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AS CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE PARA A ÁREA DA EDUCAÇÃO
Michel Nolasco Monte
Tutor(a) Externo: Thais Rios
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Pedagogia (PED1318) – Seminário Interdisciplinar I
18/06/15
RESUMO
Paulo Freire foi um dos mais importantes educadores brasileiros, filósofo, suas várias obras permitiram a reinvenção do ato educativo. Hoje em dia se exige dos educadores uma postura positiva que leve a resultados inovadores na prática da educação. E sem dúvida as contribuições de Freire levam o educador à consciência de si influenciando diretamente o campo teórico-metodológico-epistemológico da educação ao vincular a questão política com a educação! Sua trajetória na educação popular sempre mostrou a relevância de se construir uma educação a partir do conhecimento “do povo e com o povo” na construção de uma sociedade mais justa e igual! A EJA de Freire buscou formar o homem como ser histórico-social, dando-os uma consciência crítica. Sempre a frente do seu tempo, criava um pensamento pedagógico único e totalmente original, suas ideias se espalharam pelo mundo através de seus escritos. E é através de uma pesquisa bibliográfica feita em algumas obras de sua própria autoria e de alguns artigos, que será aqui expostas algumas de suas teorias e contribuições.
 
 
Palavras-chave: Educação popular. Paulo Freire. E.J.A. 
1 INTRODUÇÃO
Neste trabalho se conhecerá um pouco de Paulo Freire e sua contribuição para a área da educação. Ao falar e escrever Freire sempre o fazia com uma intencionalidade, com posições políticas claras e suas referências marcadas pela libertação de qualquer forma de opressão. Primeiramente se conhecerá sua biografia e trajetória, em seguida irá se entender um pouco sobre sua visão na educação popular, o EJA e seu objetivo real do que deve ser a educação de jovens e adultos e porque alfabetizá-los.
Ao organizar e dirigir campanhas de alfabetização, Freire ficou conhecido nacionalmente como o educador voltado para as questões do povo, propondo uma nova pedagogia entendeu a educação diferente do que era praticado nas escolas. Querendo que todos tivessem maior proveito e pudessem realmente crescer como seres sociais, utilizou métodos que não são fechados, prontos, concluídos, pois para Freire o homem se constrói e se forma em sua relação com o mundo, método esse que ficou conhecido como: método de Paulo Freire e que será discutido também neste paper.
Lembrando que este trabalho se trata de uma pesquisa básica, qualitativa, exploratória e bibliográfica que tem como objetivo não só passar um pouco das teorias e contribuições de Paulo Freire à educação brasileira, mas também, como uma forma de autoaprendizagem na minha área educacional.
2 BIOGRAFIA
Em recife, no ano de 1921, nasceu Paulo Reglus Neves Freire, pernambucano, aquele que mais tarde contribuiria como poucos na reflexão do homem e seu compromisso com a sociedade. Filho de Joaquim Temistocles Freire e Edeltrudes Neves Freire, mãe responsável por o ensinar a leitura e a escrita com gravetos das mangueiras de seu quintal, foi morar aos 10 anos em Jaboatão dos Guararapes, município que para Freire foi um espaço-tempo de aprendizagem, pois foi lá que após 03 anos de sua chegada perdeu seu pai, e em dificuldades fortaleceu o amor entre ele e seus familiares e isso o ensinou a harmonizar o equilíbrio entre o ter e o não ter; o ser e não ser; o poder e não poder; o querer e não querer.
Criador de várias obras teve-as publicadas em vários idiomas, lutou ao lado da democracia progressista, tinha “a educação como prática da liberdade” (FREIRE, 1979). A servidão e o autoritarismo não faziam parte de suas categorias. Grande parte dessas obras Freire escreveu sozinho, como foram as primeiras construções: Educação como prática da Liberdade (2000), Pedagogia do Oprimido(1987), Pedagogia da Esperança(1997), Pedagogia da Autonomia(1997), entre outros.
Cidadão católico de classe média foi exilado por 15 anos acusado de perturbação pelos ditadores. Sempre à frente de seu tempo, educador visionário, ele não separava a educação da política. Para ele a educação é um ato político: “A leitura da palavra deve ser inserida na compreensão da transformação do mundo” (FREIRE, 1989).
Para Freire a educação não se esgota aos minutos de cada aula, pois é um processo permanente, onde não acontece exclusivamente na escola, e sim, nos educamos a vida inteira! As ideias “freireanas” servem como orientação para a formação docente da prática pedagógica no que se refere em saber dialogar, escutar e respeitar o saber do educando.
http://pt.wikipedia.org/wiki/paulo_freire					
(...)um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papeis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem da sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem ‘águias’ e não apenas ‘galinhas’. Pois, se educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda. (http://pensador.uol.com.br/autor/paulo/freire/)
3 EDUCAÇÃO POPULAR - EJA
 A educação vem seguindo a tendência da economia como formaçãodo capital humano, e pensar contrário a essa ideologia, requer um estudo complexo sobre a educação direcionada a atender as necessidades do povo a partir da sua necessidade. A educação popular não tem aparecido como área do conhecimento de importância primordial em universidades, e falando neste tipo de educação, é falar impreterivelmente de Paulo Freire, por entender que as classes populares nos mostra que podemos construir uma educação a partir do conhecimento do povo e com o povo dentro da realidade na ótica do oprimido, que além das fronteiras das letras, existem as relações históricas e sociais.
 Pesquisando bibliograficamente o histórico das experiências da educação popular aqui no Brasil, vai se notar o que a influência dos movimentos culturais tiveram na construção de uma noção de mundo dos sujeitos que sempre estiveram em segundo plano, e a importância da teoria libertadora de Paulo Freire. Em 1945, o país viveu uma profunda transformação na sociedade do capital, pois o modelo da época que era agrário-exportador se transformou em urbano-industrial, com isso se tornou necessário escolarizar os indivíduos devido ao crescente número de analfabetos e atrasados na escola, daí vieram as primeiras iniciativas da educação popular, dessa forma contribuindo com o desenvolvimento do país.
 Com o educador Paulo Freire sendo o referencial, a educação popular virou um fenômeno que ficou marcado na história da educação de alguns países da América Latina, principalmente no Brasil, por meio de experiências de alfabetização popular direcionadas aos jovens e adultos das classes trabalhadoras e à educação de base, que vai se ver no próximo capítulo, associada a projetos de alfabetização à ação comunitária, sendo assim posteriormente reconhecida como prática educacional importantíssima internacionalmente. 
 Para Freire a educação de jovens e adultos foi uma proposta mecânica de formação profissional, com conteúdos programados, e métodos organizados, pois para ele, o objetivo único de educar os adultos somente para mão-de-obra não se enquadrava na sua teoria do EJA, que buscava tornar o ser humano responsável por alcançar a transformação em sua história e acabar com a opressão exercida pelos “chefes” de meios de produção que visavam somente lucros através da exploração da mão-de-obra.	
As cartilhas, por boas que sejam do ponto de vista metodológico ou sociológico, não podem escapar, porém a uma espécie de ‘pecado original’, enquanto são o instrumento através do qual se vão ‘depositando’ as palavras do educador, como também são seus textos, nos alfabetizandos. E por limitar-lhes o poder de expressão, de criatividade, são instrumentos domesticadores (FREIRE, 1982, p.14).
 A educação popular “é algo ainda presente e diversamente participante na atividade da educação entre nós” (BRANDÃO,2002, p.142). Pode-se com isso concluir que a educação popular de caráter transformador, acontece também fora do ambiente escolar, sendo a escola e a sociedade espaços legítimos dessa educação!
4 MÉTODO PAULO FREIRE
 “As 40 horas de Angicos”, assim ficou conhecida a iniciativa de Paulo Freire quando aplicou pela primeira vez, na região central do Rio Grande do Norte, o seu método, em 1963. Onde alfabetizou 300 angicanos cortadores de cana em apenas 45 dias, sem o uso de cartilhas de ensino.
 “[...] É certo que o método devia possibilitar ao analfabeto aprender os mecanismos de sua própria língua. Mas, simultaneamente, esse método devia lhe possibilitar a compreensão de seu papel no mundo e de sua inserção na história”. (FREIRE, 1972 apud BEISEGEL, 1989, pag. 19). Prática essa desenvolvida no início da década de 60, onde Freire percebeu que muitos trabalhadores rurais nordestinos estavam excluídos socialmente, pois estavam sem alfabetização ou acesso à escola.
 Na época freire era diretor do departamento das extensões culturais da universidade do Recife, quando usou o grupo para testar seu método, que tinha como proposta a alfabetização de adultos, sempre criticando o sistema tradicional de alfabetização, ao qual se utilizava cartilhas que ensinavam pelo método de repetição de palavras soltas e frases criadas de forma mecânica e forçada como, por exemplo: “Eva viu a uva”, “o boi baba”, “a ave voa”... “[...] Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual posição que Eva ocupava no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.” (FREIRE, 1975, apud GADOTTI, 2003, p. 255).
 
 Dividido em três etapas, o método propõe algumas palavras-chave do vocabulário do aluno e sua identificação, chamadas de “palavras geradoras”, ou seja, sugerindo situações de vida comum e significativas, como por exemplo: “tijolo” para os que trabalham em construção; Neste caso está se levantando o universo vocabular do aluno (através de conversas informais, se percebe as palavras mais usadas no dia-a-dia dos alunos), selecionando as que servirão de base para as lições, respeitando seu linguajar típico. Palavras essas que depois são apresentadas em cartazes com imagens e então se inicia uma discussão para dar-lhes significado dentro da realidade daquela turma.
 Para Freire a valorização da cultura do aluno é a chave para ele se conscientizar, e que se aprende melhor aquilo que se tem interesse em conhecer! Com isso propôs também o que chamou de “temas geradores”, onde se promove a conscientização dos problemas cotidianos, o conhecimento da realidade social e a compreensão do mundo. Pois para Freire, isso, dentro do universo da alfabetização, impulsiona para novas descobertas, o educador e o educando aprendendo juntos em sala de aula estudando a realidade, usando a diversidade para contribuir para uma aula dinâmica, despertando assim o envolvimento, a atenção e o interesse! Surgindo os temas geradores e os conteúdos de ensino que são resultados de uma metodologia dialógica.
Os conteúdos de ensino são resultados de uma metodologia dialógica. Cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte. O importante não é transmitir conteúdo específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados fora do contato social do educando é considerada ‘invasão cultural’ ou ‘depósito de informações’ porque não emerge do saber popular. (http://cantinhodesugestoesparaeja.blogspot.com.br/2010/03/metodo-paulo-freire.html)
	Voltando as três etapas as quais são a investigação, tematização e a problematização, que somando-as pode-se entender um pouco da teoria quando se percebe que na investigação é a etapa onde aluno e professor buscam juntos palavras e temas mais significativos de sua biografia, ou seja, da sua vida e da comunidade onde vive. Em segundo na tematização, onde se toma consciência do mundo, fazendo a análise dos temas, buscando significado social. E por fim na problematização onde o professor e o aluno superam a visão iludida do mundo por uma visão crítica, o professor desafia seu aluno a ter uma postura conscientizada!
	Freire ainda propôs a utilização de seu método em cinco momentos, o primeiro sendo um levantamento do universo vocabular do grupo, em segundo, a escolha das palavras selecionadas seguindo o critério de riqueza fonética, dificuldades fonéticas. No terceiro momento, criar situações existenciais características do grupo; a criação de fichas-roteiro que são usadas nos debates que servirão de subsídios em quarto e por fim a criação a de fichas de palavras para se decompor das famílias fonéticas correspondentes às palavras geradoras citadas no terceiro parágrafo acima.
	Devido ao seu método Freire foi convidado pelo presidente do Brasil na época Paulo Goulart, a organizar o plano nacional de alfabetização, com o intuito de em janeiro de 1964, alfabetizar 2 milhões de pessoas! Mas naquele mesmo ano ouve o golpe de estado e em abrildo mesmo ano toda a mobilização social foi reprimida e Freire foi considerado perturbador, sendo preso e exilado. Mais tarde surgiu outro movimento chamado de movimento brasileiro de alfabetização, iniciativa de se educar, mas diferente do método freireano.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Freire morreu em maio de 1997, deixando um legado marcado na história da educação. Seu plano de alfabetização e seu método contribuíram e muito para que se aprenda ao longo da vida que não há conhecimento pronto e acabado e para se derrubar a tese que alguém está totalmente pronto para ensinar e totalmente pronto para receber o conhecimento como se fosse uma transferência bancária. Ensinou que a escola é muito mais que quatro paredes da sala de aula. Propôs uma educação libertadora, dialógica, que crianças e adolescentes possam adquirir conhecimento e se alfabetizar de forma simples com o seu método. E que essa educação transformadora acontece também fora da escola “[...]se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda” ( FREIRE,2000,p.67). O apoio externo à escola também é de extrema importância para o sucesso da mesma, pois todos são responsáveis pelas mudanças do país.
	Ganhador de 41 títulos de doutor honoris, Freire deixou um legado, e reinventá-lo na conduta própria, com compromisso, com diálogo, democratização, demonstrando uma educação a serviço da humanização, se tornará um legado - ao qual demonstrou Freire em suas “ideias” – eficaz! Todos juntos são fortes para mudar o quadro educacional existente nos dias atuais, demonstrando assim que existe algo que pode transformar toda uma nação: a educação!
REFERÊNCIAS
DESMARAIS, Margareth Neves. O método Paulo Freire e as contribuições político-pedagógicas para a educação brasileira. 2011. Dissertação (Licenciatura em pedagogia) – Instituto Superior La Salle. Disponível em: 
http://acervo.paulofreire.org/xmlui/bitstream/handle/7891/3441/FPF_PTPF_21_008.pdf. Acesso em 16 mar. 2015.
QUEIROGA, Wellington et al. Paulo Freire: o educador popular.2001. Paper (Licenciatura em ciências contábeis e administrativas) – Faculdade Olindense. Disponível em: 
http://www.focca.com.br/sociologia/paulo%20freire/Paulo%20Freire%20o%20educador%20popular.htm.Acesso em: 15 mar. 2015.
BOMFIM, Erica Amanda. Paulo Freire: uma teoria para a libertação. 2013. Paper (licenciatura em ciências biológicas) - Centro universitário Leonardo da Vinci – Uniasselvi. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgJsUAK/erica-amanda-bonfim-paper>. Acesso em 10 mar. 2015.
CAVALCANTE, Márcio Balbino. Paulo Freire e a reinvenção do ato educativo: Artigo sobre a proposta de Paulo Freire para uma educação libertadora. Mundo Jovem. Disponível em:
http://www.mundojovem.com.br/artigos/paulo-freire-e-a-reinvencao-do-ato-educativo. Acesso em 16 marc. 2015.
SOARES, Luís. Método Paulo Freire de alfabetização: As lembranças emocionadas da 1º turma. 2013. Programatismo político. Disponível em: http://www.programatismopolitico.com.br/2013/04/metodo-paulo-freire-de-alfabetizacao-as-lembrancas-emocionadas-da -1a-tuma.html. Acesso em 04 abr. 2015
FARIAS, Alessandra Fonseca. O método Paulo Freire e sua atualidade no contexto educacional brasileiro. Boletim GEPEP – v.02, n 02, p. 40-53, jul. 2013. (Mestrado em educação) – Faculdade de tecnologia e ciências – FTC.
MACIEL, Karen de Fátima. O pensamento de Paulo Freire na trajetória da educação popular: Educação em Perspectiva, Viçosa, v. 2, n. 2, p. 326-344, jul./dez. 2011. (Mestranda em educação pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). Disponível em: http://www.seer.ufv.br/seer/educacaoemperspectiva/index. php/ppgeufv/article/viewFile/196/70
Acesso em:04 abr.2015
GADOTTI, Moacir. Paulo freire: Uma biobibliografia. Produção de terceiros sobre Paulo Freire; Série livro, São Paulo, Cortez, 1996. Disponível em: http://acervo.paulofreire.org/xmlui/handle/7891/3078. Acesso em: 25 mai 2015.

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