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Curso Técnico em Mecânica Módulo II – Mecânico de Manutenção MÁQUINAS TÉRMICAS - TERMODINÂMICA Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 1 SUMÁRIO 1 - CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 02 1.1 - PRIMEIROS COMENTÁRIOS SOBRE A TERMODINÂMICA 02 1.2 - OS ESTADOS DE AGREGAÇÃO DA MATÉRIA E O CONCEITO DE FASES 02 1.3 - A TEMPERATURA E SUAS ESCALAS 04 1.4 - ENERGIA TÉRMICA E CALOR 06 1.5 - CALOR SENSÍVEL, CALOR ESPECÍFICO E CAPACIDADE TÉRMICA 09 1.6 - MASSA ESPECÍFICA E O VOLUME ESPECÍFICO 11 1.7 - PRESSÃO 12 2 - MUDANÇAS DE FASE 14 2.1 – INTRODUÇÃO 14 2.2 - O CALOR LATENTE NAS MUDANÇAS DE ESTADO DE AGREGAÇÃO 16 2.3 - O DIAGRAMA TEMPERATURA VERSUS CALOR 18 2.4 - O PONTO TRÍPLICE E O PONTO CRÍTICO DO DIAGRAMA DE FASES DE UMA SUBSTÂNCIA PURA 19 2.5 - AS TRANSFORMAÇÕES DE ESTADO DE UMA SUBSTÂNCIA PURA OBSERVADAS EM UM DIAGRAMA DE FASES p-T 21 3 - COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS GASES PERFEITOS 21 3.1 - CARACTERÍSTICAS DOS GASES 21 3.2 - LEIS DOS GASES PERFEITOS 22 4 - PRIMEIRA E SEGUNDA LEIS DA TERMODINÂMICA 27 4.1 - TRABALHO 27 4.2 - ENERGIA INTERNA 30 4.3 - ENTALPIA 30 4.4 - PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA 31 5 - CICLOS TERMODINÂMICOS 32 5.1 - TRANFORMAÇÃO CICLÍCA 32 5.2 - SENTIDOS DE PERCURSO EM UMA TRANFORMAÇÃO CICLÍCA 35 5.3 - RENDIMENTO E EFICIÊNCIA 37 5.4 - CICLO DE CARNOT 38 5.5 - RENDIMENTO NO CICLO DE CARNOT 39 5.6 - EFICIÊNCIA NO CICLO DE CARNOT 40 Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 2 1 - CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 1.1 PRIMEIROS COMENTÁRIOS SOBRE A TERMODINÂMICA Iniciaremos o nosso estudo de máquinas térmicas apresentando de forma introdutória alguns conceitos da ciência denominada de termodinâmica clássica, parte da física que estuda a transformação da energia em trabalho e vice-versa, assim como as condições necessárias para que estas transformações ocorram. A termodinâmica clássica é uma ciência experimental, baseada em um pequeno número de princípios, que são generalizações feitas a partir da experiência. Ela diz respeito somente as propriedades macroscópicas e não faz hipótese sobre a estrutura microscópica da matéria. A ciência da termodinâmica tem o inicio de seu desenvolvimento na primeira parte do século XIX, primitivamente como um resultado de tentativas de melhorar a eficiência de máquinas a vapor, dispositivos nos quais há uma alimentação na forma de calor e cujo produto é trabalho mecânico. Assim, como o nome sugere, a termodinâmica se referia tanto a conceitos térmicos quanto a conceitos mecânicos, ou seja, dinâmicos. Com o desenvolvimento da matéria e o entendimento mais pleno de suas leis básicas, seu alcance e seus objetivos tornaram-se mais amplos. Os princípios da termodinâmica são usados agora por engenheiros no projeto de motores de combustão interna, usinas geradoras convencionais e nucleares, sistemas de refrigeração e condicionamento de ar, e sistema de propulsão para foguetes, mísseis, aviões, navios e veículos terrestres. A ciência da físico-química consiste, em grande medida, em aplicações de termodinâmica a química e ao equilíbrio químico. A produção de temperaturas extremamente baixas, na vizinhança do zero absoluto, envolve a aplicação de princípios termodinâmicos a sistemas de imãs moleculares e nucleares. A teoria da comunicação, a teoria da informação e mesmo certos processos biológicos são exemplos das vastas áreas em que o modo termodinâmico de raciocinar é aplicável. No decorrer de nosso estudo, descobriremos que a termodinâmica explica os fenômenos que regem os ciclos térmicos dos fluídos encontrados nas máquinas e equipamentos que utilizam diferenças de temperatura ora para produzir trabalho, como os motores, ora para a retirada de calor, como os refrigeradores. O nosso próximo passo é definir termodinâmica e em seguida estabelecer alguns conceitos auxiliares. Adotar-se-á para a termodinâmica a definição simplificada proposta por Van Wylen, que no livro Fundamentos da termodinâmica clássica escreve: "A termodinâmica é a ciência que trata do calor e do trabalho, e daquelas propriedades das substâncias relacionadas ao calor e ao trabalho". 1.2 OS ESTADOS DE AGREGAÇÃO DA MATÉRIA E O CONCEITO DE FASES A química clássica nos mostra que quaisquer tipos de materiais são formados por átomos. Os átomos são tratados como partículas indivisíveis e segundo o modelo de Bohr a forma destes é a de uma esfera completamente rígida. A figura 1.1 nos mostra o esquema conceitual do átomo de Bohr e a figura 1.2 um agrupamento de átomos de cloro e sódio formando uma célula de sal de cozinha. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 3 Figura 1.1 - O modelo atômico de Bohr Figura 1.2 - Uma célula de sal de cozinha, ou NaCl, agrupada em torno de um retículo cristalino Da experiência, conseguimos identificar três tipos de estados de agregação da matéria: Estado sólido: Forças de coesão intensas; forma e volume bem definidos. Estado liquido: Forças de coesão menos intensas que as do estado sólido, mas ainda apreciáveis, forma variável e volume bem definido. Estado gasoso: Forças de coesão muito fracas; não apresentando forma e nem volume definidos. A substância com a qual tenhamos maior familiaridade, talvez seja a água, em razão da sua importância para o nosso ciclo de vida e também por ela ser extremamente abundante em nosso planeta. E é com o uso da água que exemplificaremos os três tipos de estados de agregação da matéria, veja a figura 1.3. Figura 1.3 - Os estados de agregação da água, o sólido (gelo), o liquido e o gasoso (vapor d'água) Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 4 Os gases e líquidos são chamados de fluídos por escoarem (movimentarem) quando neles aplicamos forças tangenciais, por menores que elas sejam. Os fluídos são os materiais empregados nos processos e ciclos termodinâmicos e a avaliação de suas propriedades e transformações é importante para entendermos os equipamentos, e mais detalhadamente seus órgãos e mecanismos. Um outro conceito, ligado ao sistema e ao volume de controle, é o de fases. Por exemplo, a figura 1.4 mostra um recipiente contendo água liquida e vapor d'água. Se imaginarmos que as paredes internas do recipiente são as fronteiras de um sistema, então podemos afirmar que o sistema é constituído por dois estados da matéria, o liquido e o gasoso. Neste caso, dizemos que o sistema possui duas fases, ou seja, ele é bifásico. Figura 1.4 - Um sistema bifásico contendo água liquida e vapor d'água 1.3 A TEMPERATURA E SUAS ESCALAS Apesar de todo o desenvolvimento científico e tecnológico alcançado pelo homem nos últimos séculos, ainda hoje não temos condições de definir a propriedade termodinâmica chamada de temperatura. Normalmente, consideramos a temperatura termodinâmica como sendo a medida do grau de agitação das moléculas das substâncias que estão no interior de um sistema. A figura 1.5 ilustra a diferença nos graus de agitação das moléculas de água, em dois recipientes: O primeiro recipiente está fechado e portanto pode ser considerado como um sistema contendo duas fases: Água no estado liquido e vapor d'água no estado gasoso. O segundo recipiente está aberto, ou seja, pode ser considerado como um volume de controle contendo três fases: Água no estado sólido (gelo), água no estado liquido e uma mistura homogênea de vapor d'água e ar no estado gasoso. Figura 1.5 - Ilustração do grau de agitaçãodas moléculas de dois recipientes contendo água Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 5 A temperatura pode ser medida em várias escalas, as mais comuns são: Escala Celcius: Escala relativa de temperatura, onde é adotado o valor 0o para o ponto de fusão do gelo e 100o para o ponto de ebulição da água. Escala Fahrenheit: Escala relativa de temperatura, onde é adotado o valor 32o para o ponto de fusão do gelo e 212o para o ponto de ebulição da água. Escala Kelvin: Escala absoluta de temperatura, referente a escala Celcius, onde é adotado o valor 273 para o ponto de fusão do gelo e 373 para o ponto de ebulição da água. Escala Rankine: Escala absoluta de temperatura, referente à escala Fahrenheit, onde é adotado o valor 491,4 para o ponto de fusão do gelo e 671,4 para o ponto de ebulição da água. Se convencionarmos as seguintes variáveis como sendo referentes as quatro escalas de temperatura, teremos TC Temperatura em graus centígrados ou na escala Celcius; TK Temperatura na escala kelvin; TF Temperatura em graus Fahrenheit; TR Temperatura na escala rankine. A figura 1.6 apresenta as quatro escalas de forma comparativa em relação a um termômetro de mercúrio, veja: Figura 1.6 - Esquema representativo das escalas de temperatura mais usuais Sendo que, a próxima igualdade, a equação 1.1, define as relações entre as escalas comentadas acima, ou seja 9 4,491 5 273 9 32 5 RKFC TTTT (1.1) Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 6 1.4 ENERGIA TÉRMICA E CALOR Como foi comentado anteriormente, as partículas constituintes da matéria estão em continuo movimento, denominado agitação térmica. A energia cinética associada a esse movimento é chamada energia térmica. A energia térmica de um sistema ou um volume de controle é a soma da energia cinética de todas as partículas que pertencentes a estes. Neste momento, torna-se apropriado o estabelecimento das diferenças conceituais entre temperatura e energia térmica. A temperatura é a propriedade que mede o grau médio de agitação das partículas de um sistema, enquanto que a energia térmica é a propriedade que mensura a soma das energias cinéticas de todas as partículas envolvidas na agitação, ou seja, a quantidade total de energia cinética do sistema. Por exemplo, dados dois sistemas constituídos pela mesma substância e que estão a mesma temperatura, aquele que possuir a maior quantidade de partículas ou seja maior massa, possuirá a maior quantidade de energia térmica. Observando a figura 1.7, notamos que as duas botijas de gás possuem a mesma temperatura, porem a quantidade de massa da botija da direita é maior, conseqüentemente, ela tem mais energia térmica que a botija da esquerda . Figura 1.7 - Dois sistemas a mesma temperatura, porem com massas diferentes A energia térmica pode transferir-se de um corpo para outro quando entre eles houver uma diferença de temperatura. A energia térmica em transito é denominada calor. O esquema proposto a partir da figura 1.8 mostra como este fenômeno ocorre. Figura 1.8 - O calor como forma de energia em transito ocasionado pela diferença de temperaturas entre os sistemas A e B Observando o fenômeno da troca de calor entre os dois sistemas A e B, podemos concluir que o calor é um fluxo de energia térmica que parte de um sistema com maior temperatura, sistema A, para o outro com menor temperatura, sistema B. O fluxo de calor do sistema A para o sistema B, continuará a ocorrer até que isto se traduza em uma igualdade de temperatura entre A e B. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 7 Quando as temperaturas de A e B forem idênticas, o fluxo de calor cessará, e com isto, poderemos afirmar que o sistema A não mais cederá energia térmica para o sistema B, desta forma teremos o chamado equilíbrio térmico entre eles. Conseqüentemente, podemos verificar que sob condições normais, em dois sistemas com a mesma temperatura as trocas de calor serão algebricamente nulas, ou seja, há o equilíbrio térmico, veja a figura 1.9. Figura 1.9 - Sistemas à mesma temperatura, onde o calor trocado é algebricamente nulo ou onde ocorre o equilíbrio térmico entre sistemas A partir deste momento, podemos enunciar a chamada lei zero da termodinâmica: " Se dois sistemas estão em equilíbrio térmico com um terceiro sistema, eles estão em equilíbrio entre si " A medida da quantidade de calor trocada entre dois sistemas é, portanto, uma medida de energia. O calor no Sistema Internacional de unidades é medido em joules ou J. Contudo três outras unidades, a caloria, o quilogrâmetro e o BTU (Unidade Térmica Britânica) continuam sendo muito utilizados, com as suas definições e conversões. O joule é a quantidade de energia correspondente ao trabalho de uma força de um newton aplicada à uma distância de um metro. 1 J = 1 N.m A caloria é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de uma grama de água de 14,5 oC para 15,5 oC ao nível do mar. 1 cal = 4,18 J 1 kcal = 1000 cal 1 kcal = 0,001163 kWh O quilogrâmetro é a quantidade de energia correspondente ao trabalho de uma força de 1 kilograma-força aplicada à uma distância de 1 metro. 1 kgm = 1kgf.m 1 kgm = 9,807 J 1 kcal = 427 kgm O BTU é a quantidade de calor necessária para elevar de 1 oF a temperatura de uma libra massa inglesa de água. 1 BTU = 0,252 kcal Ao estudarmos mais profundamente o calor e sua influencia sobre a temperatura dos sistemas descobriremos que ele se apresenta de duas formas, a saber: Calor sensível - é o fluxo de energia térmica que proporciona aumento de temperatura sem que ocorra a mudança no estado de agregação da matéria que compõe o sistema que o recebe. Calor latente - é o fluxo de energia térmica que proporciona mudança de estado de agregação da matéria sem que ocorra a variação na temperatura do sistema que o recebe. As figuras 1.10 e 1.11 mostram estas duas condições de fluxo de energia térmica ou calor, ou seja, o calor sensível e latente, respectivamente. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 8 Figura 1.10 - O calor sensível Figura 1.11 - O calor latente Uma discussão sobre o significado da adição e da retirada de calor de um sistema, se faz agora necessária para podermos estabelecer uma convenção que os diferencie. Por exemplo, ao introduzirmos energia térmica em um sistema, estamos provocando um fluxo de calor da vizinhança para o seu interior, de tal sorte que, a substância contida no sistema sofra um aumento de sua temperatura, veja figura 1.12. Em oposição a isto, ao retirarmos energia térmica de um sistema, estamos provocando um fluxo de calor do seu interior para a vizinhança, de tal modo que, a substância contida no sistema sofra uma diminuição em sua temperatura, veja figura 1.13. Figura 1.12 - Calor introduzido em sistema Figura 1.13 - Calor retirado de um sistema Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 9 A convenção de sinais adotada para o calor será: O fluxo de calor que eleva a temperatura de um sistema é considerado positivo. O fluxo de calor que diminui a temperatura de um sistema é considerado negativo. 1.5 CALOR SENSÍVEL, CALOR ESPECÍFICO E CAPACIDADE TÉRMICA Da nossa experiência prática, sabemos que todos os materiais conhecidos sofrem variações de temperatura quando os aquecemos ou resfriamos. Para aguçar nosso sentidode investigação, poderíamos tentar responder a seguinte pergunta: Todos os sistemas com idênticas quantidades de massa, porém, constituídos por diferentes materiais, se comportam da mesma forma, quando introduzimos neles quantidades iguais de calor, ou seja, apresentam a mesma variação de temperatura ? A resposta a esta pergunta é não, em razão das diferenças atômicas, tipos de ligação química, arranjos estruturais e estabilidade entre as próprias substâncias que constituem os mais variados materiais, jamais a mesma quantidade de calor poderá causar a mesma variação de temperatura em duas substâncias distintas. A propriedade termodinâmica que estabelece a relação entre o calor recebido ou retirado de um sistema e a variação de temperatura é denominada de calor específico. O calor específico de uma substância pode ser calculado pela equação 1.2, Tm Qc . (1.2) onde c é o calor específico da substância, Q é a quantidade de calor recebida ou retirada da substância e T é a variação de temperatura da substância, ou seja, T = Tf - Ti , sendo Tf e Ti as temperaturas final e inicial do sistema, respectivamente. A variação de temperatura e o calor estão ligados de forma muito particular, veja o esquema abaixo, ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA 0 0 Q TTT if CALOR RECEBIDO PELO SISTEMA DIMINUIÇÃO DE TEMPERATURA 0 0 Q TTT if CALOR RETIRADO DO SISTEMA desta maneira, a variação de temperatura T no interior de um sistema pode ser útil para descobrirmos o sinal convencionado para o calor. Quanto as unidades do Sistema Internacional, o calor é medido em joules, a massa em quilograma e a temperatura em kelvin ou Celcius, contudo é aceitável e muito comum o uso da caloria para mensurar o calor e da grama para mensurar a massa no SI. Desta forma, as unidades Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 10 normalmente empregadas para o calor específico serão Cg cal o. Cg J o. Kkg kcal . Kkg kJ . Para entendermos melhor o significado da propriedade calor específico, observemos a unidade Cg cal o. , e então, pensemos em uma massa de 1 g que recebendo uma quantidade de calor de 1 cal eleva a sua temperatura em 1 oC . Esta maneira de interpretar o calor específico vale para quaisquer unidades. A tabela 1.1 apresenta valores médios para o calor específico de alguns metais no estado sólido. Tabela 1.1 - valores médios para calor específico para alguns metais no estado sólido Tipo de metal Calor específico Cg cal o. Ferro 0,110 Latão 0,092 Prata 0,056 Ouro 0,032 A tabela 1.2 apresenta valores para o calor específico de alguns gases considerados perfeitos a 27 oC, observe que o calor específico dos gases pode ser medido a pressão constante (cp) ou a volume constante (cv). Tabela 1.2 - O calor específico para alguns gases considerados perfeitos a 27 oC Tipo de gás cp Cg cal o. cv Cg cal o. Ar 0,237 0,168 Hidrogênio 3,409 2,418 Nitrogênio 0,243 0,173 Oxigênio 0,218 0,154 O calor específico de uma substância depende do seu estado de agregação e da sua temperatura, assim sendo, ele terá valores diferentes em função destas duas características. A tabela 1.3 e o gráfico 1.1 ilustram como o estado de agregação e a temperatura interferem no valor do calor específico, respectivamente. Tabela 1.3 - Os valores médios do calor específico da água nos três estados de agregação Tipo de gás Calor específico Cg cal o. Sólido (gelo) 0,500 Água liquida 1,000 Vapor d'água 0,480 Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 11 Gráfico 1.1 - O calor específico do ferro e a variação de temperatura Contudo, a equação 1.2 pode ser rescrita, tomando a forma da equação 1.3, TcmQ .. (1.3) e esta é conhecida como Equação Fundamental da Calorimetria, pois fundamenta a transferência de calor sensível para um sistema e sua conseqüente variação de temperatura. O produto da massa de um sistema pelo seu calor específico é chamado de capacidade térmica do sistema, e pode ser escrito como mostra a equação 1.4 cmC . (1.4) e então: TCQ . (1.5) Observação: O calor específico é uma propriedade intensiva do sistema, pois não depende da massa do sistema. Outros exemplos de propriedades intensivas são: A temperatura, a pressão, o volume específico e a massa específica. A capacidade térmica é uma propriedade extensiva do sistema, pois depende da massa do sistema. Outros exemplos de propriedades extensivas são: A energia térmica, o volume, a própria massa e a energia interna. 1.6 MASSA ESPECÍFICA E O VOLUME ESPECÍFICO A massa específica de uma substância é a razão entre a massa de uma porção da substância e o volume que ela ocupa. Este conceito, pode ser enunciado matematicamente sob a forma da equação 1.6, ou V m (1.6) Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 12 onde é a massa específica, m é a massa e V é o volume. As unidades de medida usuais para a massa específica são mostradas abaixo 3m kg 3cm g Em oposição ao conceito de massa específica, há o volume específico, que estabelece a razão entre o volume que uma substância ocupa e a sua massa. A equação 1.7 define o volume específico. m Vv (1.7) As unidades usuais para o volume específico são apresentados abaixo: kg m3 g cm3 Como a massa e volume específicos são propriedades inversas, obtemos a equação 1.8, ou 11 vou v (1.8) 1.7 PRESSÃO A propriedade termodinâmica pressão, pode ser entendida como a razão entre a força normal total atuante Fn e a área A sobre a qual esta força foi aplicada, ou matematicamente como mostra a equação 1.9. A F p n (1.9) A unidades mais comuns usadas para mensurar pressão são mostras abaixo 2m NPa 2cm kgf psi pol lb 2 bar atm A medição da pressão é feita utilizando-se manômetros normais, manômetros de vácuo e barômetros. O esquema mostrado na figura 1.14 ilustra a aplicação destes três tipos de medidores. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 13 Figura 1.14 - Intervalos de pressão medidos e seus respectivos medidores A pressão atmosférica tem os seguintes valores 2cm kgf 1,033bar pol lb Pa atm 01325,169,141013251 2 e representa a pressão no nível do mar com que o peso da coluna de ar da atmosfera atua sobre uma área qualquer. Um manômetro que usa uma coluna de fluído para medir a pressão no interior de um sistema é mostrado na figura 1.15. Figura 1.15 - Manômetro de coluna de fluído A pressão no interior do sistema psis pode ser calculada pela equação 1.10, veja gLp .. (1.10a) ou Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 14 gLpp atmsis .. (1.10b) por fim atmsis pgLp .. (1.10c) onde patm é a pressão atmosférica local, é a massa específica do fluído do manômetro, L é a altura da coluna de fluído e g a aceleração da gravidade local. 2 - MUDANÇAS DE FASE 2.1 - INTRODUÇÃO Comentamos no capitulo anterior,que um sistema constituído por substância pura pode se apresentar sob um ou mais dentre os três estados de agregação: Sólido, liquido ou gasoso. A figura 2.1 apresenta estes três estados de agregação da matéria. Figura 2.1 - Os estados de agregação da matéria Exemplificamos isto, ilustrando o fato da água poder estar na forma sólida (gelo), liquida e gasosa (vapor d'água), desde que existam condições favoráveis para estas ocorrências. As diferenças microscópicas entre os estados de agregação da matéria são mostradas nas figuras 2.2, 2.3 e 2.4. No estado sólido as moléculas permanecem vibrando em torno de suas posições na rede cristalina. Mesmo esta pequena liberdade de movimento não é suficiente para destruir a rede em que as moléculas estão dispostas, porque a atração entre elas é grande. Desta maneira, são necessárias grandes quantidades de energia (calor) para que as moléculas se tornem mais livres, ou seja, mudem de estado de agregação. Figura 2.2 - O estado sólido Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 15 No estado líquido o movimento molecular e a atração entre as moléculas estão em aproximado equilíbrio. As moléculas do interior do líquido estão livres para se moverem em todas as direções, porém na superfície suas moléculas são atraídas para dentro, ocasionando o fenômeno chamado de tensão superficial. Contudo, se introduzirmos energia (calor) e a pressão exterior não for muito elevada poderemos mudar o estado de agregação para gasoso. O processo oposto mudará o estado de agregação para sólido. Figura 2.3 - O estado líquido No estado gasoso o movimento molecular vence a atração entre as moléculas. Elas estão livres e a tendência do gás é ocupar o maior volume possível. Ocorre colisão entre as moléculas e contra as paredes do recipiente. Figura 2.4 - O estado gasoso As mudanças no estado de agregação dos materiais estão indicadas na figura 2.5. Figura 2.5 - Esquema ilustrativo das mudanças de estado de agregação de uma substância pura Desta forma, teremos: Fusão - O processo de passagem do estado de agregação sólido ao líquido; Solidificação - O processo de passagem do estado de agregação líquido ao sólido, também chamado de cristalização; Evaporação - O processo de passagem do estado de agregação líquido ao gasoso, também chamado de vaporização e ebulição; Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 16 Liquefação - O processo de passagem do estado de agregação gasoso ao líquido, também chamado de condensação; Sublimação - O processo de passagem do estado de agregação sólido ao gasoso diretamente, e vice-versa; 2.2 - O CALOR LATENTE NAS MUDANÇAS DE ESTADO DE AGREGAÇÃO A mudança de estado de agregação de um material ocorre quando a energia térmica deste aumenta ou diminui a tal ponto, que as moléculas do material são forçadas a procurar um arranjo atômico mais estável para se disporem. A variação da energia térmica não é a única responsável pelas mudanças de estado de agregação, participam efetivamente deste processo também a pressão, a temperatura e o volume específico, além de outras propriedades termodinâmicas. Em resumo, podemos dizer que as mudanças no estado de agregação da matéria dependem de propriedades termodinâmicas favoráveis a esta ocorrência. Nas próximas seções comentaremos de forma breve, a quantificação do calor latente necessário para uma mudança no estado de agregação. Devemos lembrar também que a introdução de calor latente não causa aumento de temperatura no sistema, mas sim contribui para que as moléculas tenham maior liberdade de movimento. 2.2.1 Calor latente no processo fusão solidificação A quantidade de calor recebida por uma certa massa de uma substância durante a fusão ou cedida durante a solidificação é expressa pela equação 2.1, ou seja, fL LmQ . (2.1) onde QL é a quantidade de calor latente recebido (positivo) ou cedido (negativo), m é a massa e Lf é o calor latente específico de fusão ou solidificação da substância. As tabelas 2.1 e 2.2 apresentam valores para o ponto de fusão e para o calor latente específico de fusão para alguns materiais, respectivamente. Tabela 2.1 - Ponto de fusão para alguns materiais Tipo de material Ponto de Fusão Co Alumínio 670 Cobre 1090 Ferro puro 1530 Chumbo 334 Água pura (gelo) 0 Prata 954 Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 17 Tabela 2.2 - Calor latente de fusão para alguns materiais Tipo de material Lf kg kcal Alumínio 77,00 Cobre 42,00 Ferro puro 30,00 Chumbo 5,37 Água (gelo) 79,24 Prata 21,70 2.2.2 Calor latente no processo vaporização liquefação A quantidade de calor recebida por uma certa massa de uma substância durante a vaporização ou cedida durante a liquefação é expressa pela equação 2.2, ou seja, vL LmQ . (2.2) onde QL é a quantidade de calor latente recebido (positivo) ou cedido (negativo), m é a massa e Lv é o calor latente específico de vaporização ou liquefação da substância. As tabelas 2.3 e 2.4 apresentam valores para o ponto de vaporização e para o calor latente específico de vaporização para alguns materiais, respectivamente. Tabela 2.3 - Ponto de vaporização para alguns materiais Tipo de material Ponto de vaporização Co Oxigênio -183 Hidrogênio -253 Mercúrio 358 Álcool etílico 78 Água pura (gelo) 100 Amoníaco - 38 Tabela 2.4 - Calor latente de vaporização para alguns materiais Tipo de material Lv kg kcal Oxigênio 143 Hidrogênio 114 Mercúrio 68 Álcool etílico 208 Água pura 540 Amoníaco 259 Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 18 2.2.3 Calor latente no processo de sublimação A mudança no estado de agregação de sólido para gasoso e gasoso para sólido, ou sublimação, ocorre sem que a substância passe pelo estado líquido. As substâncias que possuem estas características à temperatura ambiente, são muito pouco encontradas na natureza e de pouca aplicação industrial. A sublimação do estado sólido para o gasoso, normalmente ocorre na presença de baixas pressões (pressões menores que a atmosfera) e altas temperaturas (temperaturas acima da ambiente). Já a sublimação gasoso para sólido, freqüentemente ocorre a altas pressões e baixas temperaturas. O calor latente de sublimação não poder ser facilmente quantificado pois ele varia com a variação da pressão. 2.3 - O DIAGRAMA TEMPERATURA VERSUS CALOR A mudança no estado de agregação de uma substância pura e as quantidades de calor demandadas para que a temperatura aumente (calor sensível) e para que o estado se modifique (calor latente), podem ser convenientemente mostradas por um gráfico: temperatura versus calor. Por exemplo, o gráfico 2.1 ilustra as mudanças de estado de agregação para uma massa de 1 kg de água que está sendo aquecida. Gráfico 2.1 - O diagrama de mudança de estado de agregação da água Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 19 2.4 - O PONTO TRÍPLICE E O PONTO CRÍTICO DO DIAGRAMA DE FASES DE UMA SUBSTÂNCIA PURA O ponto tríplice é aquele onde os três estados de agregação da matéria podem coexistir em equilíbrio termodinâmico, conforme ilustra o gráfico 2.6. Gráfico 2.6 - O ponto tríplice Por exemplo, os estados termodinâmicos que caracterizam o ponto triplo da água e dogás de carbônico são definidos por: Pressão de 4,58 mmHg e temperatura 0,01 oC, pressão de 5 atm e - 56,6 oC. Uma questão a ser comentada, é que o estado líquido somente poderá ocorrer acima do ponto tríplice, ou seja, a pressões e temperaturas superiores as do estado triplo. Neste momento, devemos fazer uma observação com respeito a quatro definições de estados termodinâmicos, que são: Líquido saturado, vapor saturado, vapor superaquecido e gás (vapor altamente superaquecido). Líquido saturado é o nome que se dá ao líquido que aparece durante a mudança de fases líquida para gasosa, ou gasosa para líquida, e que ocorre na curva de L-V (ou de vaporização) onde os estados de agregação líquido e vapor podem coexistir. Vapor saturado é o nome que se dá ao vapor que aparece durante a mudança de fases líquida para gasosa, ou gasosa para líquida, e que ocorre na curva de L-V (ou vaporização) onde os estados de agregação líquido e vapor podem coexistir. Vapor superaquecido é o chamado vapor que pode voltar a tornar-se vapor saturado e posteriormente líquido por um processo de compressão isotérmica passando pela curva de liquefação (L-V) ou passar pela curva S-V (sublimação). Gás ou vapor altamente superaquecido é uma fase gasosa, porém não pode ser transformado em vapor saturado por compressão isotérmica e posteriormente liqüefeito. O gráfico 2.2 ilustra estas diferenças. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 20 Gráfico 2.2 - O ponto crítico e as regiões de vapor superaquecido e gás Antes de conceituarmos o ponto crítico, vamos definir temperatura e pressão críticas. Temperatura crítica - é a temperatura limite e acima da qual somente ter-se-á a fase conhecida como gás ou vapor altamente superaquecido. Pressão crítica - é a pressão limite correspondente a temperatura crítica, formando o último ponto da linha L-V. O ponto crítico é definido como aquele onde a temperatura e pressão críticas se encontram, formando um estado termodinâmico que é limitador das transformações líquido-vapor pelo processo isotérmico. A tabela 2.5 apresenta para algumas substâncias, o ponto crítico, ou seja, sua temperatura e pressão críticas. Tabela 2.5 - Temperatura e pressão críticas para algumas substâncias Substância Tc K pc atm Hélio 5 2,25 Hidrogênio 33 12,80 Neônio 45 27,00 Nitrogênio 126 34,00 Oxigênio 154 50,00 Óxido de carbono, CO 134 35,00 Dióxido de carbono, CO2 304 73,00 Água 647 218,00 Observação: O comportamento de uma substância pura, quando ela se encontra na fase gás ou vapor altamente superaquecido, será considerado idêntico ao de um gás perfeito, se a sua temperatura absoluta for maior ou igual que o dobro da temperatura crítica dela. Por exemplo, caso a temperatura de Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 21 um sistema contendo oxigênio seja igual a 400 K, este sistema pode ser analisado como se fosse composto por um gás perfeito. 2.5 AS TRANSFORMAÇÕES DE ESTADO DE UMA SUBSTÂNCIA PURA OBSERVADAS EM UM DIAGRAMA DE FASES p-T Nesta seção discutiremos as mudanças de estado que ocorrem em uma substância pura, através de um diagrama de fases em equilíbrio p-T (pressão temperatura). Observe e analise as transformações à pressão constante, que são mostradas no gráfico 2.3. Gráfico 2.3 - Algumas transformações à pressão constante num diagrama de fases p-T Transformação A-B O estado A é solido e a transformação é realizada a pressão constante inferior a pressão do ponto triplo e aumentando a temperatura, e assim através da sublimação teremos chegado ao estado B, fase de vapor superaquecido. Transformação C-D O estado C é solido e a transformação é realizada a pressão constante idêntica a pressão do ponto triplo e aumentando a temperatura, e assim obteremos o estado B (fase vapor superaquecido), através da passagem pelo ponto triplo, onde os três estados de agregação podem ocorrer em equilíbrio. Transformação E-F O estado E é sólido e a transformação é realizada a pressão constante superior a pressão do ponto triplo e inferior a do ponto crítico e aumentando a temperatura, desta forma, há uma fusão e a passagem para o estado líquido e em seguida uma vaporização chegando-se ao estado gasoso F, fase de vapor superaquecido. Transformação G-H O estado G é líquido e a transformação é realizada a pressão constante superior a pressão do ponto crítica e aumentando a temperatura, de tal forma que ocorrerá uma transformação instantânea de todo o líquido em gás, chegando ao estado H, ou a fase denominada de gás (vapor altamente superaquecido). 3 - COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS GASES PERFEITOS 3.1 CARACTERÍSTICAS DOS GASES Como já comentamos, os gases não tem forma própria (são fluídos) possuem grande Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 22 compressibilidade e ocupam todo o espaço que lhes oferece. As moléculas gasosas acham-se muito afastadas umas das outras e animadas de movimentos muito rápidos e desordenados. Nestes movimentos eles se entrechocam e chocam as paredes dos recipientes que os contém. Estes choques produzem uma espécie de bombardeio sobre estas paredes, causando como resultado a pressão. Um aumento da temperatura T, produz um aumento da velocidade das moléculas gasosas e conseqüentemente um aumento da pressão se for mantido o mesmo volume V inicial, ou seja, que o volume permaneça constante. A figura 3.1 apresenta um movimento atômico em um sistema isolado. Observamos então que certa massa gasosa é caracterizada por três propriedades físicas importantes que são: pressão, volume e temperatura (p, V, T). Essas três grandezas normalmente são usadas para definir o estado do gás. Assim, elas são chamadas de variáveis de estado de um gás perfeito. Figura 3.1 - O movimento atômico 3.2 LEIS DOS GASES PERFEITOS As variáveis de estado são grandezas intimamente relacionadas. Do estudo das relações resultam as leis dos gases. Estas Leis são: Lei de Boyle-Mariotte (processo isotérmico); Primeira lei de Charles-Gay Lussac (processo isobárico); Segunda lei de Charles-Gay Lussac (processo isovolumétrico ou isocórico); Lei ou equação de Clapeyron (equação de estado); Lei de Avogadro (número de Avogrado); Lei ou equação de Laplace (processo adiabático); 3.2.1 Primeira lei (transformação isotérmica) “Mantendo-se a temperatura T constante, o volume de um gás varia inversamente com a da pressão " Partindo do estado inicial com a pressão p1, e o volume V1 ao estado final p2, V2 vale a relação mostrada na equação 3.1, ou 2211 .. VpVp (3.1) que é a lei de Boyle-Mariotte. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 23 O processo isotérmico estabelecido pela equação 3.1, pode ser representado em um gráfico pressão versus volume, e usando o conceito de mudança de estado termodinâmico, ele sempre passará por uma isoterma, que é uma curva composta por estados a mesma temperatura. Observe a figura 3.2 e o gráfico 3.1 para um processo isotérmico. Figura 3.2 - Compressão isotérmica Gráfico 3.1 - Processo isotérmico Geometricamente, a isoterma, é uma hipérbole com assíntotas nos eixos coordenados. 3.2.2 Segunda lei (transformação isobárica) " Mantendo a pressão constante, o volume de um gás varia proporcionalmente com a temperatura absoluta. " Partindo do estado inicial com o volume V1 e temperatura T1 ao estado final V2, T2 valea relação expressa pela equação 3.2, 2 2 1 1 T V T V (3.2) que é a primeira lei de Charles-Gay Lussac. O processo isobárico (pressão constante) estabelecido pela equação 3.2, pode ser representado em um gráfico: pressão versus volume, e usando o conceito de mudança de estado termodinâmico, ele sempre passará por uma isobara, que é uma linha composta por estados a mesma pressão. Observe a figura 3.3 e o gráfico 3.2 para um processo isobárico. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 24 Figura 3.3 - Compressão isobárica Gráfico 3.2 - Processo isobárico A curva obtida, a isobara, é perpendicular ao eixo de pressão e paralela ao eixo de volume. 3.2.3 Terceira lei (transformação isocórica ou isovolumétrica) " Mantendo o volume constante, a pressão de um gás varia proporcionalmente com a temperatura absoluta." Partindo do estado inicial com a pressão p1 e temperatura T1 ao estado final p2 , T2 vale a equação 3.3, 2 2 1 1 T p T p (3.3) que é a segunda lei de Charles-Gay Lussac. O processo isovolumétrico ou isocórico (volume constante) estabelecido pela equação 3.3, pode ser representado em um gráfico: pressão versus volume, e usando o conceito de mudança de estado termodinâmico, ele sempre passará por uma isocora, que é uma linha composta por estados com o mesmo volume. Observe a figura 3.4 e o gráfico 3.3 para um processo isovolumétrico. Figura 3.4 – Volume constante Gráfico 3.3 - Processo isovolumétrico Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 25 A curva obtida é uma reta perpendicular ao eixo do volume e paralela ao eixo de pressão. 3.2.4 Equação de Clapeyron As três leis dos gases podem ser resumidas na lei ou equação de Clapeyron, ou ainda equação de estado. Os gases são considerados perfeitos, caso obedeçam a equação 3.4, TRmVp ... (3.4) onde: p - pressão do gás; V - volume específico molar do gás; m - massa do gás; T - temperatura absoluta do gás (kelvin ou K); R - constante universal, constante molar dos gases perfeitos; No Sistema Internacional de Unidades teremos: p – pressão V – volume m - massa T – temperatura R – constante pascal [Pa] m3 kg kelvin [K] Kkg J . e isto deve ser obedecido para usarmos a equação 3.4. Outro modo de escrever a equação 3.5, é na forma da equação 3.6. 2 22 1 11 .. T Vp T Vp (3.6) para um processo partindo do estado inicial 1 ao estado final 2. Observação: A constante dos gases perfeitos R pode ser descoberta pela seguinte relação vp ccR onde cp e cv são os calores específicos a pressão e volume constantes, respectivamente. Além disso, há uma outra constante dos gases perfeitos, dita expoente adiabático , definido por v p c c que é adimensional. A tabela 3.1 mostra valores para algumas propriedades para gases perfeitos considerados importantes. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 26 Tabela 3.1 - Propriedades dos gases perfeitos 3.2.6 Equação de Laplace (transformação adiabática) Quando um gás sofre uma transformação adiabática, ou seja, sem trocar calor com o ambiente, ele tende a se aquecer se é comprimido ou a se resfriar quando sofre uma expansão. Partindo-se de um estado inicial com a pressão p1, volume V1 e temperatura T1 ao estado final p2, V2 e T2 valem as seguintes equações 2211 .. VpVp (3.7) e 1 22 1 11 .. VTVT (3.8) onde é razão entre os calores específicos a pressão constante e a volume constante do gás. A tabela 3.2 apresenta alguns valores de para gases monoatômicos, biatômicos e triatômicos, que podem ser considerados gases perfeitos a temperatura ambiente. Tabela 3.2 - O expoente adiabático Gases considerados perfeitos a temperatura ambiente Expoente adiabático Monoatômicos: He, Ne, A, Kr, Xe 1,66 Biatômicos: O2, N2, H2 1,40 Triatômicos: O3 1,33 Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 27 A figura 3.5 apresenta uma compressão adiabática e o gráfico 3.4 mostra o processo. Gráfico 3.4 - Processo adiabático Figura 3.5 - Compressão adiabática 4 - PRIMEIRA E SEGUNDA LEIS DA TERMODINÂMICA 4.1 TRABALHO A mecânica define a grandeza trabalho no movimento retilíneo como sendo o produto escalar do vetor força pelo vetor deslocamento, ou como mostra a equação 4.1, LF. (4.1) onde é o trabalho, F é a força e L é o deslocamento. Na termodinâmica a grandeza trabalho está associado a expansão ou compressão de um gás ou vapor. Por exemplo, consideremos um gás encerrado em um cilindro dotado de um êmbolo ou pistão com área S, como mostra a figura 4.1. Figura 4.1 - Gás em expansão produzindo trabalho Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 28 Se o gás da figura 4.1 se expande mantendo a pressão p constante, o pistão será deslocado para cima e o trabalho realizado , pode ser calculado com o auxílio da equação 4.1. Lembrando que a força F pode ser substituída pelo produto da pressão p pela área do pistão S, conforme a equação 4.2, ou LSpLF ... (4.2) e ainda sabendo que o produto VLS . , onde 12 VVV é a variação do volume, que pode ser escrito como a equação 4.3, 12.. VVpVp (4.3) que é a equação do trabalho termodinâmico envolvido na mudança do estado 1 para o estado 2, quando o processo é isobárico. Para o processo isobárico, o gráfico 4.1 ilustra o conceito de trabalho realizado por uma expansão a pressão constante, de tal forma, que a área em destaque o represente. Gráfico 4.1 - A representação do trabalho no processo isobárico O trabalho termodinâmico genericamente pode ser definido como sendo a área sobre a curva do processo de transformação de estado, desde que colocada em um diagrama pressão versus volume, ou volume do variação pela limitada volume, versus pressão gráfico do curva a sobreÁrea Trabalho Nas transformações mostradas abaixo, o trabalho será dado pela área destacada, limitada pelos volumes V1 e V2, do domínio do processo. Por exemplo, os processos isocórico, adiabático e Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 29 isotérmico que ocorrem nos gases perfeitos, são apresentados nos gráficos 4.2, 4.3 e 4.4, respectivamente. Gráfico 4.2 - O trabalho no processo isocórico O trabalho em um processo isocórico ou a volume constante é nulo, visto que, não ocorreu expansão ou compressão do gás pelo movimento da fronteira do sistema. Gráfico 4.3 - O trabalho no processo adiabático Gráfico 4.4 - O trabalho no processo isotérmico Quando um gás se expande, ele realiza trabalho, cedendo energia mecânica ao ambiente, caso contrário, comprimindo-se um gás está se realizando contra a sua pressão um trabalho mecânico, e assim o gás estará recebendo energia mecânica. A convenção adotada para os sinais que caracterizaram a entrada ou saída do trabalho de um sistema é apresentada no esquema ilustrado pelas figuras 4.2 e 4.3.Figura 4.2 - O trabalho convencionado como negativo Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 30 Figura 4.3 - O trabalho convencionado como positivo 4.2 ENERGIA INTERNA A energia interna de um sistema é a medida da quantidade de energia armazenada no seu interior. A energia interna representa a soma das parcelas de energia correspondentes a energia térmica de suas moléculas, ao seu potencial de configuração molecular, a energia cinética atômico-molecular, a rotação e a vibração intramoleculares, dentre outras. Como já comentamos, a termodinâmica clássica não se preocupa com os fenômenos microscópicos, mas sim com os macroscópicos, de tal sorte, que a energia interna representará a energia armazenada por uma quantidade de matéria. A energia interna depende da quantidade de massa do sistema, da própria substância que constitui o sistema e do seu estado termodinâmico. A mensuração da energia interna de uma substância que se apresenta em determinado sistema é extremamente difícil, contudo, o estabelecimento da variação da energia interna é muito mais simples e importante para avaliarmos as mudanças de estado termodinâmico que ocorrem em um processo. A energia interna será simbolizada por U e sua variação pela equação 4.4, 1221 UUUU (4.4) onde U2 é a energia interna associada ao estado final 2 e U1 é a energia interna associada ao estado inicial 1. A energia interna é uma propriedade extensiva dos sistemas, pois depende da massa, e na termodinâmica algumas vezes é interessante trabalharmos com a energia interna específica, que é definida matematicamente pela equação 4.5, ou m Uu (4.5) onde u é a energia interna específica e m a massa. 4.3 ENTALPIA Uma outra propriedade termodinâmica importante é a entalpia. Ela representa a soma da energia interna com o trabalho a pressão constante do sistema. Matematicamente, a entalpia é expressa pela equação 4.6, veja, Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 31 VpUH . (4.6) onde H é a entalpia, p é a pressão e V é o volume. A entalpia específica é dada pela equação 4.7. vpuh . (4.7) A equação 4.7 pode ser útil, se possuirmos tabelas de propriedades de estado contendo os valores da entalpia específica, principalmente em refrigeração. Devemos lembrar, que a energia interna e a entropia possuem as mesmas unidades da grandeza energia ou trabalho. 4.4 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA A primeira lei da termodinâmica pode ser assim enunciada: "A variação da energia mecânica de um sistema é dada pela diferença entre o calor trocado com a vizinhança e o trabalho realizado no processo termodinâmico". A energia mecânica comentada é a soma das parcelas de energia interna, energia cinética, energia potencial gravitacional e elástica do sistema, ou Energia mecânica = [Energia interna] + [Energia cinética] + [Energia potencial] que matematicamente toma forma da equação 4.8, PCUE (4.8) onde E é a energia mecânica, U é a energia interna, C é a energia cinética e P é a energia potencial. A variação de energia mecânica é expressa pela equação 4.9. PCUE (4.9) Nas aplicações da termodinâmica à máquinas térmicas, despreza-se as variações de energia cinética e potencial dos sistemas, que simplifica a equação 4.9, conforme a equação 4.10, ou UE (4.10) Desta forma a primeira lei pode ser rescrita como: "A variação da energia interna de um sistema é dada pela diferença entre o calor trocado com a vizinhança e o trabalho realizado no processo termodinâmico" Tomado a forma matemática da equação 4.11, Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 32 2121 QU (4.11) onde os índices 1 e 2 representam os estados inicial e final do processo. A primeira lei da termodinâmica é o alicerce que fundamenta o princípio da conservação de energia, e é valido para quaisquer tipos de transformação ou processo naturais envolvendo trocas de energia. A primeira lei pode ser exemplificada através da observação de um processo isobárico. Vamos imaginar um cilindro com pistão contendo uma determinada quantidade de vapor d'água. O processo passará pelo estado inicial ou estado 1 e terminará no estado final ou estado 2, veja a figura 4.4 Figura 4.4 - Um processo isobárico O processo ocorrerá a pressão constante, durante o qual introduziremos calor provocando a expansão do vapor, ou seja realização de trabalho. Digamos que tenhamos introduzido uma quantidade de calor de 100 joules e que o trabalho realizado foi de 20 joules, então, a variação da energia interna será de 80 joules. 5 - CICLOS TERMODINÂMICOS 5.1 TRANFORMAÇÃO CICLÍCA Ciclo ou transformação cíclica termodinâmica de uma dada massa gasosa é um conjunto de transformações após as quais o gás volta a apresentar a mesma pressão, o mesmo volume e a mesma temperatura que possuía inicialmente. A partir deste momento, se torna necessário um comentário sobre a energia interna e sua variação durante um ciclo. A energia interna é uma função do estado termodinâmico e portanto pode ser definida pelo conhecimento das propriedades pressão, temperatura e volume específico. Notadamente, se a substância envolvida num ciclo é um gás perfeito, então, a energia interna será função somente de sua temperatura. Como um ciclo termodinâmico representa o caminho definido por um conjunto de pontos chamados de estados termodinâmicos, e o ponto inicial corresponde ao ponto final, podemos concluir que os estados inicial e final são idênticos. Assim, a variação da energia interna durante um ciclo termodinâmico é nula, conforme ilustra o gráfico 5.1. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 33 Gráfico 5.1 - Um ciclo Termodinâmico representando a nulidade da variação da energia interna No gráfico anterior, o conjunto de pontos A-B-C-D-E representam um ciclo e os estados inicial e final são representados por A e E, que na verdade são idênticos. Assim, independentemente do caminho trilhado pelo ciclo, a variação da energia interna será nula. Desta maneira, a primeira lei da termodinâmica para um ciclo pode ser escrita conforme a equação 5.1. líquidolíquidoQU como U = 0, tem-se líquidolíquidoQ 0 e por fim líquidolíquidoQ (5.1) A partir de agora, vamos analisar mais sucintamente um ciclo termodinâmico teórico envolvendo apenas um mecanismo cilindro-pistão. Vamos pensar em processos isobáricos e isocóricos para simplificar o estudo. Analise o esquema mostrado a seguir. Ciclo 1-2-3-4-1 Processo 1-2: Isobárico com introdução de calor 1Q2. Processo 2-3: Isocórico com retirada de calor 2Q3. Processo 3-4: Isobárico com retirada de calor 3Q4. Processo 4-1: Isocórico com introdução de calor 4Q1. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 34 Vamos analisar mais detalhadamente, o ciclo 1-2-3-4-1, expresso pelo gráfico 5.2. Gráfico 5.2 - Um ciclo teórico envolvendo processos isobárico e isocórico Vamos fazer um balanço de energia (calor) e trabalho no ciclo representado no gráfico anterior. O calor líquido trocado com o sistema durante o ciclo será, 14433221 QQQQQlíquido onde 1Q2 e 4Q1 são quantidades de calor introduzidas no sistema e portanto, positivas, enquantoCreated with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 35 que 2Q3 e 3Q4 são quantidades de calor retiradas e assim, negativas. O trabalho líquido produzido durante o ciclo será, 14433221 líquido que pode ser simplificado, pois os processos 2-3 e 4-1, são isocóricos, ou seja, com trabalho nulo. Desta forma, teremos 4321 líquido onde 12 e 41 são quantidades de trabalho na expansão e compressão, respectivamente, e portanto, o primeiro com sinal positivo, enquanto que o segundo com sinal negativo. Usando a equação 5.1 para a primeira lei, ou líquidolíquidoQ ou, especificamente para o ciclo da figura 5.2. 432114433221 QQQQ Observação: No ciclo 1-2-3-4-1 apresentado pelo gráfico 5.2, o trabalho líquido foi positivo e assim, o calor líquido trocado também o será. Isto mostra que a introdução de calor faz com que se produza trabalho. 5.2 SENTIDOS DE PERCURSO EM UMA TRANFORMAÇÃO CICLÍCA Um ciclo termodinâmico pode ter dois sentidos de percurso. Ora o percurso pode ser no sentido horário ora o percurso pode ser no sentido anti-horário. O esquema abaixo, representado pelos gráficos 5.3 e 5.4, ilustras estes dois casos, onde os sentidos de percurso são horário e anti-horário. Note que no ciclo horário o trabalho líquido é positivo, enquanto que, no ciclo anti-horário o trabalho líquido é negativo. Gráfico 5.3 - Ciclo em sentido horário: O calor é convertido em trabalho Gráfico 5.4 - Ciclo em sentido anti-horário: O trabalho é convertido em calor Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 36 Um ciclo horário se caracteriza pela introdução de calor no sistema, objetivando a produção de trabalho líquido positivo, ou seja, o sistema recebe calor e realiza trabalho. Os exemplos da utilização deste ciclo são as máquinas térmicas motrizes ou motoras. Um ciclo anti-horário se caracteriza pela introdução de trabalho no sistema, objetivando a retirada de calor, ou seja, o sistema recebe trabalho e retira calor. Os exemplos da utilização deste ciclo são as máquinas térmicas frigoríficas. A visualização de dois ciclos reais, um motor e outro de refrigeração, podem ser vistos nas figuras 5.1 e 5.2. Figura 5.1 - Ciclo termodinâmico motor (sentido horário) Figura 5.2 - Ciclo termodinâmico de refrigeração (sentido anti-horário) Nos ciclos termodinâmicos reais, há sempre uma introdução de calor e uma retirada deste. Assim sendo, teremos dois casos: Um ciclo motor, introduz mais quantidade de calor do que o retira, ou seja, 2Q3 > 4Q1, transformando o excedente em trabalho útil (turbina). Nós podemos afirmar que ele precisa trocar calor com duas fontes: Uma quente (caldeira) e a outra fria (condensador). Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 37 Um ciclo de refrigeração, introduz trabalho (compressor), para forçar um fluxo que absorverá calor da fonte fria (evaporador) e expulsará calor na fonte quente (condensador). 5.3 RENDIMENTO E EFICIÊNCIA Vimos que, quando um sistema, por exemplo, um gás, realiza um ciclo em sentido horário no diagrama pressão versus volume, há transformação de calor em trabalho. Todavia, de acordo com a segunda lei, essa ocorrência não é possível, visto que um sistema retirando calor de uma fonte não poderá converte-lo completamente em trabalho. As máquinas térmicas, como por exemplo a maquina a vapor, foram inventadas e funcionavam antes que seu principio teórico fosse estabelecido. Estudando essas maquinas, Sadi Carnot evidenciou que uma diferença de temperatura era tão importante para uma máquina térmica quanto uma diferença de nível d'água para uma maquina hidráulica. Estabeleceu, então, que: "Para que uma maquina térmica consiga converter calor em trabalho, de modo continuo, deve operar em ciclo entre duas fontes térmicas, uma quente e outra fria: retira calor da fonte quente (Qq), converte-o parcialmente em trabalho positivo, e o restante (Qf) rejeita para a fonte fria". O rendimento e a eficiência dos ciclos termodinâmicos são duas variáveis que estabelecem qualitativamente o quanto é boa a conversão de calor em trabalho e vice-versa. O termo rendimento é usado para mensuração nas máquinas térmicas motoras e o termo eficiência para mensuração das máquinas térmicas de refrigeração. Observe a figura 5.3, representativa da direção e sentido do fluxo de calor e do trabalho realizado por uma máquina térmica motora. Figura 5.3 - Direção e sentido do fluxo de calor e do trabalho numa máquina motora O rendimento numa máquina motora será calculado pela equação 5.2, quente fonte da absorvido Calor útilou positivo Trabalho Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 38 ou q f q fq q líquido Q Q Q QQ Q 1 (5.2) lembrando que fqlíquido QQ . Veja a figura 5.4, representativa da direção e sentido do fluxo de calor e do trabalho realizado por uma máquina térmica de refrigeração. Figura 5.4 - Direção e sentido do fluxo de calor e do trabalho numa máquina frigorífica A eficiência numa máquina de refrigeração será calculada pela equação 5.3, negativo Trabalho fria fonte da absorvido Calor ou líquido fQ (5.3) 5.4 CICLO DE CARNOT Em 1824, Carnot idealizou um ciclo que proporcionaria rendimento máximo a uma máquina térmica. O ciclo de Carnot, que pode ser visto no gráfico 5.5, consta de duas transformações adiabáticas alternadas com duas transformações isotérmicas, todas elas reversíveis, sendo o ciclo também reversível. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 39 Gráfico 5.5 - O ciclo de Carnot Quando o ciclo é percorrido no sentido horário, o trabalho líquido realizado é positivo e medido numericamente pela área do ciclo (área em destaque no gráfico 5.5). Imagine uma máquina térmica na qual o gás sofra expansões e compressões, realizando o ciclo de Carnot. Seja Tq a temperatura da fonte quente, Tf a temperatura da fonte fria, Qq é o calor absorvido da fonte quente e Qf é o calor rejeitado na fonte fria. Analisando o gráfico 5.5, vamos partir do estado 1, o gás realiza uma expansão isotérmica 1-2, recebendo a quantidade de calor Qq da fonte quente que está a temperatura Tq. A seguir, ocorre a expansão adiabática 2-3, durante a qual não há troca de calor. A compressão isotérmica 3-4 se verifica à temperatura Tf da fonte fria e, nessa etapa, o gás rejeita a quantidade de calor Qf que não se converte em trabalho. A compressão adiabática 4-1, que completa o ciclo, se realiza sem troca de calor. 5.5 RENDIMENTO NO CICLO DE CARNOT Carnot demonstrou que, nesse ciclo, as quantidades de calor trocadas com as fontes quente e fria são proporcionais às respectivas temperaturas absolutas das fontes, ou de acordo com a equação 5.4, para este ciclo teremos q f q f T T Q Q (5.4) O rendimento e a eficiência de uma máquina térmica que realiza o ciclo de Carnot (máquina de Carnot) podem então ser expresso conforme a equação 5.5, que é uma simplificação da equação 5.3. q f T T 1 Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com) Educação Profissional 40 (5.5) Esta fórmula permite estabelecer importante conclusão: "O rendimento no Ciclo de Carnot é função exclusiva das temperaturas absolutas das fontes quente e fria, não dependendo, portanto, da substânciade trabalho utilizada." Por outro lado, Carnot provou que essa fórmula corresponde ao máximo rendimento que pode ser obtido por uma máquina térmica operando entre duas temperaturas Tq (fonte quente) e Tf (fonte fria). Há ciclos teóricos reversíveis que podem ter rendimento igual ao do Ciclo de Carnot, mas nunca maior. Observe que o rendimento do Ciclo de Carnot é o máximo possível para uma máquina térmica, mas nunca pode alcançar 100% de rendimento ( = 1). Realmente, para que isto ocorresse, deveríamos ter toda a conversão de calor em trabalho. Para uma máquina de Carnot ter rendimento 100%, ela deveria operar entre uma fonte quente e uma fonte fria à temperatura do zero absoluto (Tf = 0 K), o que é irrealizável na prática. Alem disso, tal máquina estaria contrariando a segunda lei da Termodinâmica, pois converteria integralmente calor em trabalho. 5.6 EFICIÊNCIA NO CICLO DE CARNOT No ciclo de Carnot a eficiência é dada por: fq f TT T (5.6) Nela podemos observar que o seu valor é maior que 1, ao contrário do rendimento. Por exemplo, uma eficiência de 7:1 seria assim explicada: “Se a eficiência é de 7, podemos afirmar que ao retirarmos 7 unidades de energia sob a forma de calor de um ambiente a ser refrigerado, estamos gastando 1 unidade de energia sob a forma de trabalho mecânico de compressão”. Created with novaPDF Printer (www.novaPDF.com)
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