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Psicologia Social e Justiça

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Psicologia Social I
Carla Pires 
Mendes
Aula 10
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Conteúdo
Psicologia Social e Diversidade
Ética versus Moral
O interesse da Psicologia Social pela Justiça: o caráter social da justiça 
O desenvolvimento da Teoria e Pesquisa sobre Justiça 
Justiça Distributiva
A concepção unidimensional de Justiça e a teoria da equidade: os estudos de Homans (1961)e Adams (1965) 
A concepção multidimensional de Justiça (DEUTSCH, 1985)
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A multiplicidade na Psicologia Social
Justiça como preocupação na história do pensamento humano. 
Pode-se falar em justiça com um significado em si mesmo, em termos absolutos de tempo e lugar? Há um padrão idealizado de justiça? Existiria uma regra de conduta válida e correta em si mesma? 
George C. Homans (1961) publica “Social Behavior: Its elementary forms” que encaminha a Psicologia Social ao interesse pelas questões de justiça mais especificamente elevando a justiça a uma condição de área autônoma de estudo e campo teórico-empírico em desenvolvimento.
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Em dez anos, o número de favelados diminuiu em 10,4 milhões.
Em número relativo:
31,5% da população >>> 26,4%
- 1 para cada e 3 brasileiros >>> 1 em cada 4.
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São 51,5 milhões de estudantes matriculados na educação básica no país, sendo 85,4% nas redes públicas.
alunos matriculados no ensino fundamental: 31 milhões de alunos (16,7 milhões anos iniciais/14,2 milhões anos finais).
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alunos matriculados no Ensino Profissional: 1,1 milhão
alunos matriculados no Ensino Superior: 5,95 milhões, sendo 4,43 milhões em rede privada e 1,52 milhões em rede pública. 
(Fontes: MEC - Balanço da Gestão da Educação 2003-2010)
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3,8 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos estavam fora da escola em 2010 (Estudo do movimento Todos pela Educação).
 Fonte: Agência Brasil, 7 de fevereiro de 2012
http://hugo-lima.com/
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A Psicologia Social voltada para questões dos direitos fundamentais do ser humano precisa se alinhar com a ideia de diversidade e pluralidade de realidades, não lhe sendo possível deixar de ser uma multiplicidade de campos de conhecimento e práticas, pois os direitos básicos e sustentadores do desenvolvimento da cidadania e da democracia devem estar fundamentados na compreensão das diferenças e na pluralidade de realidades.
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Justiça como preocupação teórico-conceitual da Psicologia Social
“[...] grandes parcelas da humanidade vivenciam, hoje, um sentimento geral de injustiça social, econômica, cultural e até mesmo religiosa. [...] questões de justiça estão presentes, direta ou indiretamente, na dinâmica das relações interpessoais e intergrupais [...]” 
(RODRIGUES, ASSMAR E JABLONSKY, 2010, p.270)
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Tratamento justo... remuneração justa... distribuição justa de recursos, oportunidades e direitos socais... 
Desde a incorporação do tema justiça ao quadro de referências teórico-conceitual da Psicologia Social, é crescente o interesse pela discussão da justiça.
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Sujeito e Sociedade para a Psicologia Social
Quais são as concepções de sujeito e de sociedade pressupostas nas bases de toda e qualquer prática psicológica?
Qual o referencial usado pelo psicólogo social para suas práticas diante de diferenças sociais ou injustiças? 
O que deve ou não ser transformado? 
O que é justo? 
O que é aceitável?
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A Psicologia Social contemporânea passa a ter função política, colocando em questão o que somos e o que é este mundo atual no qual vivemos. 
Esta dimensão política da Psicologia Social permite entender a relação existente entre o conceito de ética e os diversos paradigmas relacionados.
Função Política da Psicologia Social
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Paradigmas da Psicologia Social
A Psicologia Social se apoia em paradigmas, trabalhando, se movimentando na compreensão da realidade e dos seres humanos imersos nesta.
 
É importante repensar a dimensão ética (valorativa) subjacente a esses paradigmas.
Paradigmas não são neutros, nem inofensivos. Representam um modo de subjetivação.
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Ética vem do grego éthos 
Moral, do latim mos. 
Tanto éthos quanto mos significam a mesma coisa: 
hábito, costume.
Ética versus Moral
 © Joeybear | Dreamstime.com
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É uma teoria da convivência justa com os outros, que não se ocupa exatamente do que “o que quero para mim” mas sim com o “respeito que devo aos outros”.
Relaciona-se com os limites que todos temos que respeitar em função dos fins buscados: “Quais são as condições de uma convivência pacífica, respeitosa e solidária com os demais seres humanos?”; “Quais são os atos que devo obrigatoriamente praticar e que devo obrigatoriamente evitar?”.
Moral
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É um conjunto de valores e princípios que usamos para decidir três coisas fundamentais:
quero?
devo?
posso?
Tem uma tentativa 
de ser universal. Ex.: respeito à infância.
Ética
http://www.amerios.com.br/
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Ética e Paradigmas
Paradigmas: estratégia de produção de conhecimento socialmente compartilhada. Contendo métodos e valores, passa a ser identificado como um modelo, um padrão a ser seguido.
Todo paradigma tem uma dimensão ética implícita, já que representa valores compartilhados por um grupo. 
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Todo paradigma, assim, tem uma função política: de representar um determinado processo de subjetivação.
Guareschi (2008): três paradigmas fundamentais aos valores éticos também implicados na Psicologia Social: 
- “lei natural”, “lei positiva” e “ética como instância crítica”.
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“Podem ser identificados dois “paradigmas” principais que fundamentariam as exigências éticas, ou os valores éticos. O primeiro é o da “lei natural”; o segundo é o da “lei positiva”. A esses dois paradigmas acrescentamos um terceiro, que talvez não possa ser chamado de paradigma, mas que certamente questiona os dois anteriores e traz novas considerações para a discussão da problemática da ética: a ética tomada como instância crítica.” 
(GUARESCHI, 2008, p.20)
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Lei Natural
Natureza como referencial do paradigma: a partir da atenção dada à natureza é possível estruturar uma ética que governe os povos em todas as épocas. 
Centra-se na ideia de um Criador, de uma ordem imutável estabelecida por Deus: a natureza como produto de Deus Criador que fundamenta a ordem de todas as coisas.
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Lei Positiva
Seu paradigma se fundamenta no relativismo cultural refutando a existência de leis naturais, universais, absolutas e transculturais.
Ocorreria uma negociação social determinando as leis, o que afastaria as arbitrariedades dos ditames das leis naturais. Radica-se no texto de uma lei escrita e promulgada.
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“O critério ético passa a ser o que foi escrito e promulgado após as diversas instâncias de discussão. É o que passou a se chamar de contratualismo. Uma vez discutida e estabelecida uma negociação social, ela passa a ser válida. Com isso, se evita a arbitrariedade e pode-se apelar para algo objetivo que foi formulado e promulgado. Podemos nos libertar, assim, de uma natureza cega, de um lado, e dos mandos e desmandos autoritários de governantes e grupos, de outro.”
(GUARESCHI, 2008, p. 21)
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Ética como Instância Crítica
Aponta duas dimensões fundantes: 
 uma dimensão crítica e propositiva;
 uma dimensão das relações.
A ética não é algo dado pronto e estável: está sempre se fazendo presente nas relações.
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 A noção de Justiça na Psicologia Social
Justiça: do latim jus, que significa “direito”.
Para ser justo, é preciso estabelecer relações justas que passem pelo outro, não dando para ser justo em relação a si mesmo. 
A Psicologia Social voltada à justiça se preocupa em demonstrar o papel crucial que os sentimentos, os valores e as crenças têm sobre o que é justo ou injusto.
Uma pessoa isolada não pode ser justa: a justiça supõe relação.
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O psicólogo social lida com a realidade social tal como ela é percebida pelos indivíduos que a integram, procurando
se afastar da ideia da justiça como entidade abstrata mas sim investigando como as pessoas interpretam as situações sociais como justas ou injustas, conferindo-lhes significados cognitivos e afetivos e respondendo de forma socialmente apropriada ou inapropriada.
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"Alguns juízes são absolutamente incorruptíveis. Ninguém consegue induzi-los a fazer justiça." 
Bertolt Brecht 
http://upload.wikimedia.org/
O Interesse da Psicologia Social pela Justiça
Enorme é o sentimento de injustiça social que perpassa as relações interpessoais e intergrupais. 
Mostra-se importante questionar a legitimidade das normas e valores que regulamentam os processos de interação social e a justiça.
A justiça é algo que se relaciona estreitamente com a condutas sociais, sendo de interesse da Psicologia Social. 
Marco: obra de George C. Homans, 1961.
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Histórico da teoria e pesquisa 
sobre Justiça 
(RODRIGUES, ASSMAR E JABLONSKY, 2010)
1ª Fase
Privação
Relativa
Justiça Distributiva
Justiça Processual
Justiça Retributiva
2ª Fase
3ª Fase
4ª Fase
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Justiça Distributiva
Analisa as situações sociais diante da questão de distribuição de recursos sob dois aspectos:
a percepção da justiça: como as pessoas concebem a justiça? Como decidem se estão ou não diante de uma distribuição de recursos justa para elas e para os outros? 
 Parece existir a ideia de “troca”, suas participações sociais carregam expectativas, levando em conta tempo e recursos investidos na relação, esperando-se algum retorno.
a reação à justiça: como as pessoas se comportam diante do injusto? Se há igualdade relativa entre resultados e investimentos de troca de ambas partes, há satisfação. A percepção da justiça ocorre por observação do que outras pessoas obtêm das relações.
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Abordagens da Justiça Distributiva
Teoria da Equidade (HOMANS, 1961)
Teoria da Adams (1965)
Unidimencional
Multidimensional
Deutsch (1985)
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Teoria da Equidade (HOMANS, 1961)
Ex.: trabalhos em grupo na universidade: é justo que aquele que só teve participação ao colocar a capa no trabalho, receba a mesma nota?
“Coloca meu nome no trabalho?”
O justo é o proporcional, a justiça é feita quando o que mais contribuiu para uma tarefa recebe uma recompensa maior do que aqueles que contribuíram menos.
Abordagem Unidimencional
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Formalizando as ideias de Homans, ampliou o estudo da justiça distributiva ao enfocar as consequências da falta de equidade nos relacionamentos de troca.
A percepção da inequidade é geradora de tensão tanto quanto a percepção de equidade é geradora de satisfação. Essa tensão pode ser motivadora à eliminação ou redução da injustiça percebida.
Teoria de Stacy Adams (1965) 
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Principais postulados da 
Teoria da Equidade: justo como
algo proporcional
A percepção da falta de equidade cria tensão na pessoa.
A quantidade de tensão é diretamente proporcional à extensão da percepção da não equidade.
A tensão criada na pessoa irá motivá-lo a reduzir esta falta de equidade. 
A força da motivação para reduzir a falta de equidade é diretamente proporcional à percepção dessa falta de equidade.
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A contribuição de Morton Deutsch (1985)
Coexistência de múltiplas formas de se fazer justiça em certa distribuição de recurso, podendo cada uma delas ser igualmente justa em função do tipo de situação social envolvida.
Ex.: o que entender como justo na oferta de bolsas de estudo? 
Abordagem Multidimencional
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Deutsch amplia as possibilidade de se fazer justiça não apenas pela equidade. Tudo dependeria também da natureza das relações sociais e dos objetivos sustentados pelos grupos.
Dentre outros aspectos, destaca que o conceito de justiça pode se referir à distribuição de condições e bens que afetam o bem-estar individual, incluindo os aspectos psicológicos, fisiológicos, econômicos e sociais. Estaria também ligado ao funcionamento da sociedade.
O conceito de cooperação é chave em sua abordagem.
O comportamento de justiça seria situacionalmente determinado.
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Resumindo
São muitas as diferenças e muitas as injustiças praticadas sobre as diferenças. A Psicologia Social precisa checar seus paradigmas emprestados para examinar as interações sociais em sua condição de justiça/injustiça. Nisso se coloca diante dos conceitos de ética e moral.
Vem, desde 1961, se interessando cada vez mais pelo assunto.
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A Psicologia Social hoje mostra-se cada vez mais próxima ao estudo da justiça/injustiça, um campo autônomo de estudos dentre as disciplinas que abordam os problemas do homem em sociedade. 
Maior enfoque teórico sobre a justiça se tem dado sobre a Justiça Distributiva, em especial à abordagem unidimensional da Teoria da Equidade, pioneira no estudo do fenômeno e até hoje referência.
Resumindo
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A abordagem multidimensional de justiça amplia as possibilidades de fazer justiça para além da busca de equidade, como pela necessidade.
Resumindo
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Referência
BOCK, Ana Maria Mercês; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
BRAGHIROLLI, Elaine Maria. PEREIRA, Siloé; RIZZON, Luís Antônio. Temas de psicologia social. 7.ed. Petrópolis: Vozes, 2005. 
JACQUES, Maria da Graça Corrêa et al. Psicologia social contemporânea: livro-texto. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
 
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Referência
PEREIRA, M. (org.) Estereótipos, preconceitos e discriminação: perspectivas teóricas e metodológicas. Salvador: EDUFBa, 2004. vol. 1.
 
RODRIGUES, A. Psicologia Social para principiantes. 10.ed. São Paulo: Vozes, 2005.
RONSON, E.; WILSON, T.D.; AKERT, R.M. Psicologia Social. LTC, 2002. Rio de Janeiro – Capítulos 1 e 2. KRÜGER, H. Introdução a Psicologia Social. Vozes. Petrópolis, 1985. 
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Psicologia Social I
Carla Pires 
Mendes
Atividade 10
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Fale sobre a função política da Psicologia Social.
 
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