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2 – Triedro de Frenet1 2.1 – Introdução Nesta seção é desenvolvido um sistema de referência, com origem no ponto que define a posição de uma partícula ao longo de sua trajetória. Este referencial será importante para desenvolver uma abordagem vetorial da velocidade e da aceleração de uma partícula nas próximas seções. 2.2 – Versor da tangente Inicialmente será adotado um referencial fixo, definido por um sistema de eixos cartesianos OXYZ. A trajetória da partícula pode ser uma representada por uma curva e a posição da partícula ao longo desta trajetória pode ser definida pelo ponto ∈= ),,( zyxP a curva, cujas coordenadas podem ser expressas em função de um parâmetro escalar t, ou seja, )(),( tyytxx == e )(tzz = . Portanto, )(tPP = , onde t não é necessariamente a variável tempo. Fig. 2.1 – Trajetória do ponto material P O vetor OP , com origem em O e extremidade no próprio ponto P, localiza um ponto P da curva. Este vetor é chamado de vetor posição. 1 Este texto teve a colaboração do aluno Salvatore Fortunato Ferraro. Conforme visto em Geometria Analítica, o vetor OP pode ser obtido através da diferença entre o ponto de extremidade e o de origem: OPOP −= Como ∈P à curva, )z,y,x(),,()z,y,x(OP =−= 000 Como )(),( tyytxx == e )(tzz = , o vetor OP depende somente do parâmetro t, ou seja, )(tOPOP = . Fig. 2.2 – Vetor posição OP Para 0tt = , o vetor assume a posição 00 )( OPtOP = , se o parâmetro variar para ttt ∆+= 01 , o vetor assumirá uma outra posição 101 )()( OPttOPtOP =∆+= . Com os vetores 0OP e 1OP , o vetor P∆ é definido por 01 OPOPP −=∆ . Fig. 2.3 – Vetor P∆ Onde P∆ é o vetor diretor da reta s, secante à curva, e definida pelos pontos P0 e P1. Dividindo o vetor P∆ pelo escalar t∆ , seu módulo é alterado mas sua direção e seu sentido são mantidos. Fig. 2.4 – Reta secante à curva (reta s) no ponto P0 Reduzindo o parâmetro t∆ , o ponto P1 assumirá posições cada vez mais próximas do ponto P0. Seria como se a reta s girasse em torno do ponto P0. Se t∆ tender a zero, os pontos P0 e P1 definem o vetor 10PP , que tem a direção da reta r, tangente à curva no ponto P0. Fig. 2.5 – Reta tangente à curva (reta r) no ponto P0 Nessa situação, t∆ e P∆ são infinitamente pequenos, assumindo suas formas diferenciais dt e Pd � . Assim, o vetor t P ∆ ∆ � tomará a forma dt Pd � , que é a derivada do vetor posição )(tOP em relação ao parâmetro t. Fig. 2.6 – Vetor diretor da reta tangente à curva (reta r) no ponto P0 Observe que o vetor dt Pd � é o vetor diretor da reta r, tangente à curva no ponto P0. Para obter o versor tangente (vetor com módulo unitário), basta efetuar a divisão do próprio vetor pelo seu módulo. dt Pd dt Pd � � � =τ Para facilitar a notação, será empregado ′ = OP dt Pd � . Portanto, ′ ′ = OP OP τ � , que é o VERSOR DA TANGENTE à curva num determinado ponto P. 2.3 – Tópicos de Geometria Analítica a) VVV ��� •= 2 De fato: ( ) VVzyxzyxV ��� •=++=++= 22222222 b) Se o produto escalar entre dois vetores não nulos for igual a zero, esses dois vetores são ortogonais entre si: UVUV ���� ⊥⇔=• 0 c) Derivada do módulo de um vetor: VVV ��� •= 2 Derivando membro a membro vem: VVVVVV ′•+•′= ′ ⋅ ������ 2 Observe que para derivar VV �� • foi utilizada a regra do produto. V VVVVV � ���� � 2 ′•+•′ = ′ Como VVVV ′•=•′ ���� vem: V VVV � �� � 2 2 ′•⋅ = ′ V VVV dt Vd � �� � � ′• = ′ = d) Desenvolvimento do duplo produto vetorial: ( ) ( ) ( ) WVUVWUWVU ��������� ⋅•−⋅•=∧∧ ( ) ( ) ( ) UWVVWUWVU ��������� ⋅•−⋅•=∧∧ e) O vetor obtido a partir de um produto vetorial é perpendicular aos dois vetores deste produto: UWVUW ����� ⊥⇒∧= e VW �� ⊥ . 2.4 – Versor da Normal Principal Será obtido um segundo versor, perpendicular ao versor tangente. Se o módulo do versor tangente for elevado ao quadrado: 1=τ� 12 =⋅= τττ ��� Derivando membro a membro, utilizando a regra do produto, vem: 0=⋅+⋅ dt d dt d τ ττ τ � �� � 02 =⋅ dt dτ τ � � 0=⋅ dt dτ τ � � Este resultado significa que, o vetor derivada do versor da tangente dt dτ� e o próprio versor da tangente (τ� ) são ortogonais entre si (veja item b da seção 2.3), ou seja, ττ � � ⊥ dt d . Existem infinitos vetores perpendiculares ao versor da tangente. Em particular, o vetor dt dτ� aponta sempre para o interior da concavidade da curva. Esta é uma importante propriedade para a Mecânica Geral. Por este motivo o vetor dt dτ� recebe o nome de VETOR NORMAL PRINCIPAL. Fig. 2.7 – Vetores da Tangente e da normal 2.4.1 – Equação para determinar diretamente o Versor da Normal Principal ′ ′ = OP OP dt d dt dτ� (2.4.1.1) Aplicando a regra do quociente para a derivada: 2 ′ ′ ⋅ ′ − ′ ⋅ ′ = OP dt OPd OPOP dt OPd dt dτ� (2.4.1.2) 2 ′ ′ ′ ⋅ ′ − ″ ⋅ ′ = OP OPOPOPOP dt dτ� (2.4.1.3) Substituindo ′ ′ OP (veja item c da seção 2.3): 2 ′ ″ ⋅ ′ ′ ⋅ ′ − ″ ⋅ ′ = OP OP OP OPOPOPOP dt dτ� (2.4.1.4) Reduzindo ao mesmo denominador: 3 2 ′ ′ ⋅ ″ ⋅ ′ − ″ ⋅ ′ = OP OPOPOPOPOP dt dτ� (2.4.1.5) O numerador é um duplo produto vetorial (veja item d da seção 2.3). Portanto: 3 ′ ′ ∧ ″ ∧ ′ = OP OPOPOP dt dτ� (2.4.1.6) Para obter o versor n� basta dividir dt dτ� pelo seu módulo. 3 3 ′ ′ ∧ ″ ∧ ′ ′ ′ ∧ ″ ∧ ′ == OP OPOPOP OP OPOPOP dt d dt d n τ τ � � � (2.4.1.7) ′ ∧ ″ ∧ ′ ′ ∧ ″ ∧ ′ = OPOPOP OPOPOP n � (2.4.1.8) Esta equação será utilizada o para determinar o VERSOR DA NORMAL n� . 2.5 – Versor da binormal O terceiro versor do Triedro de Frenet é ortogonal ao versor τ� e ao versor n� , sendo definido pelo produto vetorial: nb �� � ∧= τ Onde b � recebe o nome de VERSOR DA BINORMAL. Pode-se verificar que b � é de fato é um versor desenvolvendo o seu módulo: θτ sennb ⋅⋅= �� � Como τ� e n� são ortogonais entre si, °= 90θ . 1⋅⋅= nb �� � τ 1111 =⋅⋅=b � Logo b � é versor. Se nb �� � ∧= τ e n ��⊥τ vale dizer que τ� � � ∧= bn (veja figura 2.8). Portanto: τ � � ∧= ′ ∧ ″ ∧ ′ ′ ∧ ″ ∧ ′ b OPOPOP OPOPOP τ � � ∧= °⋅ ′ ⋅ ″ ∧ ′ ′ ∧ ″ ∧ ′ b senOPOPOP OPOPOP 90 τ � � ∧= ′ ′ ∧ ″ ∧ ′ ″ ∧ ′ b OP OP OPOP OPOP ττ � � � ∧=∧ ″ ∧ ′ ″ ∧ ′ b OPOP OPOP Logo: ″ ∧ ′ ″ ∧ ′ = OPOP OPOPb � Fig. 2.8 – TRIEDRO DE FRENET A ordem n��∧τ escolhida para gerar b � fez com que os versores τ� , n� e b � formassem uma base ortonormal, análoga à base do sistema cartesiano i � , j� e k � . Esta base, formada pelos versores τ� , n� e b � , é chamada de TRIEDRO DE FRENET (veja figura 2.8). Finalmente, pode-se concluir que o Triedro de Frenet pode ser obtido para cada ponto P de uma determinada curva. É um sistema de coordenadas que se “movimenta” sobre uma curva conhecida, diferente do sistema de coordenadas cartesianas, que é fixo na origem )0,0,0(=O . ′ ′ = OP OP τ � ′ ∧ ″ ∧ ′ ′ ∧ ″ ∧ ′ = OPOPOP OPOPOP n � ″ ∧ ′ ″ ∧ ′ = OPOP OPOPb � 2.6 – Curvatura Define-se curvatura (que será representada pela notação ρ 1 ) de uma linha no ponto P pela equação: ds dτ ρ � = 1 (2.6.1) τ � n � b � Inicialmente será obtida uma equação para o vetor ds dτ� : ⋅=⋅= ' ' ' PO PO dt d POds dt dt d ds d � � � �� 1ττ (2.6.2) 22 ' '' ' ' '''' ' ' '''' ' ' PO PO P POPOPOPO PO dt POd POPOPO PO PO dt d � � � ��� � � ��� � � ⋅− = − = (2.6.3) Assim: ( ) 4 2 3 1 ' ''''''' ' '' ' ' '''' ' ' ' PO POPOPOPOPO PO PO PO POPOPOPO PO PO dt d POds d � ����� � � � � ��� � � � � ⋅− = ⋅− = ⋅= τ (2.6.4) Observando o Duplo Produto Vetorial no numerador: ( ) 4 ' '"' PO POPOPO ds d � ��� � ∧∧ = τ (2.6.5) A curvaturapode ser calculada vetor ds dτ� : ( ) ( ) 34 1 ' "' ' '"' PO POPO PO POPOPO ds d � �� � ��� � ∧ = ∧∧ == τ ρ (2.6.6) 2.7 – Raio de Curvatura O raio de curvatura ρ de uma linha no ponto P é calculado pela equação: ( )"' ' POPO PO �� � ∧ = 3 ρ (2.6.7) Fig. 2.9 – Raio de curvatura no ponto P (ρ ) P ρ
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