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Legislação Aduaneira - Aula 02

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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
João Alfredo Lopes Nyegray 
 
 
 
 
2 
 
CONVERSA INICIAL 
Você já parou para pensar em quantos países existem no mundo? 
Atualmente, são pelo menos 200. Cada um desses países possui seus costumes 
e suas leis. Nada mais natural, não é mesmo? Agora, vamos pensar o seguinte: 
um brasileiro propõe negócio a um argentino, via internet. O argentino aceita, e 
ambos começam a fazer negócio. Caso algum problema aconteça com esse 
negócio, qual lei é aplicável ao caso — a lei brasileira ou a lei argentina? 
Essa discussão refere-se à aplicabilidade do direito no tempo e no espaço. 
Quando falamos em espaço, referimo-nos aqui não ao espaço sideral, onde 
estão estrelas, asteroides e planetas, mas ao espaço enquanto território de uma 
determinada nação. Se um negócio foi realizado via internet, a lei de qual país 
deve ser aplicada? 
Quem nos ajuda a entender essa questão é a Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro, o Decreto-Lei n. 4.657/1942. Em seu art. 9º, essa 
lei diz que para qualificar e reger as obrigações, será aplicada a lei do país em 
que se constituírem. Um outro ponto importante a esse respeito está no art. 12: 
é competente a autoridade judiciária brasileira quando o réu for domiciliado no 
Brasil ou quando aqui tiver de ser cumprida a obrigação. 
Está vendo? Ainda que existam tantas leis e tantos sistemas jurídicos pelo 
mundo, o nosso direito nos auxilia a entender melhor como as leis devem ser 
aplicadas. Esse raciocínio é de extrema importância para aqueles que trabalham 
na área do comércio exterior. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Você certamente já viu aqueles filmes policiais onde há algum tipo de 
confronto de jurisdições. Um investigador diz ao outro que isso ou aquilo “não 
está na sua jurisdição” ou que “isso é de minha jurisdição”. Mas o que quer dizer 
isso? Bem, jurisdição significa pura e simplesmente “dizer o direito”. Não no 
sentido de dizer quais leis são ou não aplicáveis, mas no sentido de qual 
entidade proclama quais normas. 
Infelizmente, é frequente vermos em campanhas para vereadores, 
deputados estaduais e deputados federais candidatos fazendo promessas fora 
de sua área de jurisdição. Por exemplo: vereadores prometem mudar o tempo 
 
 
3 
de contribuição para a aposentadoria e deputados federais prometem diminuir o 
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre algo ou 
alguma coisa. Isso é possível? Não! O Instituto Nacional de do Seguro Social 
(INSS) é um órgão federal, então só pode ser regulamentado por leis federais. 
Por outro lado, o ICMS é de competência estadual, e só pode ser alterado por 
leis estaduais criadas pelos deputados estaduais e aprovadas pelas assembleias 
legislativas. 
E para o comércio exterior, qual a jurisdição que importa? 
Primordialmente, a jurisdição federal. É o que nos diz o regulamento aduaneiro: 
Art. 3º A jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se por todo o 
território aduaneiro e abrange: 
I - a zona primária, constituída pelas seguintes áreas demarcadas pela 
autoridade aduaneira local: 
a) a área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, nos portos 
alfandegados; 
b) a área terrestre, nos aeroportos alfandegados; e 
c) a área terrestre, que compreende os pontos de fronteira 
alfandegados; e 
II - a zona secundária, que compreende a parte restante do território 
aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo. (Brasil, 
2009) 
Ou seja, toda a mercadoria em trâmite de chegada ou saída de nosso país 
deve obedecer estritamente às regras aduaneiras não só estabelecidas pela 
Receita Federal, mas também nos regulamentos e leis de nosso país. Esse é um 
dos conteúdos desta aula! 
 
Saiba mais 
Você sabe dizer que tipo de lei os estados e municípios têm jurisdição para criar? 
 
TEMA 1 – JURISDIÇÃO ADUANEIRA 
Agora que você já sabe que jurisdição é o poder ou a competência para 
dizer o direito aplicável a um caso concreto, precisa saber qual é a jurisdição 
aduaneira. Você já viu também que o país se divide em duas zonas: a primária 
e a secundária, conforme estabelece o regulamento aduaneiro. É na zona 
primária que existe demarcação da autoridade aduaneira para que ali ocorram 
os atos fiscalizatórios da Receita Federal. 
No entanto, quando seguimos a leitura do regulamento aduaneiro 
buscando conhecer mais sobre a jurisdição aduaneira, deparamo-nos com o 
art. 5º (Brasil, 2009), vejamos: 
 
 
4 
Art. 5º Os portos, aeroportos e pontos de fronteira serão alfandegados 
por ato declaratório da autoridade aduaneira competente, para que 
neles possam, sob controle aduaneiro: 
I - estacionar ou transitar veículos procedentes do exterior ou a ele 
destinados; 
II - ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou 
passagem de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas; 
e 
III - embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do 
exterior ou a ele destinados. 
E o que podemos concluir a partir disso? Podemos concluir que, nas 
zonas primárias, existem os chamados recintos alfandegados, que são 
justamente o local onde as operações de comércio exterior ocorrem: embarques, 
desembarques, operações de carga e afins. Como poderíamos definir uma área 
alfandegada? Como “o local onde deve ser realizado o trabalho aduaneiro de 
controle fiscal de mercadorias, de modo a concentrar e otimizar a fiscalização 
aduaneira” (Werneck, 2009, p. 40). 
É nessas áreas que ocorre o trânsito internacional de veículos e 
transportadores, e quem declara um local como alfandegado é a Receita Federal 
e as demais autoridades federais, como manda o regulamento aduaneiro: “Art. 6º 
O alfandegamento de portos, aeroportos ou pontos de fronteira será precedido 
da respectiva habilitação ao tráfego internacional pelas autoridades competentes 
em matéria de transporte” (Brasil, 2009). 
Nesses locais alfandegados ocorrerão procedimentos e operações 
aduaneiras variadas. No entanto, não é porque um local é alfandegado que toda 
operação aduaneira pode ocorrer ali. Por exemplo: dificilmente você verá um 
navio cargueiro no interior do país. É essa a conclusão do Regulamento 
Aduaneiro: “Art. 7º O ato que declarar o alfandegamento estabelecerá as 
operações aduaneiras autorizadas e os termos, limites e condições para sua 
execução” (Brasil, 2009). 
Um outro ponto muito importante em relação à jurisdição aduaneira está 
no art. 8 do Regulamento Aduaneiro (Brasil, 2009): “Art. 8º Somente nos portos, 
aeroportos e pontos de fronteira alfandegados poderá efetuar-se a entrada ou a 
saída de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas”. Ou seja: o 
alfandegamento de um determinado local é muitíssimo importante, pois somente 
em locais alfandegados poderão ocorrer operações e movimentações 
internacionais. 
E o que mais você deve saber sobre jurisdição aduaneira? Vejamos mais 
um ponto importante do Regulamento Aduaneiro: 
 
 
5 
Art. 9º Os recintos alfandegados serão assim declarados pela 
autoridade aduaneira competente, na zona primária ou na zona 
secundária, a fim de que neles possam ocorrer, sob controle aduaneiro, 
movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de: 
I - mercadorias procedentes do exterior, ou a ele destinadas, inclusive 
sob regime aduaneiro especial; 
II - bagagem de viajantes procedentes do exterior, ou a ele destinados; 
e 
III - remessas postais internacionais. (Brasil, 2009) 
“Espere aí, professor!”, você deve estar pensando... O caput do artigo diz 
que podem ser declarados alfandegados locais na zona secundária, sendo que 
apenas as zonas primárias são pontos de fronteira ou de movimentação 
internacional de pessoasou mercadorias. Como pode a zona secundária ser 
alfandegada? 
Isso acontece porque existem, mesmo na zona secundária, recintos 
especiais onde se preparam e separam cargas que terão destino internacional. 
São os chamados “portos secos”. Novamente, vamos ao Regulamento 
Aduaneiro: 
Art. 11. Portos secos são recintos alfandegados de uso público nos 
quais são executadas operações de movimentação, armazenagem e 
despacho aduaneiro de mercadorias e de bagagem, sob controle 
aduaneiro. 
[...] 
§ 2º Os portos secos poderão ser autorizados a operar com carga de 
importação, de exportação ou ambas, tendo em vista as necessidades 
e condições locais. (Brasil, 2009) 
E por qual razão existem os portos secos? Na grande maioria de casos, 
a zona primária é muito congestionada, e por isso fica complicado manter 
fiscalizações apenas ali. Assim, surgem os portos secos, “cujos objetivos são 
desafogar essas unidades de zona primária e interiorizar o despacho aduaneiro, 
levando-o para locais mais próximos aos estabelecimentos dos importadores e 
exportadores” (Luz, 2013, 73). 
Além disso, muitas regiões do interior do país, desprovidas de portos, são 
importantes centros produtivos de produtos diversos. Essas regiões precisam de 
opções para também atuarem no comércio exterior: 
Se não houvesse um porto seco no seu estado, o importador teria de 
se deslocar ao Rio de Janeiro ou contratar um despachante aduaneiro 
para apresentar os documentos à Receita Federal e assistir à 
verificação da mercadoria. [...] Como a mercadoria já irá mesmo viajar 
para Goiás, por que não proceder o despacho aduaneiro naquele 
estado? (Luz, 2013, p. 73). 
Assim, a jurisdição aduaneira é todo o país, sendo que na zona primária 
ou na zona secundária alfandegada é onde ocorre movimentação de cargas com 
destino ao exterior. E você sabe o que acontece de importante na zona primária 
 
 
6 
e nos locais alfandegados? O controle aduaneiro, que você verá na próxima 
parte da aula! 
 
Saiba mais 
Leia o capítulo 3 da seguinte obra: 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios 
Internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720518>. 
Acesso em: 3 jul. 2017. 
 
TEMA 2 – RECEITA FEDERAL COMO ÓRGÃO AUTORIZADOR/REGULADOR 
DA ADUANA 
Até aqui você aprendeu o que é jurisdição, quais são as zonas aduaneiras 
do país e também que o Regulamento Aduaneiro é uma importante fonte de 
normas para o comércio exterior. E qual é, afinal, o papel da Receita Federal 
nesse cenário? 
A Receita Federal é um órgão com múltiplas atribuições. Dentro do Brasil, 
a Receita possui uma competência tributária muito conhecida dos brasileiros: é 
a ela que devemos entregar nossa declaração de imposto de renda, solicitar 
nosso Cadastro de Pessoa Física (CPF) e ainda passar por alguns outros 
procedimentos administrativos tutelados por um ramo específico do direito. 
Por outro lado, a Secretaria da Receita Federal possui também uma 
competência aduaneira. É por conta dessa competência que a Receita atua 
como mediadora do comércio exterior brasileiro. Um dos primeiros pontos que a 
coloca como órgão autorizador e regulador da aduana é a habilitação no Sistema 
Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). 
A partir do momento em que a empresa já está devidamente habilitada no 
sistema, com login e senha, ela pode iniciar seus despachos de exportação. A 
esse respeito, diz o Regulamento Aduaneiro em seu art. 580 (Brasil, 2009) que 
Despacho de exportação é o procedimento mediante o qual é 
verificada a exatidão dos dados declarados pelo exportador em relação 
à mercadoria, aos documentos apresentados e à legislação específica, 
com vistas a seu desembaraço aduaneiro e a sua saída para o exterior. 
Assim, a Receita Federal atua como reguladora dessa importante 
atividade, uma vez que verifica a exatidão dos dados declarados. Nessa 
atividade tem-se o destaque da competência aduaneira. Esse controle é muito 
 
 
7 
importante, uma vez que envolve questões diretamente relacionadas à saúde 
pública e à segurança nacional, como o próprio Regulamento Aduaneiro faz 
questão de destacar: 
Art. 597 Estão sujeitos a controle e fiscalização, na forma prevista 
neste artigo, observado o disposto na legislação específica, a 
importação, a exportação, a reexportação, o transporte, a distribuição, 
a transferência e a cessão de produtos químicos que possam ser 
utilizados como insumo na elaboração de substâncias entorpecentes, 
psicotrópicas ou que determinem dependência física ou psíquica. 
(Brasil, 2009) 
O mesmo cuidado vale para as importações. Uma vez feita a habilitação 
da empresa no Siscomex, pode-se iniciar os despachos de importação, que 
recebem um tratamento um pouco mais rígido. Vejamos, novamente, o que 
manda o Regulamento Aduaneiro: 
Art. 542. Despacho de importação é o procedimento mediante o qual é 
verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação 
à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação 
específica. 
Art. 543. Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título 
definitivo ou não, sujeita ou não ao pagamento do imposto de 
importação, deverá ser submetida a despacho de importação, que será 
realizado com base em declaração apresentada à unidade aduaneira 
sob cujo controle estiver a mercadoria. (Brasil, 2009) 
Segundo consta no site da Receita Federal, 
O despacho de importação poderá ser efetuado em zona primária ou 
em zona secundária. Tem-se por iniciado o despacho de importação 
na data do registro da declaração de importação. O registro da 
declaração de importação consiste em sua numeração pela RFB, por 
meio do Siscomex. (Brasil, 2017) 
E o que podemos concluir a partir dessas atividades na importação e 
também na exportação? Bem, a conclusão inicial é de que, dentro da 
competência aduaneira, a Receita possui uma clara atuação mediadora e 
reguladora das atividades comerciais exteriores do país. Como vimos 
anteriormente, trata-se de atividade de interesse nacional, uma vez que várias 
situações de perigo, saúde e defesa industrial estão em jogo. 
No entanto, a Receita não atua apenas fiscalizando as importações e 
exportações para arrecadar tributos, resguardar a saúde pública e proteger a 
indústria nacional. Via de regra, todas as importações são tributadas. No entanto, 
algumas das importações aderem aos chamados regimes aduaneiros especiais. 
Ainda que esse seja um dos temas futuros de nossas aulas, pode-se adiantar 
que, nesses regimes, as importações não são tributadas se não se destinarem 
ao mercado brasileiro. O mesmo vale para importações que apenas são o 
 
 
8 
retorno ao Brasil de uma mercadoria nacional que, por algum motivo, foi para o 
exterior. 
Perceba: não há como generalizar, uma vez que casos específicos 
merecem atenção específica por parte do profissional! 
 
Saiba mais 
Leia o capítulo 3 da seguinte obra: 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios 
Internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720518>. 
Acesso em: 3 jul. 2017. 
 
Assista ao vídeo “Conheça a Receita Federal”, disponível em 
<https://www.youtube.com/watch?v=S8WRqfe6bIU>. 
 
Confira um fluxograma do despacho de exportação acessando o link: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-
exportacao/topicos/procedimentos-
preliminares/FluxodoDespachodeExportao.PNG>. 
 
TEMA 3 – CONTROLE ADUANEIRO 
Para exercer com o devido cuidado sua atividade, a Receita Federal 
possui necessidades e autorizações específicas. Antesde mais nada, vamos ver 
o que o Regulamento Aduaneiro fala a respeito do controle aduaneiro: 
Art. 15. O exercício da administração aduaneira compreende a 
fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa 
dos interesses fazendários nacionais, em todo o território aduaneiro. 
(Brasil, 2009) 
Isso significa que a administração aduaneira compreende o controle sobre 
o comércio exterior, o que ocorre em todo território aduaneiro. Você já aprendeu 
que todo o território nacional é território aduaneiro, dividido em zona primária e 
secundária. Nesses locais ocorre o dito controle. Como já dissemos, não se 
controlam apenas pessoas e mercadorias, mas cuida-se também de 
“mercadorias falsificadas, proibidas ou que possam trazer riscos à vida e à 
saúde” (Luz, 2013, p. 62). 
 
 
9 
E como isso funciona? Tudo começa com o controle aduaneiro dos 
veículos, que levam e trazem justamente pessoas e mercadorias. Mais uma vez, 
vejamos o Regulamento Aduaneiro: 
Art. 26. A entrada ou a saída de veículos procedentes do exterior ou a 
ele destinados só poderá ocorrer em porto, aeroporto ou ponto de 
fronteira alfandegado. 
§ 1º O controle aduaneiro do veículo será exercido desde o seu 
ingresso no território aduaneiro até a sua efetiva saída, e será 
estendido a mercadorias e a outros bens existentes a bordo, inclusive 
a bagagens de viajantes. (Brasil, 2009) 
O caput ou cabeçalho do artigo não nos traz nenhuma novidade, uma vez 
que já aprendemos que somente pode ocorrer entrada e saída de veículos em 
ponto alfandegado, ou seja, zona primária. A novidade é, na verdade, o 
parágrafo primeiro. E o que esse pedaço da lei significa? Bem, quer dizer que os 
veículos que vem e vão do exterior são fiscalizados do momento em que 
ingressam em nosso território até o momento em que saem do país, seja em 
relação às mercadorias que trazem, seja em relação às pessoas que vêm nele. 
Vejamos o que mais diz o Regulamento Aduaneiro: 
Art. 27. É proibido ao condutor de veículo procedente do exterior ou a 
ele destinado: 
I - estacionar ou efetuar operações de carga ou descarga de 
mercadoria, inclusive transbordo, fora de local habilitado; 
II - trafegar no território aduaneiro em situação ilegal quanto às normas 
reguladoras do transporte internacional correspondente à sua espécie; 
e 
III - desviá-lo da rota estabelecida pela autoridade aduaneira, sem 
motivo justificado. 
Art. 28. É proibido ao condutor do veículo colocá-lo nas proximidades 
de outro, sendo um deles procedente do exterior ou a ele destinado, 
de modo a tornar possível o transbordo de pessoa ou mercadoria, sem 
observância das normas de controle aduaneiro. (Brasil, 2009) 
E quais as razões de ser dessas normas todas? Evitar que mercadorias 
proibidas, não tributadas, ou em situação irregular entrem em território nacional. 
O que acontece se a Receita Federal desconfia de alguma atividade 
potencialmente suspeita? A resposta está no próprio Regulamento Aduaneiro: 
Art. 31. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal 
do Brasil, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações 
sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo 
procedente do exterior ou a ele destinado. 
[...] 
Art. 34. A autoridade aduaneira poderá proceder a buscas em qualquer 
veículo para prevenir e reprimir a ocorrência de infração à legislação 
aduaneira, inclusive em momento anterior à prestação das 
informações referidas no art. 31 
Ou seja, caso haja desconfiança por parte dos agentes e auditores da 
Receita, eles podem inspecionar os veículos e as bagagens das pessoas. Essa 
 
 
10 
fiscalização toda, no entanto, não vale apenas para veículos e pessoas. Vale 
também para mercadorias, como manda o Regulamento Aduaneiro: 
Art. 41. A mercadoria procedente do exterior, transportada por qualquer 
via, será registrada em manifesto de carga ou em outras declarações 
de efeito equivalente (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 39, caput). 
Art. 42. O responsável pelo veículo apresentará à autoridade 
aduaneira, na forma e no momento estabelecidos em ato normativo da 
Secretaria da Receita Federal do Brasil, o manifesto de carga, com 
cópia dos conhecimentos correspondentes, e a lista de sobressalentes 
e provisões de bordo. (Brasil, 2009) 
Assim, tudo aquilo que chega em nosso país deve ter registro das 
autoridades transportadoras. É o que se chama de manifesto de carga. O 
manifesto de carga é um documento que registra tudo aquilo que está vindo ao 
país procedente do exterior. Esse manifesto não pode ser feito de qualquer jeito, 
ele precisa ter algumas características específicas, a saber: 
Art. 44. O manifesto de carga conterá: 
I - a identificação do veículo e sua nacionalidade; 
II - o local de embarque e o de destino das cargas; 
III - o número de cada conhecimento; 
IV - a quantidade, a espécie, as marcas, o número e o peso dos 
volumes; 
V - a natureza das mercadorias; 
VI - o consignatário de cada partida; 
VII - a data do seu encerramento; e 
VIII - o nome e a assinatura do responsável pelo veículo. 
O que acontece se, depois de fechado o manifesto, o transportador 
receber uma mercadoria a mais? Nesse caso observa-se a regra do art. 45 do 
Regulamento Aduaneiro: “Art. 45. A carga eventualmente embarcada após o 
encerramento do manifesto será incluída em manifesto complementar, que 
deverá conter as mesmas informações previstas no art. 44” (Brasil, 2009). 
Todas essas regras e mandamentos estão diretamente ligados ao 
controle aduaneiro. Esse controle tem uma outra razão de ser, além daquelas já 
expostas aqui: garantir que mercadorias provenientes do exterior sejam 
devidamente tributadas. É isso que veremos na próxima parte! 
 
Saiba mais 
Leia o capítulo 3 da seguinte obra: 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios 
Internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720518>. 
Acesso em: 3 jul. 2017. 
 
 
 
 
11 
TEMA 4 – CONTROLE ADUANEIRO E TRIBUTAÇÃO NO COMEX 
Você aprendeu anteriormente que o controle aduaneiro ocorre de diversas 
maneiras nos pontos alfandegados da zona primária e da secundária. Nesses 
casos, controlam-se e fiscalizam-se mercadorias, veículos e pessoas 
provenientes do exterior ou a ele destinadas. A ideia é analisar se esse trânsito 
transfronteiriço está ocorrendo de acordo com as leis do nosso país. 
Existe, além disso tudo, a necessidade de verificar se as importações e 
exportações estão com seus tributos devidamente quitados. Trata-se, no caso 
das importações, do despacho aduaneiro de importação, regulado também 
pelo Regulamento Aduaneiro: 
Art. 542. Despacho de importação é o procedimento mediante o qual é 
verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação 
à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação 
específica. 
Art. 543. Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título 
definitivo ou não, sujeita ou não ao pagamento do imposto de 
importação, deverá ser submetida a despacho de importação, que será 
realizado com base em declaração apresentada à unidade aduaneira 
sob cujo controle estiver a mercadoria. (Brasil, 2009) 
Esse procedimento, como não poderia deixar de ser, inicia-se com o 
preenchimento da declaração de importação no Siscomex. Esse procedimento 
possui várias etapas, relacionadas abaixo: 
O despacho aduaneiro de importação é um processo, pois constitui-se 
de várias etapas. São elas: 
 Registro da Declaração de Importação no Siscomex; 
 Parametrização da Declaração de Importação; 
 Recepção dos documentos; 
 Distribuição; 
 Conferência aduaneira; 
 Desembaraço. (Nyegray, 2016, p. 89) 
Jávimos que o Registro da Declaração de Importação no Siscomex 
refere-se ao preenchimento do sistema. No que consiste essa etapa? É o 
Regulamento Aduaneiro que responde esse questionamento: 
Art. 551. A declaração de importação é o documento base do despacho 
de importação (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 44, com a redação dada 
pelo Decreto-Lei no 2.472, de 1988, art. 2º). 
§ 1º A declaração de importação deverá conter: 
I - a identificação do importador; e 
II - a identificação, a classificação, o valor aduaneiro e a origem da 
mercadoria. 
§ 2º A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá: 
I - exigir, na declaração de importação, outras informações, inclusive 
as destinadas a estatísticas de comércio exterior; e 
II - estabelecer diferentes tipos de apresentação da declaração de 
importação, apropriados à natureza dos despachos, ou a situações 
específicas em relação à mercadoria ou a seu tratamento tributário. 
Art. 552. A retificação da declaração de importação, mediante alteração 
das informações prestadas, ou inclusão de outras, será feita pelo 
 
 
12 
importador ou pela autoridade aduaneira, na forma estabelecida pela 
Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Brasil, 2009) 
O que se listou anteriormente são os componentes básicos da Declaração 
de Importação, que deverão constar no Siscomex. Não se preocupe agora em 
entender classificação e valor aduaneiro, pois esses serão temas da próxima 
aula. Vejamos o que mais precisa ser feito para o controle aduaneiro e a 
tributação: trata-se da parametrização. E o que significa parametrização da 
declaração de importação? 
A parametrização da importação é uma etapa do processo de conferência 
aduaneira. Após o preenchimento do Siscomex, ela destina as importações a 
algum dos chamados canais de parametrização. Essa regra consta na Instrução 
Normativa 680 de 2006 da Secretaria da Receita Federal: 
Art. 21. Após o registro, a DI será submetida a análise fiscal e 
selecionada para um dos seguintes canais de conferência aduaneira: 
I - verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático da 
mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação da 
mercadoria; 
II - amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não 
sendo constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, 
dispensada a verificação da mercadoria; 
III - vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada 
após a realização do exame documental e da verificação da 
mercadoria; e 
IV - cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verificação 
da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle 
aduaneiro, para verificar elementos indiciários de fraude, inclusive no 
que se refere ao preço declarado da mercadoria, conforme 
estabelecido em norma específica. (Brasil, 2006) 
Esse cuidado todo é para que as autoridades tenham certeza de que as 
mercadorias que estão chegando ao país seguem justamente as regras 
aduaneiras, sem que nada ilícito esteja na carga. O sorteio do canal para o qual 
vai a mercadoria é aleatório. No entanto, se uma determinada empresa possui 
histórico de atuação duvidosa, suas importações serão quase que 
automaticamente destinadas ao canal cinza. 
Esses são os procedimentos de conferência aduaneira, conforme manda 
o Regulamento Aduaneiro: 
Art. 564. A conferência aduaneira na importação tem por finalidade 
identificar o importador, verificar a mercadoria e a correção das 
informações relativas a sua natureza, classificação fiscal, quantificação 
e valor, e confirmar o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e 
outras, exigíveis em razão da importação. (Brasil, 2009) 
E existem canais de parametrização na exportação também? Sim! Na 
verdade, existe também o procedimento de Declaração e Despacho de 
Exportação: 
 
 
13 
Art. 580. Despacho de exportação é o procedimento mediante o qual é 
verificada a exatidão dos dados declarados pelo exportador em relação 
à mercadoria, aos documentos apresentados e à legislação específica, 
com vistas a seu desembaraço aduaneiro e a sua saída para o exterior. 
Art. 581. Toda mercadoria destinada ao exterior, inclusive a 
reexportada, está sujeita a despacho de exportação, com as exceções 
estabelecidas na legislação específica. (Brasil, 2009) 
Tal qual ocorre na importação, para as exportações também ocorre a 
conferência aduaneira: 
Art. 589. A conferência aduaneira na exportação tem por finalidade 
identificar o exportador, verificar a mercadoria e a correção das 
informações relativas a sua natureza, classificação fiscal, quantificação 
e preço, e confirmar o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e 
outras, exigíveis em razão da exportação. (Brasil, 2009) 
Uma possível diferença que poderíamos apontar entre o controle 
aduaneiro na exportação e na importação reside nos canais de parametrização. 
A diferença, nesse caso, é a cor dos canais: verde (desembaraço automático), 
laranja (verificação documental) e vermelho (verificação física e documental). No 
caso das exportações não existe o canal cinza, mas existe o canal azul. Esse 
canal destina-se a empresas exportadoras de patrimônio superior a R$ 20 
milhões, sem pendências com a Receita Federal, com pelo menos dois anos de 
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e com exportações anuais iguais 
ou superiores a 10 milhões de dólares. O canal azul pressupõe a liberação 
automática da mercadoria para embarque ao exterior. 
Você conseguiu perceber que as importações sofrem um controle um 
pouco mais rígido? Isso se deve ao fato de que praticamente todas as 
importações são tributadas, o que não ocorre com as exportações. Não faz 
sentido tributar uma exportação, sendo que ela trará dinheiro e empregos ao 
país. 
Não se preocupe: oportunamente veremos como são os tributos no 
comércio exterior! 
 
Saiba mais 
Leia o capítulo 3 da seguinte obra: 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios 
Internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720518>. 
Acesso em: 3 jul. 2017. 
 
 
 
14 
TEMA 5 – RESTRIÇÃO DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO PELOS ÓRGÃOS 
INTERVENIENTES 
Vimos anteriormente que as importações e exportações contam com 
instituições intervenientes. É o caso dos ministérios e autarquias, como a 
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) ou a Agência Nacional do 
Petróleo (ANP). Essas e outras instituições elaboram pareceres técnicos com 
regras e procedimentos que devem ser cumpridos pelos importadores e 
exportadores que buscam trazer ou enviar certos produtos. 
Em primeiro lugar, quais produtos cuja importação é proibida? Vejamos o 
Regulamento Aduaneiro: “Art. 600. É vedada a importação de cigarros de marca 
que não seja comercializada no país de origem” (Brasil, 2009) 
Qual a razão dessa proibição? O fato de que cigarros não comercializados 
no Brasil e não fiscalizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa) ou pelo Ministério da Saúde podem conter certas substâncias não 
permitidas em nosso país. A proibição também vale para a comercialização de 
cigarros destinados para a exportação: 
Art. 603. Os cigarros destinados à exportação não poderão ser 
vendidos nem expostos à venda no País, sendo o fabricante obrigado 
a imprimir, tipograficamente ou por meio de etiqueta, nas embalagens 
de cada maço ou carteira de vinte unidades, bem como nos pacotes e 
em outros envoltórios que as contenham, em caracteres visíveis, o 
número do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica. (Brasil, 2009) 
Nesse caso, a razão da proibição é outra: é o fato de que as exportações 
não são tributadas. Os cigarros em nosso mercado doméstico possuem uma alta 
tributação, o que fazcom que sejam propositalmente caros. O interesse do 
governo em encarecer o preço dos cigarros tem intenção de frear o consumo 
através de um preço proibitivo. Assim, se os cigarros destinados à exportação 
não têm tributos, eles são muito baratos, o que estimularia o consumo 
desenfreado de algo que faz mal. Por isso é proibido vender ou expor à venda 
esse item. 
Ainda no que se refere aos cigarros ou produtos fumígeros, a Lei 12.921 
de 2013 estabelece outra proibição: 
Art. 1º Fica proibida a fabricação, a importação, a comercialização, a 
distribuição e a propaganda, em todo o território nacional, de produtos 
de qualquer natureza, bem como embalagens, destinados ao público 
infanto-juvenil, reproduzindo a forma de cigarros ou similares. (Brasil, 
2013) 
Qual a intenção dessa lei? Não estimular crianças e jovens a adquirir um 
vício tão maléfico. 
 
 
15 
Proibições semelhantes ocorrem para mercadorias falsificadas: 
Art. 605. Poderão ser retidos, de ofício ou a requerimento do 
interessado, pela autoridade aduaneira, no curso da conferência 
aduaneira, os produtos assinalados com marcas falsificadas, alteradas 
ou imitadas, ou que apresentem falsa indicação de procedência. 
(Brasil, 2009) 
Essas mercadorias são apreendidas pela Receita e, quando for o caso, 
destruídas de alguma forma. 
A lista de proibições continua no Regulamento Aduaneiro: “Art. 611. É 
vedada a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, 
que com estas se possam confundir” (Brasil, 2009). Isso se dá para desestimular 
a criação do que se chama de cultura de violência. Outro motivo é a frequência 
com que armas de brinquedo são utilizadas para a prática de crimes, como 
assalto e sequestro. Como a vítima poderia dizer se a dita arma é verdadeira ou 
não? Pela dúvida, melhor que se proíba. 
Outras proibições referem-se a produtos químicos: 
Art. 619-A. É proibida a importação, a exportação e o armazenamento 
de diclorodifeniltricloretano (DDT); 
[...] 
Art. 636-A. É proibida a importação de resíduos sólidos perigosos e 
rejeitos, bem como de resíduos sólidos cujas características causem 
dano ao meio ambiente, à saúde pública e animal ou à sanidade 
vegetal, ainda que para tratamento, reforma, reuso, reutilização ou 
recuperação. (Brasil, 2009) 
Em ambos os casos as proibições possuem razões ambientais como suas 
principais motivadoras. E quais são os casos nos quais autorizações prévias são 
necessárias? Veja: 
Art. 615. A importação e a exportação de medicamentos, drogas, 
insumos farmacêuticos e correlatos, bem como produtos de higiene, 
cosméticos, perfumes, saneantes domissanitários, produtos 
destinados à correção estética e outros de natureza e finalidade 
semelhantes, será permitida apenas às empresas e estabelecimentos 
autorizados pelo Ministério da Saúde e licenciados pelo órgão sanitário 
competente. 
[...] 
Art. 616. Os organismos geneticamente modificados e seus derivados 
destinados a pesquisa ou a uso comercial só poderão ser importados 
ou exportados após autorização ou em observância às normas 
estabelecidas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança ou 
pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização. 
[...] 
Art. 619. Os agrotóxicos, seus componentes e afins só poderão ser 
importados ou exportados se previamente registrados em órgão 
federal, de acordo com as diretrizes e as exigências dos órgãos 
federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da 
agricultura. 
[...] 
Art. 620. Nenhuma espécie animal da fauna silvestre, assim 
considerada os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do 
seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, 
 
 
16 
poderá ser introduzida no País sem parecer técnico e licença expedida 
pelo Ministério do Meio Ambiente. 
[...] 
Art. 624. É proibida a exportação de cavalos importados para fins de 
reprodução, salvo quando tiverem permanecido no País, como 
reprodutores, durante o prazo mínimo de três anos consecutivos. 
[...] 
Art. 626. Nenhum objeto que apresente interesse arqueológico ou pré-
histórico, numismático ou artístico poderá ser transferido para o 
exterior, sem licença expressa do Instituto do Patrimônio Histórico e 
Artístico Nacional. (Brasil, 2009) 
Essa lista de proibições ainda vai longe, e se aplica a obras de arte, livros 
e artigos bibliográficos históricos, diamantes brutos e uma série de outros itens 
que possuem restrição de importação e exportação. Materiais usados são, 
também, proibidos de importação, com algumas exceções, conforme a Portaria 
n. 23/2011 do Secex: 
Art. 41. Serão autorizadas importações de máquinas, equipamentos, 
aparelhos, instrumentos, ferramentas, moldes e contêineres para 
utilização como unidade de carga, na condição de usados, desde que 
não sejam produzidos no País, ou não possam ser substituídos por 
outros, atualmente fabricados no território nacional, capazes de 
atender aos fins a que se destina o material a ser importado. (Brasil, 
2011) 
Perceba: cada caso é um caso e não se pode generalizar. Ao trabalhar 
com comércio exterior, você deverá estar preparado para se atualizar 
constantemente! 
 
Saiba mais 
Leia o capítulo 3 da seguinte obra: 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios 
Internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720518>. 
Acesso em: 3 jul. 2017. 
 
Confira a Portaria n 23/2011 do Secex acessando o link 
<http://portal.siscomex.gov.br/legislacao/biblioteca-de-arquivos/secex/portaria-
no-23-de-14-de-julho-de-2011>. 
 
TROCANDO IDEIAS 
Na página do link abaixo você pode conferir manuais aduaneiros da 
Receita Federal. Veja: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais>. 
 
 
17 
E você, ficou com alguma dúvida? 
 
NA PRÁTICA 
Leia a notícia "Governo suspende exportação de 21 frigoríficos 
investigados na Carne Fraca", do site G1, disponibilizada em: 
<http://g1.globo.com/economia/noticia/governo-suspende-exportacao-de-21-
investigadas-na-operacao-carne-fraca.ghtml>. 
Com base na notícia acima, quais os impactos que sua divulgação 
ao mundo pode causar à imagem do Brasil? Qual o papel do governo ao 
restringir as importações e exportações? 
Ocorridos como os divulgados pela Operação Carne Seca podem afetar 
seriamente a imagem do Brasil enquanto país e enquanto exportador confiável. 
A mácula à imagem e à reputação ataca fortemente o maior ativo que o país 
possui: seu nome. Esses fatos podem causar uma grande desconfiança não 
apenas em relação aos exportadores de carne, mas também aos demais 
produtores brasileiros dos mais variados itens alimentícios. Nesse cenário, o 
papel do governo deveria ser o de aplicar um tratamento igualitário aos 
exportadores e importadores, garantindo a mesma qualidade de produtos e rigor 
na fiscalização para todas as partes envolvidas nas operações de comércio 
exterior. 
 
FINALIZANDO 
Jurisdição significa pura e simplesmente dizer o direito – não no sentido 
de dizer quais leis são ou não aplicáveis, mas no sentido de determinar qual 
entidade proclama quais normas. 
Toda a mercadoria em trâmite de chegada ou saída de nosso país deve 
obedecer estritamente às regras aduaneiras não só estabelecidas pela Receita 
Federal, mas também nos regulamentos e nas leis de nosso país. 
Nas zonas primárias, existem os chamados recintos alfandegados, que 
são o local onde as operações de comércio exterior ocorrem: embarques, 
desembarques, operações de carga e afins. Lembremo-nos, aqui, da definição 
de área alfandegada: “o local onde deve ser realizado o trabalho aduaneiro de 
controle fiscal de mercadorias, de modo a concentrar e otimizara fiscalização 
aduaneira” (Werneck, 2009, p. 40). 
 
 
18 
A Secretaria da Receita Federal possui também uma competência 
aduaneira. É por conta dessa competência que a Receita atua como mediadora 
do comércio exterior brasileiro. Um dos primeiros pontos que a coloca como 
órgão autorizador e regulador da aduana é a habilitação no Siscomex. 
Tudo aquilo que chega em nosso país deve ter registro das autoridades 
transportadoras. É o que se chama de manifesto de carga. O manifesto de carga 
é um documento que registra tudo aquilo que está vindo ao país procedente do 
exterior. Uma possível diferença que poderíamos apontar entre o controle 
aduaneiro na exportação e na importação reside nos canais de parametrização. 
As importações e exportações contam com instituições intervenientes. É 
o caso dos ministérios e autarquias, como a ANEEL ou a ANP. Essas e outras 
instituições acabam por elaborar pareceres técnicos com regras e 
procedimentos que devem ser cumpridos pelos importadores e exportadores que 
buscam trazer ou enviar certos produtos. 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
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1850 a 2007. In: _____. Internacionalização de Empresas: Teorias, problemas 
e casos. São Paulo: Atlas, 2009. 
BRASIL. Lei n. 12.921, de 26 de dezembro de 2013. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 dez. 2013. 
_____. Decreto n. 6.759, de 05 de fevereiro de 2009. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 6 fev. 2009. 
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Portaria 
n. 23, de 14 de julho de 2011. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, 
Brasília, DF, 19 jul. 2011, Seção 1, p. 65-92. 
BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Despacho de importação. Disponível 
em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-
de-importacao/topicos-1/conceitos-e-definicoes/despacho-de-importacao>. 
Acesso em: 3 jul. 2017. 
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União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 2006. 
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estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. 
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2011. 
FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios Internacionais e 
Internacionalização para as Economias Emergentes. Lisboa: Lidel, 2011. 
FISCHER, R.; URY, W.; PATTON, B. Como chegar ao sim: as negociações de 
acordos sem concessões. São Paulo: Imago Editora, 2005. 
HOBSBAWM, E. A Era dos Extremos: O breve século XX. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2005. 
IAMIN, G. P. Negociação: conceitos fundamentais e negócios internacionais. 
Curitiba: InterSaberes, 2016. 
LUZ, R. T. Comércio Internacional e Legislação Aduaneira. Rio de Janeiro: 
Elsevier/Método, 2015. 
 
 
20 
MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio Exterior e Negociações 
Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios 
Internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. 
WERNECK, P. Comércio Exterior & Despacho Aduaneiro. 4. ed. Curitiba: 
Juruá, 2009.

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