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Capítulo 19 Dilatação térmica (parte 2) Prof. José Luiz Fernandes Foureaux Dilatação dos gases A dilatação dos gases será estudada no capítulo 23 – Comportamento dos gases. Aplicações e consequências da dilatação térmica Variação da densidade com a temperatura Quando queremos comparar duas porções de um mesmo material podemos medir ou o volume ou a massa das porções. Se os materiais forem diferentes a situação fica complicada, porque volumes iguais podem ter massas diferentes. . A grandeza densidade ajuda a resolver essa questão. V m Unidade SI: 3m kg (Um material interessante citado na tabela acima é o aerogel. Sólido “mais leve” que existe (um bloco de aerogel colocado sobre uma flor não chega nem a amassar as pétalas da mesma), incrivelmente resistente (pode suportar até 4000 vezes seu próprio peso), ótimo isolante térmico, à prova de fogo, condutor de eletricidade (e mais caro que Todos os cilindros mostrados nas figuras têm mesma base e mesma altura, logo, mesmo volume. Dois cilindros quaisquer, colocados nos pratos de uma balança de braços iguais, desequilibram a balança, mostrando que as massas são diferentes embora os volumes sejam iguais Material Densidade (x103 kg/m3) Água 1 Chumbo 11,3 Mercúrio 13,6 Ouro 19,3 Alumínio 2,7 Ferro 7,9 Cobre 8,9 Aerogel 1x10-3 Ar 1,2x10-3 Hélio 0,179x10-3 Núcleo da Terra 13.000 Núcleo do átomo 3x1017 o ouro). Informações mais completas podem ser obtidas em http://pt.wikipedia.org/wiki/Aerogel .) A densidade de um material varia com a temperatura. Isso porque a densidade depende do volume e o volume depende da temperatura: t d tV m tV m tVV V m .1 .1 1 ).1( ).1( 0 0 0 0 É essa variação da densidade com a temperatura que permite, por exemplo, que um balão cheio de ar quente (densidade menor que a densidade no ar) suba pela atmosfera, e voe ao sabor dos ventos. (A decolagem de um balão desses pode ser vista em https://www.youtube.com/watch?v=_-v6ixyNrLE ) Influência nos fluidos Fluidos imiscíveis de densidades diferentes colocados em contato de ordenam de acordo com as respectivas densidades, como mostra a figura: Quando aquecemos um fluido sua densidade diminui. O fluido mais quente sobe, a pressão no local por ele abandonado diminui, fluido mais frio das vizinhanças é sugado para esse local, e cria-se no fluido uma circulação chamada correntes de convecção, que se mantém até que o equilíbrio térmico seja alcançado ou que outros fatores interfiram. Água – densidade 1 x 103 kg/m3 (menisco côncavo) Mercúrio – densidade 13,5 x 103 kg/m3 (menisco convexo) Menisco é a superfície curva do líquido. Ele é: Côncavo: Quando as forças de adesão entre as moléculas do líquido e a parede do recipiente é maior que a força de coesão entre as moléculas do líquido (o líquido molha a superfície) Convexo: Quando as forças de coesão entre as moléculas do líquido são maiores que a força de adesão entre as moléculas do líquido e a parede do recipiente (o líquido não molha a superfície) Inúmeras são as situações em que essa movimentação de fluidos acarreta implicações importantes. Por exemplo: Voo planado: Espiral em rotação: https://www.youtube.com/watch?v=yjBQTM77aHU Ventos: https://www.youtube.com/watch?v=P5AOOO_6Iv4 Correntes marítimas: https://www.youtube.com/watch?v=Ij0XdeBrUqM A corrente do golfo: https://www.youtube.com/watch?v=gaGdSwUF2CU Movimentação das placas tectônicas o http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_motriz_do_movimento_de_pla cas o https://www.youtube.com/watch?v=ryrXAGY1dmE Aquecimento de água por energia solar: http://en.wikipedia.org/wiki/Thermosiphon Funcionamento de chaminés: http://en.wikipedia.org/wiki/Chimney Dilatação irregular da água A água atinge volume mínimo à 4ºC. Se a temperatura desce abaixo de 4ºC, o volume aumenta (substancialmente quando a água congela!). Se a temperatura sobe acima de 4ºC, o volume também aumenta! Por esse motivo rios e lagos que congelam continuam líquidos embaixo da camada de gelo, permitindo a vida aquática. O experimento clássico que demonstra essa característica da água é o experimento de Hope: O gráfico a seguir mostra a variação do volume de 1 cm3 de água (a 4ºC) com a temperatura Termômetro superior Termômetro inferior Recipiente para gelo Proveta com água Enchendo-se a proveta com água e colocando-se gelo no recipiente a temperatura indicada pelos 2 termômetros começa a diminuir. Quando chega em 4ºC a leitura do termômetro superior continua caindo, chegando até o 0ºC, quando a superfície da água começa a congelar, enquanto que a leitura do termômetro inferior estaciona nos 4ºC. O motivo desse comportamento anômalo da água é a característica polar da mesma, o ângulo entre as ligações covalentes hidrogênio-oxigênio (passa de 104º para 90º quando a água congela) e a formação de pontes de hidrogênio que liga cada molécula de água a 4 outras quando a água se congela. Informações mais detalhadas podem ser obtidas em https://www.youtube.com/watch?v=ASLUY2U1M-8 e http://es.wikipedia.org/wiki/Agua. Lâminas bimetálicas Dispositivo constituído por 2 lâminas de materiais diferentes unidas de forma a não poderem deslizar uma sobre a outra. Quando o dispositivo é aquecido as lâminas sofrem dilatações diferentes, o que faz com que o dispositivo de curve em direção ao material de menor coeficiente de dilatação. O raio médio do arco é dado por t e R )1( 2 Onde “R” é o raio da curva, “α1 “ e “α2 “ são os coeficientes de dilatação dos materiais de que as duas lâminas são constituídas, “Δt” é a variação de temperatura e “e” a espessura da lâmina. Uma aplicação desse dispositivo é o termostato eletromecânico, que liga ou desliga um circuito elétrico de acordo com a situação da temperatura. Veja um exemplo no vídeo https://www.youtube.com/watch?v=xeRZmNWWGlc Tensões térmicas Quando um corpo submetido a variações de temperatura é impedido de se dilatar aparecem forças bastante intensas que podem acarretar efeitos desastrosos, como mostra o experimento http://de.wikipedia.org/wiki/Bolzensprenger (aparelho de contração de Tyndall), no qual uma barra de ferro fundido é quebrada ao se opor à contração de uma barra de aço previamente dilatada. t (ºC) V(cm 3 ) 4 1 Estes esforços surgem porque impedir a dilatação equivale a produzir, em sentido contrário, uma deformação de mesmo valor. A força necessária para isso depende do módulo de elasticidade do material Na equação acima F é a força capaz de produzir num material de módulo de elasticidade E, seção reta de área A e comprimento inicial L0 uma deformação ΔL. Valores do módulo de elasticidade são, por exemplo, em MPa (megapascal = 1 x 106 N/m2 ): 1.400 (polietileno), 27.000 (concreto), 70.000 (vidro), 110.000 (cobre) e 200.000 (aço). Para impedir uma dilatação térmica os suportes (ou corpos que tendem a impedir a dilatação) devem ser capazes de exercer uma força A título de exemplo: 1 barra de aço (E=200x109 Pa; α = 11x10-6 ºC-1) de área da seção A = 1 cm2 = 1x10-4 m2 sofrendo uma elevação de temperatura Δt = 100ºC exerce sobre o suporte uma força Evitar os efeitos de forças dessa natureza é que levam a providências tipo deixar espaço entretrilhos de estrada de ferro, juntas de dilatação em pavimentos, tubulações sujeitas a variações acentuadas de temperatura, etc. Tais forças são também causas eficientes de erosão em rochas e montanhas. Um experimento interessante mostra que as forças que surgem quando se procura impedir a água de aumentar de volume ao congelar são capazes de explodir uma bola de ferro fundido. Veja em https://www.youtube.com/watch?v=z2nwiba0N0Y Exercícios A densidade da prata é 10,31 a 0ºC. Seu coeficiente de dilatação volumétrica é 58 x 10-6ºC. Qual será sua densidade a 150ºC? Calcule os comprimentos de 2 barras na temperatura de 0ºC sabendo que seus coeficientes de dilatção linear são 15 x 10-6ºC-1 e 20 x 10-6ºC-1, respectivamente, e que em qualquer temperatura a diferença entre seus comprimentos é igual a 3 cm. Duas lâminas de 1 mm de espessura, uma de ferro e outra de cobre, paralelas e de igual comprimento a 0ºC, são rebitadas juntas. O conjunto é aquecido a 200ºC. Admita que a curva forme um arco de círculo. Calcule o raio do arco e diga qual metal fica do lado externo do mesmo. São dados: Fe= 12 x 10-6ºC-1 ; Cu= 18 x 10-6ºC-1 𝐸 = 𝜎 𝜖 = 𝐹 𝐴 ∆𝐿 𝐿0 → 𝐹 = 𝐸. 𝐴. ∆𝐿 𝐿0 ∝= ∆𝐿 𝐿0∆𝑡 → ∆𝐿 = 𝛼𝐿0∆𝑡 𝐹 = 𝐸.𝐴.∆𝐿 𝐿0 → 𝐹 = 𝐸. 𝐴.𝛼𝐿0∆𝑡 𝐿0 → 𝐹 = 𝐸. 𝐴.𝛼.∆𝑡 𝐹 = 𝐸.𝐴.𝛼. ∆𝑡 = 200. 109 . 1. 10−4. 11.10−6. 102 = 22000𝑁 = 2,2 𝑡𝑜𝑛𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎𝑠.𝑓𝑜𝑟ç𝑎!
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