Buscar

Direito de Greve x Descontos salariais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito de Greve x Descontos salariais 
Por Ian Ganciar Varella - ianvarella.jusbrasil.com.br/ 
 
1. Introdução 
Faz-se necessário apresentar a história desse instituto, entretanto de uma forma 
meramente introdutória e resumida. 
Durante a Revolução Industrial os trabalhadores laboravam em condições subumanas 
com jornadas de trabalho extenuantes de mais de 16 horas. 
Sendo os locais insalubres e impróprios o que causavam aos mesmos doenças do 
trabalho levando muitos a morte, se não ocorresse o fato morte, invariavelmente 
ocorreria acidentes pois os trabalhadores não possuíam nenhuma proteção. 
Devido às péssimas condições de trabalho os trabalhadores iniciam as primeiras greves 
como forma de pressionar e reivindicar por melhores condições de trabalho. 
Este artigo tem como motivação apresentar algumas peculiaridades desse direito 
estampando na nossa Constituição. Bem como, não há qualquer interesse político pois 
os descontos salariais ocorrem em qualquer lugar do Brasil. 
2. O direito de greve 
Em nosso ordenamento jurídico, a greve representa uma forma de autotutela, sendo 
admitida como exceção e que se perfaz com a paralisação coletiva, pacífica e temporária 
da prestação de serviço por parte dos trabalhadores. 
Este movimento é decidido através da manifestação de vontade da organização sindical, 
que em seu estatuto deve dispor acerca da assembleia geral de convocação dos 
associados para deliberar acerca da pauta de reinvindicações e do quórum mínimo para 
que possa ser deflagrada uma greve. 
O termo greve que em francês quer dizer cascalho, areal. Relata-se que antes da 
canalização do rio Sena em Paris com as suas cheias eram depositados em uma praça 
gravetos e pedras ao qual ficou conhecida por place de grève. 
Isto porque era nessa praça que costumavam ir os trabalhadores à procura de emprego. 
Com o surgimento da paralisação do trabalho, os trabalhadores passaram a se reunir 
nessa mesma localidade. Com isso o termo grève passou a ser sinônimo de paralisação 
do trabalho (MARTINS, Sérgio Pinto. Curso de Direito do Trabalho.26ª ed. São Paulo: 
Atlas, 2010, p. 857.) 
3. A previsão no ordenamento jurídico brasileiro 
O direito de greve é um direito constitucional, sendo um direito social dos 
trabalhadores, tratando-se de um Direito Fundamental por estar no Título II “Dos 
Direitos e Garantias Fundamentais” da Constituição Federal 1988. 
Assim prevê direito e deveres em seu art. 9, in verbis: 
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a 
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. 
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento 
das necessidades inadiáveis da comunidade. 
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. 
E também dispõe sobre os funcionários públicos, em seu art. 37, VII, CRFB/88: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei 
específica 
No conjunto de leis do ordenamento jurídico brasileiro atualmente a lei 7.783/89 é que 
regulamenta o exercício do direito de greve no setor privado. 
Como não há qualquer legislação (infra legais) em relação ao setor público, a justiça 
tem aplicado a Lei no 7.783, de 28 de junho de 1989, também para julgar casos 
referente às greves no funcionalismo. 
4. Ilegalidades exercidas pelo o setor público como o corte salarial dos 
grevistas 
Este item tem como demonstrar a ilegalidade e arbitrariedade perpetrada pelo o 
Governo de São Paulo em relação aos Professores da rede estadual de ensino público. 
Até porque negar aos trabalhadores o direito ao salário quando estiverem exercendo o 
direito de greve equivale, na prática, a negar-lhes o direito de exercer o direito de greve, 
e isto não é um mal apenas para os trabalhadores, mas para a democracia e para a 
configuração do Estado Social de Direito, conforme Ementa, da lavra de Rafael da Silva 
Marques, aprovada no Congresso Nacional de Magistrados Trabalhistas, realizado em 
abril/maio de 2010: 
“não são permitidos os descontos dos dias parados no caso de greve, salvo quando ela é 
declarada ilegal. A expressão suspender, existente no artigo 7 da lei 7.783/89, em razão 
do que preceitua o artigo 9º. Da CF/88, deve ser entendida como interromper, sob pena 
de inconstitucionalidade, pela limitação de um direito fundamental não-autorizada pela 
Constituição federal”. 
Relata o juiz do trabalho Jorge Luis Souto Maior: 
“a perda do salário só se justifica em caso de falta não justificada ao trabalho, e é mais 
que evidente que a ausência da execução do trabalho, decorrente do exercício do direito 
de greve, está justificada pelo próprio exercício do direito constitucional da greve”. 
O governador Geraldo Alckmin disse nesta quarta-feira (6), durante agenda no Palácio 
dos Bandeirantes, que seria "prevaricação" se ele pagasse integralmente os professores 
que não tiveram frequência. 
“O governo não faz o que quer, não tem essa liberalidade. Se dá aula, tem frequência. 
Não dá aula, não tem frequência. Como é que você vai dar frequência para quem não dá 
aula? Isso é prevaricação. Mas toda disposição de conversa, entendimento, estamos com 
o mesmo objetivo: recuperação salarial, plano de carreira... Mas há que se aguardar o 
momento adequado”, disse. 
Em resposta a esse ato, o Promotor de Justiça do Patrimônio Público e Social Ministério 
Público Estadual Otávio Ferreira Garcia manifestou-se contrário ao corte de salário dos 
professores que aderiram à greve iniciada no dia 16 de março, em decisão encaminhada 
ao Tribunal de Justiça de São Paulo na tarde de hoje (6). O desconto nos salários 
começou a ser praticado nesta semana. 
Segundo o promotor é “ilegal qualquer ameaça ou o efetivo corte do ponto e/ou o 
desconto dos dias parados dos professores grevistas, ao menos enquanto o movimento 
não for declarado ilegal pelo Poder Judiciário”. 
Na data de 07/05/2015, o juízo da 4ª Vara da Fazenda pública, por meio de concessão 
de liminar, decidiu: 
A greve é um direito assim previsto pela CF. Até que haja solução sobre a legalidade ou 
não do movimento, afigura-se prematuro o desconto salarial pelos dias da paralisação e 
de corte do ponto. Defiro, pois, da liminar. Arbitro a multa diária de R$5.000,00, por 
dia de descumprimento. Oficie-se.(Processo nº: 1013935-09.2015.8.26.0053 - Ação 
Civil Pública) 
 
Em 2013, o então relator ministro Dias Tóffoli declarou a “ilegalidade do desconto” no 
Agravo de Instrumento (AI 853275) interposto pela Fundação de Apoio à Escola 
Técnica, reafirmando a decisão anterior do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 
Pois para o TJ-RJ “o desconto do salário do trabalhador grevista representa a negação 
do direito à greve, na medida que retira dos servidores seus meios de subsistência”. 
Ao final do julgamento o STF reconheceu “repercussão geral” desta decisão, o que 
significa que a decisão proveniente dessa análise deve ser aplicada pelas instâncias 
inferiores. 
5. Conclusão 
Insta observar que o exercício do direito de greve é um poderoso instrumento para os 
empregados em face dos empregadores que detêm muitas vezes além do capital, os 
instrumentos de trabalho 
Não é difícil depreender que o obreiro e o servidor público depende única e 
exclusivamente de seus rendimentos a título de salário para a manutenção de sua 
subsistênciae de sua família e que temerosos pelo seu vínculo laboral muitas vezes não 
lutam ativamente pelos seus direitos.

Outros materiais