendiz não é a percepção de vantagem direta ou indireta, mas a efetiva execução do ofício para o qual recebia instrução, mediante encomendas de terceiros. Como consequência, a declaração emitida por instituição de ensino profissionalizante somente comprovaria o período de trabalho caso registrasse expressamente a participação do educando nas atividades laborativas desenvolvidas para atender aos pedidos feitos às escolas, o que não ocorreu no caso. Da certidão juntada aos autos consta apenas que o impetrante frequentou curso técnico profissionalizante por certo período, sem referência à sua participação na produção de quaisquer bens ou serviços solicitados por terceiros. Não há sequer comprovação de retribuição pecuniária à conta do orçamento. A ministra Rosa Weber, em voto-vista, acrescentou que, durante o transcurso do lapso temporal entre a concessão inicial da aposentadoria e o seu exame pelo TCU, o impetrante permaneceu inerte, apesar de haver sido intimado para comprovar ter recebido alguma remuneração como contraprestação pelo trabalho realizado na condição de aluno-aprendiz. Ademais, não instruiu o mandamus com a imprescindível prova pré-constituída. Vencidos os ministros Luiz Fux e Edson Fachin, que concediam a ordem. MS 31518/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 7.2.2017. (Informativo 853, 1ª Turma) 17 Aposentadoria compulsória e titulares de serventias judiciais não estatizadas Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de cargo público efetivo e não recebam remuneração proveniente dos cofres públicos. Com essa orientação, o Tribunal negou provimento a recurso extraordinário no qual se pretendia fosse aplicada a aposentadoria compulsória a escrivã de serventia judicial não estatizada remunerada exclusivamente por custas e emolumentos, cujo ingresso ocorreu em 19.11.1969. Inicialmente, o Tribunal rejeitou a preliminar de perda superveniente do objeto, em virtude do reconhecimento administrativo do direito pleiteado. A Corte entendeu que, ainda que reconhecida a suposta prejudicialidade do recurso, deveria proceder ao julgamento da tese de repercussão geral, em vista da relevância da questão constitucional posta em discussão. Citou o disposto no parágrafo único do art. 998 do CPC e o que decidido no RE 693.456 QO/RJ (DJE de 22.9.2015), no qual assentada a impossibilidade de desistência de qualquer recurso ou mesmo de ação após o reconhecimento de repercussão geral da questão constitucional. Em seguida, fez uma breve digressão histórica sobre a constitucionalização da matéria referente às serventias judiciais. Asseverou que a primeira previsão de oficialização dessas serventias se deu com a EC 7/1977 à CF de 1967/1969 (art. 206) e que apenas com a EC 22/1982, que alterou, entre outros, o art. 206, a determinação de oficialização das serventias judiciais passou a ter força cogente. Observou que a mesma orientação foi mantida pela CF/1988 (ADCT, art. 31). Diante disso, concluiu pela coexistência de três espécies de titulares de serventias judiciais: a) os titulares de serventias oficializadas, que ocupam cargo ou função pública e são remunerados exclusivamente pelos cofres públicos; b) os titulares de serventias não estatizadas remunerados exclusivamente por custas e emolumentos; e c) os titulares de serventias não estatizadas remunerados, em parte, pelos cofres públicos e, em outra, por custas e emolumentos. Frisou que o mencionado comando constitucional resguardou os direitos adquiridos até então, de modo que ainda hoje existem diversas serventias judiciais, cujos titulares ingressaram de forma regular, que ainda não foram estatizadas. Consignou que o art. 40, § 1º, II, da CF estabelece que a aposentadoria compulsória será aplicada apenas aos servidores titulares de cargo efetivo, abrangidos pelo RPPS. Citou o entendimento firmado na ADI 2.602/MG (DJU de 5.12.2005) no sentido da inaplicabilidade da aposentadoria compulsória pelo implemento de idade a titulares de serventias extrajudiciais, pelo fato, entre outros motivos, de não serem servidores públicos titulares de cargos efetivos. Em razão da similitude das relações jurídicas (ambos se referem à atividade privada em colaboração com o Poder Público), o Plenário considerou possível estender aos titulares de serventia judicial não estatizada remunerados exclusivamente por custas e emolumentos o mesmo tratamento conferido aos titulares de foro extrajudicial. Por fim, o Tribunal ressaltou que, resguardados os direitos adquiridos, a persistência de serventias judiciais privatizadas em alguns Estados-Membros é totalmente incompatível com o disposto no art. 31 do ADCT, sendo urgente que cada ente da Federação adote as providências cabíveis para regularizar a situação. Mencionou o que decidido no julgamento da ADI 1.498/RS (DJU de 18.11.2002), no qual consignada a determinação de que as serventias privatizadas devem retornar ao sistema estatizado. RE 647827/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 15.2.2017. (Informativo 854, Plenário, Repercussão Geral) TCU: correção da forma de pagamento de proventos de magistrado A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, concedeu mandado de segurança impetrado contra acórdão do Tribunal de Contas da União que teria considerado irregular o pagamento ao impetrante de proventos equivalentes ao subsídio de desembargador federal. No caso, o impetrante é juiz federal e, embora tivesse passado à inatividade em 2010, teria adquirido o direito de se aposentar em 1994, quando o art. 192 da Lei 8.112/1990 ainda estava em vigor (“Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço paraaposentadoria com provento integral será aposentado: I – com a remuneração do padrão de classe imediatamente superior àquela em que se encontra posicionado;”). Isso garantiria a ele o direito de se aposentar com remuneração equivalente ao cargo imediatamente superior ao seu — v. Informativo 752. A Turma consignou que o impetrante tem direito aos proventos calculados com a incidência do inciso I do art. 192 da Lei 8.112/1990, ou seja, à remuneração paga sob o regime de subsídio, em parcela única. 18 A ministra Rosa Weber, em voto-vista, acrescentou que o regime de subsídio não tornou os proventos do autor, tal como originalmente fixados, supervenientemente incompatíveis com a exigência de recebimento em parcela única. Ao contrário, a situação do impetrante se ajusta perfeitamente ao regime de subsídio. Pontuou que, se o autor tinha direito a receber, de acordo as regras que vigiam ao tempo da satisfação dos requisitos para a sua aposentadoria, a remuneração do cargo imediatamente superior, vale dizer, desembargador federal, seria decorrência lógica que, com a alteração da Emenda Constitucional 19/1998, ele passasse a perceber o subsídio daquele cargo. Ressaltou que o autor não pretendia nenhum adicional de caráter salarial cumulativo ao subsídio. Sua intenção era continuar a perceber o mesmo valor determinado pela lei vigente ao tempo em que preencheu os requisitos para sua inativação, ou seja, os proventos equivalentes à remuneração atualmente paga sob o regime de subsídio, em parcela única, a um desembargador federal (Lei 8.112/1990, art. 192, I), na exata medida do Enunciado 359 da Súmula do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a ministra, resultaria impróprio se decotar uma parte do subsídio, adquirido a tempo e modo constitucionais e legais, e passar a denominá-lo como vantagem pessoal, dando, artificialmente, tratamento diferente a verbas iguais, uma vez que derivadas da mesma rubrica (subsídio), como se distintas fossem. Sustentou, ademais, que a questão não se resolveria pela tradicional aplicação da jurisprudência consolidada no STF, segundo a qual se admite a modificação de regime jurídico dos servidores a qualquer tempo, respeitada a irredutibilidade nominal dos vencimentos. Nessa ótica, a interferência do ato coator sobejaria a simples alteração dos critérios relativos à composição dos proventos e repercutiria nas garantias constitucionais do direito adquirido e da irredutibilidade dos proventos. Por fim, concluiu que não se pode conceituar a situação pessoal do impetrante como uma vantagem pecuniária, uma vez que ele não pretendia nenhum acréscimo ao seu vencimento base, mas justo e exclusivamente o subsídio (parcela única) tal como assegurado no título de sua aposentadoria. Vencido o ministro Roberto Barroso, que indeferia a segurança. MS 32726/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 7.2.2017. (Informativo 853, 1ª Turma) Cumulação de proventos, pensões e cargos públicos inacumuláveis em atividade A Primeira Turma concedeu mandado de segurança impetrado contra ato do Tribunal de Contas da União (TCU), que determinou à impetrada optar por uma das duas pensões que recebe em decorrência de aposentadorias de seu falecido esposo — servidor público civil aposentado pelo SNI e militar reformado do Exército —, ao fundamento de que a cumulação seria ilegal. Inicialmente, afastou a preliminar de decadência. O acordão impugnado foi publicado em 3.3.2004, ao passo que o mandamus somente foi protocolado em 13.10.2004, mais de 120 dias após a ciência do ato impugnado, o que resultaria na perda do direito de ajuizar a ação mandamental. O Colegiado, entretanto, asseverou que o fato de a impetrante haver sido favorecida por decisão liminar deferida em 10.11.2004 — portanto, há mais de doze anos — justifica avançar na análise da impetração. Ressaltou a necessidade de encontrar solução alternativa que leve em consideração a eficiência processual e a primazia da decisão de mérito, normas fundamentais já incorporadas na estrutura do novo CPC (1 e 2). Ademais, citou precedentes da Corte no sentido da superação de óbices processuais, quando necessária para adentrar no exame das questões de mérito. Apontou, ainda, precedente no sentido da obrigatoriedade da observância do princípio da segurança jurídica, diante da concessão de medidas liminares em processos cujos méritos são definitivamente julgados depois de passados muitos anos. No mérito, a Turma anotou que o art. 11 (3) da Emenda Constitucional 20/1998 vedou expressamente a concessão de mais de uma aposentadoria pelo regime de previdência dos servidores civis previsto no art. 40 da Constituição Federal (CF). Registrou, no entanto, não haver qualquer referência à concessão de proventos militares, os quais são tratados nos arts. 42 e 142 do texto constitucional. Ressaltou que, por cumular a percepção de pensão civil com pensão militar, a impetrante está enquadrada em situação não alcançada pela proibição da referida emenda. Por fim, o Colegiado apontou precedentes nesse sentido (4). 19 (1) . CPC/2015: “Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.” (2) . CPC/2015: “Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.” (3) . EC 20/1998: “Art. 11 A vedação prevista no art. 37, § 10, da Constituição Federal, não se aplica aos membros de poder e aos inativos, servidores e militares, que, até a publicação desta Emenda, tenham ingressado novamente no serviço público por concurso público de provas ou de provas e títulos, e pelas demais formas previstas na Constituição Federal, sendo-lhes proibida a percepção de mais de uma aposentadoria pelo regime de previdência a que se refere o art. 40 da Constituição Federal, aplicando- se-lhes, em qualquer hipótese, o limite de que trata o § 11 deste mesmo artigo.” (4) . AI 375011/RS (DJU de 28.10.2004); RE 298694/SP (DJU de 23.4.2004); MS 22357/DF (DJU de 5.11.2004); MS 25192/DF (DJU de 6.5.2005); MS 24958/DF (DJU de 1º.4.2005); AI 801096 AgR-EDv/DF (DJE de 30.6.2015). MS 25097/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 28.3.2017. (Informativo 859, 2ª Turma) Integralidade e Emenda Constitucional 70/2012 Os efeitos financeiros das revisões de aposentadoria concedida com base no art. 6º-A (1) da Emenda Constitucional (EC) 41/2003, introduzido pela EC 70/2012, somente se produzirão a partir da data de sua promulgação (30.3.2012). Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de servidor público aposentado por invalidez permanente, em decorrência de doença grave, após a vigência da EC 41/2003, mas antes do advento da EC 70/2012, receber retroativamente proventos integrais calculados sobre a remuneração do cargo efetivo em que se deu a aposentadoria. No caso, após 26 anos de serviço público, a recorrida aposentou-se por invalidez permanente, em decorrência de doença grave, com proventos calculados com base na EC 41/2003 e na Lei 10.887/2004. Ante a inesperada redução do valor de seus proventos, a servidora ajuizou ação para o restabelecimento da quantia inicialmente percebida. No curso do processo sobreveio a EC 70/2012, que introduziu o art. 6º-A. Com fundamento nesse dispositivo, o juiz de primeiro grau julgou procedente a ação para restabelecer a integralidade dos proventos de aposentadoria,acrescidos da diferença dos atrasados, corrigidos monetariamente. Essa decisão foi mantida pelas demais instâncias judiciárias. O Plenário afirmou que, no caso de aposentadoria por invalidez, a Constituição Federal (CF) original assegurava o direito aos proventos integrais e à integralidade. Dessa forma, os proventos não seriam proporcionais, mas iguais ao da última remuneração em atividade. Essa situação perdurou até a EC 41/2003, que manteve os proventos integrais, não proporcionais ao tempo de serviço, como se o servidor tivesse trabalhado todo o tempo de serviço. Porém, essa emenda acabou com a integralidade e determinou a aposentadoria com base na média dos 80% dos maiores salários de contribuição, e não mais no valor da remuneração do cargo. Em 2012, a EC 70/2012 restabeleceu a integralidade, mas com efeitos financeiros a partir de sua publicação. Assim, o servidor passou a ter direito à integralidade dos proventos. Esse direito, no entanto, não retroage para alcançar período anterior. Vencidos os ministros Dias Toffoli (relator), Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia, que negavam provimento ao recurso. Sustentavam que o servidor público aposentado por invalidez permanente em decorrência de acidente em serviço ou de moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável prevista em lei, entre o início da vigência da EC 41/2003 e a publicação da EC 70/2012, teria jus à integralidade e à paridade desde a data da inativação. Pontuavam que a EC 41/2003 não teria acabado com a integralidade das aposentadorias concedidas por invalidez e que a EC 70/2012 não teria instituído nada de novo, mas apenas veio a dirimir as dúvidas de modo a tornar claro o direito existente. (1) Emenda Constitucional 41/2003: “Art. 6º-A. O servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço público até a data de publicação desta Emenda Constitucional e que tenha se aposentado ou venha a se aposentar por invalidez permanente, com fundamento no inciso I do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, tem direito a proventos de aposentadoria calculados com base na remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentadoria, na forma da lei, não sendo aplicáveis as disposições constantes dos §§ 3º, 8º e 17 do art. 40 da Constituição Federal.” RE 924456/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 5.4.2017. (Informativo 860, Plenário) 1ª Parte: 2ª Parte: 20 Cargo Público Acumulação de cargo público e ‘teto’ remuneratório Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, XI (1), da Constituição Federal (CF) pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público. Com base nesse entendimento, o Plenário, em julgamento conjunto e por maioria, negou provimento a recursos extraordinários e reconheceu a inconstitucionalidade da expressão “percebidos cumulativamente ou não” contida no art. 1º da Emenda Constitucional (EC) 41/2003, que alterou a redação do art. 37, XI, da CF, considerada interpretação que englobe situações jurídicas a revelarem acumulação de cargos autorizada constitucionalmente. Além disso, declarou a inconstitucionalidade do art. 9º da EC 41/2003 (2), para afastar definitivamente o art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) (3), por já ter surtido efeitos na fase de transformação dos sistemas constitucionais — Cartas de 1967/1969 e 1988 —, excluída a abrangência a ponto de fulminar direito adquirido. No caso, os acórdãos recorridos revelaram duas conclusões principais: a) nas acumulações compatíveis com o texto constitucional, o que auferido em cada um dos vínculos não deve ultrapassar o teto constitucional; e b) situações remuneratórias consolidadas antes do advento da EC 41/2003 não podem ser atingidas, observadas as garantias do direito adquirido e da irredutibilidade de vencimentos, porque oponíveis ao poder constituinte derivado. O Colegiado afirmou que a solução da controvérsia pressupõe interpretação capaz de compatibilizar os dispositivos constitucionais em jogo, no que aludem ao acúmulo de cargos públicos e das respectivas remunerações, incluídos os vencimentos e proventos decorrentes da aposentadoria, considerados os preceitos atinentes ao direito adquirido (CF, art. 5º, XXXVI) e à irredutibilidade de vencimentos (CF, art. 37, XV). Ressaltou que a percepção somada de remunerações relativas a cargos acumuláveis, ainda que acima, no cômputo global, do patamar máximo, não interfere nos objetivos que inspiram o texto constitucional. As situações alcançadas pelo art. 37, XI, da CF são aquelas nas quais o servidor obtém ganhos desproporcionais, observadas as atribuições dos cargos públicos ocupados. Admitida a incidência do limitador em cada uma das matrículas, descabe declarar prejuízo à dimensão ética da norma, porquanto mantida a compatibilidade exigida entre trabalho e remuneração. Assentou que as possibilidades que a CF abre em favor de hipóteses de acumulação de cargos não são para benefício do servidor, mas da coletividade. Assim, o disposto no art. 37, XI, da CF, relativamente ao teto, não pode servir de desestímulo ao exercício das relevantes funções mencionadas no inciso XVI (4) dele constante, repercutindo, até mesmo, no campo da eficiência administrativa. Frisou que a incidência do limitador, considerado o somatório dos ganhos, ensejaria enriquecimento sem causa do Poder Público, pois viabiliza retribuição pecuniária inferior ao que se tem como razoável, presentes as atribuições específicas dos vínculos isoladamente considerados e respectivas remunerações. Ademais, essa situação poderá potencializar situações contrárias ao princípio da isonomia, já que poderia conferir tratamento desigual entre servidores públicos que exerçam idênticas funções. O preceito concernente à acumulação preconiza que ela é remunerada, não admitindo a gratuidade, ainda que parcial, dos serviços prestados, observado o art. 1º da CF, no que evidencia, como fundamento da República, a proteção dos valores sociais do trabalho. Enfatizou que o ordenamento constitucional permite que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acumulem as suas funções com aquelas inerentes ao Tribunal Superior Eleitoral (CF, art. 119), sendo ilógico supor que se imponha o exercício simultâneo, sem a correspondente contrapartida remuneratória. Da mesma forma, os arts. 95, parágrafo único, I, e 128, § 5º, II, “d”, da CF veiculam regras quanto ao exercício do magistério por juízes e promotores de justiça, de maneira que não se pode cogitar, presente o critério sistemático de interpretação, de trabalho não remunerado ou por valores inferiores aos auferidos por servidores que desempenham, sem acumulação, o mesmo ofício. Idêntica orientação há de ser observada no tocante às demais circunstâncias constitucionais de acumulação de cargos, empregos e funções públicas, alusivas a vencimento, subsídio, remuneração oriunda do exercício de cargos em comissão, proventos e pensões, ainda que os vínculos digam respeito a diferentes entes federativos. Consignou que consubstancia direito e garantia individual o acúmulo tal como estabelecido no inciso XVI do art. 37 da CF, a encerrar a prestação de serviços com a consequente remuneração, ante os 21 diversos cargos contemplados, gerando situação jurídica na qual os valores devem ser recebidos na totalidade. O teto remuneratório não pode atingir, a partirde critérios introduzidos por emendas constitucionais, situações consolidadas, observadas as regras preexistentes, porque vedado o confisco de direitos regularmente incorporados ao patrimônio do servidor público ativo ou inativo (CF, arts. 5º, XXXVI, e 37, XV). Essa óptica deve ser adotada quanto às ECs 19/1998 e 41/2003, no que incluíram a expressão “percebidos cumulativamente ou não” ao inciso XI do art. 37 da CF. Cabe idêntica conclusão quanto ao art. 40, § 11, da CF, sob pena de criar situação desigual entre ativos e inativos, contrariando preceitos de envergadura maior, entre os quais a isonomia, a proteção dos valores sociais do trabalho — expressamente elencada como fundamento da República —, o direito adquirido e a irredutibilidade de vencimentos. As aludidas previsões limitadoras, a serem levadas às últimas consequências, além de distantes da razoável noção de teto, no que conduz, presente acumulação autorizada pela CF, ao cotejo individualizado, fonte a fonte, conflitam com a rigidez constitucional decorrente do art. 60, § 4º, IV, nela contido. Vencido o ministro Edson Fachin, que dava provimento aos recursos extraordinários. Pontuava que o art. 37, XI, da CF deveria ser interpretado literalmente, de modo que o teto deveria ser aplicado de forma global e não individualmente a cada cargo. (1) CF/1988: “Art. 37. (...) XI – A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.” (2) Emenda Constitucional 41/2003: “Art. 9º Aplica-se o disposto no art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias aos vencimentos, remunerações e subsídios dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza.” (3) ADCT: “Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.” (4) CF/1988: “Art. 37. (...) XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;” RE 612975/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26 e 27.4.2017. RE 602043/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26 e 27.4.2017. (Informativo 862, Plenário) 1ª Parte: 2ª Parte: Concurso Público Promoção funcional retroativa nas nomeações por ato judicial A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. Com base nessa orientação, o Plenário, apreciando o Tema 454 da repercussão geral, por unanimidade, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia o direito à promoção funcional retroativa de candidatos nomeados por ato judicial. No caso, candidatos aprovados em concurso para o cargo de defensor público do Estado de Mato Grosso impetraram mandado de segurança voltado ao reconhecimento do direito à nomeação. O pleito foi acolhido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em sede de recurso ordinário. Os declaratórios formalizados pelos participantes do certame lograram êxito. Assim, todos os direitos inerentes ao cargo, inclusive financeiros, foram reconhecidos em caráter retroativo à data final do prazo de validade do concurso. 22 O STJ, em novos declaratórios, esclareceu o alcance dos direitos. Entendeu ser devido o cômputo do tempo de serviço a partir da expiração da validade do certame, bem assim, a título indenizatório, o equivalente às remunerações que teriam sido percebidas a contar daquele marco até a entrada em exercício no cargo. Deixou de reconhecer o direito às promoções funcionais, pois envolveriam, como requisito, não apenas o decurso do tempo, mas o atendimento a critérios previstos na Constituição Federal e na Lei Orgânica da Defensoria do Mato Grosso. Contra esse pronunciamento, foi interposto recurso extraordinário. O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) salientou que a controvérsia se resume em definir a pertinência das promoções funcionais – independentemente da submissão e do sucesso no estágio probatório – de candidatos aprovados em concurso público que tiveram assegurada judicialmente a nomeação, com efeitos retroativos, em razão da prática de ato da Administração. Não se questiona a natureza do ato formalizado pelo Poder Público, se lícito ou ilícito. Tampouco se discute o direito à nomeação, bem assim à indenização equivalente às remunerações que deixaram de ser pagas e à contagem retroativa do tempo de serviço, presente o retardamento da nomeação. Debate-se, tão somente, o direito às promoções sob os ângulos funcional e financeiro. A Corte pontuou, ainda, que a promoção ou a progressão funcional – a depender do caráter da movimentação, se vertical ou horizontal – não se resolve apenas mediante o cumprimento do requisito temporal. Pressupõe a aprovação em estágio probatório e a confirmação no cargo, bem como o preenchimento de outras condições indicadas na legislação ordinária. Diante disso, asseverou que, uma vez empossado no cargo, cumpre ao servidor atentar para todas as regras atinentes ao respectivo regime jurídico, incluídas as concernentes ao estágio probatório e as específicas de cada carreira. Assim, somente considerado o desempenho do agente, por meio de atuação concreta a partir da entrada em exercício, é possível alcançar a confirmação no cargo, bem como a movimentação funcional, do que decorreriam a subida de classes e padrões, eventual alteração na designação do cargo ou quaisquer outras consequências funcionais. RE 629392 RG/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 8.6.2017. (Informativo 868, Plenário, Repercussão Geral) CNJ e anulação de concurso público A Segunda Turma, por maioria, concedeu a ordem em mandados de segurança para cassar ato do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que, nos autos de processo de controle administrativo,determinou a anulação de concurso público para admissão nas serventias extrajudiciais no Estado do Rio de Janeiro. No caso, a anulação se deu em razão da incompatibilidade com os princípios da moralidade e da impessoalidade, caracterizada pela existência de relacionamento pessoal entre o presidente da comissão do concurso e duas candidatas aprovadas. O CNJ também assentou a parcialidade da comissão examinadora ao entender que houve favorecimento das candidatas na correção das questões das provas. A Turma pontuou que o CNJ, na sua competência de controle administrativo, não pode substituir-se ao examinador, seja nos concursos para o provimento de cargos em cartórios, seja em outros concursos para provimento de cargos de juízes ou de servidores do Poder Judiciário. As duas candidatas não puderam se manifestar após o aditamento do requerimento inicial no âmbito do CNJ, situação que ampliou substancialmente o objeto da apuração ao acrescentar novas causas de pedir que, ao final, constituíram-se os fundamentos únicos do ato combatido. Nesse contexto, o Colegiado destacou a ocorrência de violação da garantia do devido processo legal, tendo em vista a ausência de nova notificação dos interessados para que se manifestassem sobre os novos fundamentos. Também não é possível afirmar a existência de irregularidade ou favorecimento a ensejar a medida extrema adotada pelo CNJ, uma vez que o conselho entendeu haver “fortes indicações de parcialidade”, sem, contudo, demonstrar as “evidências de favorecimento” que justificaram anulação de todo o concurso. Vencido o Ministro Dias Toffoli, que concedeu parcialmente a ordem, somente para desconstituir a deliberação do CNJ de anulação de todo o concurso, mantendo o ato no tocante à parte relativa às candidatas que possuíam relacionamento pessoal com o presidente da comissão do concurso. Entendeu que o contraditório e a ampla defesa foram assegurados com a notificação inicial a todos os interessados, o que lhes possibilitou, inclusive, o acompanhamento do feito e mesmo, se assim desejassem (como de fato foi feito por parte dos candidatos) a apresentação voluntária de suas conclusões quanto às questões surgidas no curso do procedimento. 23 No que concerne, à anulação de todo o concurso público, com impacto aos demais candidatos, destacou que não se pode partir, apenas, de presunções incidentes sobre ato de nítido caráter subjetivo (correção de provas discursivas) para concluir pelo favorecimento de candidatos sem que haja indícios outros a corroborar a conclusão. Admitir-se o contrário seria transformar as etapas dotadas de algum nível de subjetividade em concursos públicos em fases de incerteza, sujeitas a constantes anulações, com nítido prejuízo à segurança jurídica que deve pautar tal espécie de certame. MS 28775/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17.10.2017. MS 28777/DF, rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17.10.2017. MS 28797/DF, rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17.10.2017. (Informativo 882, Segunda Turma) Contratação Temporária Contratação temporária e autorização legislativa genérica São inconstitucionais, por violarem o artigo 37, IX (1), da CF, a autorização legislativa genérica para contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações temporárias. Com base nesse entendimento, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade do inciso VI do art. 264 (2) e da expressão "prazos estes somente prorrogáveis se o interesse público, justificadamente, assim o exigir ou até a nomeação por concurso público", constante da parte final do § 1º (3) do mesmo artigo, todos da LC 4/1990 do Estado de Mato Grosso. Em seguida, o Tribunal, por maioria, modulou os efeitos da declaração de inconstitucionalidade para autorizar a manutenção dos atuais contratos de trabalho pelo prazo máximo de um ano, a contar da data da publicação da ata deste julgamento. Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Cármen Lúcia (Presidente), que não modulavam os efeitos da decisão. O ministro Marco Aurélio frisava que, toda vez que o STF agasalhasse situações inconstitucionais, ele não só estimularia os legislativos a disporem de forma contrária à Constituição, como também acabaria tornando-a um documento simplesmente flexível. A ministra Cármen Lúcia pontuava que a norma estaria em vigor há mais de 25 anos e não seria possível existir situação de urgência que durasse por todo esse período. (1) CF/1988, art. 37, IX: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: ... IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. (2) Lei Complementar 4/1990, art. 264, VI: “Art. 264. Consideram-se como de necessidade temporária de excepcional interesse público as contratações que visem a: ... VI – atender a outras situações motivadamente de urgência”. (3) Lei Complementar 4/1990, art. 264, § 1º: “§ 1º As contratações de que trata este artigo terão dotação específica e não poderão ultrapassar o prazo de 06 (seis) meses, exceto nas hipóteses dos incisos II, IV e VI, cujo prazo máximo será de 12(doze) meses, e inciso V, cujo prazo máximo será de 24 (vinte e quatro) meses, prazos estes somente prorrogáveis se o interesse público, justificadamente, assim o exigir ou até a nomeação por concurso público”. ADI 3662/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 23.3.2017. (Informativo 858, Plenário) Professor substituto e contratação temporária É compatível com a Constituição Federal a previsão legal que exija o transcurso de 24 (vinte e quatro) meses, contados do término do contrato, antes de nova admissão de professor temporário anteriormente contratado. Com base nesse entendimento, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Tema 403 da repercussão geral, por unanimidade, deu provimento a recurso extraordinário para denegar a ordem de mandado de segurança e declarar a constitucionalidade do art. 9º, III, da Lei 8.745/1993 (1). O dispositivo veda a contratação de professor substituto com contrato ainda vigente ou finalizado há menos de dois anos na mesma modalidade. Para o Tribunal, a Lei 8.745/1993, que dispõe sobre a contratação temporária, demonstra de forma expressa recaírem as hipóteses de contratação sobre atividades de caráter permanente, como a contratação de professores. No entanto, o fato de a necessidade ser temporária, sobretudo nos casos em que a atividade é contínua, não garante, por si só, que, ao término de determinado contrato, nova 24 contratação se realize, caso a necessidade temporária persista. A impossibilidade de prorrogação não impede que os já contratados também possam participar de nova seleção. Tal situação traz, porém, um inegável risco. O servidor admitido sob regime temporário pode, ainda que por meio de um novo processo seletivo, ser mantido em função temporária, transformando-se em ordinário o que é, por sua natureza, extraordinário e transitório. O dispositivo legal questionado visa a mitigar esse risco com a consequência – restritiva do ponto de vista dos direitos fundamentais – de diminuir a competitividade, excluindo candidatos potenciais à seleção. Essa medida, no entanto, é necessária e adequada para preservara impessoalidade do concurso público. Admitida a legitimidade, a necessidade e a impessoalidade na cláusula de barreira imposta pelo art. 9º, III, da Lei 8.745/1993, caberia perguntar se ela é, de fato, proporcionalmente ajustada. A resposta dada pelo Poder Judiciário deve, contudo, assumir uma deferência ao Poder Legislativo. Em situações como essa, cabe ao Poder Judiciário reconhecer ao legislador margem de conformação para elencar qual princípio deve prevalecer. Assim, não configura ofensa à isonomia a previsão legal de proibição, por prazo determinado, de nova contratação de candidato já anteriormente admitido em processo seletivo simplificado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. (1) Lei 8.745/1993: “Art. 9º O pessoal contratado nos termos desta Lei não poderá: (...) III - ser novamente contratado, com fundamento nesta Lei, antes de decorridos 24 (vinte e quatro) meses do encerramento de seu contrato anterior, salvo nas hipóteses dos incisos I e IX do art. 2o desta Lei, mediante prévia autorização, conforme determina o art. 5o desta Lei”. RE 635648/CE, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 14.6.2017. (Informativo 869, 2ª Turma) Contratos Administrativos Responsabilidade subsidiária da Administração e encargos trabalhistas não adimplidos O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, conheceu em parte e, na parte conhecida, deu provimento a recurso extraordinário em que discutida a responsabilidade subsidiária da Administração Pública por encargos trabalhistas gerados pelo inadimplemento de empresa prestadora de serviço. Na origem, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) manteve a responsabilidade subsidiária de entidade da Administração Pública tomadora de serviços terceirizados pelo pagamento de verbas trabalhistas não adimplidas pela empresa contratante. Isso ocorreu em razão da existência de culpa in vigilando do órgão público, caracterizada pela falta de acompanhamento e fiscalização da execução de contrato de prestação de serviços, em conformidade com a nova redação dos itens IV e V do Enunciado 331 da Súmula do TST (1). A recorrente alegava, em suma, que o acórdão recorrido, ao condenar subsidiariamente o ente público, com base no art. 37, § 6º, da Constituição Federal (CF), teria desobedecido ao conteúdo da decisão proferida no julgamento da ADC 16/DF (DJE de 9.9.2011) e, consequentemente, ao disposto no art. 102, § 2º, da CF. Afirmava, ainda, que o acórdão recorrido teria declarado a inconstitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, embora a norma tenha sido declarada constitucional no julgamento da ADC 16/DF. Sustentava violação dos arts. 5º, II, e 37, caput, da CF, por ter o TST inserido no item IV do Enunciado 331 da sua Súmula obrigação frontalmente contrária ao previsto no art. 71, § 1º, da Lei de Licitações. Defendia, por fim, que a culpa in vigilando deveria ser provada pela parte interessada, e não ser presumida — v. Informativos 852, 853 e 854. Prevaleceu o voto do ministro Luiz Fux, que foi acompanhado pelos ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia (Presidente) e Alexandre de Moraes. Entendeu que uma interpretação conforme do art. 71 da Lei 8.666/1993, com o reconhecimento da responsabilidade subsidiária da Administração Pública, infirma a decisão tomada no julgamento da ADC 16/DF (DJE de 9.9.2011), nulificando, por conseguinte, a coisa julgada formada sobre a declaração de constitucionalidade do dispositivo legal. Observou que, com o advento da Lei 9.032/1995, o legislador buscou excluir a responsabilidade subsidiária da Administração, exatamente para evitar o descumprimento do disposto no art. 71 da Lei 8.666/1993, declarado constitucional pela Corte. Anotou que a imputação da culpa in vigilando ou in elegendo à Administração Pública, por suposta deficiência na fiscalização da fiel observância das normas trabalhistas pela empresa contratada, somente pode acontecer nos casos em que se tenha a efetiva comprovação da ausência de fiscalização. Nesse ponto, asseverou que a alegada ausência de comprovação em juízo da efetiva fiscalização do contrato não substitui a necessidade de prova taxativa do nexo de causalidade entre a conduta da Administração e o dano sofrido. Ao final, pontuou que a Lei 9.032/1995 (art. 4º), que alterou o disposto no § 2º do art. 71 da Lei 8.666/1993, restringiu a solidariedade entre contratante e contratado apenas quanto aos encargos previdenciários resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei 8.212/1991. 25 O ministro Alexandre de Moraes considerou inexistente a possibilidade de a Administração Pública vir a responder por verbas trabalhistas de terceiros a partir de mera presunção, hipótese admitida apenas quando houver prova inequívoca de falha na fiscalização do contrato. Ponderou que o § 6º do art. 37 da CF prevê a responsabilidade civil objetiva do Estado como exceção. Em seu entendimento, elastecer a responsabilidade do poder público em contratos de terceirização parece ser um convite para que se faça o mesmo em outras dinâmicas de colaboração com a iniciativa privada, como as concessões de serviços públicos. Asseverou que a consolidação da responsabilidade do Estado por débitos trabalhistas de terceiros, alavancada pela premissa de inversão do ônus da prova em favor do trabalhador, acabaria por apresentar risco de desestimulo à colaboração da iniciativa privada com a Administração Pública, estratégia essencial para a modernização do Estado. Vencida a ministra Rosa Weber (relatora), acompanhada pelos ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello, que negavam provimento ao recurso. Concluíam: a) pela impossibilidade de transferência automática para a Administração Pública da responsabilidade subsidiária pelo descumprimento das obrigações trabalhistas pela empresa terceirizada; b) pela viabilidade de responsabilização do ente público em caso de culpa comprovada em fiscalizar o cumprimento dessas obrigações; e c) competir à Administração Pública comprovar que fiscalizou adequadamente o cumprimento das obrigações trabalhistas pelo contratado. Em seguida, o Tribunal deliberou fixar a tese da repercussão geral em assentada posterior. (1) Enunciado 331 da Súmula do TST: “IV – O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial; e V – Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei 8.666, de 21.6.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.” RE 760931/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento em 30.3.2017. (Informativo 859, Plenário) Responsabilidade subsidiária da Administração e encargos trabalhistas não adimplidos O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993. Com esse entendimento, o Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, conheceu em parte e, na parte conhecida, deu provimento a recurso extraordinário em que discutida a responsabilidade
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