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CEL0725 – História da Educação
Aula 04: Educação na Idade Média
AULA 04: Educação na Idade Média
História da Educação
Queda do Império Romano 
A Era Medieval se inicia com a decadência do mundo romano e a intensificação do processo de migrações dos povos nômades, chamados de povos bárbaros pelos romanos. Essas invasões contribuíram para o aprofundamento da crise do Império Romano. 
Como consequência temos a fragmentação do Império Romano do Ocidente que passa a ser ocupado pelos povos não romanos. 
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História da Educação
Idade Média
Surge então uma nova sociedade originária da fusão do legado da cultura greco-romana e da cultura germânica. 
A Igreja Católica foi a única instituição que manteve-se unida após a queda do Império Romano.
A influência do pensamento religioso vai atingir a praticamente todos os povos bárbaros que acabam por se submeter ao poder da Igreja Católica. 
A cultura e a educação na Idade Média devem ser entendidas no contexto do poder ideológico exercido pela Igreja Católica entre os séculos V e XV d. C. 
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História da Educação
A Idade Média e a Igreja 
Foi durante o Império Romano que a Igreja Católica progressivamente começa a funcionar nos moldes do império. Vai crescer, e nos séculos IV e V, em especial, em núcleos que, muitas vezes, estavam fora da estrutura central do império, em núcleos intelectualizados. 
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História da Educação
A Idade Média e a Igreja 
A Igreja vai se mostrar organizada, quando o imperador Constantino (que governou entre 306 e 337) buscando uma nova coalizão, a igreja surge como instituição ideal. Já existiam elementos anteriores que possibilitaram isso. Assim, o cristianismo se torna romano e a base do próprio império. O imperador convoca um Concílio, uma reunião geral de Bispos, para organizar a igreja e conferir uma forma que irá se estender durante toda a Idade Média. 
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A sociedade Feudal 
Por volta de fins do século IX ou princípios do X, as estruturas feudais já se encontravam montadas. Os diversos elementos políticos baseados nas relações pessoais, uma sociedade fortemente ruralizada e forte influência do pensamento da Igreja estavam reunidos de forma indissolúvel e compacta num todo histórico chamado Feudalismo. 
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A sociedade Feudal 
FEUDO: unidade política, social, jurídica e administrativa onde se desenvolve a vida em comunidade.
Atividade econômica: predomina agricultura de subsistência.
Poder político: descentralizado, nas mãos dos senhores feudais.
Sociedade: essencialmente aristocrática, onde predominam os laços de suserania e vassalagem. Os proprietários de terra (nobreza e clero) detinham o poder e o controle sobre os despossuídos (servos da gleba).
Ideologia: predomínio do pensamento religioso. Igreja Católica detém o controle sobre a verdade e esta se encontrava nas escrituras sagradas.
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A sociedade Feudal 
(...) De fato, os senhorios estavam divididos em três partes, todas trabalhadas e exploradas (ainda que não exclusivamente) pelos servos. A reserva senhorial, com 30 ou 40% da área total do senhorio, era cultivada alguns dias por semana pelos servos em função da obrigação conhecida por corvéia. Todo o resultado desse trabalho cabia ao senhor, sem qualquer tipo de pagamento ao produtor. Os lotes (mansi) camponeses ocupavam no conjunto de 40 a 500 do senhorio. Cada família cultivava o seu lote, dele tirando sua subsistência e pagando ao senhor pelo usufruto da terra uma taxa fixa conhecida por censo.
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Clero Medieval
• Responsável pela preservação da herança cultural greco-romana nos mosteiros em grande bibliotecas.
• Os Monges eram os únicos letrados da sociedade medieval. Somente eles tinham acesso a leitura e a escrita, que os distinguia dos outros membros da sociedade feudal.
• O acesso às grande obras escritas da cultura greco-romana e as escrituras sagradas conferiu ao clero católico grande poder e enorme influência espiritual, moral, política e jurídica no período medieval.
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Monges Copistas e o Mosteiro Medieval
• Os monges copistas eram encarregados de copiar as obras da literatura e filosofia grega para o latim adaptando-as à fé cristã. 
• Os mosteiros normalmente possuíam extensas bibliotecas onde o acesso às obras era controlado com o objetivo de resguardar a fé cristã da influência de ideias pagãs. 
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A Educação na Idade Média
O pensamento pedagógico na Idade Média foi dominado pelos filósofos do cristianismo. 
Objetivo: converter os pagãos em cristãos e a defesa da fé. Formação do HOMEM DE FÉ.
Três dos principais filósofos cristãos medievais foram: 
 > Santo Agostinho 
 > São Tomas de Aquino
 > Pedro Abelardo
Santo Agostinho
Pedro Aberlado
Santo Tomás de Aquino
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A Educação na Idade Média
Agostinho de Hipona (354-430), Santo Agostinho, consegue remediar um quadro de grande tensão que existia na transição: o equilíbrio entre os preceitos da educação e da intelectualidade romana e a doutrina e a nova pedagogia cristã. Pode-se dizer que Santo Agostinho foi o conciliador entre as ideias de Platão e as doutrinas da fé cristã.
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A Educação na Idade Média
Ao buscar conciliar o cristianismo com o pensamento pagão, Santo Agostinho tornou-se o principal representante da Patrística. A Patrística, que surgiu no século I, era a filosofia dos padres da Igreja. Surgiu precisamente do esforço para converter os pagãos, combater as heresias e justificar a fé católica. Os padres recorreram inicialmente à filosofia platônica por intermédio do neoplatonismo e realizaram uma grande síntese com a doutrina cristã, adaptando o pensamento pagão.
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A Educação na Idade Média
Em seu livro O Mestre, Agostinho destruía a ideia de que um homem pode aprender algo de um outro. No diálogo entre ele e seu pequeno filho Adeodato defende a ideia de que a necessidade da aprendizagem, em última instância, só pode ser satisfeita por Deus. Conhecimento e fé constituem a meta do processo educativo. A base do processo é a inabalável convicção da realidade de Deus e da divindade de Cristo. 
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A Educação na Idade Média
O ponto de partida é o desejo de conhecer Deus. O elo que leva o conhecimento deste mundo mutável, instável e imperfeito ao conhecimento de Deus é a pessoa de Cristo. O ponto fundamental no processo educativo é o fato de o verdadeiro conhecimento ser inato colocado na alma por Deus. Trata-se daquelas verdades que existem na mente, antes de virem à consciência. Este conhecimento é trazido por alguém que torna o aluno consciente dele. 
É essa aprendizagem que constitui o processo pelo qual as ideias obscuras e inconscientes são levadas à consciência e à clareza. Cabe ao mestre auxiliar o aluno a tornar manifesta a verdade pré-existente, latente. Em outras palavras, o processo educativo implica na colaboração mútua entre o mestre terrestre e o mestre divino.
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São Tomás de Aquino
Tomás de Aquino (1225-1274) nasceu na Itália. Doutor em teologia passou a lecionar em várias cidades italianas. Assim como Santo Agostinho “cristianizou” Platão, podemos dizer que São Tomás de Aquino “cristianizou” Aristóteles, pois foi a partir das ideias desse pensador grego que ele enxergou não haver contradições irreconciliáveis entre o que diz a filosofia e o que prega a fé cristã. Dizia, para justificar seus posicionamentos que podemos chegar a Deus, tanto pelo caminho da fé, como pelo caminho da razão.AULA 04: Educação na Idade Média
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São Tomás de Aquino
Apesar das discordâncias com relação à contribuição de São Tomás de Aquino, é quase unânime o reconhecimento de que sua obra filosófica representa o apogeu do pensamento católico medieval. São Tomás de Aquino também pode ser considerado o principal representante da Escolástica (“Doutrina da escola”). A Escolástica caracterizava-se principalmente pela tentativa de conciliar os dogmas da fé cristã e as verdades reveladas nas Escrituras Sagradas com as doutrinas filosóficas clássicas, destacando o platonismo e o aristotelismo.
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História da Educação
São Tomás de Aquino
Tomás de Aquino ensejou, pela primeira vez na história do cristianismo, harmonizar a experiência dos sentidos e do intelecto com as exigências da fé, fazendo justiça a ambas. A base de seu esforço foi a aceitação da realidade do mundo sensível como tal, e não como se fosse uma sombra da verdadeira realidade.
A aprendizagem, desde os primeiros anos de vida, consiste naquilo que a natureza proporciona, as faculdades sensíveis e o intelecto, que permitem a descoberta da realidade, e a instrução que vem do mestre, ou seja, a transmissão de novos conhecimentos. Essa transmissão é indispensável ao processo educativo. A mente se adapta à recepção do conhecimento. Assim, o aluno pode alcançar a certeza, embora se limite aos fenômenos terrestres, pois o reino divino permanece além do acesso racional.
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São Tomás de Aquino
• O método de ensino proposto por São Tomás de Aquino era o escolástico, segundo o qual era um jogo de perguntas e respostas e o aluno deveria responder as perguntas do mestre. 
• “A mais alta expressão da filosofia cristã medieval” – Maria Lucia de Arruda Aranha
• Essa filosofia recebeu este nome, pois era ensinado nas escolas.
• Scolasticus: professor das artes liberais (dialética, gramática, retórica, aritmética, astronomia, geometria, música), de filosofia e teologia. Também chamado de magister).
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São Tomás de Aquino
• Fé apoiada na Razão.
• Árduo trabalho de argumentação feito pelos teólogos visando convencer logicamente os não-cristãos.
• Lógica aristotélica: base para as argumentações filosóficas.
• Através de proposições gerais chega-se à conclusões particulares (dedução).
• Etapas: leitura / comentário / as questões / discussão
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Sobre o método Escolástico 
“Traço típico e essencial do método escolástico é o acatamento das autoridades e o processo didático do comentário ou glosa. Alguém poderia dizer que essa técnica era atrasada e estagnante, pois o ideal seria a manifestação da criatividade didática, a pesquisa e a experimentação que levam o estudioso a novas descobertas e a novos conhecimentos. Tal observação, no entanto, é injusta e improcedente. 
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História da Educação
Sobre o método Escolástico 
Primeiro atente-se para o fato de que, desde o século XII, em todas as áreas de estudo procedeu-se à recuperação cultural do patrimônio antigo no mundo latino medieval, o que levou ao apego às autoridades, mas apego realizado com desembaraço e espírito crítico, como se colhe dos exemplos famosos de Abelardo e de Santo Tomás de Aquino que, junto com muitos outros mestres, não se limitaram a repetir lições tios Antigos, mas deram ao patrimônio do saber as próprias contribuições e lidaram com as fontes com critério pessoal e com independência de juízo. Este espírito crítico do Aquinatense manifestou-se na sua atitude e nos seus ensinamentos quanto às auctoritates. Assim, num lanço da Suma Teológica ele diz ser natural à razão humana passar gradualmente do imperfeito ao perfeito e, por isso, os primeiros filósofos deixaram obra imperfeita que os seus sucessores viriam aperfeiçoar. 
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História da Educação
Sobre o método Escolástico 
Ademais, acrescenta o grande mestre num passo famoso do seu comentário ao De anima de Aristóteles: "Devem escutar-se as opiniões dos Antigos, por vetustas que sejam, pois, assim podemos apropriar-nos do que falaram certo e evitar o que disseram de errôneo" . 
Finalmente Tomás faz uma declaração e um desabafo que se podem tomar por mote dos filósofos escolásticos medievais: “O estudo da filosofia não tem por objeto saber o que os outros pensaram, mas conhecer a verdade das coisas”.
Rui Costa Nunes 
História da Educação Medieval
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Criação das Universidades
A alfabetização não se estendia muito além do clero (e mesmo assim era mínima nos níveis hierárquicos mais baixos: ler e escrever não eram habilidades consideradas na Europa Ocidental. O conhecimento era restrito a uma cultura intelectual baseada principalmente na bíblia e nos padres latinos da Igreja. 
Porém, no século XIII, as cidades voltaram a ser importantes na Europa. O crescimento das cidades estimulou a vida intelectual. Por isso, esse foi também o século do triunfo, de uma nova instituição, a Universidade. Essas universidades eram protegidas tanto pela Igreja como pelos grandes Senhores Feudais.
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Criação das Universidades
Palavra “universidade” significava assembleia corporativa e não estabelecimento de ensino.
Mestres e estudantes unem-se para formar uma entidade voltada para o ensino superior.
As primeiras (ex.: Bolonha, Oxford e Montpellier) surgem a partir dos séculos XII e XIII, e procuravam ensinar filosofia, teologia, leis e medicina.
Professores: destaque para alguns clérigos não-ordenados que atraíam diversos alunos de toda a Europa para os seus curso.
Ex.: Pedro Abelardo (1079-1142)
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Universidades
Os estudantes eram filhos de nobres e vinham da Europa inteira. As primeiras universidades formavam as pessoas da elite, em uma sociedade ainda medieval. O método de ensino era o Escolástico: os alunos estudavam o texto de um grande autor, faziam comentários sobre ele e debatiam. Entretanto, nesses debates ninguém questionava o que esses autores diziam, a autoridade deles era absoluta. É por isso que, séculos mais tarde, a escolástica foi considerada uma forma de estudo dogmática.
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Universidades
O mais significativo é que as universidades apresentavam uma novidade: aos poucos a vida intelectual ia deixando de ser totalmente ligada à Igreja. O pensamento estava ganhando autonomia em relação à religião.

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