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Induc¸a˜o Eletromagne´tca, Lei de Faraday e Lei de Lenz Jhionathan de Lima Joa˜o Vitor Parada Poletto Marcelo Prado Cionek Universidade Federal do Parana´ - UFPR, Curitiba - PR, Brasil Disciplina: Laborato´rio de F´ısica Ba´sica III - Professor: Guilherme Abreu 20 de Maio de 2019 Introduc¸a˜o O experimento foi dividido em treˆs partes. Inicial- mente foi analisado o que acontece com a diferenc¸a de potencial nos terminais de um indutor quando um ı´ma˜ se aproxima e se afasta dele. Na segunda parte, estudamos o funcionamento de um circuito formado por dois indu- tores e um galvanoˆmetro que aferia a corrente induzida em um destes. A ana´lise foi feita utilizando tanto uma fonte de corrente cont´ınua quanto uma fonte de corrente alternada. Por fim, verificamos qualitativamente o movi- mento de treˆs diferentes tipos de placas de alumı´nio em um campo magne´tico, envolvendo os conceitos de corrente de Foucault. Montagem experimental (1a Parte) Para esta parte, utilizamos um suporte, um tubo de PVC, um indutor e um ı´ma˜ (pintado de duas cores: verme- lho e preto). Dispusemos os materiais conforme a Figura 1. Figura 1: Arranjo experimental da 1a parte Em seguida conectamos o indutor ao oscilosco´pio para realizarmos as medic¸o˜es. Enta˜o, fixamos o ponto de onde o ı´ma˜ seria solto em todas as medidas como o ponto mais alto do tubo de PVC, de tal forma que metade do ı´ma˜ ficava em cima do ponto e metade abaixo. Coleta de dados(1a parte) O primeiro indutor utilizado foi o de 800 espiras. Sol- tamos primeiramente o ı´ma˜ com a parte vermelha vol- tada para cima e coletamos os dados fornecidos pelo osci- losco´pio. Depois, realizamos o mesmo procedimento com a parte vermelha do ı´ma˜ voltada para baixo. Para essas duas maneiras de soltar o ı´ma˜, repetimos os processos utilizando os indutores de 400 e 200 espiras. Ana´lise dos dados(1a parte) Apo´s coletados todos os dados, utilizamos um sof- taware que fornecia a diferenc¸a de potencial induzida nos indutores em func¸a˜o do tempo para cada caso. Os gra´ficos obtidos esta˜o dispostos abaixo. Figura 2: DDP no indutor de 800 espiras para o ı´ma˜ solto com a parte vermelha para cima. Figura 3: DDP no indutor de 800 espiras para o ı´ma˜ solto com a parte vermelha para baixo. 1 Figura 4: DDP no indutor de 400 espiras para o ı´ma˜ solto com a parte vermelha para cima. Figura 5: DDP no indutor de 400 espiras para o ı´ma˜ solto com a parte vermelha para baixo. Figura 6: DDP no indutor de 200 espiras para o ı´ma˜ solto com a parte vermelha para cima. Figura 7: DDP no indutor de 200 espiras para o ı´ma˜ solto com a parte vermelha para baixo. Ale´m disso, fizemos a diferenc¸a e a soma entre os dados obtidos nos gra´ficos dispostos nas Figuras 2 e 3, respectiva- mente. Dispusemos essa informac¸a˜o no gra´fico da Figura 8, juntamente com o dobro do valor encontrado no gra´fico da Figura 2. Figura 8: Diferenc¸a e soma entre as DDPs dos gra´ficos das figuras 2 e 3 e o dobro da DDP do gra´fico da figura 2 Para o ca´lculo do fluxo magne´tico, partimos da lei de Faraday: V = −N dΦ dt , isto e´, − 1 N ∫ tf t0 V (t)dt = Φ, onde V representa a forc¸a eletromotriz induzida, N o nu´mero de espiras no indutor e Φ o fluxo magne´tico do ı´ma˜ ao passar pelo interior da bobina. Com isso, montamos a Tabela 1, que indica o fluxo magne´tico positivo, negativo, e a diferenc¸a em mo´dulos destes para cada uma das seis situac¸o˜es. No espiras V+(V ) V−(V ) Φ+(µWb) Φ−(µWb) Φtotal(µWb) 800 v-cima 20,4 -29,2 649,5 -669,5 20,0 800 v-baixo 28,0 -20,0 656,8 -654,5 2,3 400 v-cima 11,0 -15,0 645,5 -669,0 23,5 400 v-baixo 15,4 -11,2 671,3 -667,5 3,8 200 v-cima 8,24 -5,52 664,8 -665,6 0,8 200 v-baixo 6,24 -8,08 687,3 -678,1 9,2 Tabela 1: Valores das diferenc¸as de potencial e fluxo magne´tico para cada espira Observac¸o˜es: “v-cima”ou “v-baixo”indica a posic¸a˜o do lado vermelho do ı´ma˜ na medida; Φtotal = |Φ+ − Φ−|. Os picos que surgem no gra´fico sa˜o provenientes da lei de Faraday, pois quando o ı´ma˜ e´ solto do ponto fixo ele varia sua velocidade. Com isso, o fluxo magne´tico provo- cado por ele no indutor varia com o tempo, o que induz uma diferenc¸a de potencial neste u´ltimo. O primeiro pico tem um sinal oposto que o segundo, pois a variac¸a˜o do fluxo magne´tico muda de sinal ao longo do movimento. Isto pode ser entendido como as linhas de campo magne´tico do ı´ma˜: quando o ı´ma˜ se aproxima do indutor a quantidade de linhas por unidade de tempo aumenta; reciprocamente, ao se afastar a quantidade de linhas por unidade de tempo que atravessam o indutor diminui. Nos seis gra´ficos iniciais verificamos que o segundo pico da diferenc¸a de potencial e´ sempre maior (em mo´dulo) do que o primeiro. Isso ocorre devido ao movimento de queda livre: ao se afastar do indutor o ı´ma˜ apresenta uma veloci- dade maior em comparac¸a˜o a` velocidade de aproximac¸a˜o, logo, considerando os valores absolutos, a variac¸a˜o do fluxo tambe´m tende a ser maior no segundo pico, o que implica num maior valor para V. 2 Quando a posic¸a˜o do ı´ma˜ e´ invertida as linhas de campo magne´tico tambe´m teˆm sua orientac¸o˜es invertidas, o que implica na mudanc¸a do sinal do fluxo magne´tico. Assim, se o primeiro foi medido como positivo, o segundo sera´ negativo e vice-versa. Ale´m disso, como preveˆ a lei de Faraday, verificamos experimentalmente que os valores absolutos da forc¸a ele- tromotriz induzida e´ proporcional ao nu´mero de espiras no indutor, pois quanto mais espiras este teˆm, mais signi- ficativo e´ o efeito das correntes induzidas. Pelo gra´fico da Figura 8, e´ poss´ıvel verificar que (a me- nos de sinal) os dados obtidos se o ı´ma˜ e´ solto com a parte vermelha para cima ou para baixo sa˜o semelhantes. Montagem experimental (2a Parte) Na segunda parte, posicionamos dois indutores um ao lado do outro conforme a Figura 9, de modo que suas direc¸o˜es axiais coincidiram. Figura 9: Arranjo experimental da 2a parte Inicialmente, trabalhamos com corrente cont´ınua: um indutor foi ligado a` fonte e o outro a um galvanoˆmetro. Depois, um nu´cleo de ferro foi posicionado dentro dos indutores. Em seguida substitu´ımos a fonte de corrente cont´ınua por uma de corrente alternada. Por u´ltimo, co- nectamos um indutor a` fonte de corrente alternada e o outro ao oscilosco´pio. Ana´lise dos resultados(2a parte) Apo´s um tempo em que o indutor 1 esteve ligado a` fonte de corrente cont´ınua, nenhuma corrente induzida era aferida no outro ao analisar o galvanoˆmetro. Uma vez que a corrente tem um valor constante, o campo magne´tico provacado por ela no indutor tambe´m e´ constante. Entre- tanto, quando altera´vamos manualmente o valor da cor- rente na fonte, o valor da corrente no indutor 1 era alterado e o campo magne´tico gerado por ela variava no tempo, o que provocava uma corrente induzada no indutor 2. E essa corrente induzida promovia uma alterac¸a˜o na agulha do galvanoˆmetro. Os valores em que varia´vamos a cor- rente na fonte eram entre 0 a 5A em aproximadamente um segundo. Sem o nu´cleo de ferro, a corrente induzida proveniente dessa variac¸a˜o foi de no ma´ximo 1A; com o nu´cleo, o valor ma´ximo obtido foi de 7A. Ao se posicionar o nu´cleo de ferro no interior dos indu- tores, o efeito observado no galvanoˆmetro foi intensificado quando a corrente variava. Isso porque o nu´cleo serviu como um condutor, fazendo com que a variac¸a˜o da cor- rente proveniente da fonte fosse maior. Quando o indutor 1 foi ligado a` fonte de corrente alternada e o indutor 2 pemaneceu conectado ao gal- vanoˆmetro, so´ observa´vamos uma variac¸a˜o na agulha quando a frequeˆncia utlizada na fonte era baixa (em torno de 3Hz). Caso a frequeˆncia fosse alta, a agulha do gal- vanoˆmetro na˜o se movia, pois a corrente induzida variava de sinal rapidamente, o que impossibilitavaa leitura dessa variac¸a˜o. Por fim, quando o indutor 2 foi ligado ao oscilosco´pio, conseguimos observar (com altas frequˆencias) como se dava a diferenc¸a de potencial induzida em func¸a˜o do tempo neste indutor. Montagem experimental (3a Parte) Utilizamos uma barra cil´ındrica posicionada horizon- talmente numa haste, um ı´ma˜ e treˆs placas de alumı´nio diferentes. As placas eram penduradas na haste de tal forma que, depois de serem soltas a` uma dada altura ini- cial, a extremidade livre delas passasse no meio do ima˜ (aproximadamente distante 2 cm de cada lado deste). A montagem experimental esta´ disposta na Figura 10. Figura 10: Arranjo experimental da 3a parte E as treˆs placas utilizadas esta˜o representadas pela Fi- gura 11. Figura 11: Placas de alumı´nio utilizadas Ana´lise dos resultados(3a parte) Quando a placa A passou pelo ima˜, ela parou quase ins- tantaˆneamente. Isso ocorre porque o alumı´nio e´ um con- dutor e ao ser submetido a um fluxo magne´tico varia´vel no tempo, pela lei de Lenz, surgem correntes induzidas. Atrave´s da “regra da ma˜o direita”e´ poss´ıvel determinar a forc¸a magne´tica que surge a partir da corrente induzida e do campo magne´tico do ima˜. Em nosso caso, o campo magne´tico era constante, mas como a a´rea da placa submetida ao campo variava, o fluxo magne´tico variava, fazendo com que surgissem correntes induzidas nas placas. Assim foi poss´ıvel determinar que a forc¸a magne´tica em todos os casos se opunha a` direc¸a˜o do movimento da placa, fazendo ela parar. Para a placa B, houve tambe´m um efeito de retarda- mento em seu movimento, mas ela demorou mais para 3 parar. Como a placa B tem furos, as correntes induzidas sa˜o menos intensas nesse caso, pois o ar entre os dentes da placa na˜o e´ condutor e a a´rea da placa e´ menor. Assim, a forc¸a de retardo tambe´m e´ mais fraca. Por fim, a placa C praticamente na˜o sofre o efeito de retardo, pois como os furos dela sa˜o “abertos”, as correntes induzidas tem uma intensidade menor ainda em relac¸a˜o a`s outras duas. Concluso˜es Com este experimento pudemos confirmar e discutir as previso˜es teo´ricas provenientes lei de Lenz. Ao contra´rio de alguns fenoˆmenos naturalmente intuitivos, a lei de Lenz precisa ser analisada com cautela. Por exemplo, no nosso dia a dia e´ comum a ideia de que quanto maior a forc¸a apli- cada a um objeto parado, maior e´ a facilidade de coloca´-lo em movimento, pore´m na˜o e´ obvio que um ı´ma˜ que se move perto de uma bobina gere uma corrente induzida nesta, e que tal corrente cessa, quando cessa o movimento rela- tivo de ambos. Nesse contexto, foi de suma importaˆncia a utilizac¸a˜o da lei de Faraday para entendermos quantitati- vamente o que esta´vamos analisando. Ale´m disso, foi poss´ıvel confirmar experimentalmente que na˜o e´ o simples fato de existir fluxo magne´tico atrave´s de um indutor que possibilita a existeˆncia de correntes induzidas, mas que tal fenoˆmeno so´ ocorre quando esse fluxo varia no tempo. E com a noc¸a˜o das linhas de campo magne´tico imagina´rias que saem do ı´ma˜, foi poss´ıvel en- tender o comportamento dos gra´ficos obtidos na primeira parte. Com a segunda parte, conclu´ımos que quando deseja- se aferir o efeito de ra´pidas variac¸o˜es de corrente e´ ne- cessa´rio um aparelho com uma boa precisa˜o, tal como o oscilosco´pio. Outrossim, quando utilizamos um nu´cleo de ferro entre os indutores o efeito observado foi maior, jus- tamente pelo fato de que as correntes induzidas apareciam mais facilmente neste. Por fim, com a ana´lise cautelosa da lei de Lenz, da forc¸a magne´tica proveniente de um condutor num campo magne´tico e da “regra da ma˜o direita”foi poss´ıvel entender o porqueˆ as placas paravam quando atravessavam o ı´ma˜ e porque cada uma parava de maneira diferente. Essas correntes induzidas nas placas recebem o nome de corren- tes de Foucault e sa˜o amplamente estudadas em circuitos eletroˆnicos e nas a´reas da engenharia. Uma vez que tais placas perdem energia cine´tica ao pararem, surge um aque- cimento nelas devido ao efeito Joule, fato que e´ utilizado na contruc¸a˜o de fornos de induc¸a˜o, por exemplo. Refereˆncias [1] Ivo A. Hu¨mmelgen Apostila de F´ısica Experimental III-UFPR - 2019 [2] Nussenzveig, Herch Moyse´s Curso de F´ısica Ba´sica - vol. 3 - 4a edic¸a˜o - Sa˜o Paulo: Blucher - 2002 [3] F. Sears, M. W. Zemansky, H. D. Young F´ısica - vol. 3 - 14a edic¸a˜o - Sa˜o Paulo: Pearson Education do Brasil - 2016 4
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