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ACIDENTE EM MARIANA (MG) E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

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Autora: Larissa Teixeira do Nascimento - 20172103981
Acidente em Mariana
Introdução 
O caso ocorrido em Mariana em Minas Gerais gerou inúmeros processos, além de violar princípios os quais foram criados para proteção do meio ambiente. No texto a seguir é possível analisar brevemente alguns dos princípios violados pela mineradora e pelo agentes responsáveis pela fiscalização do local, a punição referida a mineradora, o risco integral e o tipo de ação que dever ser imposta para indenização dos danos e o retorno do local. 
Desenvolvimento
No Direito Ambiental pode-se observar inúmeros princípios criados para ajudar na preservação e equilíbrio do meio ambiente. Tais princípios podem estar expresso ou implícitos no texto constitucional, são princípios setoriais e colaboram para a concretização do meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
No caso do acidente em Mariana em Minas Gerais, é possível citar 3 desses princípios os quais foram violados: 
1 – Principio da Prevenção: Nesse principio procura-se prevenir a ocorrência do dano ambiental pois existe o conhecimento das consequências caso se inicie determinado ato. Tal principio determina que não devem ser realizadas intervenções no meio ambiente antes da verificação dos prejuízos possíveis. 
2- Princípio da Precaução: O princípio em questão estabelece que não devem ser produzidas quaisquer intervenções no meio ambiente antes da efetiva verificação de que as mesmas não gerarão prejuízo ao meio ambiente. Para Maria de Sousa Aragão (mestre em integração europeia pela faculdade de Direito da Universidade de Coimbra), o principio da preocupação “determina que a ação para eliminar possíveis impactos danosos ao ambiente seja tomada antes de um nexo causal ter sido estabelecido com evidencia cientifica absoluta”. 
3- Principio da Responsabilidade: Esse princípio faz com que os responsáveis pela degradação ao meio ambiente sejam obrigados a arcar com a responsabilidade e com os custos da reparação ou da compensação pelo dano causado.
Devemos lembrar que o princípio da prevenção não é o mesmo que o principio da precaução uma vez que o primeiro busca inibir o dano potencial sempre indesejável, enquanto o segundo busca impedir o risco de perigo abstrato. 
Quanto ao licenciamento, é competência de todos os entes governamentais (federais), porém é possível observar poucos municípios licenciando. A fiscalização das atividades mineradoras deve ser observada pelos órgãos locais ou entidades municipais. Portanto, mesmo que um ente não seja competente para licenciar ele é competente para fiscalizar, podendo, inclusive, autuar todos os responsáveis por qualquer dano que vier a ser causado, em atividade licenciada ou não. Ou seja, todos os entes são competentes para fiscalizar, mas não para realizar o licenciamento do local. 
A fiscalização pode se deparar com dano ambiental promovido em área em que o infrator não requereu a licença devida. Neste caso a autuação não traz maiores dificuldades. Após a lavratura do auto de infração cabe a comunicação ao órgão licenciador, que poderá também autuar. Havendo nova autuação do órgão licenciador, o auto ou autos dos demais entes são substituídos e podem ser arquivados, caso haja duplicidade de autuação caracterizada pela identidade de tipo e sujeito passivo. A cobrança das obrigações pecuniárias, administrativas e ambientais fica na responsabilidade exclusiva do órgão licenciador.
Pode haver, porém, situação mais complexa quando o dano ocorre em empreendimento licenciado. Neste caso o dano pode ocorrer por vários motivos. O dano pode existir porque o empreendedor extrapolou os limites da licença ou, ainda, tendo respeitado a licença, pode ser causado por fator não previsto. Pode, ainda, na pior das hipóteses, o dano ser causado porque a licença possui vício. Nesta hipótese a autuação deve ter como sujeito passivo não apenas o empreendedor, mas também os responsáveis pelo vício na emissão da licença. Havendo licença ou sendo licenciável a atividade, e tendo havido dano, qualquer ente pode autuar e deverá comunicar ao órgão licenciador. Caso o dano seja em razão de desrespeito à licença concedida ou por fator não previsto nos estudos, é muito provável que órgão licenciador lavre multa própria e passe a acompanhar o processo, substituindo as eventuais multas do órgão ambiental comunicante. O caso fica mais complexo quando se trata de vicio da licenciatura. É comum que órgão licenciador não tenha agido com as cautelas devidas, ou mesmo que haja vícios de diferentes ordens e tenha sido permitido empreendimento em local proibido ou fora dos padrões exigidos pela legislação ambiental.
A atividade de risco, como a mineração, gera por sua natureza, a responsabilidade civil, nos termos do parágrafo único do artigo 927 do Código Civil, que dispõe que haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Ocorre que especificamente, sobre a responsabilidade civil ambiental, o artigo 14º § 1º da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (lei nº 6.938/81), prevê que o poluidor é obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.
Sendo que quanto à teoria do risco, para responsabilidade civil ambiental a jurisprudência brasileira adota de forma majoritária, a teoria do risco integral, que não admite nem mesmo as excludentes de responsabilidade, de caso fortuito, força maior e culpa exclusiva de terceiro.
Contudo nos danos causados a terceiros, os próprios tem legitimidade para ajuizar demandas individuais onde podem pleitear indenização da mineradora, por danos patrimoniais e extrapatrimoniais. Conclui-se que a responsabilidade civil ambiental no caso do rompimento das barragens da mineradora SAMARCO em Minas Gerais, é objetiva, ou seja, independe da comprovação de culpa, cabendo indenizações nas esferas patrimoniais e extrapatrimoniais para as vítimas.
Quando se fala em dano ambiental deve-se ressaltar que o causador do dano deve responder nas esferas civil, administrativa e ambiental, tendo em vista que a Constituição Federal estabelece que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (art. 225, § 3º CF/88).
 No caso ocorrido em Marina, houve a violação do princípio da responsabilidade. As condutas e atividades que tenham causado determinado dano ambiental, sujeitarão quem as praticou ou foi omisso, no caso de poder evitar o dano, em sanções penais e administrativas. No direito ambiental tais atitudes lesivas são punidas de forma nova, ou seja, são aplicadas concomitantemente, juntas, e ainda sem o prejuízo do dever de indenização civil frente aos danos causados. Assim, determinada ação poderá ensejar punição criminal, administrativa e a obrigação de indenização civil.
 	Com relação ao cometimento de crime por pessoa jurídica, três correntes conforme explicita o renomado penalista Luiz Flávio Gomes:
A primeira entende ser impossível que a pessoa jurídica pratique crime e que seja responsabilizada penalmente, pois isto equivaleria à responsabilidade penal objetiva, repudiada pelo ordenamento jurídico pátrio;
Um segundo entendimento é no sentido de que a pessoa jurídica pratica crime ambiental, por previsão constitucional e legal (Lei 9605/98), logo pode ser responsabilizada penalmente. A CF/88 pode excepcionar-se a si mesma;
Terceiro entendimento, adotado pelo STJ, é o de que a pessoa jurídica não pode praticar crime, mas pode ser penalmente responsabilizada nas infrações contra o meio ambiente, pois em verdade há responsabilidade penal social. Cabendo observar o princípio da dupla imputação, ou seja, jamais a pessoa jurídica pode aparecer na ação penal de forma isolada. Sempredeve estar junto com a pessoa física responsável pelo ato criminoso.
Assim, não poderia a pessoa jurídica ser responsabilizada no âmbito penal, uma vez que ausentes os requisitos supracitados.
As vítimas sobreviventes podem pleitear pensão pelo período em que, convalescentes, tenham ficado impossibilitados de trabalhar. Do mesmo modo, os familiares que sejam, eventualmente, dependentes da pessoa falecida têm direito a uma pensão mensal, que será calculada de acordo com os proventos que ela tinha em vida.
Além da pensão, no cômputo dos danos materiais, inclui-se todo tipo de perda relacionada ao evento danoso, tais como medicamentos, honorários médicos, indenização pelas perdas dos imóveis e demais bens, serviços de transporte etc. No caso de pessoa falecida, além dessas perdas, cabe pedir também indenização por despesas com locomoção, estada e alimentação dos familiares que tiveram de cuidar da difícil tarefa de reconhecer o corpo e fazer seu traslado, despesas com o funeral etc.
Quanto ao dano moral, as pessoas que sofreram perdas e também os familiares próximos às vítimas falecidas, podem pleitear indenização que, no caso, diz respeito ao sofrimento de que padeceram e das sequelas psicológicas que o evento gerou. O valor dessa indenização será fixado pelo juiz no processo.
De todo modo, é bom lembrar que o responsável em indenizar tem o dever de dar toda assistência às pessoas atingidas pela tragédia, inclusive propondo o pagamento de indenizações e pensões. Essa conduta, uma vez realmente adotadas, poderá influir numa eventual ação judicial para a fixação da indenização por dano moral. Assim, as pessoas legitimadas para impor tais ações são: mantêm vínculos firmes de amor, de amizade ou de afeição, como os parentes mais próximos; os cônjuges que vivem em comum; os unidos estavelmente, desde que exista a efetiva aproximação. 
Conclusão
Com esse texto pode-se concluir que o acidente ocorrido em Mariana foi por conta da negligencia tanto dos agentes fiscalizadores, agentes autorizados a realizar o licenciamento quanto da própria mineradora, a qual desrespeitou os princípios do Direito Ambiental, cujo objetivo era a prevenção e a precaução para que nenhum acidente como este ocorresse. Tais princípios foram criados para que não ocorresse um exagero por parte das mineradoras na exploração do meio ambiente e erradicasse problemas que fossem degradar de forma grotesca o meio ambiente, como a vegetação, produtividade do solo e a extinção de animais marinhos naquela região. 
Assim, cabe a justiça mostrar-se presente para punir os violadores de tais leis, princípios e constituição. Ajudando a cidade de Mariana a se reestruturar, e aqueles que perderam familiares a conseguir uma indenização justa pelo descaso tanto da parte governamental que estava responsável pela fiscalização quanto por parte da empresa causadora da tragédia. 
Bibliografias: ARTIGO 225 §2º da CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
www.boletimjuridico.com.br
www.inbs.com.br

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