Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) Salete Regina Vicentini Revisada por Salete Regina Vicentini (janeiro/2013) APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Seminários de Produ- ção Mais Limpa (P+L), parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................... 5 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 7 1 HISTÓRICO AMBIENTAL E CONSEQUÊNCIAS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO.... 9 1.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................13 1.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................14 2 P+L COMO PRÁTICA DE SUSTENTABILIDADE ................................................................ 15 2.1 P+L .....................................................................................................................................................................................15 2.2 Sustentabilidade ...........................................................................................................................................................17 2.3 P+L e a Sustentabilidade ...........................................................................................................................................19 2.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................22 2.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................23 3 P+L - PORQUE BUSCAR ESSES PROJETOS? ...................................................................... 25 3.1 A Necessidade de um Modelo Econômico mais Sustentável ......................................................................25 3.2 A Importância de Projetos P+L ................................................................................................................................28 3.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................31 3.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................32 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 33 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 35 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 39 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 Caro(a) aluno(a), O objetivo geral do curso é formar engenheiros com capacidade para o planejamento, execução, monitoramento e avaliação de sistemas de prevenção e controle da poluição ambiental e promoção da qualidade ambiental, por meio da aplicação de princípios tecnológicos, além de formar profissionais generalistas, com base científica e conhecimentos amplos e abrangentes em todas as áreas da produção, considerando os aspectos humanos, sociais, econômicos, materiais, energéticos, tecnológicos e ambien- tais, para atender às demandas de empresas industriais e de serviços. Esta apostila e a disciplina Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) buscam proporcionar uma visão geral do contexto histórico e tecnológico do assunto ao longo dos anos. Dentro dessa perspectiva, o conteúdo está dividido em: introdução, histórico do meio ambiente, sustentabilidade e Produção Mais Limpa (P+L) e a importância da P+L. Posteriormente, faremos uma conclusão, bem como apresentare- mos as respostas comentadas das atividades. Finalizando, busca-se, também, proporcionar conhecimentos para a melhoria da qualidade de vida. Será um prazer acompanhá-lo(la) ao longo deste trajeto. Professora Salete Regina Vicentini APRESENTAÇÃO Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 Caro(a) aluno(a), A necessidade de estabelecer novos métodos para o conhecimento das questões ambientais, so- ciais e econômicas do planeta faz com que sejam fixadas as bases que deverão provocar mudanças e transformações na sociedade. Na verdade, estando a natureza profundamente marcada por ações hu- manas, muitas delas de caráter predatório, é imperioso encontrar um meio de diminuir ou minimizar os impactos negativos, interferindo, especialmente, em muitos processos industriais que ainda desprezam as tristes consequências de suas linhas de produção para o meio ambiente (PHILIPPI JR, 2000). O nosso mundo complexo apresenta muitos problemas, que estão interligados de alguma forma, e tanto a ciência quanto a sociedade reclamam uma compreensão, intervenção e possíveis soluções inte- gradas. Sendo assim, a prática da interdisciplinaridade torna-se indispensável para o mundo. O desenvolvimento da sociedade no seu meio ambiente e as suas interações são processos natural- mente interdisciplinares. O homem, todavia, na sua simplicidade de raciocínio, transformou esse comple- xo conjunto de interações em elementos disciplinares, para melhor entender e buscar resolver cenários. Na medida em que o homem desenvolve suas formas materiais de vida, gerando tecnologia nova, indústrias e desenvolvimento econômico, passa a exigir novas formas organizativas. Essas novas formas estão intimamente ligadas ao direito, principalmente quando essa organização é fundamentalmente so- cial. Nesse caso, a questão jurídica, que trata do sistema de controle dessas forças que formam o conteú- do histórico e social de uma comunidade, deve ser considerada (ALVES, 2002). Hoje, afirma-se que, graças à modernidade, à Revolução Científica e ao processo de globalização impulsionado pela Revolução Cibernética e informática, o homem entrou em uma nova etapa civiliza- tória: a era do conhecimento. Isso é verdade, porque nunca antes ele havia construído e transformado o mundo com tanta intensidade sobre a base do conhecimento. Ao mesmo tempo que o ser humano superexplora recursos e desgasta ecossistemas para convertê-los em valor de troca, “tecnologiza” a vida e coisifica o mundo. A ciência e a tecnologia converteram-se na maior força produtiva e destrutiva da humanidade (LEFF, 2000). Assim, a ciência e a tecnologia, caminhando como parceirasna direção do sustentável, descobrem a complexidade do meio ambiente e se dão conta de que precisam estar cada vez mais equipadas; para tanto, as bases tecnológicas e científicas deverão ser alteradas, pois só assim estarão em condições de en- frentar e resolver transtornos ambientais complexos, como as diversas formas de poluição, em que deve ser necessariamente incluído o impacto provocado pela fome e pela miséria (PHILIPPI JR, 2000). INTRODUÇÃO Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 HISTÓRICO AMBIENTAL E CONSEQUÊNCIAS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO1 Caro(a) aluno(a), O capítulo inicia-se com um breve histórico da questão ambiental, componente importante para o entendimento das questões e problemá- ticas ambientais atuais, assim como o surgimento das tecnologias ambientais. Desde a Pré-História, há fontes de como o homem utiliza o meio ambiente para a sua sobre- vivência e, a partir do uso de ferramentas, passou a utilizá-lo de modo a degradar de certa forma. Na Antiguidade, os projetos de saneamento, utili- zados até hoje, são a prova que o homem sempre teve a noção de suas necessidades, embora nem todos os povos tivessem o mesmo olhar. Com o crescimento populacional, a história “entrou” na Idade Média, trazendo vários problemas, incluin- do os de saúde pública: os banheiros públicos passaram a não ser suficientes para todos, assim como o saneamento básico, disseminando várias doenças e havendo um aumento da mortalidade da população (VICENTINI, 2012). No início do século XIX, ocorreu uma Revo- lução Energética e não uma Revolução Industrial, pois era necessária muita energia para que se produzisse cada vez mais; o consumo aumentou exacerbadamente e a degradação ambiental tor- nou-se um fator necessário para que as empresas atingissem seus objetivos. Novamente, o aumen- to da população fez com que a demanda da pro- dução atingisse um patamar altíssimo, a fim de suprir a sua necessidade. Além disso, a mídia foi e é um fator de degradação, quando vai contra a realidade dos graves fatores ambientais (VICENTI- NI, 2012). A partir da década de 1960, movimentos ambientalistas começaram a pressionar a socie- dade para a sensibilização e posterior conscien- tização de todos. Eventos importantes come- çaram a ocorrer, envolvendo o mundo todo nas questões ambientais de maneira geral: a política, a sociedade, a educação, a saúde, a economia, o ambiente natural e urbano, o planejamento e a gestão ambiental. Além disso, segundo Santos (2007), muitas pessoas consideram os anos 1960 um marco no qual o relacionamento entre o de- senvolvimento e o meio ambiente começou a ser efetivamente compreendido, com a publicação do livro Silent Spring, apresentando uma pesquisa com os aspectos toxicológicos, ecológicos e epi- demiológicos do emprego de pesticidas na agri- cultura e seu impacto para as espécies animais e a saúde dos seres humanos. Essa publicação rom- peu o conceito da capacidade infinita de absor- ção pelo meio ambiente dos impactos ambien- tais causados pelo desenvolvimento. AtençãoAtenção Em 2000, Primavera Silenciosa foi considerada, pela Escola de Jornalismo de Nova Iorque, uma das maiores reportagens investigativas do século XX. Em 2006, o jornal britânico The Guardian colo- cou o nome de Rachel Carson em primeiro lugar na lista das cem pessoas que mais contribuíram para a defesa do meio ambiente. A obra Primavera Silenciosa conseguiu mostrar todos os aspectos da contaminação provocada pelo veneno DDT, com base em fatos científicos e apoiada em extensa pesquisa e na opinião de balizados técnicos da época. Carson sistematizou todas as informações em linguagem acessível ao grande público. Ela transmitiu as bases dos con- ceitos modernos de ecologia e do princípio da prevenção, ao afirmar que os venenos não pode- riam ser lançados na natureza sem que se sou- bessem antes os reais efeitos dessa prática nos organismos vivos (RIBEIRO, 2012). Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 A partir daí, várias iniciativas e recursos fo- ram destinados ao desenvolvimento de instru- mentos que permitissem o melhor entendimento da relação entre a geração de resíduos e seus res- pectivos impactos no meio ambiente. Alguns in- cidentes nos anos 1970 e 1980, como, por exem- plo, o vazamento ocorrido no reator de Three Mile Island e o acidente nuclear do reator da estação de Chernobyl, contribuíram também para acele- rar ações de proteção ao meio ambiente. Saiba maisSaiba mais O Acidente de Chernobyl “O acidente na Usina Nuclear de Chernobyl, localizada na Ucrânia, antiga União Soviética, ocorreu dia 26 de abril de 1986. Este acidente é considerado o pior acidente nuclear da história e gerou uma nuvem radioativa que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido. A nuvem, com uma grande quantidade de materiais radioativos, depositou especialmente iodo e césio, por pratica- mente todo o solo Europeu. O Iodo-131, que contribui principalmente para o câncer na tireóide, tem uma meia-vida física de oito dias e a maior parte se desintegrou poucas semanas após o acidente. O Césio-137, que contribui para doses interna e externa, tem uma meia-vida física de 30 anos e, até o ano de 2005, ainda era encontrado em solos e alimentos em grande parte da Europa. O acidente, de grandes proporções, ocasionou uma reavaliação nas medidas de radioproteção adotadas até então em instalações nucleares. Ainda hoje não se sabe com precisão o número de mortos causados pelo acidente na usina de Chernobyl. Os indivíduos mortos em decorrência de câncer, por exposição à radiação ou contaminação por materiais radioativos gerados no acidente, não são facilmente identificáveis no meio dos indivíduos que teriam câncer indepen- dentemente do acidente. Estima-se que aproximadamente 5 milhões de pessoas habitam, atualmente, áreas ainda contaminadas com material radioativo. Um estudo médico dessa população constatou que a maior parte dessas pessoas demonstra um alto grau de ansiedade e sintomas físicos de doenças normalmente sem explicação clínica adequada. A maior parte dessas pes- soas acredita ter uma saúde mais fraca em comparação com moradores de outras áreas, que não foram expostos ao mesmo nível de radiação em decorrência do acidente. A usina de Chernobyl está situada no assentamento de Pripyat, Ucrânia, 18 km ao noroeste da cidade de Chernobyl. A usina era composta por quatro reatores, cada um capaz de produzir 1 GW de energia elétrica (3,2 Gigawatts de energia térmica). A construção da instalação começou na década de 1970, com o reator No 1 comissionado em 1977, seguido pelo No 2 (1978), No 3 (1981), e No. 4 (1983). Dois reatores adicionais (No 5 e No 6, também capazes de produzir 1 GW cada) estavam em construção na época do acidente. No dia 26 de abril de 1986, às 1:23:58 a.m. hora local, sábado, o quarto reator da usina de Chernobyl – conhecido como Chernobyl-4 – sofreu uma catastrófica explosão que resultou em incêndio, uma série de explosões adicionais, e um derretimento. A primeira explicação para o acidente, publicada em agosto de 1986, atribuiu a culpa exclusivamente aos operadores da usina. De acordo com essa explicação, os operadores foram descuidados e violaram vários procedimentos de se- gurança, parcialmente porque eles ignoravam os defeitos de projeto do reator. É importante notar que os operadores desligaram muitos dos sistemas de proteção do reator realizando uma série de ações proibidas pelos guias técnicos de operação de reatores do tipo de Chernobyl. De acordo com o relatório da Comissão do Governo, publicado em agosto de 1986, os operadores removeram pelo menos 204 barras de controle do núcleo do reator (de um total de 211 deste modelo de reator). O guia técnico de operação do reator proibia a operação do reator com menos de15 barras dentro do núcleo. Outro fator importante na ocorrência do acidente foi que os operadores não tinham informações completas sobre os procedimentos que poderiam fazer com que o reator ficasse fora de controle. De acordo com um dos operadores o projetista omitiu estas informações. Acredita-se que esta falta de transparência no fluxo de informações decorreu do fato da gerência da instalação ser composta por pessoas não qualificadas em reatores nucleares. O diretor e o enge- nheiro chefe tinham experiência e treinamento em usinas termo-elétricas a carvão. O próprio engenheiro chefe dos Reatores 3 e 4, somente tinha ‘alguma experiência com pequenos reatores nucleares’. O reator da Unidade 4 estava programado para ser desligado para manutenção de rotina no dia 25 de abril de 1986. Esse desligamento seria útil para testar a capacidade do gerador do reator gerar energia suficiente para manter as bombas de água funcionando em caso de perda do suprimento externo de energia. Reatores como os de Chernobyl têm um par de geradores diesel disponível como reserva, mas eles não são ativados instantaneamente – o reator é, portanto, usado para acionar a turbina, a certo ponto a turbina seria desconectada do reator e deixada a rodar sob a força de sua inércia rotacional, e o objetivo do teste era determinar se as turbinas, na sua fase de queda de rotação po- deriam alimentar as bombas enquanto o gerador estivesse partindo. O teste foi realizado com sucesso previamente em Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Saiba maisSaiba mais outra unidade (com as medidas de proteção ativas) e o resultado foi negativo (isto é, as turbinas não geravam suficiente energia, na fase de queda de rotação, para alimentar as bombas), mas melhorias adicionais foram feitas nas turbinas o que levou à necessidade de repetir os testes. Em relação a população das cidades em torno da usina, os efeitos biológicos provocados por doses baixas de radiação em um longo período de tempo podem demorar anos para se desenvolver. Para prever aumentos no número de casos de câncer e outros problemas de saúde, pesquisadores têm utilizado dados coletados de Hiroshima e Nagasaki, o único evento nuclear anterior a Chernobyl que envolveu milhões de pessoas. O estudo dos sobreviventes da bomba atômica destas duas cidades indica que a taxa de câncer deverá aumentar, mas não muito acima dos níveis normais. Nas duas cidades o aumento nos casos de leucemia e câncer de tireóide ocorreu após dez anos do lançamento da bomba. Os efeitos biológicos provocados pelas duas bombas atômicas, contudo, serão, provavelmente, muito diferentes da- queles de Chernobyl. A fonte, o tipo e a quantidade de radiação foram muito diferentes. A bomba lançada em Hiro- shima tinha 4,5 toneladas de combustível, enquanto Chernobyl liberou 50 toneladas de combustível no ambiente. Como as cidades foram bombardeadas durante uma guerra, a população afetada era formada predominantemente por mulheres, velhos e crianças. A comida que veio para a cidade era de localidades não atingidas pela explosão e assim era livre de radioatividade. Também, aqueles que sobreviveram ao bombardeio inicial, fogo e explosão tinham uma constituição física mais forte que a média da população e, portanto tinham menos probabilidade de morrer de câncer nos anos futuros. Assim, parece que a população que morava ao redor de Chernobyl irá sofrer problemas em longo prazo bem piores do que aqueles em Hiroshima e Nagasaki. O número de casos de câncer esperado em dez anos ocorreu apenas cinco anos após o acidente. Um epidemiologista da Ucrânia relatou um aumento no número de casos de câncer, entre 1985 e 1990, de 45 por cento em pessoas que vivem em áreas contaminadas e de 11 por cento em pessoas que vivem em áreas com baixa radioatividade. Em uma cidade a aproximadamente oitenta quilômetros de Chernobyl a frequência de tumores malignos aumentou de 210 casos por 100.000 pessoas, em 1986, para 337 casos em 1990. A Usina de Chernobyl será completamente desativada até o ano de 2065. Os procedimentos iniciais para encerrar a operação da usina deverão ocorrer após 2013. O combustível nuclear deverá ser removido da usina para abrigos espe- ciais. O fechamento final e a preservação das instalações do reator e equipamentos contaminados com radiação estão programados para ocorrer em 2022. As instalações do reator deverão ser preservadas até 2045 de modo que os níveis de radiação decaiam a valores normais. A remoção dos equipamentos e a limpeza do território deverão estar finalizadas até 2065.” (PORTAL, 2010). Porém o início da luta por um mundo am- bientalmente mais equilibrado, em escala plane- tária, deu-se na década de 1970, quando a Orga- nização das Nações Unidas (ONU) realizou, em Estocolmo, a primeira grande Conferência sobre o Meio Ambiente, em que seu principal objetivo foi alertar o mundo para o fato de que os proces- sos tecnológicos e socioeconômicos associados ao “desenvolvimento” estavam comprometendo a qualidade de vida da Terra (FELDMANN, 2011). Em 1984, durante a Conferência Mundial da Indústria sobre Administração Ambiental, foi estabelecido o princípio da precaução, o qual foi novamente priorizado na conferência de cúpula dos líderes das sete nações industrializadas mais ricas de 1989, em Paris. O princípio da precaução aparece descrito e fortalecido nos relatórios e pu- blicações da Declaração Ministerial resultante da reunião da Comissão Econômica das Nações Uni- das para a Europa (SCHMIDHEINY, 1992). Conforme citado por Schmidheiny (1992), para alcançar o desenvolvimento sus- tentável, as políticas têm de se basear no princípio de precaução. As medidas am- bientais devem prever, evitar e atacar as causas da degradação ambiental. Onde houver ameaças de danos graves ou irre- versíveis, a inexistência de uma plena cer- teza científica não deve ser usada como pretexto para se adiarem medidas que vi- sem a prevenir a degradação ambiental. Nos últimos 30 anos, governos de diversos países reagiram definindo legislações ambientais que deveriam tratar e controlar as emissões das atividades produtivas e seus impactos ao meio ambiente. Essas ações têm sido desenvolvidas em um sistema no qual os representantes do go- verno definem, periodicamente, os limites para o lançamento das emissões, denominados padrões Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 de emissões de qualidade para o ar, água e solos (ANDRADE; KIPERSTOK; MARINHO, 2001). Em 1992, com a Rio 92, Conferência das Na- ções Unidas, foram reafirmadas várias recomen- dações sobre assuntos diversos, bem como foi criada a Agenda 21, que hoje entra nos municí- pios, cidades e países como ferramenta das prio- ridades locais, agindo localmente para contribuir globalmente. O desenvolvimento sustentável foi reafirmado também, além de seu conceito e di- mensão. Entre as estratégias de prevenção que surgiram nos últimos anos, a Produção Mais Lim- pa (P+L) pode contribuir para as formas susten- táveis do desenvolvimento econômico definidas nos Capítulos 20, 30 e 34 da Agenda 21 da Con- ferência das Nações Unidas de 1992. O conceito prevê o uso eficiente de recursos naturais e a mi- nimização da geração de resíduos e de sua dispo- sição no meio ambiente, tendo como consequên- cia uma maior capacidade das gerações futuras em satisfazer suas necessidades (UNEP/UNIDO, 2003 apud SANTOS, 2007). Já em 2001, uma reunião sobre mudanças climáticas foi realizada em Bonn, Alemanha. O Protocolo de Kyoto chegou mais perto da ratifi- cação, mesmo sem o apoio dos Estados Unidos, e com modificações no texto original. Hoje, o pro- tocolo está confuso e foi ratificado em parte, mas países estão saindo do acordo para que não haja prejuízos. Há, ainda, reuniões (Conferências das Partes – COPS)que são realizadas todos os anos. Neste ano, alguns itens avançaram, mas se está longe de um novo acordo, como o que foi feito, em 1997, para que os países mais desenvolvidos diminuíssem 5% da poluição atmosférica medida em 1992 para 2012, que não é mais válido (VICEN- TINI, 2012). Houve um tempo em que as pessoas não se preocupavam com as questões ambientais. Os re- síduos gerados pelas empresas eram despejados na água, no ar ou no solo, sem controle, não exis- tindo dentro da empresa a figura de um respon- sável pelo meio ambiente. Com o crescimento e a diversificação das atividades produtivas e o consequente aumen- to da geração de resíduos, os órgãos ambientais estaduais, que são responsáveis pela qualidade do meio ambiente, passaram a solicitar das em- presas o Licenciamento Ambiental, bem como o controle e tratamento de suas emissões atmosfé- ricas, resíduos sólidos e águas servidas (efluentes líquidos). Tornou-se necessária a figura de um res- ponsável pela área ambiental dentro da empresa. Com o passar do tempo e em função de alguns graves acidentes ambientais que ocorreram nas últimas décadas, muitas empresas resolveram melhorar seu desempenho ambiental, reduzindo as emissões. Assim, desapareceu a figura do responsá- vel único pela área ambiental e teve início a fase em que todos os trabalhadores da empresa eram responsáveis pelo meio ambiente (essa responsa- bilidade coletiva está prevista na Lei dos Crimes Ambientais). Surgiram, também, as certificações de empresas pela ISO 14001, que são atestados de que elas, além de cumprirem a legislação am- biental, estão comprometidas com a melhoria contínua. Aconteceu, porém, que muitas empresas, mesmo certificadas, começaram a perceber que o custo ambiental, ou seja, o custo para tratar seus resíduos, aumentava na mesma proporção do crescimento da produção (Guia mais de produ- ção mais limpa, 2010). Dessa forma, com o consu- mo insustentável, os recursos naturais passaram a ser explorados de forma indevida e, assim, surgiu a necessidade de processos, produtos, serviços e tecnologias mais sustentáveis. Produzir mais e crescer significavam ge- rar mais resíduos e gastar mais para tratá-los ou dispô-los adequadamente. Como modificar essa situação? Como produzir mais com menores cus- tos ambientais? Deixando de gerar resíduos, por meio da P+L. No Brasil, a P+L surgiu com o apoio do Ser- viço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a coordenação nacional do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em que foi criada a Rede Brasileira de Produção Mais Limpa, com o objeti- vo bem definido de difundir o conceito de ecoefi- ciência e a metodologia de P+L para as empresas Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 de menor porte, com base no modelo concebido pela ONU (CEBDS, 2005). Na fase experimental do programa, entre 1999 e 2002, os resultados obtidos pelas empre- sas-piloto dos cinco primeiros núcleos estaduais (Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Ba- hia e Santa Catarina) indicaram que estávamos no caminho certo. As cerca de 200 empresas partici- pantes obtiveram, em três anos, uma redução de R$ 18 milhões por ano nos gastos com matérias- -primas, água e energia. Para cada R$ 1 investido, houve um retorno de R$ 4 (CEBDS, 2005). Saiba maisSaiba mais Conceitos importantes • Ecossistema é a unidade básica da ecologia; • Economia vem do grego e significa manejo da casa; • Desenvolvimento sustentável é aquele que aten- de às necessidades do presente, sem comprome- ter as gerações futuras; • Consumo sustentável: o comportamento huma- no irá garantir o crescimento contínuo da econo- mia da empresa, por meio do uso inteligente dos recursos naturais utilizados; • Licenciamento Ambiental: procedimento admi- nistrativo pelo qual o órgão ambiental competen- te licencia a localização, a instalação, a ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou daque- les que, sob qualquer forma, possam causar de- gradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas apli- cáveis ao caso. Saiba maisSaiba mais “Dentre os diversos princípios do Direito Ambiental, cumpre destacar os princípios da prevenção e da precaução. O princípio da prevenção se caracteriza pela ‘prio- ridade que deve ser dada à medida que evitem o nascimento de atentados ao ambiente, de molde a reduzir ou eliminar as causas de ações suscetíveis de alterar sua qualidade’. Pelo princípio da prevenção, permite-se a instala- ção de uma determinada atividade ou empreen- dimento, impedindo, todavia, que ele cause danos futuros, por meio de medidas mitigadoras ou de caráter preventivo. O principio da precaução, por outro lado, ‘é um es- tágio além da prevenção, à medida que o primeiro (precaução) tende à não realização do empreen- dimento, se houver risco de dano irreversível, e o segundo (prevenção) busca, ao menos em um pri- meiro momento, a compatibilização entre a ativida- de e a proteção ambiental’. Assim, pelo princípio da precaução, quando exis- te risco ou incerteza científica de dano ambiental, a atividade sequer poderá ser licenciada.” (CUNHA, 2005). AtençãoAtenção A história é importante como fator norteador dos acontecimentos atuais. Sempre relacione o pas- sado com o presente. O histórico de produtos e processos pode ser importante para novas tec- nologias. 1.1 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, estudamos o histórico ambiental, que por si só refere-se à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável, cujo aparecimento deu-se por conta dos princípios de prevenção e pre- caução, além do aparecimento das tecnologias de P+L. Segue modelo de evolução estratégica relacionada à questão ambiental, aos seus problemas e à P+L, como fator histórico na área de tecnologias ambientais: Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Figura 1 – Evolução das estratégias ambientais – a mudança em direção à P+L. Fonte: Santos (2007). Vamos, agora, analisar o seu aprendizado. 1. Em relação à história, quando iniciou o processo de maior consciência ambiental? 2. Como surgiu a P+L no Brasil? 1.2 Atividades Propostas Lançamento e disposição 1960 1970 1980 1990 Tratamento de resíduos fora da empresa Monitoramento de resíduos (reciclagem) Redução na Fonte Design verde e ciclo de vida Estratégias de Produção mais LimpaEstratégias de fim-de-tubo Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Caro(a) aluno(a), Este é o momento de fazer a ligação entre sustentabilidade, gestão ambiental e técnicas de P+L COMO PRÁTICA DE SUSTENTABILIDADE2 2.1 P+L O conceito de P+L apareceu em meados dos anos 1970, em resposta ao restritivo e com- plexo crescimento das exigências legais. A P+L é definida como a aplicação contínua de uma estra- tégia ambiental preventiva integrada a processos, produtos e serviços, para aumentar a ecoeficiên- cia e reduzir riscos aos seres humanos e ao meio ambiente. P+L é um estágio de transição entre a prevenção da poluição e o desenvolvimento sus- tentável (VAN BERKEL, 2000 apud SANTOS, 2007). Segundo o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL, 2012), a P+L significa a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambien- tal e tecnológica integrada aos processos e pro- dutos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, por meio da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo. Essa abor- dagem induz inovação nas empresas, dando um passo em direção ao desenvolvimento econômi- co sustentado e competitivo,não apenas para elas, mas para toda a região que abrangem. Tecnologias ambientais convencionais tra- balham, principalmente, no tratamento de resí- duos e emissões gerados em um processo pro- dutivo. São as chamadas técnicas de fim de tubo. A P+L pretende integrar os objetivos ambientais aos processos de produção, a fim de reduzir os resíduos e as emissões em termos de quantidade e periculosidade. Para tanto, são utilizadas várias estratégias, visando à P+L e à minimização de re- síduos. Conforme o CNTL (2003 apud SANTOS, 2007), a P+L consiste em um programa da Organi- zação das Nações Unidas para o Desenvolvimen- to Industrial (UNIDO)/Programa das Nações Uni- das para o Meio Ambiente (UNEP), que surgiu, em 1991, por meio de uma abordagem intermediária entre a Produção Limpa do Greenpeace e a mini- mização de resíduos da Environmental Protection Agency (EPA). Para Barbieri (2004), a P+L tem suas origens nas propostas correlatas estimuladas pela Conferência de Estocolmo de 1972, como o con- ceito de tecnologia limpa (clean technology), um Saiba maisSaiba mais Conceitos importantes • Boas práticas: ações realizadas dentro da empre- sa visando à limpeza, organização, otimização de tempos de produção, saúde, segurança e outros; • Fim de tubo: tratamentos de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas que as empresas adotam, no final de seus processos industriais, com o objetivo de atender aos parâ- metros definidos pelos órgãos ambientais. P+L; assim, você poderá distinguir e não se con- fundir mais. Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 conceito de tecnologia que deveria alcançar três propósitos distintos, porém complementares: lançar menos poluição ao meio ambiente, gerar menos resíduos e consumir menos recursos na- turais, principalmente os não renováveis. Atual- mente, a P+L integra uma estratégia tecnológica, econômica e ambiental aos processos, produtos e serviços, a fim de aumentar a eficiência no uso de insumos e matérias-primas, por meio da redução de desperdícios, não geração, minimização ou reciclagem dos resíduos gerados, proporcionan- do benefícios econômicos e ambientais (CNTL, 2012). Por meio de uma metodologia desenvolvi- da e apoiada pela UNIDO, o CNTL oferece aos se- tores produtivos alternativas viáveis para a identi- ficação de técnicas de P+L, que, implantadas em processos, permitem a minimização de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféri- cas, eficiência no uso da energia e racionalização no emprego da água. A implantação de um pro- grama de P+L em um processo produtivo segue uma sequência que compreende cinco etapas: i) planejamento e organização; ii) pré-avaliação e diagnóstico; iii) avaliação de P+L; iv) estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental; e v) implementação de opções e plano de continui- dade. A P+L considera a variável ambiental em todos os níveis da organização, caracterizando-se por ações que são implementadas dentro da em- presa, especialmente as ligadas ao processo pro- dutivo, com o objetivo de tornar o processo mais eficiente, no emprego de seus insumos, gerando mais produtos, menos resíduos e também con- tribuindo para a preservação do meio ambiente (SEVERO et al., 2009). Segue imagem com os níveis para a identi- ficação de opções de não geração e minimização de resíduos, efluentes e emissões na implementa- ção da metodologia de P+ L: Figura 2 – Níveis para a identificação de opções de não geração e minimização de resíduos, efluentes e emissões na implementação da metodologia de P+L. Fonte: Adaptado de SENAI-RS (2002). Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Explicando o fluxograma anterior, temos ainda, segundo o CNTL (2012), a prioridade da P+L (no topo, à esquerda): evitar a geração de re- síduos e emissões (nível 1). Os resíduos que não podem ser evitados devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo de produção da em- presa (nível 2). Na sua impossibilidade, medidas de reciclagem fora da empresa podem ser utiliza- das (nível 3). A prática do uso da P+L leva ao desenvolvi- mento e implantação de tecnologias limpas nos processos produtivos. Para introduzir técnicas de P+L em um processo produtivo, podem ser uti- lizadas várias estratégias, tendo em vista metas ambientais, econômicas e tecnológicas. A priori- zação dessas metas é definida em cada empresa, por meio de seus profissionais e baseada em sua política gerencial. Assim, dependendo do caso, podem-se ter fatores econômicos como o pon- to de sensibilização para a avaliação e definição de adaptação de um processo produtivo, com a minimização de impactos ambientais passando a ser uma consequência, ou, inversamente, os fa- tores ambientais serem prioritários e os aspectos econômicos, consequência. A P+L, portanto, deve estar no centro do pensamento estratégico de qualquer empresa. De um lado, ela traz, comprovadamente, benefí- cios econômicos: evita perdas, quase sempre da- nosas ao meio ambiente, e reduz custos, o que, por sua vez, influencia a posição competitiva do negócio. De outro, a empresa que produz de for- ma limpa tem sua imagem em harmonia com a comunidade e a cidadania – uma associação po- derosa capaz de reforçar a posição competitiva (CNTL, 2012). Afinal, o que é a sustentabilidade? Está vol- tada à interdisciplinaridade, que significa: traba- lho em equipe, contendo profissionais de várias áreas para um determinado estudo de caso, seja ele a execução de planejamentos, projetos, ope- ração ou manutenção de setores de interesse am- biental, tendo visões diferentes sobre um mesmo tópico (problema-solução) (VICENTINI, 2012). Muitos entendem sustentabilidade como algo apenas relacionado a locais naturais, ao “meio ambiente”, porém isso é um equívoco, pois a sustentabilidade ressalta-nos o todo na socieda- de, ou seja, contextos sociais, econômicos e am- bientais. Além disso, “meio ambiente” não signi- fica apenas locais naturais e sim todo e qualquer meio ambiente, seja ele escolar, urbano etc. Den- tro desses contextos, desmembramos a cultura, a política, o turismo, a educação e a saúde. Por isso, a sustentabilidade está voltada à interdisciplina- ridade, pois trabalhamos tudo isso de forma a in- terligar os acontecimentos nos itens comentados 2.2 Sustentabilidade anteriormente. Para representá-la, costumamos falar sobre o tripé da sustentabilidade. Para tanto, segue modelo representativo. AtençãoAtenção Não pense que sustentabilidade está ligada ape- nas ao ambiente natural! Lembre-se sempre do tripé da sustentabilidade e sua dimensão. Ser sustentável é utilizar os processos produtivos, de forma a usar de maneira racional os recursos na- turais e produzir muito, ou seja, há uma econo- mia na matéria-prima e no processo produtivo. Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Figura 3 – Representação do modelo do tripé da sustentabilidade. O conceito de sustentabilidade, relaciona- do ao uso dos recursos disponíveis, sejam natu- rais, de capitais ou humanos, tem um processo de construção histórica, que resultou em indica- dores utilizados pelas diversas nações. Os indica- dores de desenvolvimento sustentável, no Brasil, integram-se ao conjunto de esforços internacio- nais para a concretização das ideias e princípios formulados na Conferência das Nações Unidas so- bre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, no que diz respeito à relação entre meio ambiente, desenvolvimento e informações para a tomada de decisões. As infor- mações sobre a realidade brasileira estão dividi- das nas dimensões ambiental, social, econômica e institucional.Dentro dessas dimensões, estão apresentados 60 indicadores, originários de es- tudos e levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de outras institui- ções (IBGE, 2009). O desenvolvimento sustentável deve ser uma consequência do desenvolvimento social e econômico e da preservação ambiental. Segun- do Dias (2006 apud GUIMARÃES et al., 2011) o equilíbrio dinâmico da sustentabilidade acontece por meio de três dimensões: i) Sustentabilidade Econômica: garantir que, em qualquer momen- to, o fluxo de caixa é suficiente para assegurar a liquidez da organização; ii) Sustentabilidade So- cial: agregar valor para as comunidades em que as empresas atuam, aumentando o capital huma- no de parceiros individuais. As empresas devem gerenciar o capital social de uma forma que faça os stakeholders entender a motivação e, de um modo geral, concordar com o sistema de valores da companhia; iii) Sustentabilidade Ambiental: usar apenas recursos naturais, que devem ser con- sumidos em uma taxa abaixo de sua reprodução natural ou em outra taxa menor que o desenvol- vimento dos seus substitutos e que esses recursos não causem emissões que fiquem acumuladas no meio ambiente em taxa além da capacidade do sistema natural de absorver e acumular. Sustentabilidade Área econômica Competitividade Cidadania Responsabilidade Socioambiental Cultura Conservação de Recursos Naturais Redução de consumo Descarte correto de resíduos Minimização de impactos ambientais Dimensão Econômica Dimensão Ambiental Dimensão Social Fonte: Vicentini (2012). Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Saiba maisSaiba mais Conceitos importantes • Impacto ambiental: qualquer alteração das pro- priedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de maté- ria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as ativi- dades sociais e econômicas; a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a quali- dade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986); • Políticas públicas: referem-se àquelas que são propostas tanto diretamente por membros do Poder Legislativo quanto as que são encaminha- das ao Poder Legislativo pelo Executivo. Visam sempre ao bem comum da sociedade, com a devida ponderação dos interesses de diferentes grupos sociais. Podem, ainda, ser elaboradas com a participação da comunidade, seja por meio de Organizações Não Governamentais (ONGs), seja por determinados comitês ou conselhos. É um conjunto de diretrizes estabelecido pela socieda- de, por meio de sua representação política, em forma de lei, visando à melhoria das condições de vida dessa sociedade. De maneira geral, a sustentabilidade en- globa fatores ambientais, políticos econômicos e a continuidade deles, de forma a sempre exis- tirem recursos naturais para as gerações futuras. Nas empresas, a sustentabilidade ambiental deve aparecer para encarar o papel dela na sociedade e exercer a responsabilidade socioambiental, por meio do tão falado desenvolvimento sustentável. Saiba maisSaiba mais Entenda a diferença entre produção limpa e P+L: • produção limpa: iniciativa que tem como prin- cípios a precaução, a prevenção, a integração, o controle democrático, o direito de acesso a in- formações sobre riscos e impactos de produtos e processos e a responsabilidade continuada dos produtos; • P+L: é a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada, nos processos produtivos, nos produtos e nos serviços, para re- duzir os riscos relevantes aos seres humanos e ao ambiente natural. A noção de sustentabilidade pressupõe a realização de desenvolvimento sem destruição; logo, traduzi-la supõe perseguir um grau de de- senvolvimento caracterizado pelo redireciona- mento do atual padrão de produção e consumo. Isso significa reduzir os impactos ambientais re- sultantes desse processo e, por conseguinte, me- lhorar os níveis de qualidade ambiental das cida- des (VICENTINI, 2012). Devido ao grande consumo de recursos na- turais e aos impactos ambientais, as organizações vêm incorporando em suas estratégias o conceito de sustentabilidade. Atualmente, as organizações tornaram-se alvos de novas expectativas quanto às suas responsabilidades para com a sociedade, como agentes que dispõem de recursos financei- ros e tecnológicos para uma atuação mais ágil, decisiva e direta na solução dos problemas am- bientais. A P+L integra uma estratégia tecnológi- ca, econômica e ambiental aos processos, produ- tos e serviços, a fim de aumentar a eficiência no 2.3 P+L e a Sustentabilidade uso de insumos e matérias-primas, por meio da redução de desperdícios, não geração, minimiza- ção ou reciclagem dos resíduos gerados, propor- cionando benefícios econômicos e ambientais. O aspecto mais importante da P+L é que ela requer não somente a melhoria tecnológica, mas a apli- cação de know-how e a mudança de atitudes. Es- ses três fatores reunidos fazem o diferencial em relação às outras técnicas ligadas a processos de produção (GUIMARÃES et al., 2011). A produção e o consumo de bens e de servi- ços devem respeitar e visar a uma sociedade mais justa (sustentabilidade social); à conservação e utilização racional e adequada dos recursos natu- rais, renováveis e não renováveis, incorporados às atividades produtivas (sustentabilidade ambien- tal); e à gestão e aplicação mais eficientes dos re- cursos, para suprir as necessidades da sociedade e não permitir a submissão absoluta às regras de mercado (sustentabilidade econômica) (OLIVEI- RA, 2001). Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 A atividade industrial, por muito tempo vis- ta como impactante, atualmente desponta para um cenário de alternativas racionais de gestão, em que a variável ambiental insere-se, sem, con- tudo, frear o seu desenvolvimento e sua própria sustentabilidade. Consoante isso, as empresas vêm integrando em seus planos estratégicos a P+L, tornando viáveis benefícios ambientais, eco- nômicos e de saúde ocupacional. Para tanto, é necessária uma mudança de atitudes de to- dos, desde os níveis de diretoria até os níveis operacionais. A educação ambiental pode en- trar nesse contexto. Ao contrário das tecnologias ambientais convencionais, que focam o fim de tubo, a P+L pretende integrar os objetivos ambientais aos processos de produção, a fim de reduzir os resí- duos e as emissões em termos de quantidade e periculosidade. Segundo Batman Jr (2011), o CNTL compara a tecnologia de fim de tubo com a P+L, conforme o quadro a seguir: Quadro 1 – Tecnologia de fim de tubo x P+L. Tecnologia de fim de tubo P+L Pretende reação. Pretende ação. Os resíduos, os efluentes e as emissões são controlados por equipamentos de tratamento. Prevenção da geração de resíduos, efluentes e emissões na fonte. Procura evitar matérias- primas potencialmente tóxicas. Proteção ambiental é um assunto para especialistas competentes. Proteção ambiental é tarefa para todos. A proteção ambiental atua depois do desenvolvimento dos processos e produtos. A proteção ambiental atua como uma parte do design do produto e da engenharia de processo. Os problemas ambientais são resolvidos a partir de um ponto de vista tecnológico. Os problemas ambientais são resolvidos em todos os níveis e em todos os campos. Não se tem preocupação com o uso eficiente de matérias-primas, água e energia. Uso eficiente de matérias-primas, água e energia. Leva a custos adicionais. Ajuda a reduzir custos. Fonte: Adaptado de Batman Jr. (2011). Perante o meio ambiente, a P+L proporcio-na diminuição dos impactos ambientais, redução de resíduos, gases tóxicos e efluentes, otimização do uso de água e de energia, além de maiores condições de saúde e segurança aos colaborado- res e à população de forma geral (GUIMARÃES et al., 2011), como podemos confirmar com o qua- dro anterior. Além disso, tem como estratégia a prevenção e/ou minimização de geração de resí- duos e contaminantes em sua fonte de geração. Observando e comparando os dois conceitos – desenvolvimento sustentável e P+L –, observa-se que a prevenção precede as estratégias de desen- volvimento sustentável (VAN BERKEL, 2000 apud SANTOS, 2007). A relação do conceito de desenvolvimento sustentável e do conceito de P+L (Figura 4) pode ser evidenciada observando que os objetivos da P+L pretendem promover a aplicação, de forma consistente, da implementação de práticas pro- dutivas em empresas, que contribuam para sua adequação ambiental e econômica. A proposta do conceito de P+L está baseada na maximização do uso dos recursos naturais nos processos pro- dutivos e na redução do lançamento de conta- minantes no meio ambiente, favorecendo, assim, que gerações futuras tenham maior probabilida- de de encontrar os recursos naturais para satis- fazer suas necessidades de desenvolvimento. A P+L apresenta uma proposta de atuação para a resolução dos problemas ambientais de uma ati- Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 vidade produtiva mais eficaz e eficiente para pro- mover a sustentabilidade do que as formas tradi- cionais propostas de processos de tratamento e disposição final de resíduos, denominadas fim de tubo (UNEP/UNIDO, 2003 apud SANTOS, 2007). Figura 4 – P+L e desenvolvimento sustentável. Fonte: Santos (2007). A P+L é adequada aos países em desen- volvimento, pois oferece aos setores industriais desses países uma oportunidade de desenvolver sistemas de produção que empreguem conside- rações ambientais preventivas, tendo em vista que a maior parte dos investimentos em produ- ção de tecnologias ainda está por ser realizada (UNEP/UNIDO, 2003 apud SANTOS, 2007). Outra questão que não podemos deixar de pensar é a ligação da gestão ambiental com a P+L. Certamente, a implementação de um Sis- tema de Gestão Ambiental (SGA), segundo o mo- delo proposto pela NBR ISO 14001, impulsiona as empresas a observar essas questões sob uma ótica gerencial de forma mais sustentável. Os procedimentos exigidos para a certificação, prin- cipalmente em relação a requisitos legais e con- troles operacionais, fazem com que as empresas passem a considerar suas relações com o meio ambiente como qualquer outro aspecto de seus negócios. É natural que uma empresa, após a obten- ção de um certificado internacional de qualida- de ambiental, passe a fazer uso de sua conquista como marketing institucional, principalmente se fizer parte de um segmento industrial tradicional- mente poluidor. O marketing ecológico passou a ser obrigação das empresas que pretendem con- tinuar – ou tornar-se – modernas e competitivas e, apesar de não garantir um padrão de excelên- Desenvolvimento Sustentável Sustentabilidade ecológica, desenvolvimento econômico e igualdade social “Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessi- dades presentes sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades.” 1987, Brundtland Commission Estratégias de Desenvolvimento Objetivos econômicos e sociais definidos por atores do governo, indústrias, sociedade civil e instituições acadêmicas. Produção mais Limpa Conceitos relacionados: ecoeficiência, prevenção da poluição, ecologia industrial, minimização de resíduos. Aplicação prática na indústria Estratégias governamentais para dar suporte à Produção mais Limpa Monitoramento e Avaliação Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 cia em termos de desempenho ambiental, a cer- tificação ISO 14001 representa esforços concretos e um compromisso assumido na busca pela mini- mização de impactos ambientais e pela sustenta- bilidade. Saiba maisSaiba mais • Reciclagem externa: conjunto de técnicas que têm por finalidade aproveitar os resíduos e rein- troduzi-los no ciclo de produção de que saíram; retorno da matéria-prima ao ciclo de produção; • Reciclagem interna: reutilização de determi- nada substância com o objetivo de minimizar o consumo de novas matérias-primas e/ou apro- veitamento total das características das matérias- -primas, dentro do mesmo processo industrial. Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, você viu sobre o contexto, a dimensão e a importância da sustentabilidade, além de conceitos da P+L. Além disso, a ligação entre a sustentabilidade e a P+L é clara e extremamente impor- tante para o processo de diminuição de consumo de maneira geral no ambiente corporativo, bem como para a atuação de forma mais consciente dentro das empresas. Segue um resumo do conjunto de práticas de prevenção para P+L que são necessárias no processo produtivo das empresas: Figura 5 – Conjunto de práticas de prevenção para P+L em empresas. Fonte: Santos (2007). 2.4 Resumo do Capítulo Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Ainda, podemos resumir, segundo Vicentini (2012): Desenvolvimento Sustentável Segundo a ONU, é aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer as pos- sibilidades das gerações futuras; Prover sustento, segurança e vida adequada para todos; Respeitar os limites e regras do meio biofísico; Papel fundamental dos governos para políticas públicas de desenvolvimento sustentável; Melhoria da qualidade vida; A gestão ambiental (gerenciar tudo que está ao redor) não pode se separar do desenvolvimen- to sustentável. Dimensões do Desenvolvimento Sustentável Sociocultural: consumo, história, cultura, cidadania; Ambiental: esgotamento dos recursos naturais não renováveis (minérios: carvão, ferro, petró- leo), degradação dos sistemas naturais, biodiversidade; Econômica: atender ao interesse de diferentes grupos (governo/população), redução da po- breza, equidade. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. 1. Onde a sustentabilidade está inserida na P+L? 2. A gestão ambiental entra nesse processo de P+L? Explique. 2.5 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, você verá a necessidade e importância de novas tecnologias ambientais. P+L - PORQUE BUSCAR ESSES PROJETOS?3 3.1 A Necessidade de um Modelo Econômico mais Sustentável O grande impulso das indústrias, em função de diversos fatores, não mais permitiu ao homem satisfazer-se com formas grosseiras e modestas de aproveitamento das energias disponíveis, como moinhos de vento, rodas-d’água e força animal. A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, foi, na verdade, uma revolução nos processos de utilização da energia, que se tornava necessária em quantidades cada vez maiores, para permitir a produção de bens de consumo na proporção exigida por populações em rápido crescimento (BRANCO, 2002). À medida que a população aumenta – hoje, temos cerca de sete bilhões de habitantes –, as in- ter-relações entre o meio físico e os aspectos bio- lógicos, psicológicos e sociais tornam-se cada vez mais complexas. Isso porque a cidade não é um ecossistema urbano, pois qualquer ecossistema deve, antes de tudo, ser autossuficiente (VICEN- TINI, 2012). Desse modo, há a necessidade e maior de- manda por parte das indústrias, ocasionando um consumo excessivo de energia e materiais, e um aumento na produção de poluentes, e as próprias alteraçõesdecorrentes da construção dessas grandes indústrias constituem formas importan- tes de impacto ambiental. Os impactos provoca- dos por uma indústria extravasam muito o espa- ço físico que ela ocupa. Há, ainda, o problema do transporte de matérias-primas, da fonte para a in- dústria, e de produtos industriais para os centros de consumo. Os maiores e mais graves problemas de poluição marinha acontecem justamente no transporte de petróleo bruto e seus produtos re- finados, através do oceano, por gigantes navios, que já atingem mais de 500 mil toneladas cada um. Além disso, as indústrias são grandes con- sumidoras de energia. Por exemplo, a quantida- de de energia consumida na produção de cada lingote de alumínio é tão grande que se diz que esse metal poderia ser chamado “energia em bar- ras”. Para suprir essa necessidade, recorre-se a três opções básicas: a construção de enormes barra- gens, causando a inundação de áreas cobertas de vegetação, como as represas que estão sendo construídas na Amazônia; a instalação de usinas termoelétricas movidas a petróleo, carvão ou ma- deira, com todo o problema de gases e matéria particulada expelidos por suas chaminés; e a im- plantação de usinas nucleares, com os graves pro- blemas de disposição final. A água também é utilizada de forma indevi- da, pelos fatores já mencionados e por ser o mais abundante componente da matéria viva, e preci- sa ser necessariamente reciclada para a garantia de vida no planeta. Essa reciclagem depende de fluxos naturais da Terra, que constantemente são Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 prejudicados pela poluição causada pelo homem. A superfície terrestre é recoberta por cerca de 72% de água. De toda a água que recobre a Terra, cerca de 97% pertencem aos ecossistemas mari- nhos; o restante pertence às águas continentais. Seguem gráficos representativos da quantidade total de água que realmente está disponível para a população: Figura 6 – Demonstrativo do volume de água disponível na Terra. 72% 28% Água na superfície da Terra Terra Representação do volume de água total na Terra 97% 3% Oceanos Água doce Representação do volume de água dividido entre os oceanos e a água doce 79% 20% 1% Calotas Polares Águas Subterrâneas Água acessível Representação do volume de água do total de água doce 1% 1% 52%38% 8% Rios Água acessível nas plantas Lagos Água nos solos Vapor de água na atmosfera Representação do volume total de água acessível ao homem Fonte: Vicentini (2012). Percebe-se que a situação sobre a questão da quantidade de água é crítica, estando engana- do quem diz que o Brasil possui água suficiente. Isso não é real. A poluição é um fator definitivo para observar que, se não houver alternativas, te- remos sérios problemas em breve. A Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97) prevê, com a Resolução Conama nº 430/11, padrões para o lançamento de efluentes em corpos de água, classificando-os, porém nem sempre há fiscalização suficiente e adequada para o cumprimento dessa lei. Segundo a Companhia de Tecnologia de Sa- neamento Ambiental (CETESB, 2012a), a escassez de água no mundo é agravada em virtude da de- sigualdade social e da falta de manejo e uso sus- tentável dos recursos naturais. De acordo com os Saiba maisSaiba mais Conceitos importantes • Poluição: degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indire- tamente, prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população, criem condições ad- versas às atividades sociais e econômicas, afetem desfavoravelmente a biota, afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente e lan- cem materiais ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. É a colocação de energia e matéria no lugar errado; • Contaminação: agentes patogênicos que fazem mal à saúde, como, por exemplo, metais pesados. Saiba maisSaiba mais A pegada hídrica, conceito criado pelo holandês Arjen Hoekstra, é uma ferramenta de gestão em re- cursos hídricos que define o uso direto ou indireto da água ao longo da cadeia produtiva, permitindo que as iniciativas públicas e privadas e a população entendam o quanto de água é necessário para a fa- bricação de um produto. Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 números apresentados pela ONU, fica claro que controlar o uso da água significa deter poder. As diferenças registradas entre os países desenvolvi- dos e os em desenvolvimento chocam e eviden- ciam que a crise mundial dos recursos hídricos está diretamente ligada às desigualdades sociais. Em regiões em que a situação de falta de água já atinge índices críticos de disponibilidade, como nos países do continente africano, a média de consumo de água por pessoa é de dezenove metros cúbicos/dia ou de dez a quinze litros/pes- soa. Já em Nova Iorque, há um consumo exagera- do de água doce tratada e potável, sendo que um cidadão chega a gastar dois mil litros/dia. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), menos da metade da popu- lação mundial tem acesso à água potável. A irri- gação corresponde a 73% do consumo de água, 21% vai para a indústria e apenas 6% destinam-se ao consumo doméstico (CETESB, 2012a). A industrialização consome ainda mais água que a urbanização. O primeiro passo em direção a esse objetivo é eliminar os subsídios da água que incentivam a ineficiência. O segundo passo é au- mentar o preço da água, para refletir seu custo. A mudança para tecnologias, lavouras e formas de proteína animal mais eficientes em termos de economia de água proporciona um imenso potencial para a elevação da produtividade hí- drica. Essas mudanças serão mais rápidas se o preço da água for mais representativo que seu valor (CETESB, 2012a). Outro fator que deve estar na lista de prio- ridades é os resíduos gerados individualmente e no montante (globalmente), se tomarmos por base as indústrias. Atualmente, o ser humano consome cada vez mais de forma inadequada, re- sultando na problemática do modo como esses resíduos são dispostos no solo e na água e, con- sequentemente, irão para a atmosfera, por meio do metano e do gás carbônico. Na sua maioria, esse lixo é constituído de matérias orgânicas bio- degradáveis, originadas de restos de alimentos. O problema ambiental que ele provoca é diferen- te daquele causado por esgotos, uma vez que o chorume, produto líquido da degradação do lixo orgânico, libera o gás metano (CH4), que, em ter- mos de potencialidade, é muito mais nocivo do que o gás carbônico no ciclo do carbono, ocasio- nando o aquecimento global e elevando a tem- peratura na Terra (VICENTINI, 2012). A UNIDO afirma que a P+L é a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambien- tal e tecnológica integrada aos processos e pro- dutos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, por meio da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados, com benefícios ambientais e econômi- cos para os processos produtivos. O traço específico da ecoeficiência em re- lação à P+L é buscar ir mais além do aproveita- mento sustentável dos recursos e da redução da contaminação, destacando a criação de valor agregado, tanto para os negócios quanto para a sociedade, e mantendo os padrões de competiti- vidade (DIAS, 2007). Saiba maisSaiba mais Um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da popu- lação mundial) não têm acesso à água tratada. Um bilhão e 800 milhões de pessoas (43% da população mundial) não contam com serviços adequados de saneamento básico. Diante desses dados, temos a triste constatação de que dez milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças intestinaistransmitidas pela água. Vivemos num mundo em que a água torna-se um desafio cada vez maior. Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 A legislação brasileira impõe às empresas um alto custo em seu negócio. Supostamente, os órgãos ambientais, em seus diferentes níveis, por meio dos esforços em fazer cumprir a legisla- ção aplicável aos diferentes tipos de organização, passam a criar e exigir determinadas responsabi- lidades empresariais. Para cumprir suas obriga- ções, as empresas deparam-se com custos sob a forma de despesas de investigação e remediação em áreas degradadas, tratamento e disposição de efluentes e resíduos, multas, além de paralisa- ções em suas atividades. Além destes, podemos considerar custos ambientais os desperdícios de matéria-prima, energia e insumos, comuns na in- dústria nacional. No Brasil, além dos ganhos econômicos, os benefícios ambientais foram animadores: re- dução anual de seis milhões de toneladas de matérias-primas; economia de 350 mil metros cúbicos de água por ano; economia anual de três milhões de kWh; redução de consumo anual de um milhão de metros cúbicos de gás. Em relação aos impactos ambientais diretos, os números são, da mesma forma, positivos: menos 5,5 toneladas anuais de emissões atmosféricas e menos 167 mil metros cúbicos/ano de efluentes líquidos indus- triais, 911 toneladas/ano de resíduos sólidos e 3,5 toneladas/ano de resíduos perigosos. Os proces- sos de reciclagem tornaram possível o reaprovei- tamento de 230 toneladas/ano de resíduos diver- sos. Estimulados pelos excelentes resultados da primeira experiência, o Sebrae e o CEBDS re- forçaram a parceria e começaram a implantar, em 2002, núcleos em outros 13 estados da Federação (Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Distrito Fe- deral, Espírito Santos, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Sergipe). Portanto, hoje temos, no país, núcleos em 18 estados, faltando muito pouco para atin- girmos todas as 23 unidades da Federação. Nes- sa segunda fase, foi necessário um investimento 3.2 A Importância de Projetos P+L de R$ 2,4 milhões, proporcionando uma redução anual de R$ 5,6 milhões com gastos em matérias- -primas, água e energia. O desafio de implantar a cultura da ecoe- ficiência nas empresas de menor porte pode ser aferido pela última pesquisa contida no Relatório da Competitividade da Indústria Brasileira: 57,5% das microempresas não adotam qualquer prática de gestão ambiental, enquanto, entre as grandes empresas, esse percentual caiu para 5%. Para superar as dificuldades do nosso país nessa área – extensão territorial e pouca disponi- bilidade de recursos para investimentos –, torna- -se urgente aprofundar as parcerias entre empre- sas e governos. Um dos instrumentos capazes de impulsionar esse processo é o Grupo Interinstitu- cional de Produção Mais Limpa, criado pelo Go- verno Federal como reflexo de um compromisso político do Ministério do Meio Ambiente. Ecoeficiência na estratégia e P+L na prática significam, hoje, maior competitividade, melhor gestão ambiental e melhor relacionamento com grupos de interesse, mídia e agências de contro- le ambiental. Significam, também, incremento tanto na autoestima dos funcionários quanto na reputação da empresa com a sociedade (CEBDS, 2005). Os benefícios ambientais da P+L descritos pelo CNTL são: Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Quadro 2 – Benefícios ambientais do P+L. Eliminação/redução de resíduos A Produção mais Limpa procura eliminar o lançamento de resíduos no meio ambiente ou reduzi-lo substancialmente. Entende-se por resíduo todos os tipos de poluentes, incluindo resíduos sólidos, perigosos ou não, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, calor, ruído ou qualquer tipo de perda que ocorra durante o processo de geração de um produto ou serviço. Produção sem poluição Processos produtivos ideais, de acordo com o conceito de Produção mais Limpa, ocorrem em um circuito fechado, sem contaminar o meio ambiente e utilizando os recursos naturais com a máxima eficiência possível. Eficiência energética A Produção mais Limpa requer os mais altos níveis de eficiência energética na produção de bens e serviços. A eficiência energética é determinada pela maior razão possível entre energia consumida e produto final gerado. Saúde e segurança no trabalho A Produção mais Limpa procura sempre minimizar os riscos para os trabalhadores através de um ambiente de trabalho mais limpo, mais seguro e mais saudável. Produtos ambientalmente adequados O produto final, bem como todos os subprodutos comercialmente viáveis, devem ser tão ambientalmente adequados quanto possível. Fatores relacionados à saúde e meio ambiente devem ser priorizados nos estágios iniciais de planejamento do produto e devem ser considerados ao longo de todo o ciclo de vida do mesmo, da produção à disposição, passando pelo uso. Embalagens ambientalmente adequadas A embalagem do produto deve ser eliminada ou minimizada sempre que possível. Quando a embalagem é necessária para proteger, vender, ou para facilitar o consumo do produto, esta deve ter o menor impacto ambiental possível. Fonte: Batman Jr (2011). Segundo Batman Jr. (2011), nos nove seto- res produtivos representados em sua pesquisa de 75 empresas que utilizam P+L disponíveis na CETESB para consulta, 36 empresas destacam-se no setor metalúrgico, com 47% dos relatos volun- tários de sucesso em P+L, seguidos dos setores químico (21%), de galvanoplastia (15%) e têxtil (8%). Ao contrário do que muitas empresas ima- ginam, os investimentos necessários para ações de P+L, em sua maioria, são baixos e, em 36% dos casos, não alcançaram mais de R$ 5.000,00. Vale destacar que, em 21,3% dos casos, não houve ne- nhum investimento, apenas pequenas mudanças no processo ou de matéria-prima. Apenas em 17% dos casos, o investimento ultrapassou R$ 500.000,00. Mais importante que o custo inicial, ou investimento, é o retorno deste, que, em 45% dos casos, não ultrapassou seis meses e, apenas em 9% dos casos, ultrapassou quatro anos. Esses dados mostram que a P+L pode ser implantada a custos baixos, com retorno de investimento rápi- do. Segue seis empresas, a título de exemplo, disponíveis para consulta no site da CETESB, se- gundo Batman Jr. (2011): Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Quadro 3 – Empresas com ações de P+L. Empresa – caso 1 Votorantim Celulose e Papel (VCP) – Unidade Jacareí. Atividade Indústria de celulose e papel Problema ambiental Grande consumo de água e grande vazão de efluentes tóxicos Solução Melhoria no processo produtivo e reuso de água Ganho ambiental Redução no consumo de água captada (34%) e na vazão de efluentes tóxicos (45%) Investimento R$ 46.000.000,00 Receita/economia anual R$ 1.266.666,67 Retorno do investimento em meses R$ 435,79 Empresa – caso 2 Kodak Brasileira Com. Ind. Ltda. Atividade Indústria química fotográfica Problema ambiental Grande consumo de água Solução Reuso de água Ganho ambiental Redução no consumo de água captada Investimento R$ 41.800,00 Receita/economia anual R$ 40.200,00 Retorno do investimento em meses R$ 12,48 Empresa – caso 3 JANSSEN – CILAG Farmacêutica Ltda. Atividade Indústria farmacêutica Problema ambiental Uso de produtos químicos para manutenção de água de torres de resfriamento Solução Melhoria no processo Ganho ambiental Eliminação do uso de produtos químicos, de poluentes na água de resfriamento e resíduos sólidos gerados Investimento R$ 140.000,00 Receita/economia anual R$ 15.000,00 Empresa – caso 4 DOW Química S/A Atividade Fabricação de produtos químicos Problema ambiental Geração de água contaminadacom estireno, geração de resíduos sólidos Classe 1 e geração de gases monoméricos não condensados Solução Melhoria de processos para substituição dos compostos tóxicos e o reuso total dos poluentes residuais oriundos da produção do látex SBL Ganho ambiental Redução de 90% no consumo de água e foi eliminada a emissão de gases Investimento R$ 3.600.000,00 Receita/economia anual R$ 362.000,00 Retorno do investimento em meses R$ 119,34 Empresa – caso 5 BASF S/A Atividade Fabricação de tintas e vernizes Problema ambiental Utilização de garrafas recicladas de PET na formulação das resinas Solução Pequenas adaptações no processo Ganho ambiental Reciclagem de material de alta disponibilidade e de forte impacto ambiental, redução do volume de efluentes gerados em torno de 40% e redução no con- sumo de matérias-primas em torno de 3.000 toneladas/ano Investimento R$ 0,00 Receita/economia anual R$ 3.000.000,00 Retorno do investimento em meses R$ 0,00 Empresa – caso 6 Toyota do Brasil Ltda. Atividade Indústria automotiva Problema Ambiental Elevado consumo de gás natural Solução Melhorias no processo produtivo Ganho ambiental Redução na geração CO2, 17,36 ton/mês Investimento R$ 70.500,00 Receita/economia anual R$ 79.883,88 Retorno do investimento em meses R$ 10,59 Fonte: Batman Jr. (2011). Seminários de Produção Mais Limpa (P+L) Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Caro(a) aluno(a), A P+L é importante, uma vez que há vários benefícios na implantação de um SGA, bem como em processos de sustentabilidade corporativa, na economia de produtos e processos, para a prevenção de possíveis impactos gerados pelos aspectos da empresa. Segue um esquema demonstrativo, levando em conta a P+L e outros conceitos de gerenciamento ambiental, resumindo nosso capítulo: Figura 7 – P+L em relação a outros conceitos de gerenciamento ambiental. Fonte: Santos (2007). Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. AtençãoAtenção Investimentos em P+ L sempre devem ser con- siderados, uma vez que seu custo é baixo e o re- torno, rápido. Saiba maisSaiba mais Conceitos importantes • Aspectos: elementos das atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente; • Melhoria contínua: processo recorrente de avan- çar com o SGA, com o propósito de atingir o apri- moramento do desempenho ambiental geral, coerente com a política ambiental da organização. Saiba maisSaiba mais “De acordo com dados da Food and Agriculture Or- ganization (FAO), o Brasil é o quinto maior produ- tor de couro de bovinos, atrás dos Estados Unidos, Rússia, Índia e Argentina, e possui o segundo maior rebanho do mundo. Sua participação no rebanho mundial é de 11,2% e na produção total de couros, 10,8%. A produção de couros bovinos, do total de couro produzido representa 66%.” (CETESB, 2012b). 3.3 Resumo do Capítulo Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 1. Por que é importante relacionar P+L com ecoeficiência? 2. Quais são os benefícios apontados pela P+L? 3.4 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Caro(a) aluno(a), Podemos concluir que as ações de P+L, além de trazer benefícios ambientais, também, necessa- riamente, trazem consigo benefícios financeiros para as empresas, pois, quando elas economizam água, energia ou matéria-prima, estão gastando menos recursos naturais e financeiros. Da mesma forma, quando um processo é otimizado, quando materiais tóxicos são eliminados da produção ou quando há reciclagem, o meio ambiente é poupado e as empresas ganham produtividade (BATMAN JR., 2011). A P+L, portanto, deve estar no centro do pensamento estratégico de qualquer empresa. De um lado, ela traz, comprovadamente, benefícios econômicos: evita perdas, quase sempre danosas ao meio ambiente, e reduz custos, o que, por sua vez, influencia a posição competitiva do negócio. De outro, a empresa que produz de forma limpa tem sua imagem em harmonia com a comunidade e a cidadania – uma associação poderosa capaz de reforçar a posição competitiva (CNTL, 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS4 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 CAPÍTULO 1 1. A partir da década de 1960, movimentos ambientalistas começaram a pressionar a sociedade para a sensibilização e posterior conscientização de todos. Eventos importantes começaram a ocorrer, envolvendo o mundo todo nas questões ambientais de maneira geral: a política, a sociedade, a educação, a saúde, a economia, o ambiente natural e urbano, o planejamento e a gestão ambiental. Além disso, segundo Santos (2007), muitas pessoas consideram os anos 1960 um marco no qual o relacionamento entre o desenvolvimento e o meio ambiente come- çou a ser efetivamente compreendido, com a publicação do livro Silent Spring, apresentando uma pesquisa com os aspectos toxicológicos, ecológicos e epidemiológicos do emprego de pesticidas na agricultura e seu impacto para as espécies animais e a saúde dos seres humanos. Essa publicação rompeu o conceito da capacidade infinita de absorção pelo meio ambien- te dos impactos ambientais causados pelo desenvolvimento. A partir daí, várias iniciativas e recursos foram destinados ao desenvolvimento de instrumentos que permitissem o melhor entendimento da relação entre a geração de resíduos e seus respectivos impactos no meio ambiente. Alguns incidentes nos anos 1970 e 1980, como, por exemplo, o vazamento ocorrido no reator de Three Mile Island e o acidente nuclear do reator da estação de Chernobyl, contri- buíram também para acelerar ações de proteção ao meio ambiente. 2. No Brasil, a P+L surgiu com o apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Se- brae) e a coordenação nacional do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em que foi criada a Rede Brasileira de Produção Mais Limpa, com o ob- jetivo bem definido de difundir o conceito de ecoeficiência e a metodologia de P+L para as empresas de menor porte, com base no modelo concebido pela ONU (CEBDS, 2005). Na fase experimental do programa, entre 1999 e 2002, os resultados obtidos pelas empresas-piloto dos cinco primeiros núcleos estaduais (Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia e Santa Catarina) indicaram que estávamos no caminho certo. As cerca de 200 empresas par- ticipantes obtiveram, em três anos, uma redução de R$ 18 milhões por ano nos gastos com matérias-primas, água e energia. Para cada R$ 1 investido, houve um retorno de R$ 4 (CEBDS, 2005). RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS Salete Regina Vicentini Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 CAPÍTULO 2 1. A relação do conceito de desenvolvimento sustentável e do conceito de P+L pode ser evi- denciada observando que os objetivos da P+L pretendem promover a aplicação, de forma consistente, da implementação de práticas produtivas em empresas, que contribuam para sua adequação ambiental e econômica. A proposta do conceito de P+L está baseada na ma- ximização do uso dos recursos naturais nos processos produtivos e na redução do lançamen- to de contaminantes no meio ambiente, favorecendo, assim, que gerações futuras tenham maior probabilidade de encontrar os recursos naturais para satisfazer suas necessidades de desenvolvimento. A P+L apresenta uma proposta de atuação para a resolução dos problemas ambientais de uma atividade produtiva mais eficaz e eficiente para promover a sustentabili- dade do que as formas tradicionais propostas de processos de tratamento e disposição final de resíduos, denominadas fim de tubo (UNEP/UNIDO, 2003 apud SANTOS, 2007). 2. Outra questão que não podemos deixar de pensar é a ligação da gestão ambiental com a P+L. Certamente, a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), segundo o modelo proposto pela NBR ISO 14001, impulsiona
Compartilhar