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Projetos de Edificações (Módulo 2)

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2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? – Parte 1 
2.1.1 A importância de um bom projeto para a futura atividade de manutenção 
predial da edificação 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Identificar os principais conceitos para o desenvolvimento de um projeto 
eficiente. 
Os projetos da construção civil, nesses incluídos os projetos de edificações, além de 
serem, por sua natureza, roteiros para as atividades que concorrerão para a execução do 
objeto, são igualmente ferramentas de análise para as possíveis soluções técnicas a serem 
aplicadas no processo construtivo. 
A palavra projeto significa, genericamente, intento, desígnio, empreendimento e, 
também, um conjunto de ações, caracterizadas e quantificadas, necessárias à 
concretização de um objetivo. Embora este sentido aplique-se a diversos campos de 
atividades, em cada um deles o projeto materializa-se de forma específica. 
O objetivo principal de um projeto é a execução da obra idealizada pelo 
arquiteto ou engenheiro. Essa obra deve adequar-se aos contextos naturais e 
culturais em que se insere e responde às necessidades do cliente e dos futuros 
usuários do objeto construído. As exigências do cliente e dos usuários exprimem-se 
por meio do programa de necessidades que define metodologicamente o produto 
final. 
Diante disso, as soluções técnicas que deverão ser empregadas para a consecução da 
obra devem atender aos princípios da racionalidade, da economicidade, da funcionalidade 
e do desempenho. 
Considerando os conceitos de Vitrúvio (2007, p. 82),14 os projetos de arquitetura 
devem atender cumulativamente aos princípios básicos “utilitas” (utilidade, uso, 
funcionalidade, proveito, vantagem), “firmitas” (solidez, firmeza, consistência, robustez) 
e “venustas” (beleza, elegância, estética). Tais conceitos resumem as qualidades que se 
pretende para o projeto arquitetônico, demonstrando que o objeto construído deve 
conciliar desempenho, economia e estética. Pode-se, assim, concluir que o edifício ou a 
obra deve ter características que atendam à sua durabilidade e conservação. 
Com esse objetivo, o projeto deverá também servir à correta escolha de soluções que 
determinem o melhor funcionamento do objeto construído, muito além da sua concepção 
ou construção. No projeto é que são definidos os conceitos e as técnicas que garantirão a 
permanência da construção, principalmente no quesito manutenção. 
Recentemente, a ABNT editou um conjunto de normas aplicado ao desempenho das 
edificações. Muito embora tal norma traga na sua origem a destinação às edificações 
habitacionais, pode-se tomá-la como referência para qualquer tipo de edifício em que se 
pretenda condições de bom desempenho. Uma das premissas básicas dessa normativa é a 
durabilidade dos elementos da construção, denotando grande preocupação com a 
manutenção do edifício. 
A Administração Pública, por suas características (necessidade de racionalização dos 
custos, orçamentos limitados e inconstantes, falta de equipes permanentes para 
conservação), tem como um dos grandes desafios a manutenção do seu patrimônio 
construído. 
Por essa razão, boas escolhas na fase de projeto definirão o custo para a 
Administração na conservação e na manutenção das suas construções por longo 
período. 
Percebe-se, dessa condição, que o projeto, muito além de ser um roteiro para a 
construção do objeto, é, antes de tudo, uma ferramenta para experimentação das soluções 
para o bom desempenho da obra ou do edifício, possibilitando a escolha das melhores 
soluções técnicas, aquelas que trarão o equilíbrio entre custo de construção, custo de 
manutenção e funcionalidade, aí considerados a eficiência e o conforto. 
Você, como gestor do contrato de projeto, ao elaborar o seu Termo de Referência ou 
Projeto Básico, deve observar com cautela tais premissas, de forma a conduzir a sua 
elaboração pelo caminho da racionalidade, da economia e do desempenho. As definições 
e as exigências dadas no Termo de Referência ou Projeto Básico devem ser tais que 
condicionem a elaboração do projeto, para que esse atenda aos objetivos aqui já 
mencionados. 
Essas escolhas recairão sobre os tipos de materiais, a forma de ordenação dos 
espaços, a morfologia dos elementos etc. Assim, é importante que se observe a vantagem 
que se terá sobre a escolha de um material em detrimento de outro, do tamanho da 
edificação frente às necessidades do órgão, ou até mesmo da observância ao índice de 
compacidade ou da forma do edifício. 
Como exemplo, citamos a escolha de esquadrias de ferro para a vedação das fachadas 
externas de um edifício em zona litorânea. Certamente toma-se aqui a condição extrema 
e até mesmo inadmissível, visto que, nas condições atmosféricas daqueles ambientes, 
jamais se optaria pela escolha de elementos ferrosos para tal uso. A escolha correta nesse 
caso seria, por exemplo, esquadrias de alumínio, com pintura por anodização ou 
eletrostática, com durabilidade adequada àquelas condições ambientais. Muito embora 
seja senso comum no meio da arquitetura e da engenharia, a obviedade por tal escolha 
(esquadrias de alumínio para a vedação de fachadas em edificações de ambientes 
litorâneos), ainda assim é possível encontrar projetos (mal) especificados trazendo aquela 
condição (especificação de esquadrias de ferro naqueles ambientes). 
Nos órgãos públicos, os setores que são responsáveis pelos projetos 
normalmente são diversos daqueles responsáveis pela manutenção das edificações 
(ou outras obras da construção civil ou de infraestrutura viária). A boa 
especificação, quando da elaboração desses projetos, poderá contribuir para a 
desoneração do trabalho e do custo despendidos futuramente pelos seus setores de 
manutenção. 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Reconhecer a importância do projeto no ciclo de vida de uma edificação. 
No tópico anterior, foram apresentadas as relações existentes entre a boa 
especificação de um projeto e o custo de manutenção do objeto construído. Veja que as 
escolhas corretas no momento das especificações têm, entre outros quesitos, a função de 
desonerar o custo de manutenção futura das edificações ou outras obras. 
O custo de um projeto é sensivelmente menor do que os custos envolvidos na 
execução da obra. Por essa razão, perceba que é mais lógico e sensato concentrar esforços 
nessa importante etapa, evitando, por exemplo, economias irresponsáveis e permitindo 
que nessa ocasião possam ser avaliadas todas as possibilidades técnicas para a consecução 
do objeto pretendido. Afinal, é infinitamente mais fácil alterar um desenho, ou até mesmo 
descartar-se um conjunto de elementos impressos, do que demolir uma estrutura de 
concreto. O projeto, portanto, é o momento para a experimentação e o teste de 
possibilidades. 
Para ilustrar a importância que tem um projeto na construção civil, veja a imagem a 
seguir. 
 
Perceba, portanto, algumas verdades sobre o projeto: 
 
Diante disso, você, na condição de gestor público, deve observar criteriosamente 
alguns aspectos na sua contratação: 
 
Em relação à manutenção do futuro objeto construído, a questão ganha ainda mais 
importância. De acordo com a Lei de Sitter,15 ou “Lei dos 5”, tomando-se novamente 
como exemplo uma estrutura de concreto, o custo para uma intervenção de correção, 
desde o projeto até a manutenção corretiva, aumenta em progressão geométrica, de razão 
5 (SITTER, 1984 apud HELENE, 1992)16. Assim, pode-se dizer que, arbitrando que o 
custo para uma eventual correção de erro no objeto seja 1, durante a fase de elaboração 
do projeto, a mesma correção na fase de execução da obra terá custo 5, na fase de 
manutenção preventiva terá custo 25 e, finalmente,na fase de manutenção corretiva 
alcançará o custo de 125. 
 
Esse mesmo princípio pode ser aplicado, por extensão, às outras disciplinas 
(instalações) das obras ou edificações. 
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de 
toda a sua vida útil? 
Neste tópico, identificaremos quais são as principais escolhas que podem concorrer 
para a racionalização do ambiente construído ao longo da sua vida útil, em consonância 
com as boas práticas construtivas, à normativa técnica ou legislação vigente. 
Conforme o art. 2º, item III, do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997 (dispõe sobre 
a contratação de serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e 
fundacional e dá outras providências), as contratações da Administração devem 
demonstrar os resultados que serão alcançados em termos de economicidade e de melhor 
aproveitamento dos recursos humanos, materiais ou financeiros disponíveis. No caso das 
especificações de projetos, as soluções adotadas terão íntima relação com o comando 
dado nesse artigo do referido decreto. 
Ainda que o conceito de um bom projeto seja de difícil definição, visto tratar-se de 
percepção subjetiva, para a qual contribuem diversas variáveis e referências, pode-se 
delimitar os requisitos mínimos que devem ser atendidos para que o resultado seja 
adequado aos objetivos da Administração Pública. É nesse sentido que recentemente os 
Poderes Legislativo e Executivo têm editado leis e normas que buscam o aumento da 
eficiência da máquina pública, refletida inclusive na construção das suas instalações. 
Instruções Normativas que definem eficiência energética, otimização de 
recursos e critérios de sustentabilidade ambiental são normas que atualmente devem 
ter observância obrigatória pela Administração. 
Dentro dessa condição, seguem algumas iniciativas específicas aplicadas à 
elaboração de projetos da construção civil pelo poder público: 
Escolha de materiais locais, de fácil obtenção no entorno da construção: essa 
iniciativa atende aos critérios de sustentabilidade ambiental, visto que possibilita menor 
impacto na natureza, pela diminuição das distâncias de transporte – atividade poluidora – 
para os insumos da obra, com reflexo no seu custo; 
1) Escolha de materiais produzidos no país, por empresas nacionais ou nacionalizadas: essa 
iniciativa traz reflexos diretos na economia do objeto construído, visto que diminui o custo para 
a sua contratação e manutenção; 
2) Escolha de materiais com melhor eficiência energética, como, por exemplo, luminárias 
em LED (light emitting diode – ou diodo emissor de luz), sistema de iluminação com baixo 
consumo de energia e que, consequentemente, diminui os gastos com energia elétrica ao longo da 
vida útil do edifício ou obra; 
3) Escolha de sistemas de ar condicionado com alta eficiência energética, que, a exemplo 
das instalações de iluminação em LED, proporcionam economia de energia, e, com isso, menor 
gasto com energia elétrica; 
4) Reúso de água, iniciativa que atende principalmente a dois requisitos básicos: a 
sustentabilidade ambiental e o menor consumo de água tratada, refletindo diretamente no custo 
do seu fornecimento; 
5) Escolha de espécies vegetais nativas nos projetos de urbanização ou paisagismo: essa 
iniciativa possibilita a melhor adaptação e a baixa manutenção dos espaços ajardinados das 
edificações ou obras, refletindo na economia dos recursos despendidos pela Administração 
Pública; 
6) Escolha de materiais duráveis e com baixa manutenção quando da especificação dos 
projetos (exemplo: escolha de esquadrias de alumínio ou PVC para a vedação de fachadas): essa 
condição evita a necessidade de retificação e repintura dos elementos (quando especificados em 
madeira ou ferro), economizando recursos financeiros para os órgãos públicos. 
Somam-se a essas considerações inúmeras outras possíveis e que ampliariam 
bastante a lista acima. Essas escolhas e definições podem encontrar iniciativa por ação de 
bons projetistas. 
É vital, no entanto, que tais exigências emanem da contratante, a Administração 
Pública, quando da elaboração dos seus editais de contratação. 
Essa é uma das razões pelas quais é importante – e recomendável – que os órgãos 
públicos contem nos seus quadros com profissionais habilitados, engenheiros e arquitetos, 
com qualificação permanente, para a contratação de projetos e obras da construção civil 
e de infraestrutura viária, tema já abordado no Módulo 1. 
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? 
Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos deve 
atender? Premissas de projeto 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Identificar os itens obrigatórios a serem observados quando da elaboração 
do programa de necessidades para a contratação de um projeto de edificações. 
Complementando as ideias trazidas nos tópicos anteriores, neste tópico serão 
abordadas as iniciativas por parte do gestor do contrato quando da contratação de um 
projeto da construção civil. 
É de grande responsabilidade a atuação do gestor, não somente por sua condição de 
agente público, e que, portanto, deve obedecer às regras e condutas predeterminadas, mas 
também pela condição de responsável pela contratação de objeto que terá longa vida útil 
e que poderá gerar grande impacto socioambiental. Objetos da construção civil são 
concebidos para durarem dezenas de anos, e, por essa razão, devem ser muito bem 
pensados, antes do início da primeira escavação. 
Note que a definição do resultado esperado é tarefa que requer complexo estudo e 
envolvimento. Certamente projetistas podem dar essa resposta. A medida dessa resposta, 
no entanto, está intrinsecamente condicionada às orientações e premissas definidas pela 
contratante, nesse caso o poder público. Mais uma vez, a figura do arquiteto ou 
engenheiro como gestor desses contratos é fundamental. 
Inicialmente, pode-se dizer que as edificações ou obras contratadas pela 
Administração Pública devem considerar o seu custo e o seu resultado final. Não devem 
ser onerosas, dada a limitação de recursos e a responsabilidade social do poder público, 
mas também não devem ter custo de construção excessivamente baixo, que venha a onerar 
o custo do seu uso, conservação e manutenção, conforme já explicitado anteriormente. 
O valor de uma obra deve ser medido por todo o período da sua vida útil, o que 
inclui a sua concepção, execução, usufruto e eventual demolição. 
Conforme a ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho 
– Parte 1: Requisitos gerais, a durabilidade do edifício e de seus sistemas é um requisito 
econômico do usuário, pois está diretamente associado ao custo global do bem 
imóvel.17 Esse conceito, embora seja dado por norma especificamente aplicada a 
edificações, e do tipo habitacional, pode, como já foi aqui ilustrado, ser aplicado a 
qualquer objeto da construção civil. 
Essa, infelizmente, não é a orientação obtida a partir da legislação que rege as 
contratações da Administração Pública, em que comumente se observa para essas 
apenas o critério do custo do seu projeto e construção. O gestor do contrato não 
deve, porém, limitar-se a tal regra, mas buscar o equilíbrio entre o custo do projeto 
e da execução e o custo da sua manutenção, desembolso que será permanente e que 
onerará os gastos da Administração Pública durante muitos exercícios financeiros. 
Profissionais habilitados – arquitetos e engenheiros – são os únicos capazes de dar 
tal resposta. 
Devem ser considerados requisitos de desempenho e funcionalidade, que concedam 
ao ambiente construído boas condições de uso e habitabilidade, proporcionando aos seus 
usuários (agentes públicose população em geral) bem-estar e conforto. 
Como agente incentivador da transformação social e econômica, a Administração 
tem papel na inovação tecnológica quando da elaboração dos seus projetos da construção 
civil. Iniciativas que não são tomadas pelo setor privado, senão pelo lucro, têm no setor 
público o seu fomento. 
O poder público, como contratante de obras, tem potencialmente grande capacidade 
de transformação das nossas cidades. Veja que, por essa razão, as obras contratadas pela 
Administração devem trazer entre as suas características a adequação ao entorno e o baixo 
impacto ambiental. Os requisitos que devem ser buscados são o baixo consumo 
energético, a baixa geração de resíduos o bom desempenho térmico e acústico e a 
durabilidade. Condicionando a atuação da Administração Pública nas contratações de 
projeto, há vasta legislação. Uma das normativas mais recentes é a Lei n° 13.647, de 9 de 
abril de 2018, que obriga a instalação de equipamentos economizadores de água nos 
sanitários públicos de todas as novas edificações públicas a partir da data da sua vigência. 
Outro requisito igualmente importante é a preocupação com o aspecto visual da obra, 
em relação à sua inserção no ambiente e ao seu impacto estético. Como agente 
transformador do ambiente construído, o poder público, na condição de contratante, deve 
também considerar a harmonia e a beleza das suas obras, elementos que serão 
permanentes na paisagem. Devem ser evitados, por exemplo, os chamados “projetos-
monumento”, assim entendidos como aqueles que têm apelo temático ou simbólico, cuja 
forma possa gerar polêmica ou dificuldade de aceitação (ver figura 3), ou que não tenha 
relação com a função do objeto,18 um dos princípios norteadores da arquitetura. Objetos 
de arquitetura que optem por trazer apelo simbólico podem fazê-lo de forma sutil e 
indireta, remetendo à diretriz da sua concepção. Exemplos bem-sucedidos dessas 
iniciativas são o edifício-sede do Banco Central do Brasil (Bacen), em Brasília, do 
arquiteto Hélio Ferreira Pinto19 (ver figura 4), e a ponte da mulher (el puente de la mujer), 
de autoria do arquiteto espanhol Santiago Calatrava (ver figura 5), no bairro Puerto 
Madero, em Buenos Aires. O primeiro é inspirado em imagem gravada no dobrão, moeda 
do período imperial, de 1725. O segundo representa um casal dançando tango, 
manifestação artístico-cultural típica da Argentina, considerada patrimônio oral e 
imaterial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
(Unesco). 
 
 
 
Considere que as edificações e as demais obras da Administração Pública devem ser 
sóbrias, para que transmitam as ideias de racionalidade e imparcialidade, ou inovadoras, 
por meio do emprego de novas técnicas, conceitos ou materiais, para que transmitam a 
preocupação com a evolução social ou tecnológica do homem. Essas duas características 
devem estar sempre acompanhadas do princípio da economicidade. 
Assim, diante dos conceitos apresentados, pode-se resumir os objetivos e as 
premissas para as obras contratadas pela Administração Pública e que deverão fazer parte 
do programa de necessidades dos projetos: 
 
2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais as 
diferenças entre Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações 
Técnicas e Caderno de Encargos? 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Destacar quais documentos exigir conforme os tipos específicos de projeto; 
• Relembrar os conceitos aplicados ao tema “projeto de edificações”. 
Na contratação dos projetos da construção civil, é importante que o gestor do contrato 
tenha clareza quanto ao significado da terminologia aplicada, permitindo, assim, que os 
editais tragam correta apresentação dos conceitos e das definições. 
É comum entre os profissionais de engenharia e arquitetura a confusão entre os 
conceitos de Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações Técnicas e Caderno 
de Encargos, razão pela qual compete à contratante o seu esclarecimento, por meio do 
documento editalício. Essa condição não somente evita a eventual impugnação do edital 
como traz segurança jurídica ao órgão público. 
Esses conceitos são definidos abaixo, de acordo com o TCU:20 
 
Observe, portanto, dados os conceitos do TCU, que o Caderno de Encargos é a 
consolidação do Memorial Descritivo e das especificações técnicas, documento este 
também chamado de Caderno de Encargos e Especificações Técnicas. Esse documento é 
complementar às pranchas de desenho do projeto e tem por função a descrição completa 
do objeto, textualmente, e as orientações de como serão executados os serviços. O 
Caderno de Encargos ainda pode apresentar outras orientações, como a forma de medição 
dos serviços, a forma de descarte de resíduos, a forma de apresentação dos documentos 
finais, etc. 
O Caderno de Encargos, para os projetos de edificações, não é documento facultativo, 
dele devendo fazer parte obrigatoriamente, visto ser elemento que elucida dúvidas 
advindas da leitura das suas pranchas de desenho, sendo instrumento de arbitragem nas 
eventuais dúvidas técnicas advindas da execução do objeto. 
Outro conceito amplamente aplicado à área e que também gera dúvidas quanto ao 
seu significado é o Memorial Justificativo. Alerte-se para o fato que esse documento é 
tão somente, como o próprio nome diz, um texto que justifica o projeto. Nele estará 
contida a exposição das razões pelas quais foram adotadas determinadas soluções e 
decisões de projeto, o porquê de se ter utilizado determinados materiais, traçados, 
dimensionamentos, etc., em detrimento de outras escolhas. O Memorial Justificativo é, 
portanto, a peça textual que explica o projeto. 
É importante que desse documento conste com clareza a explicação para os seguintes 
itens: 
Localização - Descrição sucinta do entorno (quando se tratar de projeto de edificação ou 
intervenção urbanística), e a forma como o objeto relaciona-se com ele, indicando as soluções 
adotadas para o tratamento dos ruídos, insolação, regime de ventos, etc.; 
 
Programa de necessidades - Identificação das razões que levaram o projetista a adotar determinada 
solução para os elementos do objeto. Exemplo: em um projeto que contenha um auditório, a 
explicação das razões pelas quais determinada forma foi adotada para tal auditório, a configuração 
da plateia, etc.; 
Planta baixa (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção urbanística) - Explicação 
para a distribuição funcional dos elementos, sua relação, ordenamento, integração, hierarquia, 
etc.; 
Volumetria - Descrição da forma como se obteve a solução plástica (quando se tratar 
principalmente de projeto de edificação), processo criativo, enfatizando procedimentos que foram 
adotados, tais como subtrações, adições, composição de cheios e vazios, luz e sombras, texturas 
e materiais, linhas predominantes, etc.; 
Tecnologia - Apresentação da escolha construtiva e suas vantagens. Descrição do benefício que 
será atingido com a opção pela forma de construção adotada, em relação à economia, ao 
desempenho, à rapidez de execução, etc. Exemplo: por que foi adotada a forma construtiva 
“estaiado para o projeto de um viaduto, em detrimento da forma “simplesmente apoiado”. 
 
O Memorial Justificativo não é item obrigatório na elaboração dos projetos (conforme 
ABNT NBR 16636-2:2017 – Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos 
especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – 
Parte 2: Projeto arquitetônico), e não é comumente adotado ou exigido nas contratações da 
Administração Pública. É imprescindível, no entanto, quando for adotada a modalidade de 
licitação “concurso”, que será abordada no próximotópico. 
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais 
indicada? 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Avaliar qual a melhor modalidade de licitação a ser adotada nos diferentes 
tipos de objeto. 
 
A Lei n° 10.520/2002 (institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de 
licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras 
providências) traz ainda a modalidade de pregão. 
Antes de abordarmos as formas de licitação, é importante comentarmos a formação 
do preço referencial no processo licitatório para a contratação de um projeto, item que 
fará parte do edital. 
Como já mencionado neste curso, a Administração Pública deve sempre ter o seu 
preço referencial para contratações. Isso é válido para projetos, obras e também para 
serviços continuados. Aplicam-se aos projetos e aos serviços continuados as 
determinações constantes da IN nº 5, de 27 de junho de 2014 (dispõe sobre os 
procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para a 
aquisição de bens e contratação de serviços em geral) da SLTI/MP. 
Naquela IN está determinada a seguinte sequência, em ordem preferencial, para a 
pesquisa de preços para contratação de serviços em geral: 
I - Portal de Compras Governamentais; 
II - Pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especializados ou de 
domínio amplo, desde que contenha a data e a hora de acesso; 
III - Contratações similares de outros entes públicos, em execução ou concluídos nos 180 
(cento e oitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços; 
IV - Pesquisa com os fornecedores. 
Outras formas de pesquisa também são possíveis, desde que devidamente justificadas 
pela autoridade competente, conforme disposto no parágrafo 3º do art. 2º: 
“§ 3° A utilização de outro método para obtenção do resultado da pesquisa de 
preços, que não o disposto no parágrafo 2°, deverá ser devidamente justificada pela 
autoridade competente”.21 
Essa possibilidade deve-se ao fato de que, pelo serviço de projeto ter a sua 
mensuração de forma subjetiva, por vezes é difícil encontrar referenciais criteriosos para 
a formação do seu preço. Deve-se considerar que, para um mesmo objeto, pode haver 
sensíveis diferenças de preços em função da escala, da área de edificação considerada etc. 
O item IV apontado pela IN SLTI/MP n° 5/2014 poderia, nesses casos, trazer maior 
segurança na formação do preço. Sua confiabilidade seria dada pela tomada de ao menos 
três orçamentos, de onde se deve tirar o preço médio. Ainda assim, nem sempre tal 
expediente traz resposta indiscutível à questão. Nesses casos, pode-se tomar como 
referência os preços das bases de dados dos órgãos de classe (CAU/BR, Confea/Crea, 
Sindicato dos Engenheiros, Sindicato dos Arquitetos etc.). 
Atualmente, está em fase de elaboração dentro da ABNT a NBR 16633 (Elaboração 
de orçamentos e formação de preços de empreendimentos de infraestrutura), dividida em 
quatro partes, por meio de projeto sob o mesmo nome. Com previsão de edição para o 
ano de 2018, esse conjunto de normas trará grande auxílio na análise e na formação dos 
preços referenciais para os serviços de projeto.22 
Analisada a questão da formação do preço referencial, é possível então avaliar as 
modalidades de licitação aplicadas aos tipos de objetos, já que, normalmente, o preço é 
um dos critérios para a sua escolha. 
Os limites definidos na Lei nº 8.666/1993 determinam a modalidade que deve ser 
adotada conforme o valor do objeto. Não se impede, no entanto, que se adote a 
modalidade cujo limite do valor que a define é elevado para licitações de limite de valor 
menor.23 Essa escolha, porém, deve levar em conta a racionalidade do próprio certame e 
o objetivo buscado, além da supremacia do interesse público, em que se deve considerar 
também o próprio custo do processo de licitação. 
Como resultado dessa busca pela racionalidade e otimização dos custos, muitas 
licitações para contratação de projeto vêm sendo contratadas na modalidade pregão. 
Sobre tal modalidade, devemos inicialmente analisar a sua aplicação, conforme 
definido na lei que a instituiu. O art. 1º da Lei nº 10.520/2002 assim determina: 
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação 
na modalidade de pregão, que será regida por esta lei. 
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste 
artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente 
definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado (BRASIL, 2002, 
grifo nosso).24 
A Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Orientação Normativa n° 54/2014, 
pondera: 
Compete ao agente ou setor técnico da Administração declarar que o objeto 
licitatório é de natureza comum para efeito de utilização da modalidade pregão e 
definir se o objeto corresponde a obra ou serviço de engenharia, sendo atribuição do 
órgão jurídico analisar o devido enquadramento da modalidade licitatória aplicável 
(BRASIL, 2014).25 
A dúvida recai sobre o fato de um projeto poder ser considerado ou não como serviço 
comum de engenharia. 
O auditor do TCU, André Mendes (2013, p. 149-152)26, argumenta, exemplificando 
a aplicação do conceito de serviços comuns de engenharia. Na opinião do autor, 
considerando como orientação a Lei nº 8.666/1993, para que as contratações de serviços 
de engenharia sejam exclusivamente com licitação dos tipos “melhor técnica” ou “técnica 
e preço”, seria inapropriado o uso da licitação do tipo “menor preço” para tais serviços, o 
que impediria também o uso da modalidade pregão, visto essa ter como critério de 
julgamento exclusivamente o menor preço. 
O autor continua, fazendo uma comparação entre um serviço notadamente comum 
de engenharia, a impermeabilização de uma laje de uma edificação e um serviço de 
projeto. Somente pelo fato de o projeto necessitar de um responsável técnico, ou seja, 
configurar-se como um serviço intelectual, não poderia ser classificado como serviço 
comum. Além disso, em um projeto, tomando-se como exemplo um projeto de 
arquitetura, não é possível definir objetivamente sua forma, aparência e características 
arquitetônicas finais, confirmando a impossibilidade de seu enquadramento como serviço 
comum. 
No entanto, conforme jurisprudência do TCU, por meio do Acórdão n° 601/2011 – 
TCU – Plenário, se houver entendimento de que o objeto final de uma licitação de projeto 
não terá diferença, independentemente de quem o fará, este pode ser classificado como 
comum: 
 (...) se o projeto ou estudo a ser obtido pela realização do serviço por uma 
empresa ou profissional for similar ao projeto desenvolvido por outra empresa, 
dotada com as mesmas informações da primeira, esse objeto, no caso “estudos e 
projetos”, pode ser caracterizado como “comuns”. Caso contrário, se a similaridade 
dos produtos a serem entregues não puder ser assegurada, o objeto é incomum 
(BRASIL, 2011).27 
Perceba a controvérsia que envolve a questão e que, diante da incerteza do caminho 
a seguir, muitos gestores acabam optando pela adoção dessa modalidade (pregão) para a 
contratação dos serviços de projeto, quando de pequeno vulto. Opta-se, dessa forma, pelo 
caminho mais seguro, se considerarmos a segurança jurídica. Perde-se, no entanto, pela 
qualidade do objeto ofertado, visto que o custo e a qualidade do projeto tendem a ser 
grandezas opostas, conforme demonstrado no tópico 2.1.2 deste módulo, por meio da 
figura 1, abaixo relembrada. 
 
É importante comentar que a modalidade “pregão” pode tornar-se antieconômicapara a Administração Pública, as chamadas licitações deficitárias, visto que há casos em 
que o desconto obtido em um certame com esse tipo de modalidade – comparando-se o 
preço contratado com o preço inicial dos lances (orçamento referencial da Administração) 
– não alcançou o gasto despendido com o contingente de mão de obra envolvido no seu 
procedimento. Estudos nesse sentido vêm sendo feitos pela Controladoria-Geral da União 
(CGU), que concluiu que 85% dos órgãos da Administração direta realizam pregões 
deficitários.28 
Para que se jogue mais luz sobre o debate, tome-se o posicionamento do Conselho 
de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e suas recentes ações quanto à adoção 
do pregão para a contratação de projetos pela Administração Pública. 
A unidade do CAU do estado do Rio Grande do Sul posicionou-se sobre o tema e 
tem alcançado repetidos êxitos nas ações judiciais ou ações de impugnação impetradas 
contra a modalidade pregão nesse tipo de contratação.29 
Deve ser considerado que, ainda que o serviço de projeto a ser contratado seja de 
pequeno vulto, o tipo de licitação a ser escolhido deve ser o de “técnica e preço” nas 
modalidades “concorrência” ou “tomada de preços”, no caso da RFB, por definição da 
Portaria RFB/Sucor/Copol n° 566/2011, no seu art. 11: 
Art. 11. Nos procedimentos licitatórios para contratação de elaboração de 
projetos, deverá ser adotada licitação do tipo técnica e preço, podendo ser adotada 
licitação do tipo menor preço para as contratações com custo estimado até R$ 
15.000,00 (quinze mil reais), sem prejuízo da faculdade legal de contratação direta 
por dispensa de licitação (BRASIL, 2011, grifo nosso).Sabe-se que contratações de 
projeto têm pouca representatividade numérica no universo de contratações da 
Administração Pública. Não traria ônus à supremacia do interesse público o maior 
dispêndio de tempo e de recursos humanos da Administração para essa forma de 
contratação (licitações nas modalidades que não sejam o pregão), frente ao benefício 
que se teria com o resultado final do objeto fruto de um bom projeto, conforme já 
mencionado nos tópicos 2.1.1 e 2.1.2 deste módulo. 
Para projetos de maior vulto, no entanto, a modalidade ideal é o concurso. Esse é o 
entendimento da academia e dos órgãos de classe da engenharia e arquitetura. 
Notadamente, os grandes projetos em nível mundial, aqui definidos grandiosos pela sua 
qualidade, destaque e importância, aliados à quintessência da manifestação artística e 
tecnológica, foram desenvolvidos por meio de concurso. 
Exemplos desses projetos são a Ópera de Sidney, Austrália (figura 6); o Plano Piloto 
da cidade de Brasília, Brasil (figuras 7 e 8); o Museu Guggenheim, Bilbao/Espanha 
(figura 9); o Estádio “Ninho de Pássaro”, Pequim/China (figura 10); e a remodelação da 
Estação Central de Trens, Berlim/Alemanha (figura 11). 
 
 
 
 
 
 
 
André Baeta, auditor federal de Controle Externo do TCU, em artigo publicado em 
novembro/2014 na revista “Infraestrutura Urbana”,30 defende a contratação de projetos 
pela modalidade concurso. Segundo o auditor, há vantagens para a Administração Pública 
quando desse tipo de contratação, abaixo transcritas: 
1) Com o concurso, contrata-se o melhor projeto, e não a melhor empresa. 
2) A Administração Pública sabe qual é o projeto que está comprando, visto que, ao 
receber as propostas, a contratante avaliará desenhos conceituais, memoriais etc., ainda 
em fase preliminar. 
3) O projeto é entregue no prazo, sem aditivos ou aumento de custos. 
4) Há aumento da competitividade entre as empresas projetistas. 
5) O melhor projeto é selecionado por especialistas da área. 
6) Há isonomia e impessoalidade na seleção do melhor projeto. 
Assim, considerando-se as questões apresentadas no debate em torno do tema, 
é possível concluir que há grande vantagem para a Administração Pública na 
escolha da modalidade concurso ou licitações do tipo “técnica e preço” para a 
contratação de projetos. 
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e 
coautores – Parte 1 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Reconhecer a proteção dos direitos autorais e a sua aplicação no âmbito do poder 
público como contratante. 
Surgida na Renascença, no início do século XIV, a questão dos direitos autorais trazia 
no seu conceito original a proteção aos editores, o que, na Inglaterra, foi chamado de 
copyright. Essa condição, fomentada pela então recente invenção da imprensa, tinha por 
objetivo garantir àqueles editores e livreiros a remuneração dos altos custos de impressão 
aos quais estavam submetidos, devido ao uso de gravuras (muito comuns nos primórdios 
da imprensa) ou outras informações adicionais. 
A proteção para os direitos do autor surgiria somente mais tarde, nos ares da 
Revolução Francesa, em oposição à condição protetiva inglesa, o que se chamou droit 
d’auteur. Essa condição trazia outra inovação: a divisão dos direitos em direitos 
patrimoniais e direitos morais, concedendo ao autor não só a proteção sobre a sua autoria, 
como também à propriedade da sua obra.31 
No Brasil, a legislação sobre direitos autorais teve início ainda no período imperial, 
por meio da edição de normas vinculadas à proteção de obras jurídicas, com a criação dos 
primeiros cursos de direito, com alguma evolução ao longo do período republicano e sua 
consolidação, por meio da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, que reunia a 
legislação sobre o tema. 
Na Constituição da República de 1988 surge, pela primeira vez em um texto 
constitucional, a proteção dos direitos de autor como uma garantia individual. Vejamos o 
seu art. 5º: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, 
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) 
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução 
de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar (BRASIL, 
1988).32Dez anos depois é editada a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que revoga 
a lei de 1973 sobre o tema e que está em vigor atualmente, com recente alteração pela Lei 
nº 12.853, de 14 de agosto de 2013, incluindo a gestão coletiva dos direitos autorais, as 
duas regulamentadas pelo Decreto nº 8.469, de 22 de junho de 2015. 
No âmbito da Administração Pública e sua relação com os autores, aqui enfatizados 
os autores de obras intelectuais de projetos, um dos temas no nosso curso, é limitada a 
possibilidade de transferência daqueles direitos. Como contratante, a Administração tem 
a possibilidade de transferência para si apenas da parte relativa aos direitos patrimoniais 
do autor. 
Para tratarmos a questão, é necessário primeiramente que entendamos a divisão dos 
direitos autorais. 
Conforme a Lei nº 9.610/1998, esses dividem-se em patrimoniais e morais, a 
exemplo das primeiras manifestações do modelo legislativo francês sobre o tema. O seu 
art. 22 diz que ambos os direitos pertencem ao autor da obra intelectual. 
O direito moral, inalienável e irrenunciável, por tratar-se de direito que protege a 
criação de espírito, não pode ser transferido, e confere, ao autor, as seguintes 
prerrogativas, dadas no art. 24 da Lei n° 9.610/1998: 
Art. 24. São direitos morais do autor: 
I – o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; 
II – o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como 
sendo o do autor, na utilização de sua obra; 
III – o de conservar a obra inédita; 
IV – o de assegurar a integridade da obra, opondo-sea quaisquer modificações ou à 
prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em 
sua reputação ou honra; 
V – o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; 
VI – o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já 
autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e 
imagem; 
VII – o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente 
em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou 
audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível 
a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe 
seja causado (BRASIL, 1988).33 
Para os incisos V e VI, são ressalvadas as indenizações aos terceiros atingidos: “§ 3º 
Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias indenizações a terceiros, quando 
couberem” (BRASIL, 1998). 
O art. 26 traz importante informação: 
Art. 26. O autor poderá repudiar a autoria de projeto arquitetônico alterado sem o seu 
consentimento durante a execução ou após a conclusão da construção. 
Parágrafo único. O proprietário da construção responde pelos danos que causar ao 
autor sempre que, após o repúdio, der como sendo daquele a autoria do projeto repudiado 
(BRASIL, 1998). 
Esse comando limita, portanto, a discricionariedade do contratante quanto à 
alteração da obra intelectual, e deve ser muito bem observado pela Administração 
Pública, aqui enfatizados os projetos contratados pelo poder público, sob pena de 
gerar ao autor, em eventuais alterações do objeto, o direito a indenizações. 
O segundo grupo de direitos do autor são os patrimoniais, relativos à propriedade da 
obra. Vejamos o que diz a Lei nº 9.610/1998 quanto a essa questão: 
Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, 
artística ou científica. 
Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por 
quaisquer modalidades, tais como: (...) 
X – quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser 
inventadas (...) 
Art. 37. A aquisição do original de uma obra, ou de exemplar, não confere ao 
adquirente qualquer dos direitos patrimoniais do autor, salvo convenção em contrário 
entre as partes e os casos previstos nesta lei (BRASIL, 1998). 
A leitura dos artigos acima indica a necessidade de transferência daqueles direitos 
patrimoniais pelo autor ao adquirente, para que esse possa fazer a utilização e o usufruto 
da obra. 
Quanto a isso, há previsão expressa na Lei nº 9.610/1998: 
Art. 49. Os direitos de autor poderão ser total ou parcialmente transferidos a terceiros, 
por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular, pessoalmente ou por meio 
de representantes com poderes especiais, por meio de licenciamento, concessão, cessão 
ou por outros meios admitidos em direito, obedecidas as seguintes limitações: 
I – a transmissão total compreende todos os direitos de autor, salvo os de natureza 
moral e os expressamente excluídos por lei; 
II – somente se admitirá transmissão total e definitiva dos direitos mediante 
estipulação contratual escrita (BRASIL, 1998). 
Assim, é necessário que a Administração Pública, como adquirente do direito 
patrimonial do autor (por meio da devida remuneração pela obra adquirida), faça constar 
no edital da licitação cláusula expressa, conforme demonstrado no inciso II do art. 49 da 
Lei n° 9.610/1998. 
Veja que, diante do que estabelece aquela lei, é importante também o cuidado 
da Administração Pública quanto à eventual alteração do objeto contratado. Na 
execução de obras, a partir da contratação de um Projeto Básico, conforme 
permitido pela Lei n° 8.666/1993, deve ser observado com elevado critério a 
elaboração do Projeto Executivo concomitante à obra, também autorizado pela 
referida lei. O Projeto Executivo em questão – com o significado que tem – já 
discutido no tópico 1.1.2, do Módulo 1 deste curso, deve configurar-se em mero 
detalhamento complementar, jamais podendo alterar a concepção original dada no 
Projeto Básico. 
Alterações naquela concepção geram a possibilidade de o autor buscar indenizações 
ou mesmo reparação judicial contra a ofensa ao seu direito moral. 
A coautoria, por conseguinte, é instituto que prevê a assunção da paternidade 
de uma obra artística ou trabalho técnico por dois ou mais autores. A sua 
manifestação é direta, por meio do acordo entre os participantes quando da 
composição do objeto, em que cada um dos autores contribui com a sua ideia na 
elaboração do intento, trazendo como resultado ideia única da combinação dessas. 
Os coautores têm igual peso na responsabilidade pelo objeto constituído e também 
iguais direitos. 
Essa é uma das razões pelas quais se deve tomar cuidado quando da revisão dos 
projetos contratados pela Administração Pública por meio da elaboração do Projeto 
Executivo concomitante à obra. Essa também é uma das razões para a contrariedade dos 
conselhos de classe (CAU/BR e sistema Confea/Crea) quanto a essa prática. 
Permitida pela Lei nº 8.666/1993, no seu art. 7º, essa condição prevê a possibilidade 
de complementação do Projeto Básico por meio do chamado Projeto Executivo, que pode 
vir a transfigurar o objeto original, o que se caracterizaria uma clara afronta ao direito 
autoral. 
Lembre-se de que a Lei nº 8.666/1993, conforme já exposto neste curso, no tópico 
1.1.4, traz confusão nos conceitos de Projeto Básico e Projeto Executivo. Para que se 
afaste o risco de ofensa à autoria do projeto, a ação permitida para o momento da 
obra, em relação à revisão do projeto, deveria ser tão somente a de detalhamento 
complementar. Essa complementação teria apenas o caráter de esclarecimento da 
ideia advinda do projeto original (o Projeto Básico da licitação) eventualmente não 
detalhada, ou que possa ter gerado dúvida quanto à sua forma de execução, 
preservando a autoria do objeto, impedindo o risco de desobediência ao direito 
autoral e, desta forma, dando segurança à conduta do gestor do contrato. 
2.2 Como receber um projeto de edificações? 
2.2.1 O recebimento do projeto: o que deve ser observado? 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Indicar a necessidade de verificação das normativas técnicas e demais 
normativas legais citadas no projeto, sua vigência, a data da sua edição etc. 
Nos processos licitatórios, o edital de licitação e o seu Termo de Referência ou 
Projeto Básico são os elementos que definem os procedimentos para as contratações da 
Administração Pública. Dessa forma, ao ser recebido o projeto, toma-se como primeira 
ação do gestor a necessidade de análise do objeto quanto à observância das diretrizes 
expostas no Termo de Referência ou Projeto Básico do edital. 
Nessa ocasião, a revisão deve pautar-se na observação do atendimento ao programa 
de necessidades, à legislação, às diretrizes técnicas e aos objetivos expostos naquela peça 
processual. 
Simultaneamente a essa revisão preliminar, o gestor mergulhará na documentação do 
projeto para a identificação do atendimento aos itens de entrega obrigatória para o tipo de 
objeto. A relação desses itens deve sempre estar expressa no Termo de Referência ou 
Projeto Básico para que o gestor tenha a legitimidade na sua cobrança. Para a sua 
elaboração, no momento da montagem do edital, a Administração deve fazer constar as 
orientações das normas técnicas, a bibliografia sobre o assunto e as determinações dos 
conselhos profissionais. 
Complementarmente, e como rica fonte de consulta, pode-se observar as orientações 
do TCU, por meio da Portaria da Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex)nº 33, 
de 7 de dezembro de 2012, no seu item I.1.2.1 e no seu Anexo II. 
Os elementos mínimos a serem apresentados para o projeto de uma edificação de 
porte médio, conforme esse item da portaria, são: 
a) Levantamento topográfico; 
b) Sondagens; 
c) Projeto arquitetônico; 
d) Projeto de terraplanagem; 
e) Projeto de fundações; 
f) Projeto estrutural; 
g) Projeto de instalações hidrossanitárias; 
h) Projeto de instalações elétricas; 
i) Projeto de instalações telefônicas; 
j) Projeto de instalações de detecção e alarme e de combate a incêndio; 
k) Projeto de instalações lógicas; 
l) Projeto de instalações de climatização e ventilação mecânica; 
m) Projeto de instalação de transporte vertical. 
O conjunto de documentos do projeto deve contemplar as peças gráficas (pranchas 
de projeto), com a indicação da sua revisão e data, o Caderno de Encargos, o cronograma 
físico-financeiro e o orçamento detalhado, com a indicação da data-base para os preços 
tomados. 
No Caderno de Encargos, deve estar descrita a lista das pranchas de desenho 
integrantes do projeto, com a sua revisão e data. No cronograma físico-financeiro e no 
orçamento detalhado deve ser mostrado o título do projeto para a sua fácil identificação. 
As pranchas de desenho devem ser apresentadas dentro das normas da ABNT, condição 
que deve estar expressa no edital. Essa condição vale também para o Caderno de 
Encargos. Esse documento, conforme o tamanho do objeto, atinge o volume de 400 
páginas ou mais, razão pela qual deva ser apresentado com sumário. Recomenda-se que 
o sumário siga a mesma sequência numérica que será apresentada na planilha 
orçamentária, o orçamento detalhado. Essa forma de ordenação não somente torna mais 
coesa a informação apresentada pelo autor do projeto, como possibilita a facilitação do 
trabalho futuro do executor da obra e, principalmente, do seu fiscal. 
Para a conferência da documentação entregue, o gestor do contrato pode valer-se da 
adoção de lista de checagem, documento que poderá ser anexado ao processo. As 
observações quanto ao recebimento do objeto devem ser registradas em relatório de 
análise, que servirá de documento de comunicação com a licitante e também será 
integrado ao processo. 
Deve também ser observada pelo gestor do contrato a indicação da data de 
edição das leis ou normas técnicas referenciadas pelo autor do projeto. É comum a 
citação de normas técnicas sem vigência ou que tenham sido substituídas por outras 
normas, mais atualizadas, bem como a referência a leis que tenham sido revogadas. 
Esse é um dos principais erros cometidos nos projetos, assunto que será retomado 
em tópico deste módulo. 
2.2.2 A responsabilidade do gestor de contrato 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Enfatizar a responsabilidade do gestor do contrato de elaboração do projeto frente 
ao objeto entregue, em relação a soluções, quantitativos, custos etc. 
Na Administração Pública, o gestor de contrato responde solidariamente pelos danos 
causados à Fazenda Pública (arts. 25, 50 e 71 da Lei n° 8.666/1993) ou por atos praticados 
no exercício das suas funções (arts. 121 e 122 da Lei nº 8.112/1990). Vejamos os 
exemplos: 
Art. 25. (...) 
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se 
comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à 
Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público 
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis (BRASIL, 1993, art. 25, 
§ 2º). 
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício 
irregular de suas atribuições (BRASIL, 1990, art. 21).34 
Perceba que as ações dos agentes públicos devem, portanto, estar sempre amparadas 
em normativas legais que as legitimem. Essa condição estende-se às ações de contratação 
e recebimento de um objeto, aqui especificamente tratado o projeto. A mesma observação 
aos critérios legais que deve ter o gestor de contrato quando da elaboração dos editais de 
contratação deve ser aplicada quando do recebimento do projeto e da sua consequente 
revisão e aceitação. 
Jurisprudência recente do TCU traz o entendimento da matéria por aquela corte. 
Vejamos o que dizem os acórdãos: 
1. A aprovação de Projeto Básico inadequado, com grandes implicações nos custos 
e prazos de execução do empreendimento, reveste-se de gravidade suficiente para 
justificar a apenação pecuniária do gestor responsável e a sua inabilitação para o exercício 
de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública 
Federal (BRASIL, 2015).35 
1. A aprovação de Projeto Básico que não atenda ao disposto no art. 6º, inciso IX, e 
no art. 12 da Lei 8.666/1993 pode ensejar a responsabilização dos pareceristas da área 
técnica que endossaram o projeto. 
(...) Ressaltou o relator não ser “essa a conduta que se esperava dos pareceristas do DEG, 
que poderiam ao menos ter questionado a empresa projetista acerca dos parâmetros 
utilizados para elaboração do projeto, efetuando estudos comparativos com outras obras 
semelhantes e de mesmo porte” e, no tocante ao volume de concreto das estruturas, “a 
conferência da memória de cálculo da empresa projetista ou dos levantamentos realizados 
pela licitante poderia atestar com precisão a necessidade de eventuais ajustes no projeto”, 
mas, ainda que formalmente avisados das supostas falhas no projeto, os pareceristas não 
tomaram as medidas adequadas para sanar as pendências. Enfatizou ainda o relator que, 
além dos expressivos acréscimos verificados no custo da obra, “a deficiência do Projeto 
Básico trouxe um atraso de quase um ano no andamento do empreendimento em vista das 
negociações que pautaram a celebração do primeiro termo aditivo”. Por isso, no voto que 
veio a ser aprovado pelo Colegiado, propôs aplicação da multa prevista no art. 58, inciso 
II, da Lei 8.443/1992, individualmente a cada um dos pareceristas, e o acolhimento das 
razões do diretor de engenharia, que assinara o contrato amparado no parecer técnico 
(BRASIL, 2016).36 
Analisando-se os pressupostos legais citados, percebe-se claramente a 
responsabilidade do gestor quanto aos seus atos administrativos. Essa estende-se por 
consequência às questões específicas da sua função e habilitação, por meio da escolha das 
soluções técnicas a serem adotadas na elaboração do objeto – o projeto, por exemplo – e 
a criteriosa análise daquelas soluções propostas pelos projetistas. Essa condição está 
amplamente amparada no Acórdão nº 915/2015 – TCU – Plenário, acima citado, visto 
que dada a discricionariedade do gestor de contrato na aprovação do projeto, pode-se 
configurar a desobediência aos princípios da economicidade e da razoabilidade. 
Por todas as razões citadas, ainda que a Administração Pública contrate o projeto ou 
a obra com profissional ou empresa qualificados e habilitados, ou que tenha igualmente 
o assessoramento técnico de empresa ou profissional habilitados e qualificados, é também 
de sua responsabilidade qualquer erro formal, imperícia ou negligência, por meio dos seus 
agentes públicos. Essa condição confirma a ideia de que é altamente recomendável que 
os órgãos públicos que tenham no seu organograma setores responsáveis pela contratação 
de projetos, obras ou quaisquer serviços de engenharia, contem com profissionais 
legalmente habilitados e com constante processo de qualificação. 
No âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRF), do MF, a Portaria 
RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de novembro de 2011 – dispõe sobre os procedimentos 
relativos à elaboração de Projetos Básicos e Executivos, bem como à execução de obras, 
serviços de engenharia, reparos e adaptações no âmbito da SRF – determina o seguinte, 
no art. 3º, parágrafo1º, do seu Anexo I: 
Art. 3º Após a definição do Programa de Necessidades deverá ser elaborado o 
anteprojeto. Este documento constitui a configuração inicial da solução arquitetônica para 
a obra, considerando as principais exigências contidas no Programa de Necessidades. 
§ 1º O anteprojeto, sempre que possível, deverá ser elaborado por servidor 
devidamente habilitado do Ministério da Fazenda, preferencialmente da Secretaria da 
Receita Federal do Brasil (BRASIL, 2011). 
2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na 
apresentação de projetos 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Identificar os erros mais comuns observados nos projetos; 
• Reconhecer a consequência gerada pelo recebimento de um projeto com 
deficiência na sua representação gráfica e os prejuízos daí advindos. 
Você sabia que o desenho de projetos, que resulta na sua representação gráfica, 
assume notadamente dupla função? 
A primeira está diretamente ligada ao processo criativo, à geração da ideia, ao 
significado e ao teste das possibilidades, tema tratado dentro do campo da semiótica e 
intensamente desenvolvido por autores dedicados ao estudo do pensamento complexo. 
Nessa ação, a forma de representação certamente terá influência sobre o resultado 
final, condicionando inclusive a fluidez das ideias do projetista. A escolha do instrumento 
de representação gráfica condicionará a síntese do seu pensamento criativo e o sucesso 
da intenção de projeto.37 Não nos deteremos nessa questão neste curso; ela é citada apenas 
como referência ao potencial apresentado pelos diversos instrumentos de representação 
gráfica. 
A segunda função remete à comunicação, como o próprio nome demonstra, à correta 
representação da intenção do seu autor. Melhor comunicação haverá entre o comunicante 
do projeto (o seu autor) e o seu leitor, quanto maior for a precisão e a correção da 
representação. 
Bertin (1986)38 esclarece essa condição por meio da relação da ação inventiva das 
ideias, com a sua representação: 
ETAPAS DA DECISÃO REPRESENTAÇÃO GRÁFICA 
• Definir o problema; 
• Construir o quadro de dados. 
• Análise matricial do problema 
(definição de questões). 
• Adotar uma linguagem de tratamento; 
• Tratar os dados categorizando os dados 
exaustivos. 
• Tratamento gráfico da informação 
(descobrir as respostas). 
• Interpretar para decidir e para comunicar 
os dados simplificados. 
• Representação gráfica de 
comunicação (comunicar as 
respostas encontradas). 
Observando-se o quadro acima, percebe-se a complexidade do processo que resulta 
na correta representação gráfica do objeto. Assim, o desenho final deverá ser esclarecedor 
da intenção do seu autor, sob pena de falhar na comunicação do objetivo pretendido. 
Durante muito tempo a representação gráfica teve por objetivo apenas o registro dos 
objetos. A partir do século XV, iniciou-se a transformação da forma comunicativa, 
incorporando ações criteriosas de análise qualitativa do objeto representado por meio da 
riqueza de elementos dos instrumentos da sua representação. Essa mudança deu-se por 
intermédio de Filippo Brunelleschi, arquiteto italiano da Renascença, e a potencialidade 
comunicativa dos seus desenhos e esboços. Ao vencer o concurso para o projeto da cúpula 
da Catedral Santa Maria Del Fiore, em Florença, Brunelleschi utilizou instrumentos de 
representação gráfica que mostravam notável compreensão do funcionamento estrutural 
da cúpula e a criteriosa análise do sistema construtivo, por meio da representação 
figurada.39 
 
 
Na mesma época, Leon Battista Alberti, arquiteto e pintor italiano renascentista, 
complementando o trabalho iniciado por Brunelleschi, assinalou outro marco na 
arquitetura e na engenharia, utilizando na representação de seus desenhos a análise 
científica da perspectiva, o que consolidou a forma de apresentação de perspectivas 
utilizadas atualmente, as perspectivas cônicas. 
 
A ABNT apresenta a NBR 6294/1994, atualmente em revisão, como normativa para 
a representação gráfica em projetos de arquitetura. Muito embora específica para essa 
disciplina, por analogia pode-se adotá-la como orientação para a representação gráfica de 
todas as demais disciplinas que concorrem para o projeto de uma edificação (estrutural, 
elétrico, ar condicionado, hidrossanitário, etc.). Essa norma determina a correta forma de 
apresentação do projeto de arquitetura, por meio da escolha das linhas de representação, 
dos elementos mínimos necessários, do formato das pranchas de desenho, das técnicas de 
representação, etc. 
Compete ao gestor de contrato a exigência de atendimento a tal norma quando da 
contratação dos projetos da Administração Pública. 
A incorreção e a imprecisão na representação gráfica dos projetos contratados 
podem possibilitar erros de interpretação dos desenhos por parte das licitantes, e, 
com isso, permitir conclusões equivocadas quanto à técnica construtiva ou em 
relação aos quantitativos do projeto, refletindo diretamente na formação do preço 
da obra. 
Os principais erros de representação gráfica encontrados nos projetos são: (vídeo 
explicativo no portal) 
1. Não correspondência entre o corte do desenho e a sua marcação em planta baixa. 
Essa condição pode levar à interpretação errada do comando construtivo quando da 
execução da obra, onerando o seu custo pela necessidade de correção (demolições e 
ajustes), quando detectada pelo fiscal. 
2. Não correspondência entre a legenda e os desenhos do projeto. Essa situação pode 
causar, nos projetos de instalações, a interpretação errada dos tipos de elementos 
(tubulações, fiação etc.), ocasionando a quantificação equivocada de materiais. 
3. Cotagem errada dos elementos de desenho, o que pode levar à incorreta 
interpretação das medidas e à consequente execução equivocada da obra ou quantificação 
de materiais. 
4. Erro na representação das linhas de desenhos, especialmente nos cortes e vistas, 
ocasionando a interpretação incorreta dos elementos e levando à execução em desacordo 
com o projeto, o que gera a necessidade de demolição e nova execução, onerando o custo 
da obra. 
5. Falta de indicação das bitolas das tubulações nas instalações hidrossanitárias, em 
plantas baixas, ou sua indicação parcial. Essa situação gera dúvidas quanto às bitolas 
corretas, de acordo com o trecho e a hierarquia da rede, levando à eventual quantificação 
errada das diferentes bitolas. 
A figura demonstra a falta de informação quanto ao diâmetro da tubulação da 
instalação de chuveiros automáticos para prevenção de incêndio no seu trecho terminal, 
o que gera a dúvida sobre qual é o diâmetro correto que deve ser adotado. 
 
Perceba, portanto, caro aluno, que muito mais do que uma forma simplificada de 
registro das intenções de projeto, a representação gráfica tem importante função, por ser 
a ação responsável principalmente pela comunicação e pelo consequente entendimento 
da ideia a ser transmitida. Projetos, muitas vezes simplificada e depreciativamente 
chamados de meros “desenhos”, especialmente por leigos, são, na verdade, complexas 
ações de desenvolvimento e manifestação das intenções e ideias do seu autor, podendo 
condicionar o sucesso ou o fracasso do seu objeto. 
2.3 Coordenando um projeto de edificações 
2.3.1 A coordenação do projeto de edificações 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Observar a interdependência dos projetos que compõem uma edificação, a 
interferência de um projeto em outro e as consequências das decisões isoladas. 
Dentro da atividade de projeto, a coordenação assume condição de destaque, 
configurando-se em uma das iniciativas de maior importância a partir do seu projetista.Nos editais da Administração Pública para a contratação desse tipo de serviço, a 
coordenação de projetos deve estar listada como uma das atividades que comporão o 
serviço prestado e que deve ser tratada com ênfase, dada a sua importância. A despeito 
da discussão jurídica existente entre os conselhos profissionais (Sistema Confea/Crea e 
CAU/BR)40 sobre a legitimidade para o desenvolvimento dessa atividade, saiba que a sua 
responsabilidade é exclusiva daquele profissional que concebe o projeto. Assim, espera-
se que, nos projetos desenvolvidos por engenheiros, a sua coordenação a eles seja 
vinculada, e que nos projetos desenvolvidos por arquitetos imponha-se a mesma lógica. 
Naturalmente, nos projetos relacionados à infraestrutura (pontes, estradas, barragens 
etc.), normalmente desenvolvidos por engenheiros, estes também assumirão a figura de 
coordenadores. 
Por outro lado, nos projetos de edificações, normalmente desenvolvidos por 
arquitetos, a responsabilidade recai sobre tais profissionais. 
Este curso não tem por objetivo acalorar a polêmica sobre as competências 
privativas ou compartilhadas de tais profissionais, mas é importante esclarecer a 
necessária atuação do responsável pelo projeto, seja ele arquiteto, seja engenheiro, 
na sua coordenação. Afinal, a coordenação do projeto garantirá a sua qualidade e 
somente o seu criador, que o concebe, tem condições plenas de tomada de decisões 
sobre a sua forma de elaboração. Ainda que essa atividade possa ser desenvolvida 
por outro profissional, dos quadros do órgão público, ou contratado para tal, na 
forma de atividade de revisão do projeto, é incomparável o domínio do processo pelo 
seu projetista. 
Mas o que é a coordenação do projeto? 
Para responder a essa questão, deve ser inicialmente entendido como um projeto é 
concebido. Especialmente em projetos de arquitetura, a soma das variáveis envolvidas 
apresenta questões de ordem formal (formas arquitetônicas), teórica (teorias de 
arquitetura), estética, análise de estruturas (sustentação do edifício, no caso de 
edificações), análise de instalações (subdisciplinas como instalações elétricas, 
hidrossanitárias, de climatização e ventilação mecânica etc., no caso de edificações) e 
completa normativa técnica e legal aplicada ao campo de atuação. Para consolidar todas 
essas variáveis há várias formas de abordagens, o que requer a atuação do coordenador, 
em um processo de grande complexidade.41 A coordenação é então o teste contínuo e 
sistemático de integração, interdependência e consolidação de influências dessas 
variáveis, de forma a buscar o melhor resultado possível na concepção final do objeto. 
Dada a ideia acima, conclui-se que o profissional legítimo para a ação de 
coordenação do projeto deve efetivamente ser o seu criador. Comumente confundida com 
gerenciamento de projetos, a coordenação representa atividade inerente ao processo 
criativo e não pode ser delegada. Enquanto o gerenciamento atua no controle de prazos e 
processos, promovendo a intermediação entre os profissionais ou as atividades envolvidas 
na elaboração de um projeto, a coordenação promove a integração do projeto, é inata do 
seu processo e exclusiva do seu agente. 
A falta da coordenação nos projetos possibilita o surgimento de lacunas ou questões 
não respondidas, que resultam na imprevisão de soluções, acarretando o incremento dos 
custos da execução das obras dele advindas. Na Administração Pública, cujo roteiro a ser 
seguido encontra variadas regras e procedimentos, a falta dessa iniciativa causa prejuízos 
financeiros significativos. Uma boa coordenação de projetos a partir do seu projetista 
minimiza a necessidade de revisão dos projetos por parte do órgão público, economizando 
tempo e mão de obra. Minimiza também os erros de orçamento, visto que a coordenação 
identifica incompatibilidades que possam existir entre as diversas subdisciplinas 
integrantes de um projeto. 
Finalmente, e não menos importante, pode-se dizer que a coordenação do projeto 
atua no resultado formal e estético do objeto, ao controlar as interferências intrínsecas do 
processo projetivo, de uma disciplina em outra, cuja falta de controle poderia condenar a 
beleza, a funcionalidade e o desempenho do produto final. 
A atuação do projetista não se limita, então, ao domínio da sua especialidade. A sua 
responsabilidade estende-se à amarração das informações que consolidem o objetivo 
pretendido, representado pelo objeto de arquitetura ou engenharia, seja ele uma 
edificação, seja elemento de infraestrutura urbana ou viária. 
Ao arquiteto, desenvolvedor do projeto de arquitetura de uma edificação, cabe a 
tomada de decisão, assessorado pela sua equipe de projetistas complementares, sobre o 
sistema ideal de condicionamento do ar, alimentação de água fria ou quente, esgoto pluvial 
e sanitário, elementos estruturais ou qualquer outra infraestrutura que integre o objeto. 
 
Ao engenheiro, desenvolvedor de um projeto de infraestrutura urbana ou viária, cabe 
a tomada de decisão, igualmente assessorado pela sua equipe de projetistas 
complementares, sobre o sistema ideal a ser adotado pelas demais disciplinas que integrem 
aquele projeto. 
 
Nos dois casos, os únicos profissionais que têm plenas condições de dar as melhores 
soluções globais e integradas para o produto final são os responsáveis pela sua concepção, 
pois somente eles detêm com clareza a ideia formal sobre o objeto desenvolvido. 
 
2.3.2 A compatibilização dos projetos 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Distinguir o conceito de projeto (desenhos, orçamento e Caderno de 
Especificações); 
• Reconhecer a necessidade de uma análise completa de todos os 
documentos que compõem um projeto e a sua inter-relação. 
No tópico anterior, procurou-se identificar o conceito de coordenação de projetos, 
examinando as ações envolvidas no processo criativo do projeto e a sua distinção do 
conceito de gerenciamento de projetos, atividade que atua notadamente no controle dos 
processos, prazos e intermediação dos atores envolvidos na elaboração de um projeto. Por 
ser termo de amplo significado, o gerenciamento de projetos aplica-se a várias áreas do 
conhecimento humano, e não somente à construção civil. 
A compatibilização de projetos, seguindo-se tal linha de raciocínio, pode ser 
entendida como um nível mais específico de atuação do projetista na elaboração do seu 
projeto. Os termos “coordenação” e “compatibilização” de projetos têm conceitos 
similares, muitas vezes se confundindo. O primeiro, no entanto, é mais abrangente, 
conforme apresentado no tópico anterior. A compatibilização de projetos dedica-se a um 
nível mais imediato da sua análise e está refletida principalmente na sua representação 
gráfica e nas suas interferências. 
Note-se que, na apresentação desses conceitos (coordenação, gerenciamento e 
compatibilização de projetos), a figura do projetista toma grande importância. A 
Administração Pública como gestora do contrato (conceito apresentado no tópico 2.2.2 
deste módulo) tem a responsabilidade sobre o projeto, pelo qual responde, 
subsidiariamente, a projetista, sendo inclusive passível de denúncia por órgão de auditoria 
ao conselho profissional, quando da sua má atuação e quando causadora de prejuízos à 
Administração. 
O projeto de uma edificação (ou de elemento de infraestrutura urbana ou viária) é 
composto obrigatoriamente de alguns elementos, a saber: os desenhos gráficos, o Caderno 
de Encargos e a planilha orçamentária com cronograma físico-financeiro. 
É recorrente o entendimento, especialmente pelos leigos, de que um projeto é 
representado pelo conjunto de pranchas de desenho que o representam. Muitas vezes 
equivocadamentechamadas de “plantas”, as folhas integrantes desse conjunto são apenas 
o item “desenhos gráficos” do pacote do projeto. A esse somam-se o documento 
descritivo da sua materialização (Caderno de Encargos) e os documentos quantificadores 
e formadores de preço do seu objeto (planilha orçamentária e cronograma físico-
financeiro). Cada um desses elementos deve estar perfeitamente integrado aos demais, 
sendo obrigação precípua do projetista a sua coesão, coerência e consolidação. 
Subsidiariamente compete à Administração Pública, por meio do gestor de contrato, a 
completa revisão desses elementos para a verificação da sua integração. 
A compatibilização de projetos deficiente promove a dúvida sobre a decisão a ser 
tomada, na eventualidade de contradição de informações entre os documentos de um 
mesmo projeto, podendo gerar prejuízos financeiros à Administração Pública. Um mesmo 
item do projeto deve ter idêntica especificação nas pranchas de desenho, no Caderno de 
Encargos e na planilha orçamentária, e essa consolidação é obrigação do projetista, o 
autor e criador do projeto. 
Ao gestor do contrato, arquiteto ou engenheiro, é obrigatória a revisão desses 
elementos para que se identifiquem eventuais incompatibilidades de informações, 
tornando-se essa uma responsabilidade solidária, em jurisprudência pacificada 
pelos Tribunais Superiores e órgãos de controle, conforme já demonstrado ao longo 
deste curso. Caso ocorra tal situação, deve ser gerado relatório ao projetista, para 
que este promova as devidas correções e esclareça as dúvidas e contradições. 
Na hipótese de não identificação de incompatibilidades existentes nesse conjunto de 
documentos no momento da contratação do projeto e após o seu aceite, caberá ao fiscal 
da obra, durante a execução, a mediação da solução, buscando sempre o esclarecimento 
das dúvidas junto ao projetista. Eventuais alterações em quantitativos e valores daí 
advindos deverão ser realizadas. 
Dentro do conjunto das pranchas de desenho, os seus diversos elementos gráficos 
devem igualmente apresentar coerência e relação entre si. Essa condição, tratada no 
tópico 2.2.3 deste módulo, evita o surgimento de dúvidas por eventuais informações 
desencontradas que possam haver entre os diversos desenhos integrantes do conjunto de 
pranchas gráficas. Erros dessa ordem são muito comuns nos projetos da construção civil, 
em função da falibilidade do procedimento de composição de desenhos pelo método 
atualmente adotado, o uso de softwares de CAD (Computer Aided Design – ou Projeto 
Assistido por Computador). A necessidade de geração dos seus diversos elementos em 
momentos distintos muitas vezes possibilita esse desencontro de informações. As novas 
tecnologias, especialmente o conceito BIM, trazem alto grau de precisão na produção 
integrada dos diversos desenhos de um projeto, assunto que será tratado no tópico 2.3.4. 
Os elementos “Caderno de Encargos” e “planilha orçamentária”, tanto quanto 
possível, devem ter estrutura de organização similar. Assim, a listagem dos itens da 
planilha orçamentária deve buscar obedecer à distribuição dos itens trazida no sumário 
do Caderno de Encargos, com numeração sequencial hierarquizada para os diversos 
elementos do projeto. 
2.3.3 O “projeto-mãe” em projetos de edificações 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Identificar a importância do projeto de arquitetura no projeto de 
edificações, como referência para todos os demais projetos. 
Como você já pôde ver em tópicos anteriores, o projeto de uma edificação envolve 
um grande número de disciplinas de acordo com as instalações específicas que serão 
necessárias no edifício. Como também já destacado, esses projetos devem guardar estreita 
e coerente relação entre si. 
Em um edifício de porte médio, convencional, com vários pavimentos, destinado a 
escritórios ou instalações administrativas, no atual estágio da construção civil, serão 
necessários os seguintes projetos, minimamente: 
• Projeto de arquitetura; 
• Projeto estrutural (concreto armado, metálico ou madeira); 
• Projeto de instalações hidrossanitárias (água fria e/ou quente, esgoto 
sanitário, esgoto pluvial, água de reúso); 
• Projeto de instalações elétricas (tomadas, pontos de força e iluminação); 
• Projeto de instalações de rede lógica (dados e voz); 
• Projeto de instalações de CFTV (circuito fechado de televisão); 
• Projeto de controle de acesso; 
• Projeto de instalações de climatização e ventilação mecânica; 
• Projeto de prevenção e proteção contra incêndios (sistemas passivos e 
ativos – saídas de emergência, iluminação de emergência, hidrantes, chuveiros 
automáticos etc.); 
• Projeto de elevadores; 
• Projeto de GMG (grupo motogerador); 
• Projeto de urbanização e paisagismo. 
E ainda, conforme o detalhamento do projeto: 
• Projeto de esquadrias; 
• Projeto de revestimento de fachadas; 
• Projeto de cogeração de energia; 
• Projeto de tratamento de efluentes. 
Essas disciplinas, com seus desenhos finalizados integrando o conjunto impresso 
da documentação de projeto, da forma como é praticado atualmente, resultam em 
centenas de pranchas de desenho, chegando facilmente a 500 pranchas, nos formatos 
A1 ou A0, para edifícios de médio porte (dez pavimentos, com área construída entre 
20.000 e 30.000 m²). Esse complexo conjunto de desenhos tem como ordenador 
inicial o projeto de arquitetura. Embora tal informação possa parecer óbvia, é 
comum a sua incompreensão, em que se verifica muitas vezes a adoção da premissa 
errada para a elaboração de uma determinada disciplina, ao basear-se em projeto 
diferente do projeto de arquitetura. 
Para que se consolide o entendimento, vejamos o que determinava a ABNT NBR 
13531:1995 – Elaboração de projetos de edificações – Atividades técnicas: 
 
Essa norma técnica foi cancelada em 2017, estando em processo de revisão, tendo 
sido substituída pelo conjunto de normas ABNT NBR 16636:2017 – Elaboração e 
desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e 
urbanísticos.42 
O texto da norma em vigor traz, na sua parte introdutória, a seguinte orientação: 
 
Naturalmente, a interação dos projetos faz com que tal lógica seja contrariada em 
casos específicos. Pode-se citar como exemplo a necessidade de dimensionamento, no 
projeto elétrico, dos pontos de força que alimentarão as máquinas climatizadoras ou 
ventiladoras, informação advinda do projeto de climatização e ventilação 
mecânica. Certamente, nesse caso específico, a melhor fonte de informação é realmente 
aquele projeto de instalações de climatização, visto que o projeto de arquitetura não 
apresenta tal informação, tampouco se propondo a apresentá-la. 
Excetuando-se essas condições específicas, que deverão ser coordenadas pelo 
autor do projeto, todas as disciplinas devem remeter-se às orientações dadas no 
projeto de arquitetura, sob pena de a representação gráfica da disciplina em questão 
não ser clara, sendo por vezes confusa e ilegível, conforme for a base de desenho 
equivocadamente escolhida para a sua elaboração. 
A figura 15 mostra o resultado indesejado gerado pela escolha da base de desenho 
do projeto de climatização e ventilação mecânica para a elaboração do projeto de 
prevenção de incêndio. Note-se que o desenho não está legível, causando dificuldade na 
identificação dos elementos que efetivamente interessam naquele desenho, as instalações 
de prevenção de incêndio. Dentro do retângulo vermelho é mostrada a área que foi 
ampliada na figura 16, em que se pode identificar em destaque os elementos do projeto 
de climatização e ventilação mecânica (tubulação de insuflamento de ar exterior e 
evaporadoras), em detrimento da representação

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