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Soberania Jacques Maritain

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@r ,­ o HOMEM E O ESTADO 191JACQUES M A R I T A I N 
P e ú p e j e i ç á o da assim c h a m a d a soberallia do E s t a d oo HOMEM E O ESTADO 
." 
l i 
D a q u i l o q u e a i é a g o r a d i s s e m o s , r e s u l t a c l a r a m e n t e q u e h ád o i s o b s t á c u l o s p r i n c i p a i s p a r a o e s t a b e l e c i m e n t o d e u m a p a zd u r a d o u r a.. O p r i m e i r o dêsses o b s t á c u l o s é a assim c h a m a d a
s o b e r a n i a a b s o l u t a d o s E s t a d o s m o d e r n o s . O s e g u n d o é a r e ­TRADUÇÃO DE p e r c u s s ã o da i n t e r d e p e n d ê n c i a e c o n ô m i c a d e t M à s as n a ç õ e s
ALCEU ~OROSO LIMA s ô b r e o n o s s o e s t á g i o i r r a c i o n a l d a e v o l u ç ã o p o l í t i c a , n o q u a l
n e n h u m a o r g a n i z a ç ã o polftica m u n d i a l c o r r e s p o n d e à u n i f i c a ­ç ã o m a t e r i a l do ·u n i v e r s o . 
N o q u e d i z _ r e s p e i t o à a s s i m c h a m a d a s o b e r a n i a a b s o l u t ados ÉStados m o d e r n o s , u ã o i g n o r o o fato d e q u e p o d e m o s u s a r ,
e freqUentemente u s a m o s , a e x p r e s s ã o " s o b e r a n i a do E s t a d o "4." EDIÇ)i.O p a r a s i g n i f i c a r u m c o n c e i t o p o l í t i c o g e n u i n o , a s a b e.r, a pl e n a i n ­ 
d e p e n d ê n c.i a .ou . autol1omia do c o r p o p o l í t i c o . I n f e l i z m e n t e , a 
PI í~A~P,U10 5oB~f, 
..~zpressª~..e.~.~~'!. t'~~, 
I 
"s~º-eE1nia do E s t a d o "J_E~~!lIl~.Iiliu
d e s i g n a r t a l c o n c e i t o , p o r q u e o o b j e t o a .9~e.._,:la_~...r~f7-re .. n ã o&o(:)~RAN iA é o E s t a d o e silfi o c o r p o p o l l l 1 C l n ç e õ m ó Vunos no c a p i t u l o l i ,\ o p r 6 p n o c o , ? , = t i c o - n ã o - é - g e n u i n a m e n t e. s o b e r a n o . O v e r d a ­
. d e l r o · n o m e e a ü : 6 i i n a . l n t é l m n e n t c , " t a m b é n \ , e s s a p r õ p n a
·a u t o n o m 1 l n ! Q - c o r p o p o l í t i c o já n ã o e x i s t e e m s u a p l e n i t u d e~N a r e a l i d a d e , as n a ç õ e s n ã o s ã o m a i s a u t ô n o m a s e m s u a ",õa: ­~.Ç.,onomlca.· M e s m o em s u a Vjda..p..Q.litica, d e s f r ü t ã m3 P.éiias ·· cre ...
.. uma s e m i - a u t o n o m i a . S u a vida p o l í t i c a é c o n s t a n t e m e n t e aiIieã~ç a d a pelo p e r i g o p r e m e n t e e c o n t i n u o de g u e r r a , e seu s n e g ó c i o sd o m é s t i c o s s ã o p e n e t r a d o s p e l a i d e o l o g i a e p e l a p r e s s ã o d e o u ­j tr.as n a ç õ e s . O r a , n ã o b a s.ta o b s e r v a r q u e os c o r p o s p o l í t i c o sm o d e r n o s d e i x a r a m r e a l m e n t e d e s e r " s o b e r a n o s " , n e s s e s e n t i d oi m p r ó p r i o q u e significa p l e n a a u t o n o m i a . N ã o b a s t a t a m p o u c o
1966 exigir dos E s t a d o s s o b e r a n o s q u e l i m i t e m . e s u b m e t a m p a r c i a l ­1 m e n t e s u a s o b e r a n i a , c o m o se s e tt;atasse a p e n a s d e t o m a r m a i s
o u m e n o s r e s t r i t o em sua e x t e n s ã o u m privilégio g e n u i n a e r e a l ­L ' v r i l r / i l ' A G I R .& c h l ó r i l m e n t e c o n s u b s t a n c i a i ao E s t a d o e, a l é m disso, c o m o se s u a1 s o b e r a n i a p u d e s s e s e r l i m i t a d a em s u a p r ó p r i a e s f e r a .RIO D E J A N E I R O A
·1 
193 192 JACQUES MARITAIN 
Isto não basta. Devemos descer até às raízes, isto é, li­
bertarmo-nos do conceito Iíegeliano ou pseudcrhegeliano do 
Estado como uma pessoa, uma pessoa supra-humana. Deve­
mos compreender que O Estado é apenas uma parte (uma parte 
superior, mas uma parte), e um agente instrumental do corpo 
político. Restituiremos com isso o Estado às suas funções ver­
dadeiras, normais e necessárias, bem como à sua autêntica dig­
nidade . Compreenderemos assim que O Estado não é, nem 
jamais foi, soberano, porque soberania significa um direito na­
tural (que não pertence ao Estado e sim ao corpo político 
como sociedade perfeita) a um poder supremo e a uma indepen­
dência, que são supremàmente separados do todo que o sobera­
no governa e situados acima dêle. Essa segunda soberania não 
é privilégio nem do Estado nem do corpo polltico. Se o Estado 
fôssa soberano no sentido autêntico da expressão, não poderia 
jamais desistir de sua soberania nem mesmo restringi-la. Ora, 
o corpo polftico, qne não é soberano mas tem direito a plena 
autonomia, pode livremente desistir dês se direito, se reconhecer 
que já não é uma sociedade perfeita e decidir ingressar numa 
sociedade polftica mais vasta e mais verdadeiramente perfeita. • 
III 
Necessidade de uma sociedade política universal 
Quanto ao segundo obstáculo principal ao estabelecimento 
de urna paz duradoura, a saber, o Estado atual da desorganiza­
ção .polftica do globo, tocamos aqui na essência do problema 
em aprêço. . 
Se nos colocarmos na perspectiva de necessidades racionais, 
desdenhando por um momento as interferências circunstanciais 
da história, e se nos transportarmos para as conclusões finais 
iluminadas pelas exigências lógicas em aprêço, veremos nitida­
mente como os advogados de um Govêmo Mundial ou de um 
s6 mundo pollticamente organizado ' apresentam os seus argu­
mentos . 
Recordemos ràpidamente êsses argumentos . Distinguindo 
as condições básicas estruturais pressupostas pela guerra das 
várias causas que incitam à guerra (e que podem ser resumidas 
• Vld. e.p'. I o n. 
, 
-
o HOMEM E O ESTADO 
na natureza humana e na sua necessidade de bens materiais), 
_ afirma o Sr. Mortimer Adler que "a única causa da guerra 
é a anarquia", isto é, "a situação daqueles que procuram viver 
juntos sem govêrno". "Aparece a anarquia sem.pr~_ ..que_..os' 
homens e as nações procul.'lnLv:iY.eLjuntos,...sem. que . cada .. \Im 
dêÍes desista de sua sobgania.''::. O resultado é que, se algum 
dia a guerrã se f6rnã! impossível, será que então a anarquia 
entre as nações. foi suprimida; por outras palavras, o govêrno 
mundial terá sido estabelecido. 
I 
Seguindo uma linha de raciocínio semelhante, o Sr. String­
fellow Barr, depois de descrever A Peregrinação do Homem 
Ocidental, escreve: "O problema perante o qual se encontrava 
a geração do Segundo Armistício, a primeira geração da Idade 
Atômica, foi claramente o mais velho de todos os problemas 
políticos: como encontrar um g'lvêrno para uma comuuidade 
que O não possuía, mesmo quando cada fração desta comuni­
dade já vivia sob um govêrno que lhe era próprio . ~se pro­
blema fôra resolvido por tribos que se tinham congregado para 
formar uma aldeia; por aldeias que se tinham congregado para 
formar estados-cidades, como os da Itália do Renascimento; 
por estados-cidades que se tinham congregado para formar im­
périos, ou estados-nações soberanos. Agora já não eram aldeias 
e sim estados-nações que constituíam frações governadas de 
uma comunidade não governada . O que havia de terrIvelmente 
I 
nôvo nesse problema é que, a êsse tempo, a comunidade eraI universal, ligada entre si por bem ou por mal, pela ciência mo­
derna, pela moderna tecnologia e pelas necessidades clamoro­
sas da indústria moderna." Assim é que o homem de hoje, I 
I alargando a sua imaginação, tem que compreender, com respei­to a todo o planéta, a fôrça do argumento de Alexandre Ha­milton, no primeiro dos Federalist Papers, isto é, comO o cita 
I Stringfellow Barr, "que O preço da paz é a justiça, o preço da 
justiça é a lei, O preço da lei é o govêrno, e que o govêrno tem I 
I de aplicar a lei a homens e a mulheres e não apenas a gover­
nos subordinados"· 
Finalmente, o reitor Hutchins mostrouadmiràvelmente, 
em sua conferência sôbre Santo Tomás e o Estado Mundial, • 
7 Adler, op. cit., pág. 69. 
~ Striogfellow Barr, The Pilgr;nwge 01 Wtslem A.fc" (New 
York: Hareourt, Braco & Co., 1949) , púg. 341 . 
ti Robert M. Hulchins. SI. TllolIl(fS (lnd fhe World St(l(c (Aquina's 
, lecture, J949, Milwaukee; Marquette Universil y Press, 1949). :2 
~ 1 
, 
194 JACQUES MARITAIN I 
. . que o conceito de uma sociedade política universal pluralista 
'. coincide perfeitamente com os princípios básicos da filosofia I 
política de Tomás de Aquino. Para Tomás de Aquino, assim I 
I 
\ como para Aristóteles, a auto-suficiência (não digo auto-sufi­ I 
! ciência total, digo auto-suficiência real, embora relativa) é a
I propriedade essencial de uma sociedade perfeita. Tal é o objeti-
VO ao qual tendem, na humanidade, as formas políticas. O 
. primeiro bcm que uma sociedade perfeita procura garantir ­
' um bem que se confunde com a sua própria unidade e a sua I( 
,
I vida - é a sua própria paz, tanto int~rna. como exterior.. <;lra, &' . 
, quando nem essa paz nem a auto-sufiCIênCIa podem ser aungtdas ( ~f: I.~ 
i por uma forma particular de sociedade - como, por exemplo, jd (;. 1"7 
I a cidade - já não essa e sim uma forma mais ampla de sociJ-'p~'. 
dade - como, por exemplo, o Reino - é que representa a / I . r--:0
I,\ sociedade ~rfeita. Seguindo a mesma linha de argumentação, 0\.~ 
podemos concluir o scguinte: quando nem a paz nem a auto- <1''' ~ 
suficiência podem ser alcançadas por certo Reinos, . por ce ~,. \, 
Nações ou por certos Estados, é sinal de que já não são soct t rf..'l' 
\ dades perfeitas. Nesse caso será, então, uma sociedade mais . ",,<O 
ampla, definida por sua capacidade de realizar a autonomia e \~ -( . . \ 
I' a paz, que se tornará uma sociedade perfeita. Em nossos tem- .t.... ' 
pos, a sociedade que corresponderá a êsse tipo há .de' s~! a C<>­
. munidade internacional pollticamente organizada,. 
De acôrdo com os mesmos princlpios, foi sempre sôbre 
uma base moral que os Reinos e os Estados, enquanto corres­
pondiam mais ou menos ao conceito de sociedade perfeita, cum­
priram suas obrigações para com essa "comtiilidade de todo o 
mu'ndo", com essa sociedade interriacional, cuja existência e 
cuja dignidade sempre foi afirmada peios doutores e juristas 
cristãos, assim como pela consciência comum da humanidade. 
Essa base moral era reforçada, quantó possfvel, por laços legais 
e costumeiros, nascidos de um mútuo acôrdo. Ein suma, êsse 
rudimento de uma sociedade internacional se fundava tanto na 
lei M/ural 'como no ~ sentium, isto é, na lei comum p.!. civili~ ~ Sempre que fãtava a espada da lei, Deus sabe como eram 
cumpridas essas obrigações! Quando êsses corpos políticos par­
ticulares, isto é, os nossos assim chamados Estados nacionais, 
se tornaram incapazes de alcançar a sua plena autonomia e a 
paz, deixando assim de corresponder ao conceito de sociedade 
perfeita, então tudo mudou de figura. Já agora é a sociedade 
internacional que deve tornar-se sociedade perfeita, Já não é 
apenas sôbre uma base moral, mas ' sôbre uma base jurldica em 
o HOMEM E O ESTADO 195 
sua plenitude que as obrigações dos corpos políticos particula­
res têm de ser cumpridas para com o todo, uma vez; que êsses 
corpos políticos particulares se tornaram partes de um todo 
organizado pollticamente , Já não é mais em virtude apenas da 
lei ""tural e do jus gentium que essa sociedade internacional 
tem de ser organÍl:ada pollticamente, mas em virtude 'das leis 
positivas que o mundo pollticaruente organil:ado há de estabele­
cer e que seus governos terão de pôr em execução. 
. Durante o período de transição, como com razão observa 
o Sr. Hutchins, a fundação de um Estado Mundial pela fôrça, 
tanto como qualquer tentativa por parte de um Estado no sen­
tido de impor sua vontade a outro qualquer Estado, terá de ser 
contrariada como uma negação da Lei Natural. Esse govêmo 
mundial s6 poderá ser fundado pelo processo .normal e autên­
tico que têm seguido as sociedades políticas, isto é, pelo exer­
cício da liberdade, da ral:ão e das virtudes humanas. Enquanto 
não se fundar uma sociedade política mundial de tipo pluralista, 
os . corpos políticos particulares, moldados pela história, perma­
necerão como as únicas unidades políticas em que foi levado 
a efeito o conceito de sociedade política, perfeita, por menos 
que êsses corpos políticos correspondam ao ideal que temos 
em mente. Sejam grandes ou pequenos, fortes ou fracos, con­
servam o seu direito à plena independência, assim como êsse 
direito de fazer a paz ou a guerra que é inerente à sociedade 
perfeita e no exerclcio do qual, hoje em dia, a lei moral lhes 
pede m~ior domínio de si do que nunca. 
. . No entanto, o objetivo final está claramente determinado. 
Unia vez estabelecida a sociedade perfeita exigida pelos nossos 
tempos, isto é, a sociedade política mundial, deverá ela, por 
exigência fundamental da justiça, respeitar até o máximo as 
liberdades - essenciais ao bem comum do mundo - contidas 
nesses preciosos depositários de vida política, moral e cultural, 
que são as suas partes constitutivas . Mas oS Estados particula­
res terão renunciado aos seus respectivos direitos a uma inde­
pendência absoluta . Essa renúncia se traduzirá principalmente 
eru sua esfera exterior de atividades, e o Estado Mundial terá 
de desfrutar - dentro dos limites estritos das modalidades equi­
libradas, próprias de uma criação tão completamente nova da 
razão humana - . de podêres naturalmente exigidos por uma 
sociedade perfeita. Esses podêres serão, naturalmente, o poder 
legislativo, o poder executivo c o poder judiciário, com a fôrça 
coercitiva necessária para assegurar o cumprimenlo da lei. s 
--
• • • 
197 
• 
.----­
196 	 .rACQUBS MARIT AIN 
Devo ainda acrescentar que a Constituição, na qual serão 
algum dia definidos os direitos e os deveres, bem como as estru­
turas governamentais dêsse Estado Mundial, terá de ser fruto 
de esforços e de experiências comuns, bem como de tentativas 
diffceis, feitas pela história de hoje e do futuro. O Projeto 
Preliminar de uma COTlSlituição Mundial, que é conhecido como 
o Plano de Chicago ou o Plano Hutchins, parece-me ser um 
início particularmente valioso. Se êsse Projeto Preliminar fôr 
compreendido, de acôrdo com o propósito de seus autores, como 
uma simples "proposta à História, tendente a estimular outros 
estudos e discussões", parece-me ser êle, não só o melhor entre 
os vários planos de organização internacional que hoje se en­
contram em estado de elaboração, mas ainda o modêlo mais 
compreensivo e mais equilibrado que pod.eria ser elaborado por 
eminentes ci~ntistas pollticos lQ para exasperar os realistas irri­
tados e, ao mesmo tempo, incentivar o pensamento e a medita­
ção dos homens de boa vontade e de largas vistas. 
Muitas objeções, naturalmente, foram levantadas à idéia 
de um Govêrno Mundial . Quisera apenas aludir à mais im­
portante de tôdas, que insiste sÔbre o fato de que a idéia é 
bela, mas totalmente impossível de pôr-se em prática . Seria, 
por conseqüência, altamente perigosa, pelo fato de correr o 
risco de dirigir no sentido de uma brilhante utopia esforços que 
deveriam ser orientados para realizações mais modestas porém 
possíveis. A resposta deve ser que a idéia, se fôr fundada, 
como acreditamos, em uma filosofia polltica verdadeira e sadia, 
não pode ser impossível em si mesma. Por conseguinte, com­
pete à inteligência e à ·energia humanas tomá-Ia, com o tempo, 
passível de realização, em reku;ão ao enorme e, entretanto, con­
tingente número de obstáculos e de empecilhos acumulados 
10 A Comissão para elaborar uma cODstituição mundial foi com· 
posta dos senhores : Robert M. HuLch.ios,G. A. Borgese, Mortimer 
J. Adler, Stringfellow Barr, Alben GuéIllrd, Harold A. lnni., Erich 
Kahler, Wilber G. Katz, Charles H. Mcllwain, Robert Redfield e 
Rexford G. Tugwell. . 
O "'Projeto Preliminar" foi impresso em março de 1948, em um 
número da revista mensal Common CauSt (University of Chicago), um 
Ijperiódico do mundo uno", dedicado à defesa e à difusão dêssc piaDO, 
. sob a direção do Sr. G. A. Borgese., cujo infatigável esf6rço concorreu 
particularmente para a elaboração' do plano. 
o HOMBM E O ESTADO 
pelas condições sociológicas e históricas ao longo da vida da 
humanidade. 
Devo confessar, nesse ponto, que, na qualidade de aristo­I 
télico, não tenho muito de idealista. Se a idéia de uma socie­1 
i dade política mundial fôs se apenas uma bela idéia, não faria i 
muito caso dela. Considero-a uma grande idéia, mas também 
uma idéia sadia e verdadeira. No entanto, quanto maior éI 
I 	 uma idéia no que tange à fraqueza e às dificuldades da condição 
,I 	 humana, mais cautela devemos ter ao tratar dela. E tanto mais 
atentos devemos ser em não pedir sua imediata realização. 
Esta observação, se me permitem dizê-lo, parece-me muito pou­
co simpática para ser formulada em países generosos, como 
os Estados ·Unidos, onde as boas idéias são consideradas como 
qualquer coisa que deve pôr-se em prática imediatamente e só 
parecem merecer interêsse na medida do que são capazes desta 
imediata realização. Não seria bom, tanto para a causa dessa 
idéia como para a causa da paz, usar a idéia de um Govêrno 
Mundial, como uma arma contra as instituições internacionais, 
limitadas e precárias, que, na hora atual, representam os únicos 
meios pollticos existentes à disposição dos homens para conser­
var a trégua entre as nações. Além disso, os partidários do 
conceito de um Govêrno Mundial sabem perfeitamente _ o 
Sr. Mortimer Adler acentuou, de modo todo especial, êsse as­
pecto do problema - que essa concepção só pode alcançar 
uma existência ponderável depois de muitos anos de luta e ·de 
esfê\rÇAl. :SIes sabem, portanto, que a sua solução para uma 
paz perpétua futura não tem, seguramente, maior eficácia para 
a precária paz de hoje do que C) têm as instituições a que aca­
bamos de aludir. Os prós e os contras, no problema do Go­
vêrno Mundial, não dizem respeito aos nossos dias e sim às 
futuras gerações. 
IV 
Teoria plenal1lenle política 	contra teoria meramente goverrra­
merual 
Até agora tratei apenas dos aspectos mais gerais do- pro­
blema. Estaria tentado, talvez, a terminar aqui o meu ensaio. 
Pouparia assim a paciência do leitor . Parece-me, entretanto, 
que o assunto exige ainda algumas considerações complementa- L(

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