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Processos de Fabricação de Produtos Sólidos I UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Farmácia Escola de Tecnologia Industrial Farmacêutica Luiz Cláudio R. Pereira da Silva luizclaudio@pharma.ufrj.br Processos de Fabricação de Produtos Sólidos Módulo n° 1 : Planta de uma Indústria Farmacêutica; Salas limpas; Fluxos de fabricação; e Utilidades industriais. Processos de Fabricação de Produtos Sólidos RDC Nº 17, DE 16 DE ABRIL DE 2010 Art. 1º Esta resolução possui o objetivo de estabelecer os requisitos mínimos a serem seguidos na fabricação de medicamentos para padronizar a verificação do cumprimento das Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos (BPF) de uso humano durante as inspeções sanitárias. Planta de uma Indústria Farmacêutica “Instalação: espaço físico delimitado acrescido das máquinas, aparelhos, equipamentos e sistemas auxiliares utilizados para executar os processos”. Instalações Farmacêuticas Art. 102. As instalações devem ser localizadas, planejadas, construídas, adaptadas e mantidas de forma que sejam adequadas às operações a serem realizadas. minimizar o risco de erros; possibilitar a limpeza e manutenção; evitar a contaminação cruzada e o acúmulo de poeira; limpeza e desinfecção de acordo com POP; registrar as operações de limpeza; fornecimento de energia elétrica, a iluminação, a temperatura, a umidade e a ventilação das instalações devem ser apropriados; oferecer a máxima proteção contra a entrada de insetos, pássaros ou outros animais; e garantir o fluxo lógico de materiais e pessoal. Entre janeiro e fevereiro, para experimentar uma nova máquina de embalagem, o laboratório fabricou 500.000 cartelas de pílulas de farinha. Nas cartelas dos comprimidos de mentira, o número do lote e o das datas de fabricação e validade foram trocados por uma identificação fictícia: uma seqüência de números repetidos. Terminados os testes, os lotes fajutos deveriam ser destruídos. Minimizar o risco de erros Possibilitar a limpeza e manutenção Evitar a contaminação cruzada e o acúmulo de poeira Zero! Abaixo do limite de detecção! Limite de exposição ocupacional versus Exposição diária aceitável Testes swab, placebo, contato. • 1958 – hospital pediátrico nos EUA, intoxicação em massa de crianças entre 5 e 10 anos tratadas com um produto vitamínico para melhorar o seu desenvolvimento. Aparecimento de mamas e outras mudanças relacionadas com estrógenos. A investigação demonstrou que as cápsulas estavam contaminadas com estrógenos. Causa: contaminação por limpeza deficiente do equipamento usado na fabricação (produtos estrogênicos e vitamínicos fabricados alternados). - O resultado da análise do controle da qualidade era satisfatório incluindo o teor de vitaminas. • Conclusão: Importância da limpeza correta dos equipamentos para evitar a contaminação cruzada. • 1965 – Colômbia vários pacientes acometidos de tifo tratados com o medicamento genérico de cápsulas de Cloranfenicol não apresentam a melhora esperada. - Investigação isentou de responsabilidade o fabricante, as cápsulas continham a quantidade de cloranfenicol declarad, a matéria-prima cumpria com todas as especificações da Farmacopéia dos EUA, embora procedente da Itália. - Pesquisadores dos Estados Unidos e da Austrália analisaram problemas semelhantes e estabeleceram que as matéria- primas Palmitato de Cloranfenicol e Estearato de cloranfenicol podiam cristalizar de forma diferente (polimorfismo) dependendo do processo de produção. - Os dois fabricantes utilizavam diferentes processos de síntese e condições de purificação e cristalização do fármaco. Em maio de 2003(Brasil) cerca de 22 pessoas morreram após o uso do remédio como contraste em exames gastro-intestinais, a investigação comprovou a presença de grande quantidade de carbonato de bário e sulfato de bário, substâncias aplicadas como veneno para rato, que absorvidas pelo organismo podem causar intoxicação e até a morte. O carbonato de bário fora utilizado para diminuir os custos na fabricação do produto. Foi suspensa o comércio e uso bem como a distribuição do estoque dos medicamentos fabricados e importados pelo laboratório ENILA indústria e Comércio de Produtos Farmacêuticos AS. O Risco de contaminação cruzada durante fabricação pode ser originada por: • Liberação de pós incontrolada • Gases • Vapores. Aerossóis • Organismo provenientes de matérias-primas • Produtos em curso da fabricação. • Resíduos de materiais e das vestes dos operadores • Produção em locais separados penicilinicos, vacinas vivas e outros produtos biológicos), ou em trabalhos por campanhas (separação no tempo) seguidos de uma limpeza apropriada. • Instalação de ar insuficiente e ar não tratado podem ser causas de contaminação. • Renovação de ar insuficiente e ar não tratado podem ser causas de contaminação. • Portar vestimentas protetoras nos locais de fabricação dos produtos com alto risco de contaminação cruzada. • Utilização de procedimentos de limpeza e de descontaminação eficaz. • Utilização de sistemas fechados e uso de etiquetas mencionando o status “limpo” e “não limpo” do material. As medidas tomadas para evitar contaminação cruzada, ainda que seja eficaz devem ser controladas periodicamente, segundo os procedimentos previstos. AS PRINCIPAIS MEDIDAS TÉCNICAS PODE LIMITAR A CONTAMINAÇÃO CRUZADA SÃO: Instalações Farmacêuticas Art. 256. A ocorrência de contaminação cruzada deve ser evitada por meio de técnicas apropriadas ou de medidas organizacionais, tais como: I - produção em áreas exclusivas e fechadas (ex. as penicilinas, as cefalosporinas, os carbapenêmicos, etc...); II - produção em campanha (separação por tempo) seguida por limpeza apropriada de acordo com um procedimento validado. III - utilização de antecâmaras, diferenciais de pressão e insuflamento de ar e sistemas de exaustão; • Os produtos recepcionados e os produtos acabados devem ser colocados em quarentena, fisicamente ou administrativamente, imediatamente após a recepção ou sua fabricação, até sua liberação em via de uso ou sua distribuição. • Os produtos intermediários ou a granel comprados, devem ser tratados em sua recepção como matéria-prima. • Todos os produtos devem ser estocados nas condições apropriadas estabelecidas pelo fabricante e de modo ordenado em via de permitir uma separação separação dos lotes ou uma rotação do estoques. • Nas operações de produção, os rendimentos devem ser controlados e os balanços comparativos efetuados, para assegurar que não há descarte superior aos limites aceitáveis. • Os produtos diferentes não devem fazer parte de operações simultâneas ou consecutivas no mesmo local, a menos que não haja risco de mistura ou de contaminação. Generalidades • A cada etapa da produção, os produtos devem ser protegido das contaminações microbinadas e outras. • Quando as substâncias e os outros produtos secos são utilizados, precauções particulares devem ser tomadas afim de evitar a produção e disseminação de pós. Estas ações são aplicadas particularmente a manipulação de matérias sensibilizantes. • Em todo momento da produção, todos os produtos, os recipientes contendo o granel, o material mais importante, as amostras, os locais utilizados, devem ser etiquetados ou identificados por meios, indicando o nome do produto fabricado,sua dosagem (se necessário) e o número do lote. • O acesso aos locais de fabricação devem ser limitados ao pessoal autorizado. • Evitar fabricar produtos que não sejam medicamentos no mesmo local destinado a fabricação de medicamentos. (proibido no Brasil). Generalidades Instalações Farmacêuticas IV - redução do risco de contaminação causado pela recirculação ou reentrada de ar não tratado ou tratado de forma insuficiente; V - uso de vestimentas de proteção onde os produtos ou materiais são manipulados; VI - utilização de procedimentos validados de limpeza e de descontaminação; VII - utilização de "sistema fechado" de produção; VIII - ensaios de resíduos; e IX - utilização de rótulos em equipamentos que indiquem o estado de limpeza. Art. 111. As instalações devem ser planejadas para garantir o fluxo lógico de materiais e pessoal. Fluxos de fabricação Definições importantes “Área limpa: área com controle ambiental definido em termos de contaminação por partículas viáveis e não viáveis, projetada, construída e utilizada de forma a reduzir a introdução, geração e retenção de contaminantes em seu interior”. “Antecâmara: espaço fechado com duas ou mais portas, interposto entre duas ou mais áreas de classes de limpeza distintas, com o objetivo de controlar o fluxo de ar entre ambas, quando precisarem ser adentradas. A antecâmara é projetada de forma a ser utilizada para pessoas, materiais ou equipamentos”. Áreas Limpas Art. 402. Nas áreas limpas, todas as superfícies expostas devem ser lisas, impermeáveis, a fim de minimizar o acúmulo ou a liberação de partículas ou microrganismos, permitindo a aplicação repetida de agentes de limpeza e desinfetantes, quando for o caso. Áreas Limpas ACESSO À ÁREA CLASSIFICADA Áreas Limpas EXIGÊNCIAS SANITÁRIAS Áreas Limpas Art. 408. As duas portas de antecâmaras não podem estar simultaneamente abertas, devendo haver um sistema que impeça que tal fato ocorra. Áreas Limpas Art. 409. As áreas limpas devem ter um sistema de ventilação que insufle ar filtrado e que mantenha uma pressão positiva das áreas em relação às zonas circundantes. Utilidades Industriais Art. 109. O fornecimento de energia elétrica, a iluminação, a temperatura, a umidade e a ventilação das instalações devem ser apropriados, de modo a não afetar direta ou indiretamente a qualidade dos medicamentos durante os processos de fabricação ou o funcionamento adequado dos equipamentos. Utilidades Industriais Energia elétrica Iluminação Sistema de tratamento de ar Ar comprimido Vapor d’ água Água gelada Gases inertes Água purificada Utilidades Industriais Gerenciamento Localização Procedimentos/ treinamento Monitoramento Registro Plano mestre de manutenção Auditorias Energia elétrica/ iluminação Subestação (transformação: 380V, 220V, 110V) Gerador de emergência Aterramento dos equipamentos Iluminação adequada Iluminação de emergência Climatização: prover os sistemas no projeto, de elementos de balanceamento, capacidade necessária para ajustes de vazões e de pressurizações, assim como de características operacionais dos equipamentos como as unidades de tratamento de ar, ventiladores, exaustores, chillers e bombas, de forma a permitir seu efetivo balanceamento e ajuste em respeito aos parâmetros definidos nos requisitos do usuário. Sistema de tratamento de ar Sistema de tratamento de ar Temperatura Umidade Diferencial de pressão QI / QO / QP Unidade de tratamento de ar Ventilador (dentro da UTA empurra o ar através das serpentinas para as salas, que passa por vários filtros) Sistema de tratamento de ar Normas gerais e legislação a serem atendidas são: - Resolução RDC nº 17, de 16 de abril de 2010, da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); - Portaria GM/MS nº 3.523, de 28 de agosto de 1998, do Ministério da Saúde; - Resolução RE nº 09, de 16 de janeiro de 2003, da ANVISA; - NBR 13.700, de junho de 1996, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Em termos internacionais, algumas como: - Federal Standard 209 E; - ISO 14644; - GMP (Estados Unidos da América (EUA) e Comunidade Européia); além das normas específicas de climatização e as recomendações internas de cada indústria. Ar comprimido Sistema de produção de ar comprimido Aplicação: Sistemas pneumáticos de equipamentos Ar comprimido Qualidade do ar comprimido Classe 2 da ISO 8573.1 – classes de qualidade do ar comprimido RDC 307 de 14 de 11 de 2002 Geração de Vapor d’água Funcionamento/ Operação Sistema de purificação de água Água Purificada Art. 534. A água purificada deve cumprir com as especificações das farmacopéias aceitas pela ANVISA. Art. 535. O sistema de purificação de água deve ser projetado de forma a evitar a contaminação e proliferação microbiológicas. Art. 539. O método escolhido de purificação da água, ou seqüência de etapas de purificação, deve ser apropriado à aplicação em questão.
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