Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PARALISIA CEREBRAL. Definição e Classificação A Paralisia Cerebral (PC) descreve um grupo de desordens do desenvolvimento do movimento e da postura, causando limitações nas atividades. São atribuídas a distúrbios não progressivos que ocorrem no cérebro em desenvolvimento. As desordens motoras da PC são geralmente acompanhadas por alterações na sensação, percepção, cognição, comunicação e comportamento, podendo também ser acompanhadas por crises convulsivas¹. A incidência da PC nos países desenvolvidos está em torno de 2 a 3 por 1000 nascidos vivos ². Evidências apontam que a falta de acesso a serviços adequados de saúde, tanto no período pré- natal, quanto a assistência inadequada a mãe e ao bebe no período peri e pós natal, aumentam a incidência da Paralisia Cerebral ³ 4 5 6 . O maior índice de Paralisia Cerebral está entre as crianças com extremo baixo peso e prematuridade, ocorrendo em torno de 19 % 7 . Os fatores predispostos ou desenvolvimento da PC, além da prematuridade, 8 incluem infecções congênitas, 9 10 11 12 13 , hipóxia cerebral 14 alterações metabólicas 15, kernicterus 16 e crises convulsivas no período neo-natal 17 Para a classificação da PC é recomendado o uso das quatro maiores dimensões que são apontadas no diagrama 1 que serão discutidos nos tópicos a seguir 1. Diagrama I: Componentes da Classificação de Paralisia Cerebral 1. Desordens Motoras. A. Natureza e tipo da desordem motora: anormalidades de tônus observadas no exame, bem como desordens de movimento presentes na avaliação. B. Habilidade Funcional Motora: avalia o quanto o indivíduo é limitado em suas atividades, incluindo área oromotora e a fala. 2. Deficiências associadas. A presença ou ausência de alterações músculo-esqueléticas, alterações sensoriais, crises convulsivas, déficit auditivo e/ou visual, alterações de comportamento, comunicação e/ou déficits cognitivos. 3. Distribuição anatômica e achados de neuroimagem. A. Distribuição anatômica: partes do corpo afetadas pela deficiência (membros, tronco, região bulbar, etc.). B. Achados da neuro-imagem na tomografia e ressonância magnética. 4. Etiologia e tempo da lesão Quando a causa pode ser claramente identificada, como as causas pós-natais. (exemplo: meningite) ou mesmo quando malformações cerebrais estão presentes, pode se presumir o tempo da instalação da lesão. 1. Desordens motoras 1A-Natureza e tipo da desordem motora Com a observação da anormalidade do tônus muscular avaliado durante o exame ( ex: hipertonia, hipotonia), e com o diagnóstico das desordens do movimento presentes, tais como espasticidade, ataxia, distonia, atetose, podemos classificar a paralisia cerebral em 4 tipos, segundo a classificação européia de paralisia cerebral, baseada no Surveillance of cerebral palsy in Europe (SCPE) 2 conforme anotado na tabela II. Tabela II: Definição adotada pela SCPE Tipo Espástico: caracterizado pela presença de pelo menos 2 dos itens abaixo: • padrões anormais de postura e/ou movimento • aumento do tônus muscular (não necessariamente constante) • reflexos patológicos • hiperreflexia e/ou sinais de liberação piramidal Tipo Atáxico: caracterizado pelos seguintes itens: • padrões anormais de postura e /ou movimento • perda de coordenação, alteração de força, do ritmo e da metria do movimento Tipo Discinético: caracterizado pelos seguintes itens: • padrões anormais de postura e/ou movimento • movimentos involuntários, incontrolados, recorrentes, ocasionalmente estereotipados. O tipo discinético pode ser sub- dividido em distônico ou coreoatetoide: Distônico: • Hipocinesia (atividade motora reduzida, isto é, movimentos rígidos) • Hipertonia (tônus em geral aumentado) Coreoatetoide: • Hipercinesia (aumento de atividade motora, movimentos abruptos) • Hipotonia (tônus em geral diminuído) O PC tipo espástico pode ser bilateral ou unilateral, de acordo com o local de comprometimento do corpo2 • Bilateral é diagnosticado se: Membros de ambos os lados do corpo estão envolvidos. • Unilateral é diagnosticado quando: Membros de um lado do corpo estão envolvidos. Recomenda-se que os termos diparesia ou tetraparesia sejam abolidos pelo grau de imprecisão que acarretam, caso o examinador queira usá-los deve acrescentar a descrição exata do que o termo significa, e o que caracteriza o termo descrito 1. Bibliografia: 1. Rosenbaum P, Paneth N, Leviton A, Goldstein M, Bax M. A report: the definition and classification of cerebral palsy April 2006. Dev Med Child Neurol. 2007;49:9-14. 2. Cans C. Surveillance of cerebral palsy in Europe: a collaboration of cerebral palsy surveys and registers. Dev Med Child Neurol 2000;42:816-824. 3. Serdaroglu A, Cansu A, Özkan S, Tezcan S. Prevalence of cerebral palsy in Turkish children between the ages of 2 and 16 years. Dev Med Child Neurol 2006;48:413-416. 4. Johnson A, Prevalence and Chacacteristics of Children With Cerebral Palsy in Europe. Dev Med Child Neurol 2002;44:633-640. 5. Westbom L, Hagglund G, Nordmark E. Cerebral palsy in a total population of 4-11 year olds in southern Sweden. Prevalence and distribution according to different CP classification systems. BMC Pediatrics 2007;7:41:1-8. 6. Blume HK, Loch CM, Li IC. Neonatal Encephalopathy and Socioeconomic Status. Arch Pediatr Adolesc Med 2007;161(7):663-668. 7. Vohr BR, Msall ME, Wilson D, Wrigth LL, McDonald S, Poople WK. Spectrum of Gross Motor Function in Extremely Low Birth Weight Children With Cerebral Palsy at 18 Months of Age. Pediatrics 2005;116:123-129 doi:10.1542/peds. 2004-1810. 8. Robertson CMT, Watt M, Yasui Y. Changes in the Prevalence of Cerebral Palsy for Children Born Very Prematurely Within a Population-Based Program Over 30 Years. JAMA, 2007;297(24):2733-2740. 9. Silveira RC, Procianoy, RS. Lesões Isquêmicas Cerebrais no Recém-Nascido Pré-Termo de Muito Baixo Peso. J Pediatr (Rio J). 2005;81(1 Supl):23-32. 10. Gibson CS, Maclennan A, Goldwater PN, Haan EA, Priest K, Dekker GA. Neurotropic Viruses and Cerebral Palsy: Population Based Case-Control Study. January 2006:BMJ, doi:10.1136/bmj.38668.616808.3A. 11. Mussi-Pinhata MM, Yamamoto AY. Infecções Congênitas e Perinatais. J. Pediatr (Rio J.) 1999;75(1):15-30. 12. Yamamoto AY, Figueiredo LTM, Mussi-Pinhata MM. Infecção Perinatal por Citomegalovírus: Muito Freqüente, mas pouco Diagnosticada. J. Pediatr: (Rio J.)1999;75(2):126-130. 13. Stoll B, Hansen N, Adams-Chapman I, Fanaroff AA, Hintz SR, Vohr B, Higgins RD. Neurodevelopmental and Growth Impairment Among Extremely Low Neonatal Infection. JAMA. 2004; 292(19)2357-2365.
Compartilhar