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História Econômica (1896-1914) [Salvo automaticamente] [Salvo automaticamente]

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Distintas interpretações sobre o capitalismo global entre 1896 e 1914
Dr. Igor L. Andreo
Jeffry Frieden: Síntese interpretativa focada no funcionamento do capitalismo global no período em questão.
Ideia central: Crescimento econômico baseado no liberalismo que conectava um mercado global especializado e complementar.
2
Flávio Saes e Alexandre Saes (História Econômica Geral): Síntese mais abrangente e com pontos fulcrais distintos.
Período marcado por uma segunda revolução industrial, que levou à ascensão de países com industrializações retardatárias e concentração de capitais, redirecionando o Reino Unido a uma liderança econômica calcada no setor financeiro exportador de capitais e no padrão-ouro.
Todavia, à exceção do próprio Reino Unido, marcado por protecionismos e nacionalismos, que direcionaram as relações entre as potências europeias no ambiente de crescentes conflitos que desembocaram na deflagração da primeira guerra mundial em 1914.
3
Foco da aula: Diferenças de abordagens interpretativas entre os textos
4
Período de 1870 a 1896: “Grande Depressão”
Frieden corrobora sem maiores problematizações a imagem (corrente no período) de uma Grande Depressão econômica.
Flávio e Alexandre Saes procuram demonstrar que o crescimento econômico das nações industriais do período diminuiu mas não estagnou.
O que caracteriza o período como “Grande Depressão” é a ampla e prolongada deflação.
5
A partir de 1896 iniciou-se uma forte inversão, marcando um período de alta dos preços até a eclosão da primeira guerra mundial.
Frieden adota uma explicação monetarista para tal inversão: A descoberta de novas e abundantes fontes de ouro, aumentando as reservas das nações em um período no qual, segundo o autor, a maior parte do globo adotava o padrão-ouro como definidor de suas moedas.
6
Flávio e Alexandre Saes não descartam esse fator, mas buscam sofisticar a explicação apresentando questões ligadas à “economia real”:
De acordo com os autores, somam-se os elevados níveis de investimentos, sobretudo externos, do Reino Unido, um boom de exportações globais, o aumento de gastos militares e, o ponto mais conflitante com a interpretação de Frieden, adoção de medidas protecionistas nas maiores economias do mundo, à exceção do Reino Unido.
7
O caso do Reino Unido
Segundo os autores, em torno de 1860, pode-se dizer que o comércio mundial se aproximava de uma situação de livre-comércio que foi mantida pela Grã-Bretanha.
Ao lado de certa adesão ideológica, esta opção era sustentada pela própria estrutura do comércio exterior do país. Como dependia de importações, não havia maior estímulo para tributar aquilo que seria utilizado pela indústria (matérias-primas) ou pela população (alimentos em geral).
Além disso, os investimentos externos ingleses geravam rendas suficientes para suprir o déficit da balança comercial, acumulando um saldo positivo. 
Em suma, a partir do final do século XIX, Londres converteu-se no banqueiro do mundo.
8
Alemanha, EUA e a industrialização retardatária
Alemanha e EUA são os principais países com industrialização retardatária no período e encabeçam uma “viragem protecionista”. Tal viragem é explicada pelos autores como decorrente da conjunção de três fatores: Segunda Revolução Industrial, concentração de capitais e nacionalismos.
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Nacionalismos
O período é marcado pelo acirramento de nacionalismos, tanto em função das recentes unificações de Alemanha e Itália, quanto pelas disputas neocolonialistas por mercados e territórios.
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Segunda Revolução Industrial
Na primeira revolução industrial, na qual o Reino Unido foi pioneiro, uma nova forma de energia, o vapor, rompeu as limitações físicas impostas pela energia humana e as restrições de localização impostas pela energia hidráulica.
A segunda revolução industrial, no final do século XIX, introduziu novos materiais, novas fontes de energia e novos produtos, levando à perda da liderança industrial britânica para a Alemanha e os EUA.
Exemplos são a produção de aço, a indústria química, o motor de combustão interna e a eletricidade. Entre os novos produtos, destacam-se o telefone, o gramofone, a lâmpada elétrica, pneus, máquina de escrever e, um pouco mais adiante, o automóvel e o cinema.
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Concentração de capitais
As novas indústrias demandavam novos conhecimentos científicos e altos investimentos, o que levou a uma grande concentração de capitais em grandes empresas.
Em princípio, a concentração de capital teria como consequência uma concorrência mais acirrada entre um pequeno número de grandes empresas. O potencial declínio de lucros daí decorrente, levou as empresas a diferentes formas de organização com o objetivo de evitar esse resultado.
Destacam-se os cartéis e os trustes.
12
Cartéis e trustes
Os cartéis foram comuns na Europa, especialmente na Alemanha, e consistiam em uma associação entre empresas de conhecimento público, que fixava preços e estabelecia a quota de cada empresa no mercado sem interferir na administração da empresa. Na Alemanha, o número de cartéis era cinco em 1870 e passou para trezentos e quarenta e cinco em 1897, abarcando praticamente toda manufatura e comércio.
Outra forma de organização das empresas no sentido de criar uma condição monopolista é o chamado Truste. Mais característico dos EUA, o truste corresponde a um acordo entre as várias firmas de um ramo que implica a transferência do controle das empresas a um conselho, que detém as decisões não só quanto a preços e quotas, mas também quanto à gestão interna de cada empresa.
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Capitalismo Monopolista
O efeito dessas diversas formas de combinação de capitais foi dotar as empresas de poder de monopólio sobre o seu mercado, impedindo as guerras de preços e garantindo margens de lucro elevadas para as firmas envolvidas nos acordos.
Por isso, muitos autores entendem que, para fins do século XIX, se estabeleceu o “capitalismo monopolista”, afastando-se do período anterior, usualmente chamado de “capitalismo concorrencial”.
14
Porque a indústria britânica não se adapta à Segunda Revolução Industrial?
O caráter principal da segunda revolução industrial é a inovação e isto demanda dois fatores: Conhecimento científico e altos investimentos de capital.
Várias inovações com base científica tiveram início ou foram acompanhados na Grã-Bretanha, todavia, o sistema educacional britânico era deficitário em dois aspectos; por um lado, a educação britânica das camadas mais ricas era pautada por ideais aristocráticos e pouco voltada ao ensino e à pesquisa técnica e, por outro lado, a educação básica era pouco abrangente, o que difere diametralmente do caso alemão.
(Exemplo página 277)
15
Na esfera econômica, a principal razão do atraso da indústria britânica consiste na dificuldade de mudar substancialmente o caráter da indústria previamente estabelecida, uma espécie de ônus do pioneirismo.
O custo de investir em novas tecnologias se mostrava elevado, até pelo risco que envolvia. Além disso, a mudança demandava um aumento de escala, envolvendo a necessidade de fusão de capitais e empresas.
Em suma, para uma indústria já estabilizada e relativamente lucrativa, os custos da mudança se mostravam elevados e a própria mudança, arriscada.
Assim, as indústrias nascentes de outros países (sobretudo Alemanha e EUA) puderam se apropriar das novas tecnologias sem enfrentar os custos de depreciar um investimento anteriormente realizado.
16
Para o conjunto da economia britânica, o atraso da indústria não se mostrou particularmente grave naquele momento, pois os ganhos provenientes da esfera internacional na atividade financeira e de serviços, compensavam largamente o declínio relativo da indústria.
Por outro lado, numa perspectiva de longo prazo, a posição dominante da economia britânica no mundo, o que se evidenciou após a primeira guerra mundial.
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O Padrão-Ouro
Convém apresentar sucintamente em que consistia o padrão-ouro:
No padrão-ouro, a unidade monetária de um estado nacional é definida em termosda quantidade de ouro que ela contém.
O essencial é que a autoridade monetária garantisse a conversibilidade do papel moeda em circulação por ouro, quer dizer, que o portador de uma nota representativa de libras, por exemplo, pudesse ir à autoridade monetária e receber dela a quantidade correspondente de ouro.
Para tanto, a autoridade monetária deve manter uma reserva em ouro, suficiente para garantir o direito de conversão do papel moeda. Essa reserva não precisaria ser integral, ou seja, não era preciso manter uma quantidade de ouro que correspondesse exatamente ao papel moeda em circulação, ela poderia ser proporcional desde que suficiente para garantir a conversão em ouro para aqueles portadores que eventualmente procurassem a autoridade monetária.
Na verdade, mais do que reserva em ouro, o padrão-ouro era garantido pela confiança do público de que a conversão seria realizada.
18
David Hume e a base teórica do Padrão-Ouro
O mecanismo básico para o funcionamento de um mercado mundial com base no padrão-ouro foi descrito pelo filósofo David Hume no século XVIII e se fundava no fluxo internacional de moedas em função de desequilíbrios na balança comercial. Consideremos um exemplo:
Dois países, Portugal e Inglaterra, cujas moedas sejam definidas pelo padrão-ouro. Se a Inglaterra teve um déficit em sua balança comercial com Portugal, ou seja, o valor de suas importações foi maior que o de suas importações, vai haver uma saída de ouro para pagar essa diferença aos portugueses. Diz a regra do padrão-ouro:
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À saída de ouro da Inglaterra deve corresponder uma redução do meio circulante no país porque suas reservas de ouro diminuíram;
O inverso deve ocorrer no caso de Portugal: Com a entrada de ouro nas reservas, deve haver um aumento do meio circulante proporcional ao aumento das reservas;
Consequentemente, haveria uma redução dos preços na Inglaterra e um aumento dos preços em Portugal;
O resultado desse movimento dos preços seria: Redução das importações inglesas, pois seus produtos ficariam mais baratos que os portugueses, e aumento de suas exportações para Portugal, pelo mesmo motivo. Obviamente, nesse comércio bilateral, o inverso ocorreria com Portugal. Assim, esse movimento se processaria até que o desequilíbrio inicial fosse corrigido.
É importante notar que o reequilíbrio das relações comerciais internacionais ocorreria pelo respeito às regras do padrão-ouro, que mantinha taxas de câmbio fixas de acordo com as reservas de cada país.
20
Padrão-Ouro e os pontos centrais de discordâncias explicativas
Em seu texto, Jeffry Frieden corrobora que este “sistema” de comércio global com base no padrão-ouro funcionou praticamente sem desvios entre os anos de 1896 a 1914.
Isto nos leva às principais divergências entre os autores:
Livre-comércio x protecionismo;
Adoção global;
Aumento de renda e padrão de vida, inclusive para os trabalhadores.
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Livre-comércio X Protecionismo
Flávio e Alexandre Saes apresentam algumas críticas empíricas quanto ao funcionamento “real” do comércio global no padrão-ouro, sobretudo calcadas nas interferências dos bancos centrais, por exemplo, em momentos de déficit da balança comercial elevando juros para atrair investimentos.
Segundo os autores, os novos países industrializados adotaram políticas protecionistas, o que não implica adoção de uma tarifa geral única elevada e sim tarifas seletivas de acordo com a destinação do produto: Tarifas elevadas sobre matérias-primas necessárias à indústria teriam o efeito de reduzir ou mesmo anular a proteção dada à indústria do país.
Especialmente Alemanha e EUA partiam de crenças teóricas no período de que era necessário à “indústrias nascentes” uma proteção até que atingissem um grau de desenvolvimento que as permitissem competir com outras nações.
Algo semelhante vale para economias subdesenvolvidas.
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Adoção Global
Frieden afirma que a partir de 1896 a maior parte das economias mundiais adotavam o padrão-ouro, em um sistema no qual “cada um produzia aquilo que fazia melhor”.
Com base, entre outros, em análise de Celso Furtado para o caso brasileiro, Flávio e Alexandre Saes apontam que havia grande dificuldade para os países dependentes da exportação de produtos primários adotarem o padrão-ouro.
Como o setor externo, nessas economias, representava grande parcela do produto nacional, um déficit externo teria efeitos catastróficos: As reservas necessárias para cobrir o déficit externo teriam que ser muito grandes em relação ao tamanho da economia e a saída de ouro provocaria uma tal redução do meio circulante que o impacto recessivo seria brutal. Desse modo, as tentativas das economias periféricas de se adequar ao padrão-ouro foram rapidamente destruídas pela emergência de crises externas. O Brasil, por exemplo, adotou o padrão-ouro somente em 1906.
A regra na periferia não foi o padrão-ouro, e sim sistemas monetários fora do padrão da taxa de câmbio fixa.
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A questão do trabalho
Frieden conclui que “...o capitalismo global do fim do século XIX e início do século XX foi quase inteiramente bom para o crescimento global para as economias da maior parte dos países e, até mesmo, para a renda da maioria das pessoas...”
Quanto à questão da renda dos trabalhadores, Flávio e Alexandre Saes afirmam que em médias numéricas realmente indicam um aumento, mas, analisando qualitativamente, conclui-se que este aumento concentrou-se em uma ”aristocracia operária”: Trabalhadores especializados, como engenheiros por exemplo, que conseguiram rapidamente organizar fortes sindicatos, enquanto para a maioria restante do operariado sem especialização, o padrão de vida seguiu sem avanços significativos, o que, ao adentrar do século XX, levou ao paulatino crescimento de sindicatos e partidos com as mais diversas ideologias operárias: marxistas, anarquistas, trabalhistas, entre outros.
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Então, como se explica o sucesso da adoção do padrão-ouro em grande parte das economias mundiais entre 1870 e 1914?
Os setores afetados de forma mais contundente pelas crises do sistema eram as classes trabalhadoras nacionais: Diminuição dos salários, desemprego, entre outros, como forma de compensar o déficit da balança comercial.
Todavia, o operariado era pouco organizado em partidos e não havia sufrágio universal e, em muitos casos, nem sufrágio amplo (necessidade de renda mínima, mulheres excluídas), desse modo, políticas recessivas não encontravam capacidade de resistência entre suas maiores vítimas.
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Embora seja usual referir-se ao padrão-ouro como fundamento do sistema monetário internacional entre 1870 e 1914, é importante notar que foi a libra esterlina (e não o ouro), em razão do domínio econômico britânico, a moeda-chave do sistema monetário internacional e os saldos britânicos em conta corrente forneceram a liquidez necessária à expansão da economia mundial.
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Em suma, para Flávio e Alexandre Saes, é possível apontar para o caso da economia de vários países com industrializações retardatárias da Europa, EUA e Japão certas características comuns no final do século XIX e início do século XX: Grande empresa industrial, grandes bancos e o próprio Estado financiando a indústria, protecionismo, monopólios, trustes e cartéis e sedimentação da divisão internacional do trabalho entre países industriais e países primário-exportadores.
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