Buscar

Aula 5 - Parametrização e Regulamentação Inernacional do Comercio

Prévia do material em texto

LEGISLAÇÃO ADUANEIRA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 
 
 
 
2 
 
CONVERSA INICIAL 
Anteriormente, você aprendeu sobre crimes e infrações aduaneiras. São 
algumas modalidades diferentes que oscilam entre não pagar os tributos devidos 
e entrar ou sair do país com mercadoria proibida. Mas o que aconteceria com o 
país se nossas importações e exportações não fossem controladas? 
 Em primeiro lugar, uma série de produtos de baixa qualidade entrariam 
em nosso mercado. Produtos que, eventualmente, fizessem mal a seus 
consumidores ou causassem danos irreparáveis ao meio ambiente, como: tintas 
com metais pesados, produtos infantis com peças pequenas que se soltassem, 
bijuterias com químicos nocivos à pele e agrotóxicos e alimentos com 
contaminações diversas. Além disso, drogas, narcóticos e alucinógenos teriam 
passagem livre para o país, assim como armas e semelhantes. Se isso 
acontecesse, uma situação de guerra civil estaria muito próxima de nós, que 
seríamos alvo de produtos de má qualidade. Veja: a fiscalização do comércio 
exterior, ainda que tenha um caráter eminentemente tributário, excede essa 
competência e se torna, de fato, uma questão de saúde e segurança. 
 Por fim, nossa indústria acabaria refém de produtos importados que 
poderiam entrar no país sem pagar impostos e, consequentemente, ser 
oferecidos aos consumidores a preços artificialmente baratos. Você percebe 
como essa fiscalização é importante? 
 
CONTEXTUALIZANDO 
 Agora pensemos em outra coisa: você já imaginou o que aconteceria se 
todo país pudesse escolher quais regras comerciais obedecer? Ou, pior, caso 
não houvesse regras comerciais de abrangência global? Será que, nesse 
cenário, haveria segurança jurídica para aqueles que comercializassem? 
Certamente não! Isso aconteceu por muitos anos e, sem dúvida, foi um grande 
motivador para o empobrecimento de várias nações. Essas políticas, com 
aspirações diferentes, chamadas de protecionistas, geraram uma série de 
conflitos entre países. 
 Sabendo desses conflitos todos, como vimos na rota 4, à medida que a 
Segunda Guerra Mundial caminhava para seu fim, os aliados reuniram-se na 
cidade estadunidense de Bretton Woods para normatizar o sistema financeiro 
 
 
3 
global. Dessa normatização, surgiram organizações internacionais e o GATT – 
General Agreement on Tarifs and Trade, conhecido em português como Acordo 
Geral de Tarifas e Comércio. 
 O GATT trouxe uma série de normas internacionais de comércio que 
uniformizaram ações comerciais. Dentre elas, está a valoração aduaneira, sobre 
a qual você já aprendeu. Nesta aula, daremos continuidade à conversa com 
outros temas sobre a regulamentação internacional do comércio e de regras 
aduaneiras. 
 Para começar a discussão, você sabe onde encontrar o acordo do GATT? 
Vamos pesquisar. 
 
TEMA 1 – CONTROLE DAS IMPORTAÇÕES 
 O comércio exterior brasileiro, um dos pontos centrais da geração de 
riquezas de nosso país, é extremamente burocrático. Como você já deve saber, 
são mais de 3.000 normas que pautam as atividades das empresas. Uma série 
de órgãos intervenientes, necessidades documentais e leis, portarias e 
resoluções complicam o cenário de quem trabalha nessa área. 
 Mas, afinal, o que de mais importante você tem a saber sobre o controle 
das importações? Em primeiro lugar, que existe um cadastro necessário para a 
atuação em comércio exterior. Trata-se do REI – o registro de exportadores e 
importadores. Depois, é importante que você conheça o Sistema Integrado de 
Comércio Exterior, o famoso Siscomex. É pelo Siscomex que são feitos os 
registros de importação e exportação, ao qual a empresa deve estar habilitada e 
cadastrada para a utilização: 
O Portal Siscomex é uma iniciativa de governo eletrônico centrada no 
aumento da transparência e da eficiência nos processos e controles de 
exportações e importações. Voltado primordialmente aos operadores 
de comércio exterior - exportadores, importadores, transportadores, 
depositários, despachantes aduaneiros, terminais portuários, etc. - o 
Portal Siscomex objetiva, em sua etapa inicial de implementação, 
simplificar o acesso aos serviços e sistemas governamentais e à 
legislação pertinentes às operações de comércio exterior. 
Todos os sistemas componentes do Sistema Integrado de Comércio 
Exterior (SISCOMEX), bem como os demais sistemas governamentais 
destinados à obtenção de autorizações, certificações e licenças para 
exportar ou importar estão presentes no Portal Siscomex. Por meio 
dele, os operadores do comércio exterior também contam com acesso 
simplificado às normas que regem as importações e exportações 
brasileiras, organizadas por órgão responsável pela edição ou 
administração da norma em questão. (O Portal..., 2016.) 
 Pelo Siscomex você pode cadastrar seus trâmites de mercadoria. Ao 
importar e exportar algo, deve ser cadastrado o navio, sua procedência, seu 
 
 
4 
destino, as características da carga e o código NCM da mercadoria. Um 
importante aspecto da regulamentação das importações e exportações é o 
despacho aduaneiro, ao qual profissionais da área devem estar atentos. Há o 
despacho aduaneiro na exportação, que é mais simples; e também na 
importação, que é um pouco mais complexo: 
Despacho de importação é o procedimento mediante o qual é 
verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação 
à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação 
específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro (art. 542 do 
Regulamento Aduaneiro). 
Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título definitivo 
ou não, sujeita ou não ao pagamento do imposto de importação, deverá 
ser submetida a despacho de importação, que será realizado com base 
em declaração apresentada à unidade aduaneira sob cujo controle 
estiver a mercadoria. (Brasil, 2015b.) 
 O despacho aduaneiro é, como você pode ver, uma medida de segurança 
e de controle. A partir dele é possível verificar se o que foi declarado e registrado 
ao Siscomex conflui com o que chegou aos nossos portos. Tudo começa 
justamente no registro da importação ou exportação ao Siscomex. Como dito 
anteriormente, na exportação, o procedimento é mais simples. Na importação, 
por outro lado, são tomados outros cuidados. Vejamos alguns artigos do 
regulamento aduaneiro: 
Art. 31. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal 
do Brasil, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações 
sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo 
procedente do exterior ou a ele destinado; 
Art. 34. A autoridade aduaneira poderá proceder a buscas em qualquer 
veículo para prevenir e reprimir a ocorrência de infração à legislação 
aduaneira, inclusive em momento anterior à prestação das 
informações referidas no art. 31; 
Art. 41. A mercadoria procedente do exterior, transportada por 
qualquer via, será registrada em manifesto de carga ou em outras 
declarações de efeito equivalente; 
Art. 54. Os transportadores, bem como os agentes autorizados de 
embarcações procedentes do exterior, deverão informar à autoridade 
aduaneira dos portos de atracação, na forma e com a antecedência 
mínima estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a 
hora estimada de sua chegada, a sua procedência, o seu destino e, se 
for o caso, a quantidade de passageiros. (Brasil, 2009.) 
 Perceba: é rígido o controle de transportes, mercadorias e pessoas em 
nossas fronteiras. Justamente por isso, é importante que você, profissional de 
comércio exterior, esteja sempre a par das regulamentações a esse respeito. 
Qualquer erro no transporte internacional podecausar prejuízos desnecessários 
a você, à sua empresa e a seu cliente. 
 Imagine agora que a mercadoria chegou corretamente, todos os 
documentos relativos ao transporte estavam corretos e o preenchimento do 
 
 
5 
Siscomex se deu em acordo com o que manda a lei. Nesse caso, a mercadoria 
fica automaticamente liberada para entrar no país? Não. Há ainda a 
parametrização da importação. E o que é isso? É o tema da próxima parte! 
 
Texto de Leitura Obrigatória 
Faça a leitura do capítulo 3 do seguinte livro: 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação aduaneira, comércio exterior e negócios 
internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720518>. 
Acesso em: 23 jul. 2017. 
 
TEMA 2 – PARAMETRIZAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES 
 Como vimos no início dessa rota, a conferência do que é importado é 
fundamental para garantir a saúde dos consumidores e o respeito à lei. 
Absolutamente toda a mercadoria que entra em território nacional deve obedecer 
às leis e às regulamentações brasileiras. A parametrização serve para isso: 
enviar a importação para um dos canais do Siscomex. Este, quando preenchida 
a D.I., direciona a operação para um dos canais de parametrização. 
Assim, parametrização consiste no envio da importação para um canal 
específico. E quem faz isso? O próprio Siscomex, de forma automática. Existem 
quatro canais possíveis, de acordo com a Secretaria da Receita Federal: 
O Siscomex seleciona as DI registradas para um dos seguintes canais 
de conferência aduaneira (art. 21 da IN SRF nº 680/2006): 
Verde, pelo qual o sistema registra o desembaraço automático da 
mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação física da 
mercadoria. A DI selecionada para canal verde, no Siscomex, poderá 
ser objeto de conferência física ou documental, quando forem 
identificados elementos indiciários de irregularidade na importação (...); 
Amarelo, pelo qual deve ser realizado o exame documental e, não 
sendo constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, 
dispensada a verificação física da mercadoria. Na hipótese de 
descrição incompleta da mercadoria na DI, que exija verificação física 
para sua perfeita identificação com vistas a confirmar a correção da 
classificação fiscal ou da origem declarada, o AFRFB pode condicionar 
a conclusão do exame documental à verificação física da mercadoria; 
Vermelho, pelo qual a mercadoria somente é desembaraçada após a 
realização do exame documental e da verificação física da mercadoria; 
ou 
Cinza pelo qual deve ser realizado o exame documental, a verificação 
física da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de 
controle aduaneiro, para verificar indícios de fraude, inclusive no que 
se refere ao preço declarado da mercadoria. (Brasil, 2015a.) 
 
 
6 
 Como é possível saber para qual dos canais foi determinada importação? 
O próprio Siscomex dá essa resposta, após o término do preenchimento da 
declaração de importação no sistema. Por isso mesmo, é altamente necessário 
que o preenchimento seja feito corretamente, tanto em relação à mercadoria, 
quanto em relação ao seu transporte internacional. 
 A normatização da parametrização consta na Instrução Normativa 680 de 
2006, expedida pela Secretaria da Receita Federal. Nessa IN, constam os 
procedimentos e regulamentos a respeito dos canais de conferência e demais 
pontos do despacho aduaneiro de importação. Vejamos o que diz o artigo 21 da 
referida Instrução Normativa: 
Art. 21. Após o registro, a DI será submetida a análise fiscal e 
selecionada para um dos seguintes canais de conferência aduaneira: 
I - verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático da 
mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação da 
mercadoria; 
II - amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não 
sendo constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, 
dispensada a verificação da mercadoria; 
III - vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada 
após a realização do exame documental e da verificação da 
mercadoria; e 
IV - cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verificação 
da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle 
aduaneiro, para verificar elementos indiciários de fraude, inclusive no 
que se refere ao preço declarado da mercadoria, conforme 
estabelecido em norma específica. 
§ 1º A seleção de que trata este artigo será efetuada por intermédio do 
Siscomex, com base em análise fiscal que levará em consideração, 
entre outros, os seguintes elementos: 
I - regularidade fiscal do importador; 
II - habitualidade do importador; 
III - natureza, volume ou valor da importação; 
IV - valor dos impostos incidentes ou que incidiriam na importação; 
V - origem, procedência e destinação da mercadoria; 
VI - tratamento tributário; 
VII - características da mercadoria; 
VIII - capacidade operacional e econômico-financeira do importador; e 
IX - ocorrências verificadas em outras operações realizadas pelo 
importador. (Brasil, 2006.) 
 A primeira parte da qual fala o artigo você já sabia: trata-se dos canais 
para os quais determinada importação é direcionada. No entanto, é a partir do 
parágrafo primeiro que podemos entender quais são os critérios que fazem com 
que uma mercadoria vá para este ou aquele canal: 
Várias situações podem direcionar a DI para uma conferência mais 
rigorosa: por exemplo, se a DI está sendo registrada por uma pessoa 
jurídica que tem um histórico de fraudes, se a mercadoria é muito 
suscetível ao uso de classificação fiscal errada, se o bem provém de 
um país que, costumeiramente, exporta mercadorias com 
subfaturamento, se o brinquedo está sendo declarado como originário 
de um país que não cumpre normas técnicas, se o importador não é 
 
 
7 
habitual, enfim, inúmeras são as verificações que o SISCOMEX faz 
para decidir o canal de conferência. (Luz, 2013.) 
 É para evitar direcionamentos aos canais vermelho e cinza que se deve 
buscar a maior exatidão possível nos dados na hora de preencher o Siscomex. 
 
TEMA 3 – PARAMETRIZAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES 
 Tal como acontece com as importações, as exportações também são 
controladas. Há quem acredite que, neste caso, o controle é um pouco menos 
rigoroso. Talvez seja, haja vista que os produtos que saem do país serão 
conferidos em seus destinos. No entanto, isso não quer dizer que não haja 
controle por parte das autoridades brasileiras. 
 O controle começa no início do processo de exportação, tal qual assevera 
o Regulamento Aduaneiro, art. 580. Despacho de exportação consiste no 
procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo 
exportador em relação à mercadoria, aos documentos apresentados e à 
legislação específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro e à sua saída 
para o exterior. 
 Essa verificação, da qual fala o artigo 580, refere-se não apenas às 
quantidades e cargas, mas também aos seus documentos e itens. Da mesma 
forma, trata-se de um processo em que várias etapas são concatenadas: 
Tal qual o despacho aduaneiro de importação, o despacho de 
exportação é um processo, e também constitui-se de várias etapas. 
São elas: 
Registro da Declaração de Exportação; 
Confirmação da presença da carga; 
Recepção dos documentos; 
Parametrização; 
Distribuição e conferência; 
Desembaraço e trânsito aduaneiro; 
Registro dos dados de embarque ou transposição fronteiriça; 
Averbação do embarque e comprovação da exportação. (Nyegray, 
2016, p. 104.) 
Cada uma dessas etapas se inicia no Siscomex, e seus registros 
compreendem a descrição de todas as informações sobre a operação. Como 
manda a lei, o registro da exportação deve ser feito antes do embarque da 
mercadoria:Preenchido o Siscomex com as informações relativas à operação, o 
sistema automaticamente gerará um número automático, sequencial e 
anual. Conforme manda a Portaria 23 de 2011 do Secex, o RE deve 
ser feito previamente ao embarque da mercadoria. 
Uma vez encerrado o preenchimento do Siscomex, a carga a ser 
exportada deve estar na unidade de conferência para que seja, então, 
 
 
8 
direcionada para algum dos canais de parametrização: verde, laranja 
e vermelho. Enquanto o canal verde pressupõe o desembaraço 
automático, o canal laranja exige exame documental e o canal 
vermelho, o exame documental e físico da carga. (Nyegray, 2016, p. 
105.) 
Mas, afinal, por qual razão o exportador não pode saber, de antemão, 
para qual canal de parametrização vai sua exportação? 
Se isso não fosse exigido, o exportador teria conhecimento do canal 
de conferência atribuído à carga que ele ainda nem teria entregue à 
aduana. Com isso, se a carga fosse parametrizada para o canal verde 
ou laranja, ele, sabedor de que não haveria verificação física, poderia 
tentar embarcar mercadorias distintas das declaradas, com pouco risco 
de ser descoberto. Por motivo análogo, também é exigida, previamente 
à parametrização, a entrega dos documentos pelo exportador. (Luz, 
2013.) 
 Perceba: temos aqui mais uma forma de controle e segurança sobre os 
produtos destinados ao exterior. E quais são os canais de parametrização das 
exportações? Os mesmos da importação? Não! Veja: 
Há três canais de conferência para a DE: 
CANAL VERDE - o sistema procederá ao desembaraço automático da 
declaração, não sendo obrigatória a conferência aduaneira. 
CANAL LARANJA - procedimento obrigatório: exame documental (arts. 
22 a 24 da Instrução Normativa SRF nº 28, de 1994), efetuado pela 
fiscalização aduaneira. 
CANAL VERMELHO - procedimentos obrigatórios: exame documental 
(arts. 22 a 24 da Instrução Normativa SRF nº 28, de 1994) e verificação 
da mercadoria (arts. 25 a 28 da Instrução Normativa SRF nº 28, de 
1994), efetuados pela fiscalização aduaneira. 
A DE selecionada para o canal verde ou laranja poderá ser 
redirecionada, pela autoridade aduaneira, para o canal vermelho. 
(Brasil, 2015a.) 
 Feita a parametrização, a mercadoria em trâmite de exportação é 
desembaraçada. E no que consiste o desembaraço na exportação? Vejamos o 
R.A.: art. 591. Desembaraço aduaneiro na exportação é o ato pelo qual é 
registrada a conclusão da conferência aduaneira, e autorizado o embarque ou a 
transposição de fronteira da mercadoria. 
 
TEMA 4 – OMC E AS REGRAS ADUANEIRAS 
 Imagine como seria o mundo se cada país tivesse a possibilidade de agir 
internacionalmente como bem entendesse. Não só criando conflitos, mas 
barrando produtos que vêm do exterior sem motivo ou aviso prévio. Por exemplo: 
após um jogo de futebol entre Brasil e Argentina, no qual nós brasileiros nos 
sagramos vencedores, o governo argentino proibisse a entrada de todos os 
produtos brasileiros lá. O que você acha que aconteceria? Um caos, não é 
mesmo? 
 
 
9 
 De certa forma, esse caos comercial foi predominante no período entre as 
duas guerras mundiais, de 1918 a 1939, em especial após a quebra da bolsa de 
Nova York, em 1929. Os países passaram a adotar as chamadas “medidas 
protecionistas”, com fins de apenas enviar mercadorias ao exterior, e de lá não 
comprar mais nada. Vamos refletir: se todos querem exportar, mas ninguém quer 
importar, será que alguém consegue exportar? Possivelmente não. 
 Como agravante, aqueles que ainda conseguissem exportar algo, teriam 
seus produtos pagando altíssimas taxas e direitos aduaneiros quando os 
produtos chegassem ao exterior, o que os deixaria pouco competitivos. Esse 
cenário caótico durou até 1944. Nessa data, os aliados que lutavam contra os 
nazistas e fascistas na Europa reuniram-se na cidade americana de Bretton 
Woods para reorganizar o sistema financeiro mundial. Já falamos brevemente 
sobre esse assunto, mas aqui você aprenderá a respeito de forma um pouco 
mais detalhada! 
 Sem dúvidas, uma das causas mais proeminentes para a Segunda Guerra 
Mundial foi o empobrecimento geral causado pela quebra da bolsa de 1929. 
Quando isso aconteceu, não havia organismo internacional ou fórum que 
pudesse auxiliar os países afetados a discutir a situação e buscar soluções. Isso 
levou vários estados a agirem por conta própria, adotando medidas altamente 
protecionistas. 
 Como consequência, no decorrer do segundo conflito mundial, conforme 
os aliados (Estados Unidos, França e Inglaterra – principalmente) iam ganhando 
terreno dos nazistas, surgiu a preocupação de evitar uma nova crise após o final 
da guerra, como havia acontecido anteriormente. Essa foi uma das principais 
razões para a chamada Conferência de Bretton Woods. 
 Nessa ocasião, foram criadas duas instituições: o Banco Internacional de 
Reconstrução e Desenvolvimento (o BIRD), cuja missão seria reconstruir a 
Europa após o final da guerra; o Fundo Monetário Internacional (FMI), cuja 
missão seria reconstruir o sistema monetário/financeiro global e assessorar 
países na condução de suas economias. Foi criada também uma terceira 
instituição, que só se tornou, uma instituição de fato na década de 1990. No 
entanto, em Bretton Woods, foi assinado o tratado do GATT – General 
Agreenment on Tariffs and Trade (Acordo geral de tarifas e comércio). 
 
 
10 
 O tratado do GATT é um dos mais importantes mecanismos de regulação 
e liberalização comercial do mundo, e fornece as bases para a criação da OMC 
– Organização Mundial do Comércio –, em 1995. Veja a citação abaixo: 
Instituído na Conferência de Bretton Woods [...] o GATT serviu como 
fórum global de negociação para a liberalização de barreiras 
comerciais. O GATT marcou o início de uma série de rodadas anuais 
de negociação, com o objetivo de reduzir as barreiras ao comércio e 
aos investimentos internacionais. Os governos participantes 
reconheceram que a liberalização do comércio estimularia a 
industrialização, a modernização e a melhoria do padrão de vida. O 
GATT acabou transformando-se na Organização Mundial do Comércio 
(OMC), à medida que mais países aderiram a esse órgão 
multinacional. A Organização Mundial do Comércio representa um 
órgão governamental multilateral com poder de regulamentar o 
comércio e o investimento internacionais” (Vaïsse, 2013). 
 Interessante, não é mesmo? Outro ponto do qual você sem dúvidas já 
ouviu falar são as Rodadas do GATT, ou Rodadas da OMC. Nessas rodadas, 
são discutidos temas específicos, havendo várias até hoje, como você pode ver 
na tabela abaixo: 
 
Tabela 1 – Rodadas do GATT 
Ano Nome Temas Países 
1947 Genebra Tarifas 23 
1949 Annecy Tarifas 13 
1951 Torquay Tarifas 38 
1956 Genebra Tarifas 26 
1960-1 Dillon (Genebra) Tarifas 26 
1964-67 Kennedy (Genebra) Tarifas e medidas antidumping 62 
1973-79 Tóquio (Genebra) Tarifas, medidas não-tarifárias 
e acordos jurídicos 
102 
1986-94 Uruguai (Genebra) 
Tarifas, medidas não-tarifárias, 
normas, serviços, solução de 
controvérsias, agricultura, 
criação da OMC 
123 
2001 - hoje Milênio/Doha 
Investimentos, agricultura, 
serviços, saúde pública e 
ingresso da China 
149 
Fonte: Adaptado de Seitenfus (2005). 
Qual é, então, o impacto final das negociações do GATT sobre o comércio 
mundial? Veja: 
De fato, as negociações do GATT corroeram a tarifa exterior comum e 
suscitaram um crescimento notável do comércio mundial. Após as 
quatro primeiras negociações comerciais (1947, 1949, 1950 e 1956) a 
Dillon Round (1960-1962), a Kennedy Round (1964-1967) e a Tokyo 
Round (1973-1979) levaram a uma redução considerável das tarifas 
aduaneiras industriais. A conferência reunida em Punta del Este desde 
setembrode 1986, e chamada por essa razão de Uruguay Round, 
tropeça nos produtos agrícolas, nos serviços, no audiovisual. Estados 
 
 
11 
Unidos e Canadá pedem aos europeus a supressão das subvenções 
agrícolas, em particular no setor das oleaginosas (soja-girassol) e 
melhor acesso ao mercado; os europeus reagem insistindo sobre a 
agressividade comercial do Japão e sobre o protecionismo americano 
em matéria aeronáutica. [...] O compromisso firmado (14 de dezembro 
de 1993) permite a assinatura da convenção final da Rodada do 
Uruguai (15 de abril de 1994), em Marrakech, obrigando 121 países a 
um desmantelamento sem precedentes de suas barreiras 
alfandegárias. (Vaïsse, 2013). 
 Ou seja, o GATT promoveu uma cooperação internacional sem 
precedentes em relação a vários pontos do Comércio Internacional. Seus 
princípios, que você conhecerá na próxima parte desta aula, estão, até hoje, 
incorporados na Organização Mundial do Comércio. Tais princípios tornaram-se 
bases para que os países definissem uma série de regras aduaneiras, por 
exemplo: a NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul –, que vem do Sistema 
Harmonizado e teve auxílio da estrutura do GATT em sua criação. 
 
Texto de Leitura Obrigatória 
Leia o capítulo 10 do seguinte livro: 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação aduaneira, comércio exterior e negócios 
internacionais. Intersaberes: Curitiba, 2016. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720518>. 
Acesso em: 23 jul. 2017. 
 
TEMA 5 – REGULAMENTAÇÃO INTERNACIONAL DO COMÉRCIO 
 Como já vimos, a Organização Mundial do Comércio surgiu no decorrer 
da década de 1990. Seu antecedente fundamental é o GATT, cujos princípios 
conhecemos anteriormente. Eis aqui uma peculiaridade: o GATT não é uma 
instituição propriamente dita, mas um acordo internacional. Com a criação e 
assinatura da chamada Ata de Marraqueche, a Organização Mundial do 
Comércio sai do papel e engloba o GATT. Veja o início da Ata: 
As Partes no presente Acordo: 
Reconhecendo que as suas relações no domínio comercial e 
económico deveriam ser orientadas tendo em vista a melhoria dos 
níveis de vida, a realização do pleno emprego e um aumento 
acentuado e constante dos rendimentos reais e da procura efetiva, bem 
como o desenvolvimento da produção e do comércio de mercadorias e 
serviços, permitindo simultaneamente otimizar a utilização dos 
recursos mundiais em consonância com o objetivo de um 
desenvolvimento sustentável que procure proteger e preservar o 
ambiente e aperfeiçoar os meios para atingir esses objetivos de um 
modo compatível com as respectivas necessidades e preocupações a 
diferentes níveis de desenvolvimento económico; [...] 
É criada a Organização Mundial do Comércio [...] 
 
 
12 
A OMC facilitará a aplicação, gestão e funcionamento do presente 
Acordo e dos acordos comerciais multilaterais e promoverá a 
realização dos seus objetivos, constituindo igualmente o 
enquadramento para a aplicação, gestão e funcionamento dos acordos 
comerciais plurilaterais. (Brasil, 1994). 
 Desde então, a Organização Mundial do Comércio tem desempenhado 
um papel muito importante na liberalização do comércio internacional. Além dos 
princípios do GATT que ainda vigoram, existem algumas regras gerais para o 
comércio internacional. Por exemplo: um código internacional de mercadorias 
identificadas apenas por números, independentemente do idioma. Como você 
já aprendeu, trata-se do Sistema Harmonizado. Outra contribuição importante 
são os princípios de valoração aduaneira, os quais você também já conhece. 
 Existem, portanto, muitas minúcias que o GATT e a OMC atingem, 
deixando realmente muito claras as regras do jogo comercial mundial. E quem 
ganha com isso? Nós, consumidores e profissionais, que podemos entender com 
maior facilidade as regras da competição internacional. 
 Quais são os princípios do GATT que permanecem na OMC e que 
apresentam impactos aduaneiros? O primeiro dos princípios é o da “Nação mais 
favorecida”, constando no artigo I do tratado. Veja o que diz o acordo do GATT: 
Qualquer vantagem, favor, imunidade ou privilégio concedido por uma 
Parte Contratante em relação a um produto originário de ou destinado 
a qualquer outro país, será imediata e incondicionalmente estendido 
ao produtor similar, originário do território de cada uma das outras 
Partes Contratantes ou ao mesmo destinado. Este dispositivo se refere 
aos direitos aduaneiros e encargos de toda a natureza que gravem a 
importação ou a exportação, ou a elas se relacionem, aos que recaiam 
sobre as transferências internacionais de fundos para pagamento de 
importações e exportações, digam respeito ao método de arrecadação 
desses direitos e encargos ou ao conjunto de regulamentos ou 
formalidades estabelecidos em conexão com a importação e 
exportação bem como aos assuntos incluídos nos §§ 2 e 4 do art. III. 
(Fonte: Palácio do Planalto. (Brasil, 1994.) 
 Ou seja: se uma nação conceder algum benefício a outra nação em suas 
relações comerciais, esse benefício deve se estender a todos os demais 
membros da OMC. Qual é a ideia desse princípio? Que não haja tratamento 
diferenciado entre países, e que todos possam competir igualmente no comércio 
internacional. Essa regra possui exceção? Sim! Os blocos comerciais e acordos 
internacionais de comércio, sejam eles bilaterais ou multilaterais. 
 Vejamos o próximo princípio, contido no artigo III do acordo do GATT: 
Os produtos do território de qualquer Parte Contratante, importados por 
outra Parte Contratante, não estão sujeitos, direta ou indiretamente, a 
impostos ou outros tributos internos de qualquer espécie superiores 
aos que incidem, direta ou indiretamente, sobre produtos nacionais. 
(Brasil, 1994.) 
 
 
13 
 Esse é o chamado princípio do “Tratamento Nacional”. Significa que 
nenhuma mercadoria estrangeira, ao entrar num determinado país, pode ter 
tratamento diferenciado em relação aos produtos nacionais. Ou seja: se uma 
mercadoria nacional é tributada em IPI, ICMS e PIS/COFINS, por exemplo, 
esses mesmos tributos podem incorrer no produto importado, e nada a mais. 
Com isso, dá-se aos produtos importados o mesmo tratamento que é dado aos 
produtos nacionais. Assim, a competição entre os itens ocorre com base em 
qualidade, características e preço final, não sendo o produto importado 
artificialmente mais caro. 
 Outro princípio do qual você deve ter conhecimento é o da “Liberdade de 
Trânsito”, contido no artigo V do acordo do GATT. Lembre-se de que, quando 
falamos dos regimes aduaneiros especiais, vimos o caso do Paraguai, que não 
é banhado pelo mar, e mesmo assim faz comércio exterior. No caso do deste 
país, uma imensa variedade de mercadorias é mais barata lá do que aqui no 
Brasil. E como funcionam as importações paraguaias? Os produtos chegam no 
Brasil e são transportados ao Paraguai sem que paguem impostos em nosso 
país. 
 Essa disposição não vem apenas com a Legislação Aduaneira brasileira, 
mas está no acordo do GATT: 
As mercadorias (compreendidas as bagagens) assim como os navios 
e outros meios de transporte serão considerados em trânsito através 
do território de uma Parte Contratante, quando a passagem através 
desse território, quer se efetue ou não com baldeação, armazenagem, 
ruptura de carga ou mudança na forma de transporte, não constitua 
senão uma fração de uma viagem completa, iniciada e terminada fora 
das fronteiras da Parte Contratante em cujo território se efetua. No 
presente artigo, um tráfego dessa natureza é denominado "tráfego em 
trânsito”. (Brasil, 1994.) 
 Isso quer dizer que, se a mercadoria não tem o meu país como destino 
final, eu não posso tributá-la de qualquer forma. Além disso, outro princípio muito 
importante estáno artigo VI do acordo do GATT. É o da concorrência leal. Veja 
só o que ele diz: 
As Partes Contratantes reconhecem que o "dumping" que introduz 
produtos de um país no comércio de outro país por valor abaixo do 
normal, é condenado se causa ou ameaça causar prejuízo material a 
uma indústria estabelecida no território de uma Parte Contratante ou 
retarda, sensivelmente o estabelecimento de uma indústria nacional. 
Para os efeitos deste Artigo, considera-se que um produto exportado 
de um país para outro se introduz no comércio de um país importador, 
a preço abaixo do normal, se o preço desse produto [...]. (Brasil, 1994.) 
 Você certamente já ouviu falar em dumping, não é mesmo? E o que é 
isso? Dumping se define pela introdução de um produto em outro país por valor 
 
 
14 
abaixo do normal, às vezes até abaixo do valor que custou para produzi-lo. E 
qual é o benefício de fazer uma coisa dessas? Simples: algumas empresas 
fazem isso para falir com os concorrentes locais. A partir do momento em que 
os concorrentes locais fecham as portas, essas empresas estrangeiras tornam-
se monopolistas, ou seja, são as únicas a vender determinado produto. Assim, 
podem aumentar os preços indefinidamente. A prática do dumping fere os 
direitos de concorrência e a torna desleal. Por isso, o nome do princípio é 
“concorrência leal”. 
 O último princípio que veremos é o da “proibição das restrições 
quantitativas”, e consta no artigo XI do tratado do GATT: 
Nenhuma Parte Contratante instituirá ou manterá, para a importação 
de um produto originário do território de outra Parte Contratante, ou 
para a exportação ou venda para exportação de um produto destinado 
ao território de outra Parte Contratante, proibições ou restrições a não 
ser direitos alfandegários, impostos ou outras taxas, quer a sua 
aplicação seja feita por meio de contingentes, de licenças de 
importação ou exportação, quer por outro qualquer processo. (Brasil, 
1994.) 
 O que isso significa? Significa que um país não pode restringir as 
importações de bens diversos impondo quantidade mínima ou máxima de 
exportação. Por exemplo: imagine que o governo estipula que, por ano, só 
poderão ser importados mil automóveis e duas mil motocicletas. Se, no início do 
ano, alguém registrar a importação dessas quantidades, os demais importadores 
só poderiam efetuar operação semelhante dali um ano. 
 No intuito de evitar essas situações, o GATT proíbe que os governos 
imponham aos seus importadores esse tipo de restrição quantitativa. Isso deixa 
o comércio mais livre e competitivo. Todos esses princípios servem para deixar 
claras as regras do comércio internacional. Além desses, o GATT normatiza mais 
uma série questões, que não serão objeto de discussão aqui. A cada uma dessas 
normas do GATT e da OMC, os países membros do acordo devem ajustar suas 
legislações internas para evitar conflito de normas. 
 Assim, esses princípios todos acabam por moldar a legislação aduaneira 
e, como você já viu, até mesmo os regimes aduaneiros especiais! 
 
TROCANDO IDEIAS 
O acordo do GATT pode ser lido no seguinte endereço: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/anexo/and1355-
94.pdf> 
 
 
15 
 
NA PRÁTICA 
Leia o artigo “Brasil consultará OMC a respeito de sobretaxa a 
siderúrgicos”, publicado pela revista Exame, em 28/09/16 e disponível em: 
<http://exame.abril.com.br/economia/brasil-consultara-omc-a-respeito-de-
sobretaxa-a-siderurgicos/>. 
Com base na sua leitura do artigo, e imaginando que os Estados Unidos 
tenham, de fato, concedido incentivos à sua indústria interna, bem como criado 
um imposto a mais para incidir sobre os produtos vindos do Brasil, quais dos 
princípios do acordo do GATT tais atitudes ferem? 
 Ao aplicar a um produto importado um tributo não aplicado aos produtos 
nacionais, está-se ferindo o princípio do “Tratamento Nacional”. Os produtos 
importados não podem ser tratados de forma diferente dos produtos nacionais. 
 Por outro lado, ao incentivar a indústria siderúrgica nacional, seja por meio 
de subsídio, seja por meio de estímulos governamentais, os Estados Unidos 
estão ferindo o princípio da “concorrência leal”, uma vez que seus produtores 
terão condições de produzir um item final mais barato e mais competitivo, com 
ajuda do governo. 
 
FINALIZANDO 
O comércio exterior brasileiro, um dos pontos centrais da geração de 
riquezas de nosso país, é extremamente burocrático. Como você já deve saber, 
são mais de 3.000 normas diferentes que pautam as atividades das empresas. 
Pelo Siscomex, são feitos os registros de importação e exportação, ao qual a 
empresa deve estar habilitada e cadastrada para a utilização. 
Ao importar e exportar algo, deve ser cadastrado o navio, sua 
procedência, seu destino, as características da carga e o código NCM da 
mercadoria. Um importante aspecto da regulamentação das importações e 
exportações é o despacho aduaneiro, ao qual profissionais da área devem estar 
atentos. 
Absolutamente toda a mercadoria que entra em território nacional deve 
obedecer às leis e às regulamentações brasileiras. A parametrização serve para 
isso: enviar a importação para um dos canais do Siscomex. Este, quando 
preenchida a D.I., direciona a operação para um dos canais de parametrização. 
Assim, parametrização é o envio da importação para um canal específico. 
 
 
16 
Tal como acontece com as importações, as exportações também são 
controladas, assim assevera o Regulamento Aduaneiro: art. 580. Despacho de 
exportação é o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados 
declarados pelo exportador em relação à mercadoria, aos documentos 
apresentados e à legislação específica, com vistas a seu desembaraço 
aduaneiro e a sua saída para o exterior. Essa verificação, da qual fala o artigo 
580, refere-se não apenas às quantidades e cargas, mas também aos seus 
documentos e itens. 
O tratado do GATT é um dos mais importantes mecanismos de regulação 
e liberalização comercial do mundo, e fornece as bases para a criação da OMC 
– Organização Mundial do Comércio –, em 1995. Seus princípios são 
importantes mecanismos de controle e liberalização do comércio global. O 
primeiro deles é o da “Nação mais favorecida”, constando no artigo I do tratado. 
Outro princípio é o da “Liberdade de Trânsito”, contido no artigo V do acordo do 
GATT: se a mercadoria não tem o meu país como destino final, não é possível 
tributá-la de qualquer forma. Além desse, outro princípio muito importante está 
no artigo VI do acordo do GATT, é o princípio da concorrência leal. 
 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira: de 
1850 a 2007. In: ______. (Org.). Internacionalização de empresas. São Paulo: 
Editora Atlas, 2009. 
BRASIL. Ata final que incorpora os resultados das negociações comerciais 
multilaterais da rodada Uruguai. Marraqueche, 15 abr. 1994. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/anexo/and1355-
94.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2017. 
_____. Decreto n. 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Regulamenta a 
administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a 
tributação das operações de comércio exterior. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 5 fev. 2009. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Decreto/D6759.htm>. Acesso em: 23 jul. 2017. 
BRASIL. Gestão da informação. Instrução normativa SRF n. 680, de 02 de 
outubro de 2006. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 2006. Disponível 
em: 
<http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&
idAto=15618>. Acessoem: 23 jul. 2017. 
BRASIL. Ministério da Fazenda. Subsecretaria de Aduana e Relações 
Internacionais. Despacho de importação. Brasília, DF, 27 maio 2015a. 
Disponível em: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-
importacao/topicos-1/conceitos-e-definicoes/despacho-de-importacao>. Acesso 
em: 23 jul. 2017. 
_____. Parametrização. Brasília, DF, 28 maio 2015b. Disponível em: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-
importacao/topicos-1/despacho-de-importacao/etapas-do-despacho-aduaneiro-
de-importacao/parametricao>. Acesso em: 23 jul. 2017. 
 
 
18 
_____. Seleção parametrizada. Brasília, DF, 26 jul. 2016. Disponível em: 
<https://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-
exportacao/topicos/selecao-parametrizada>. Acesso em: 23 jul. 2017. 
CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais: 
estratégia, gestão e novas realidade s. Pearson: São Paulo, 2010. 
CABRAL, J. L. Comércio internacional para concursos. Editora Método: São 
Paulo, 2011. 
FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e 
internacionalização para as economias emergentes. Lidel: Lisboa, 2011. 
FISCHER, R.; URY, W.; PATTON, B. Como chegar ao sim: as negociações de 
acordos sem concessões. Imago: São Paulo, 2005. 
HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2005. 
IAMIN, G. P. Negociação: conceitos fundamentais e negócios internacionais. 
Intersaberes: Curitiba, 2016. 
MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações 
internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação aduaneira, comércio exterior e negócios 
internacionais. Intersaberes: Curitiba, 2016. 
O PORTAL Siscomex. Disponível em: <http://portal.siscomex.gov.br/conheca-o-
portal/O_Portal_Siscomex>. Acesso em: 23 jul. 2017. 
RODRIGUES, E. ARAÚJO, C. Brasil consultará OMC a respeito de sobretaxa a 
siderúrgicos. Exame.com, 28 set. 2016. Disponível em: 
<http://exame.abril.com.br/economia/brasil-consultara-omc-a-respeito-de-
sobretaxa-a-siderurgicos/>. Acesso em: 23 jul. 2017. 
WERNECK, P. Comércio exterior e despacho aduaneiro. 4 ed. Editora Juruá: 
Curitiba, 2009.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes