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Palácio Anchieta - Análise do Exterior

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO 
DEPARTAMENTO DE PROJETO, HISTÓRIA E TEORIA 
TEORIA DA ARQUITETURA E URBANISMO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE III 
ANÁLISE DE ARQUITETURA 
Palácio Anchieta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALUNA: 
Glaucy Hellen Herdy Ferreira Gomes 
 
PROFª. Msc.: 
Carina Folena Cardoso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juiz de Fora, Maio de 2015. 
Introdução 
O presente trabalho tem como objetivo conhecer outras arquiteturas fora do ambiente 
da nossa comunidade acadêmica (Juiz de Fora), além de reforçar os conceitos ensinados 
em sala durante a disciplina de Teoria da Arquitetura e Urbanismo I, sobre o tema de 
Arquitetura Clássica, Barroca, Maneirista e Neoclássica. Se trata de um exercício de 
conhecimento da história de uma arquitetura proposta pela professora e de análise 
puramente visual de fotos atuais, para que o aluno consiga identificar elementos da teoria 
estudada em sala. 
 
 
Imagem 1 – Aquarela da fachada frontal do Palácio Anchieta. 
1) Qual arquitetura estou estudando e onde se localiza? 
Se trata do Palácio Anchieta, localizado na Praça João Clímaco, s/n, Cidade Alta, 
Centro. Vitória - Espírito Santo, Brasil. 
 
2) Quem a projetou? Quando? 
Foi projetado pelo padre jesuíta Afonso Brás e começou a ser construído em 1570, 
tendo sua primeira ala concluída em 1587 e a segunda ala construída somente 120 anos 
depois. 
3) Qual seu uso original? Qual sua história? 
O Palácio foi construído incialmente para ser a Igreja e Colégio de São Tiago, 
sucessora de outra igreja de mesmo nome que havia incendiado. A primeira ala foi 
construída pelo Padre Anchieta, que morreu 10 anos após a conclusão dela e foi enterrado 
junto ao altar-mor da então Igreja. A segunda ala (construída 120 anos depois) de frente 
para a Baía de Vitória, e é parte do quadrilátero que acabou de ser erguido de 1747 e 
existe até hoje. O local funcionou como Igreja e Escola de São Tiago até 1759. Em 1798, 
recuperado de um incêndio ocorrido dois anos antes, o prédio é denominado Palácio de 
Governo. Em 1945, com o aniversário da morte do Padre José de Anchieta o então 
governador publica um decreto nomeando a então Sede de Governo Estadual como 
Palácio Anchieta – que guarda túmulo simbólico do padre desde 1922. 
 
4) Seu uso se manteve? Qual o seu uso atual? 
O uso não se manteve. O Palácio se tornou sede de governo em 1798 e, após sofrer 
outro incêndio e passar por processos de tombamento em 1983 e 2004, passou também 
por obras de restauro. Em 2006 o Palácio abrigava somente setores ligados ao gabinete 
do governador e em 2009, com o restauro finalizado, o Governo do Estado entrega o 
Palácio à população como patrimônio histórico e cultural da região, sendo uma das mais 
antigas sedes de governo do país, encontrando-se atualmente aberto para visitação 
pública. 
5) Quais as características volumétricas dessa arquitetura? 
O volume geral do Palácio trata-se de um prisma de base retangular, que sofre 
subtração de um prisma de base quadrada no seu centro (pátio interno) e adição de um 
prisma de base retangular na fachada principal (varanda de acesso). 
 
Imagem 2 – Croqui de exemplificação da forma do edifício. 
 
6) Como se desenvolvem seus espaços semi-públicos e sua relação com o 
espaço público, em termos de visadas e de permeabilidade física e visual? 
O Palácio possui como espaços públicos um pequeno jardim que envolve a fachada 
frontal e uma praça que antecede a rua de acesso à ele, sendo que os dois não possuem 
nenhum bloqueio físico ou visual. Como espaços semi-públicos, existe uma espécie de 
varanda coberta que antecede a entrada principal do Palácio, que possui certa 
permeabilidade visual devido às aberturas com arcos que imitam as portas posteriores e 
permeabilidade física total, pois o acesso não é fechado por nenhum tipo de portão, porta 
ou grade. Além disso, existem também em todas as fachadas, sacadas e varandas após 
algumas portas/janelas, onde a permeabilidade visual é parcial, já que a vedação das 
sacadas é feita através de balaústres espaçados entre si, e a permeabilidade física é 
limitada, pois só pode ser feita de dentro pra fora. 
 
Imagem 3 – Croqui com a localização dos espaços públicos e semi-públicos. 
 
Imagem 4 - Fachada principal do Palácio, destaque para os pequenos jardins. 
 
Imagem 5 - Vista do Palácio a partir da Avenida Jerônimo Monteiro, destaque para a praça. 
 
Imagem 6 - Detalhes da varanda sobre a entrada principal e as sacadas na fachada frontal. 
Imagem 7 - Fachada lateral direita, destaque para as sacadas 
. 
 
Imagem 8 - Vista interna da paisagem a partir da varanda, fachada posterior, destaque para a varanda. 
 
Imagem 9 - Fachada lateral esquerda, destaque para as sacadas. 
7) Que elementos construtivos e formais conformam essa arquitetura? 
Considerando como elementos formais simetria, cor, textura, ritmo/repetição e 
proporção, o Palácio Anchieta possui uma fachada totalmente simétrica, tanto em relação 
à forma, quanto à quantidade de elementos em cada lado; em relação à cor, o edifício 
possui poucas variações de cor, sendo que a diferença se dá no destaque de elementos 
construtivos (arcos, pilastras, frisos e frontões) e de algum elementos estético-decorativos 
(balaústres, frontão, moldura das janelas e decorações em geral); quanto à textura, o 
Palácio possui poucos relevos, localizados nas duas fachadas principais, que são os 
pequenos cheios e vazios em fileiras, os frisos que demarcam a troca de pavimento e os 
elementos decorativos ao redor das aberturas e na platibanda; falando de ritmo/repetição, 
todas as fachadas trabalham com a ritmação das aberturas e dos pilares, repetindo-os de 
forma igual em toda a extensão da parede, exceto nas aberturas principais, que recebem 
tratamento diferente, além do ritmo nas três aberturas com arco pleno na fachada 
principal, que são réplicas do Arco de Constantino; por último, falando de proporção, o 
prédio tem proporções similares às do retângulo de ouro em sua fachada principal como 
um todo, nas aberturas e nas divisões da fachada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Em relação aos elementos construtivos, temos presentes no Palácio o destaque para 
as pilastras, os arcos plenos e vazados circulares, as demarcações das lajes de piso através 
dos frisos e os frontões existentes para demarcação das entradas do edifício. 
 
 
Eixo de simetria 
Divisões da fachada 
seguem proporção 
Esquadrias 
em proporção 
Forma geral da 
fachada segue a 
proporção 
Direção linear dos frisos ao longo 
de toda a fachada. 
Nessa imagem podemos notar em 
detalhes os relevos e a ritmação da 
fachada, com os cheios e vazios das 
sacadas e os elementos decorativos. 
Imagem 12 - Croquis dos pórticos de entrada na fachada principal, destaque para os arcos sobre as aberturas e 
o vazado em forma circular. 
Imagem 10 – Exemplificação de alguns elementos formais do Palácio Anchieta. 
Imagem 11 – Exemplificação de alguns elementos formais do Palácio Anchieta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8) É possível identificar alguma relação de “movimento” na concepção formal 
desse edifício? 
O edifício em geral é uma arquitetura bastante regular, simétrica, plana e com 
superfícies rígidas, mas possui alguns elementos como os arcos e círculos do pórtico, que 
conferem uma leve sensação de movimento na fachada principal, bem como os elementos 
decorativos, que conferem também volume. No geral, se trata de uma arquitetura parada, 
típica do estilo clássico.9) Que elementos da arquitetura clássica aparecem nessa arquitetura? 
Colunas? Frontões? Tratamento padronizado das aberturas? 
A partir da análise, foi possível identificar elementos da arquitetura clássica como o 
grande frontão na entrada principal e frontão menor na entrada da lateral direita 
(visualização nas imagens 4 e 7), a presença de entablamento com cornijas, arquitrave e 
friso, presença de pilastras nas fachadas frontal e lateral esquerda, sendo elas de base 
quadrada e com capiteis trabalhados nas ordens do estilo clássico, tendo as pilastras do 
segundo pavimento capitéis de ordem dórica e as pilastras do terceiro pavimento e as 
colunas da varanda na fachada posterior capitéis de ordem coríntia 
 
 
Demarcação das lajes com frisos Frontão 
Imagem 13 – Exemplificação de alguns elementos construtivos do Palácio. 
Imagem 14 – Exemplificação de alguns 
elementos da arquitetura clássica no 
Palácio. 
Quanto às aberturas, com relação às portas de entrada principal, seguem um padrão 
pré-estabelecido formalmente nos vãos abertos na varanda de acesso (3 aberturas 
coroadas com arcos de 180º sendo duas das portas menores que a do meio, que indica a 
entrada principal), seguindo assim um padrão de aberturas para o acesso ao edifício. Com 
relação às janelas, nas fachadas principal e lateral direita, é notório o padrão utilizado nas 
janelas, sendo um modelo utilizado para o primeiro pavimento, outro modelo para o 
segundo e outro para o terceiro. As aberturas nas outras laterais seguem o mesmo padrão 
por andar, mas são muito menos trabalhadas e detalhadas por estarem em áreas menos 
acessadas e menos visadas do edifício. 
 
 
 
Imagem 15 – Portas de acesso principal do edifício. 
Imagem 16 – Aberturas 
10) É possível identificar harmonia e proporção nessa arquitetura? 
Apesar de não possuir acesso às dimensões reais do edifício (a análise está sendo feita 
somente a partir de imagens), é possível afirmar que há uma certa relação de harmonia e 
proporção entre as partes da fachada, pois os elementos arquitetônicos e construtivos 
(como fachada, aberturas, pórtico de entrada...) e as divisões que as pilastras realizam nas 
fachadas dão a sensação de proporção iguais, que levam à fachada a ter uma composição 
harmônica nos padrões da arquitetura clássica (divisões na imagem 10), como exemplo 
as aberturas do pórtico da fachada principal, que imitam o Arco de Constantino, que 
trabalham no modelo de variação estreito-largo-estreito 
11) É possível identificar a adoção de alguma ordem arquitetônica, seja em 
coluna ou pilastra? Existe alguma relação entre a adoção dessa ordem e o uso 
primário dessa edificação? 
Sim, conforme exemplificado na questão 9, o edifício possui duas ordens 
arquitetônicas, que são utilizadas conforme o pavimento, que são a ordem dórica para o 
segundo pavimento e a ordem coríntia para o terceiro (ver imagem 14). Provavelmente 
há uma relação entre o uso das ordens com o uso primitivo do Palácio Anchieta. O uso 
de ordem dórica representava rudeza, força e o caráter marcial, tudo o que a Igreja queria 
representar na época da construção, já que estava se instalando numa região sem 
civilização formada e que seria dominada e educada por outra sociedade (a Igreja tinha o 
papel de educar e controlar as mentes dessas pessoas); além disso, o uso de ordem 
coríntia, que representava ostentação e opulência, só poderia ser pago pela própria Igreja 
nas circunstâncias espaciais e temporais em que se encontrava, pois a utilização deste tipo 
de ordem era muito mais cara e difícil de construir. 
12) Ainda com relação às colunas, como elas se desenvolvem? Isoladas? 
Destacadas? Em 3⁄4? Em 1⁄2? Há pilastras também? 
Com relação às colunas existentes no Palácio, de acordo com as definições, na 
verdade são todas pilastras, pois possuem base quadrada. As pilastras se desenvolvem de 
forma isolada e em ½ (ver imagem 14). As duas únicas colunas existentes estão na 
varanda da fachada posterior, que não se configuram em nenhuma das maneiras existentes 
para análise, pois seriam destacadas mas não estão engastadas sobre seu entablamento e 
sim sobre a parede o teto da varanda, e não estão embutidas em nenhuma parede (ver 
imagem 8). 
13) Como se desenvolvem as relações de luz e sombra a partir dos relevos, 
ressaltos do volume? 
Conforme já estudando em questões anteriores, a relação de cheios e vazios no Palácio 
Anchieta não é tão relevante, mas possuem algumas dessas relações nas sacadas e 
varandas, nos relevos enfileirados das paredes (ver imagem 12), no pórtico da entrada 
principal e nos elementos decorativos. A relação de luz e sombra a partir desses relevos 
é bastante sutil em maioria, sendo mais drástica no pórtico, pois dependendo do ângulo 
da luz, ele projeta uma extensão de sombra bem maior que as sombras gerais em todo os 
outros elementos. Na imagem abaixo, com o sol da tarde, entende-se bem essa relação, 
onde a sombra tem a função praticamente de ressaltar os relevos do edifício, conferindo 
sensação de volumes cheios e vazios. 
 
 
 
14) Há alguma relação de ritmação, seja ela do tipo estreito-largo-estreito, ou 
com relação ao intercolúnio? 
Há a relação de estreito-largo-estreito nas aberturas com arco pleno que antecedem as 
portas da entrada principal (que seguem as mesmas características), numa menção ao 
Arco de Constantino. Quanto ao espaçamento das pilastras, começam a se espaçar a partir 
do pórtico em direção às extremidades. Inicialmente, começa-se com um conjunto de 
pilastras em pares, mas continua somente com uma pilastra dividindo os espaços. Os 
espaçamentos não possuem regularidade entre si, mas começam menores e terminam 
maiores. Ao final, o último espaçamento é fechado com outro conjunto de pilastras em 
pares. 
 
 
 
15) Há uso de rusticação? 
Não. Todas as pedras utilizadas no Palácio Anchieta são lavradas e polidas. 
 
 
Imagem 17 – Relação de luz, sombra, cheios e vazios na fachada principal. 
Imagem 18 – Intercolúnio na fachada principal. 
Referências Bibliográficas: 
ESPÍRITO SANTO. Governo do Estado. Sede do Governo: Palácio Anchieta. 
Disponível em <http://www.es.gov.br/Governo/paginas/Palacio_Anchieta.aspx>. 
Acesso em 30 de Abril de 2015. 
Referências das Imagens: 
Imagem 1: INSTITUTO GOIA. Palácio Anchieta. Disponível em 
<http://www.institutogoia.org/pgn/865519/projetos-e-obras-palacio-anchieta/>. Acesso 
em 01 de maio de 2015. 
Imagens 2, 3 e 12: Croqui pessoal. 
Imagens 4 e 18: PALÁCIO Anchieta. In: Na Grande Vitória: Atrações e Eventos. 
Disponível em <http://nagrandevitoria.com.br/vitoria-atracoes-e-eventos/pontos-
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Imagem 5: GOOGLE Street View. Imagem capturada. Disponível em < 
https://www.google.com.br/maps/place/Pal%C3%A1cio+Anchieta/@-20.322012,-
40.339453,3a,75y,346.37h,91.74t/data=!3m4!1e1!3m2!1scPkQkG8rZsc8vvoOOusb4A!
2e0!4m2!3m1!1s0xb83db078fa8693:0xc710cbd6f33bbd86!6m1!1e1>. Acesso em 03 de 
maio de 2015. 
Imagens 6 e 11: ESPECIALIDADE – História Local. 038º/Grupo Escoteiro “Jácomo 
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http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a9/VitoriaPalacioAnchieta.jpg>. 
Acesso em 01 de maio de 2015. 
Imagens 7 e 14: BRAGA, Márcia. Projetos>Palácio Anchieta. Disponível em < 
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croquis pessoais. 
Imagem 8: GOOGLE Street View. Imagem capturada. Disponível em < 
https://www.google.com.br/maps/place/Pal%C3%A1cio+Anchieta/@-20.322012,-
40.339453,3a,75y,346.37h,91.74t/data=!3m4!1e1!3m2!1scPkQkG8rZsc8vvoOOusb4A!
2e0!4m2!3m1!1s0xb83db078fa8693:0xc710cbd6f33bbd86!6m1!1e1>. Acesso em 03 demaio de 2015. 
Imagens 10 e 13: PALÁCIO Anchieta. In: Guia da Semana>Passeios. Disponível em < 
http://www.guiadasemana.com.br/vitoria/turismo/pontos-turisticos/palacio-anchieta>. 
Acesso em 03 de maio de 2015. 
Imagens 15 e 16: BRAZIL’S nowheresvilles: Crap towns in South America (Part One). 
In: Look at all poor people. Disponível em < http://lookatallthepoorpeople.com/brazils-
nowheresvilles-crap-towns-of-south-america-part-one/>. Acesso em 07 de maio de 2015. 
E croquis pessoais 
Imagem 18: PALACIO Anchieta. In: Panorâmio>Google Mapas. Disponível em < 
http://www.panoramio.com/photo/56620198>. Acesso em 07 de maio de 2015.

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