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anatomia patológica I M4

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UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 1 
 
aula 1 Anatomia Patológica I 
1. Introdução à Anatomia Patológica 
 A patologia estuda as doenças no indivíduo ou em partes do corpo do indivíduo por métodos 
científicos. 
Neste âmbito, o conceito de doença é a variação anormal na estrutura ou função de qualquer parte do 
corpo. A patologia, por sua vez, estuda as causas e efeitos das doenças. 
1.1 Aspectos dos processos patológicos 
a) Etiologia 
- Intrínseca ou genética 
- Adquirida (infecção, nutricional, quimica ou física) 
b) Patogênese 
- Sequência de eventos da resposta celular ou tecidual mediante a um agente etiológica (são os 
mecanismos de instalação das doenças/lesões) 
c) Alterações morfológicas 
- Alterações estruturais nas células (microscopicamente) ou tecidos (macroscopicamente) que são 
características da doença ou diagnósticas do processo etiológico 
d) Significado clínico 
A natureza das alterações morfológicas e sua distribuição nos diversos órgãos e tecidos influencia a 
função normal e determina as características clínicas, curso e prognóstico da doença 
A isso se chama fisiopatologia. É a expressão clínica de tudo que o paciente teve a partir da patogênese 
e das alterações morfológicas desencadeadas pelo agente etiológico. É o sintoma ou sinal expresso por 
aquele agente etiológico propriamente dito. 
*** 
A patologia geral estuda os processos patológicos gerais comuns às diferentes doenças, dando ênfase a 
lesão em si, suas causas e efeitos nas células e tecidos 
A patologia especial estudas essas lesões nos diferentes aparelhos e sistemas 
 
 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 2 
 
1.2 Processos patológicos básicos 
Classificamos em 5 os processos patológicos básicos: 
a) Adaptações A-L-I-DI-N 
b) Lesão celular 
c) Inflamação 
d) Distúrbios hemodinâmicos 
e) Neoplasias 
Todos as progressões lesivas tem algo em comum: o processo patológico básico. NÃO CONFUNDIR COM 
CAUSA!!! 
P.e.: um abcesso hepático e um edema de perna. Qual o processo patológico básico? Inflamação, apesar 
das causas serem por motivos diferentes. 
1.3 Métodos de estudos do patologista 
a) Biópsia ou peça cirúrgica: são materias obtidos através de procedimentos cirúrgicos e que serão 
examinados de forma macro e microscópica após procedimentos técnicos específicos de preparo. 
Ou seja, ou se retira um fragmento da lesão (biópsia) ou então se retira a peça inteira para análise (peça 
cirúrgica). 
A patologia cirúrgica é o estudo anatomopatológico de órgãos ou partes deles retiradas cirurgicamente 
através: 
- Biópsia incisional: retira uma fração da lesão, sem retirada de tecido normal perilocal 
- Biópsia excisional: retira a lesão toda, inclusive com tecido normal perilocalizado, o que chamamos de 
margem de segurança (ex.: um carcinoma de mama que é retirado junto com o músculo peitoral maior 
não afetado adjacente) 
- Retirada parcial ou total de um órgão. 
b) Necropsia ou autopsias 
Visa analisar as alterações orgânicas após a morte 
Pode ser subdivida em três tipos: forense (médico-legal), verificação de óbito e hospitalar 
Os de maior interesse são as de cunho médico legal ou hospitalar. No ambiente hospitalar é uma 
necrópsia muito detalhada, vai desde o cérebro até a retirada da panturrilha. Todos os órgãos são 
retirados para estudos. 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 3 
 
Objetivos: 
- Identificar a causa do óbito 
- Fonte de informação pra a Secretaria de Saúde 
- Material para ensino 
- Controle de qualidade do diagnóstico e tratamento do hospital em questão 
- Material para pesquisa científica 
- Reconhecimento de novas doenças e padrões de lesoes 
- Reconhecimento do efeito do tratamento na evolução da doença 
- Esclarecimento de casos sem diagnóstico 
c) Citopatologia 
É o nome dado ao exame do material obtido por uma das seguintes formas: 
- Colheita de secreções contendo células naturalmente esfoliadas 
- Raspagem ou escoriação de superfícies 
- Lavagem e coleta de líquido 
- Aspiração por agulha de cavidades naturais ou neoformadas 
- Aspiração por agulha fina de órgaos sólidos 
- Líquidos eliminados naturalmente (urina) 
- Imprint (quando se pega a superfície de um tecido e a encosta em uma lâmina: as células que ficam ali 
grudadas são analisadas), squash (faz-se um sanduíche do tecido com duas lâminas e arrasta, fazendo 
um perfil celular também preso a superfície da lâmina) 
Tipos: 
1) Citopatologia esfoliativa 
2) Citopatologia aspirativa 
Roteiro: 
1) Esfregaços fixados em álcool a 50% e corados com papanicolau 
2) Líquidos são centrifugados, pega-se o sedimento e são feitos esfregaços 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 4 
 
3) Parte do sedimento é colocado no fixador e feito cell-block (coloca o material dentro do formol, fixa) 
processa como biópsia e faz-se como coloração HE 
4) Sobra do material é mantida na geladeira ou acrescida de fixador por determinado tempo 
Importância 
- Método rápido, barato e em mãos experientes tem alta acurácia 
- Citologia cérvico vaginal – prevenção de CA de colo uterino 
d) Congelação 
Nesse método de estudo o patologista trabalha dentro do CC e durante a cirurgia o fragmento retirado 
da lesão no ato cirúrgico é entregue para a patologia, para que o material seja rapidamente analisado 
macroscopicamente, congelado, cortado, montado, analisado e tenha o laudo emitido. Isso tudo com o 
cirurgião ainda em sala e aguardando o laudo para determinar qual o procedimento a ser seguido; ou 
seja, é inter-operatório). 
Indicações: 
1) Estabelecer a natureza da lesão (benigno ou maligno) 
2) Análise das margens cirúrgicas (precisar se todo o tumor foi ou não retirado) 
3) Verificar se o tecido é representativo da lesão a ser examinada (ver se o material retirado é suficiente 
para análise histopatológica posterior) 
A congelação não serve para congelar ou preservar o material!! O exame de congelação é inter-
operatório, com os objetivos já descritos. 
1.4 Roteiro para análise histopatológica 
a) Preenchimento adequado da requisição com nome, sexo, idade, material, dados clínicos e 
laboratoriais completos e hipóteses diagnósticas 
- Amostragem do material: deve ser uma quantidade de material razoável para análise 
b) Fixaçao do material em formol a 10%, tamponado ou não.. Outros fixadores: Bowin, Carnoy, 
glutaraldeído (para material congelado) 
c) Identificação do frasco com o nome e o número de registro do laboratório 
d) Exame macroscópico com descrição, medidas e peso do material. É feita a clivagem em pequenos 
fragmentos que são colocados em cassetes. 
e) O tecido é incluido em parafina e realizados cortes para análise microscópica, pós-coloração. As 
lâminas prontas são analisadas pelo patologistas, que emitem os laudos histopatológicos. 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 5 
 
1.5 Métodos empregados no estudo da biópsia e peças cirúrgicas 
a) Imunohistoquímica (pesquisa de antígenos do tecido por banho com anticorpos específicos): é 
importante em casos de linfoma, ou para determinar a origem do tumor. Não é técnica diagnóstica, é 
um adjuvante para um diagnóstico previamente estabelecido. 
b) Microscopia eletrônica 
c) Biologia molecular 
d) Genética 
e) Imunofluorescência: similiar a imunohistoquímica, mas a revelação é fluorescente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AULA 2 
Anatomia patológica I 
1. Adaptação celular 
É um sinônimo de “lesão celular do tipo reversível”, ou seja, cessou o estímulo, o tecido volta ao normal 
1.1 Hiperplasia 
É o aumento no número de células em um órgão ou tecido. 
O volume da célula permaneceo mesmo, mas elas entram em mitose e a quantidade total se eleva 
a) Fisiológica (normal) 
a.1) Hormonal: toda vez que o tecido sofre ação de hormônios que estimulam o crescimento. 
Ex: gestante com alta de estrogênio e progesterona, levando a hiperplasia do tecido mamário e do 
tecido uterino. 
a.2) Compensatória: ocorre apenas no fígado. 
Os hepatócitos tem capacidade de regenaração alta. Quando há uma hepatectomia parcial, aqueles 
hepatócitos restantes podem se multiplicar e regenerar o fígado. Ou seja, compensa a perda cirúrgica. 
b) Patológica 
Causada pelo estímulo hormonal excessivo ou por fatores de crescimento 
Exs: Hiperplasia endometrial (os tubos glandulares ficam muito dilatados e o estroma fica muito denso; 
além disso as células não são mais pseudoestratificadas e sim estratificadas), cicatrização, pólipos 
hiperplásicos (na mucosa intestinal inflamada), HPV (induz a célula escamosa do epitélio a produzir 
fatores do crescimento no epitélio genital), adrenal (existem 2 processos: hiperplasia da adrenal por 
hiperprodução de ACTH em tumor de hipófise ou uma hipersecreção de hormônio por alguma condição 
hipotalâmica) 
Outros exs: a gengiva também pode sofrer hiperplasia após processos inflamatórios; próstata também 
sofre hiperplasia, com glândulas prostáticas dilatadas e revestimento glandular estratificado, além de 
densificação do estroma. A próstata hiperplásica não está relacionada a fatores hormonais específicos e 
sim à longevidade do indivíduo. 
Obviamente hiperplasia só pode ocorrer em tecidos capazes de realizar mitose. 
 
 
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1.2 Hipertrofia 
É o aumento do volume da célula. 
Os tecidos que não conseguem fazer mitose respondem ao estímulo aumentando o volume da célula. 
Ocorre principalmente nos músculos estriado, cardíado e esquelético 
a) Fisiológica 
- Aumento da carga de trabalho: leva ao aumento do volume do musculo esquelético 
- Estimulação hormonal: gravidez e lactação (útero e mama, sofrem hiperplasia e hipertrofia) 
b) Patológica 
Também está relacionado ao aumento da carga de trabalho e esse aumento é visto principalmente 
relacionado ao miocárdio, com aumento da síntese de miofilamentos. 
Ex: O aumento da PA leva ao aumento do trabalho cardíaco e com isso hipertrofia o miocárdio (do tipo 
concêntrica: não tem dilatação associada e a hipertrofia se dá de forma homogênea). Ou então em 
regiões infartadas, a musculatura adjacente pode sofrer hipertrofia (aumento do tamanho transversal 
das fibras, p.e.) para realizar mais trabalho. Ou ainda em casos de estenose de válvula aórtica, já que a 
força de contração para vencer a estenose tem que ser maior e também acaba levando a hipertrofia. 
O objetivo da hipertrofia é promover uma maior contratilidade, aumentando o número de 
microfilamentos. 
Limites: ICC – alterações degenerativas 
Espessura normal do VE: 1,5cm 
1.3 Atrofia 
É a diminuição do tamanho da célula e pode levar ao desaparecimento completo da célula. 
ATENÇÃO: Só é fisiológica durante o desenvolvimento embrionário, todas as outras são patológicas. 
a) Fisiologica (vida embrionária) 
b) Patológica 
- Locais: acometem só um órgão ou local 
- Generalizadas: acometem o corpo todo ou quase o corpo todo 
Causas: redução da carga de trabalho (atrofia por desuso), perda da inervação (atrofia por desnervação), 
diminuição do suprimento sanguíneo, nutrição inadequada (marasmo), perda da estimulação endócrina 
(mulher na menopausa: mucosa do trato genito-urinário sofre atrofia), envelhecimento (atrofia senil) e 
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compressão (aneurisma de aorta que pode levar a compressão do rim; ou então processos neoplásicos 
que comprimem órgãos adjacentes). 
Ex: Atrofia cerebral (ventrículos dilatados, alargamento e aprofundamento dos sulcos e adelgamento 
dos giros são sinais de atrofia). 
Ocorre em geral um desequilíbrio entre síntese e degradação de proteínas: aumento de lise através dos 
lisossomos. 
1.4 Metaplasia 
É a alteração celular reversível na qual um tipo celular adulto é substituído por outro adulto, mediante 
um estímulo patológico. 
Pode ocorrer tanto em células epiteliais ou em células mesenquimais. 
O tipo mais comum é a metaplasia escamosa, quando o tecido glandular se transforma em epitélio 
escamoso (pavimentoso estratificado queratinizado ou não), que é mais resistente, uma vez que é 
estratificado e com células com muitas pontes intercelulares que mantém sua integridade. 
Outro exemplo comum é o esôfago de Barrett: é uma substituição do epitélio escamoso do esôfago por 
um epitélio glandular; ocorre em indivíduos com esofagite de refluxo. O epitélio escamoso do esôfago 
não está apto ao pH muito baixo do suco gástrico que reflui e por isso há metaplasia para epitélio 
glandular que tem maior resistência ao pH baixo. O epitélio tipo gástrico metaplásico tem células 
caliciformes. 
Então a metaplasia é benéfica? 
Existe o ganho da resistência, mas existe a perda da função. Então por exemplo uma metaplasia 
escamosa em um epitélio vaginal pode levar a diminuição da secreção de muco (por que oclui os óstios 
das glândulas), levando ao favorecimento do surgimento de infecções 
Esse epitélio metaplásico também é mais instável e pode sofrer com mais facilidade displasias, que 
podem evoluir para malignidade. 
Essa metaplasia ocorre por que temos células de reserva indiferenciadas, capazes de se transformar em 
outros tecidos (sao células totipotentes). 
Ex: indivíduo fumante passa de epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes 
(glandular) para epitélio pavimentoso estratificado (escamoso). Perde com isso o batimento ciliar e a 
capacidade de produção de muco 
1.5 Degenerações 
São lesões reversíveis decorrentes de alterações bioquímicas que resultam em acúmulo de substâncias 
no interior das células. 
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a) Acúmulo de água e eletrólitos: degeneração hidrópica 
b) Acúmulo de proteínas: hialina e mucóide 
c) Acúmulo de lipideos: esteatose e lipidoses (aterosclerose, xantomas e esfingolipidoses) 
d) Acúmulo de carboidratos: glicogenoses e mucopolissacaridoses 
1.5.1 Esteatose (Acúmulo de lipídeos) 
É deviso ao aumento de triglicerídeos (TG) no parênquima; principalmente no fígado, miocário, 
músculos e rins 
Causas: Toxinas (Alcool: aumento do acúmulo de TG pelo metabolismo do álcool); desnutrição protéica 
(como não conseguimos produzir apoproteínas, acaba acumulando TG nos hepatócitos, uma vez que os 
TG não são conjugados e por isso não ganham a circulação); DM (o metabolismo é desviado para lipólise 
excessiva, com formação de ácidos graxos e muito TG); obesidade (ingesta de muitos ácidos graxos leva 
a produção elevada de TG) e anóxia (maior metabolização de ácidos graxos por lipólise e maior 
produção e acúmulo de TG) 
Ex: O fígado do paciente esteatoico: 
Macro: aspecto amolecido e amarelo-brilhante, além de quebradiço e aumentado 
Micro: vacúolos claros dentro dos citoplasmas dos hepatócitos. Se houver predominância de vacúolos 
pequenos é esteatose microvacuolar ou microvesicular. Se há predominância de vacúolos maiores e que 
já empurram o núcleo do hepatócito para a periferia, é esteatose macrovacuolar ou macrovesicular. Se 
tiver os dois, vê quem predomina. Se tiver homogeneidade, é macro e microvesicular. 
Ex: Coração 
Pequenas gotículas no miocárdio 
Hipóxia moderada: depósitos intracelulares de gordura que criam faixas visíveis amareladas intercaladas 
com o tecido miocárdico normal (aspecto tigróide) 
Hipóxia mais profunda: coração difusamente amarelado de aspecto uniforme 
1.5.2 Degeneração hidrópica (Acúmulo de água e eletrólitos) 
Pode ocorrerem qualquer célula do corpo humano e está associada a transtornos do equilíbrio 
hidroeletrolítico 
Na membrana das células temos canais ligados a bomba Na/K-ATPase. A bomba normal joga 3 Na para 
fora e 2 K pra dentro, contra um gradiente de concentração. Se tivermos um defeito e essa bomba pára 
de funcionar, o sódio pode se acumular no citoplasma e há um aumento da pressão osmótica 
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intracelular. Com isso, a água acaba se difundindo por osmose para gerar um equilíbrio e isso acaba 
levando a um acúmulo intracelular 
Pode ser problema ligado a hipóxia, com baixa de ATP (aí não vai ter energia para a bomba funcionar_ 
ou então pode ser um problema protéico estrutural da bomba 
Característicamente, a primeira organela que se expande é o REL e o citosol vai ter aspecto granuloso; 
perde a homogeneidade (fica com uma “areia rosa”) 
Macro: órgão pálido pela compressão dos capilares. 
Micro: citoplasma acidófilo (rosado) e granular, com vacúolos. 
1.5.3 Degeneração hialina (Acúmulo de proteínas) 
O tipo da proteína acumulado tem aparência rósea, vítrea e homogênea em HE, na microscopia ótica 
Material protéico: condensação de filamentos intermediários, vírus, corpos apoptóticos e proteínas 
endocitadas 
Alguns exemplos de corpúsculos formados: 
- Corpúsculo hialino de Mallory: condensação de filamentos intermediários e citoesqueleto. Visto nas 
esteatohepatites alcóolicas (hepatite do individuo que faz uso crônico de álcool, sempre acompanhada 
de esteatose). 
- Corpúsculo de Councilman: hepatite virais (B); é a representação das partículas do vírus B dentro do 
citoplasma do hepatócito. 
- Corpúsculo de Russel: acúmulo de imunoglobulinas no interior dos plasmócitos. Em alguns tipos de 
infecção há grande produção de imunoglobulinas e essas não conseguem ser expostas na membrana e 
aí se acumulam no citoplasma, levando a esses corpúsculos. Ex: salmonelose, leishmaniose e 
osteomielites. 
1.5.4 Degeneração mucóide (Acúmulo de proteínas) 
Acúmulo de mucina no citoplasma de células que revestem o tubo digestivo ou respiratório. 
A produção pode ser tão grande que ela extrapola o citoplasma e pode sair para a luz das glândulas 
(mucina extracelular). Sabe-se que os tumores do TR e do TGI tem uma capacidade maior ainda de 
produzir mucina. Dessa forma, grandes quantidades de mucina, macroscopicamente visíveis, são 
encontradas nos tumores benignos (adenomas) e malignos (adenocarcinoma) desses tratos. 
O citoplasma fica nas regiões apicais das células epiteliais. 
 
 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 11 
 
1.6 Calcificação patológica 
1.6.1 Distrófica 
Independe da calcemia do indivíduo e estará presente em tecidos lesados 
Observado em áreas de necrose, sobre os ateromas e valvas degeneradas 
Macro: Grânulos ou grumos finos brancos 
Micro: agrupamentos amorfos e basofílicos (roxo escuro). Intra ou extracelulares. 
Psamonas (tipo especial de calcificação arredondada e concêntrica, não é amorfa; são caracteristicos 
dos meningiomas e do carcinoma papilífero da tireóide) 
Pode levar a ossificação, se o processo de calcificação for muito intenso 
1.6.2 Metastática 
Depende de uma hipercalcemia e se depositam sobre tecido normal 
Podem ser observadas em: mucosa gástrica, rins, pulmões, artérias sistêmicas e veias pulmonares 
O cálcio circulante começa a se depositar nesses locais em casos de hipercalcemia 
Causas (de hipercalcemia): 
- Aumento da secreção de PTH com aumento de reabsorção óssea. Ex: tumor de paratireóide 
funcionante 
- Destruição óssea muito grande. Ex: tumor de medula óssea ou metastase óssea 
- Distúrbio da vitamina D (leva a diminuição da deposição de cálcio nos ossos) 
- Insuficiência renal crônica (diminuição da excreção de cálcio) 
- Intoxicação por alumínio (diminui a excreção de cálcio) 
Macro e microscopiamente igual a distrófica 
1.7 Pigmentações 
1.7.1 Endógenas 
- Bilirrubina: verde (biliverdina) 
- Hematoidina: sexto dia após um sangramento recente – vermelho alaranjado 
- Hemossiderina: sangramentos antigos (amarronzado) 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 12 
 
- Hematina: heme + ferro (fase intermediária, o heme ainda está conjugado com o ferro, é amarronzado 
também) 
- Hemozoína: pigmento malárico. É o único negro. Na malária, o plasmodium spp. vai parasitar a 
hemácia e depois de se proliferar vai levar a lise da hemácia, com degradação do heme, liberando a 
hemozoína 
- Pigmento esquistossomótico: castanho-escuro. A forma adulta do esquistossoma vive no tubo 
digestivo. Ele se gruda na mucosa e fica sugando capilar humano; as hemácias são metabolizadas por ele 
e nas excretas sai esse pigmento. 
- Melanina 
- Ácido homogentísico: castanho-avermelhado. Faz parte das vias metabólicas e é um precursor do ciclo 
de Krebs (vai gerar ácido cítrico). Sempre que falta uma enzima (ácido homogentísico oxidase) que o 
degrada, esse ácido se acumula e o acúmulo visível é chamado de ocronose, uma doença aonde as 
extremidades dos dedos, ponta de nariz a lóbulo da orelha ficam alaranjado-avermelhadas. 
- Lipofuscina: pardo-amarelado. Encontrado em células quiescentes, que não realizam mitoses, como os 
neurônios 
1.7.2 Exógenos 
Adquiridos do meio ambiente 
- Antracose: pigmento negro que vem da inalação das partículas carbônicas da atmosfera. Esse 
pigmento vai ser fagocitado e levado aos linfonodos peribrônquicos. 
- Tatuagem: pigmentos de cores variadas localizadas na derme, induzem a processo crônico e contínuo 
que diminui, mas é pra sempre. É um mecansimo de lesão permanente da pele. 
- Argiríase: acúmulo de sais de prata. Antigamente as máquinas fotográficas com rolo eram reveladas 
em banhos de sais de prata. Assim, quem trabalhava com isso inalava esses vapores ou entrava em 
contato com os sais e se contaminava 
- Crisíase: acúmulo de sais de ouro. Antes do AINES e dos agentes imunomoduladores, os tratamentos 
para doenças reumatologicas era com sais de ouro, por que é um potente antiinflamatório. Aí em 
tratamentos prolongados essas pessoas desenvolviam essa condição. 
 
 
 
 
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AULA 3 
 
Anatomia Patológica I 
1. Morte celular: Necrose e apoptose 
Quando o dano é reversícel, dizemos que as células podem sofrer adaptação celular, mas de forma geral 
as alterações morfológicas e funcionais se restauram quando o estímulo lesivo é interrompido. 
Quando o dano é irreversível, no entanto, observa-se que seja o estímulo interrompido ou continuado, 
há a falta de uma resposta adequada e a célula acaba não se recuperando, uma vez que atingiu o 
chamado “ponto de não retorno” 
O ponto de não retorno ocorre quando a célula sofre tamanhas alterações que não consegue mais a 
volta a funcionalidade mesmo que se retire o estímulo. Geralmente ocorre quando se tem dano de 
membrana plasmatica, de mitocôndria ou de material genético (DNA). Assim, o ponto de não retorno é 
o limite entre o dano reversível e o dano irreversível. 
Ao longo do metabolismo celular, a célula normal tem capacidade de se adaptar, sofrendo adaptação; 
se não tiver, sofre lesão e morte celular. Dependendo do tipo de estímulo, já se pode caminhar 
diretamente para morte celular, o que também pode acontecer se o tecido não tiver a capacidade de 
adaptação. Quando se tem lesão celular, a célula pode ou não evoluir para a morte, dependendo se 
houver ou não ultrapassagem do ponto de não retorno. Esse quadro levaria a necrose (morte celular 
ligada a processos patológicos). No entanto, antes de termos essas alterações irreversíveis que levam à 
necrose, geralmente se observam alterações subcelulares: são a nível de organelas, como 
entumescimento da membrana plasmáticaou do retículo endoplasmático; essas alterações subcelulares 
são visualizadas apenas na microscopia eletrônica, indicando que existe uma tendência frente ao 
estímulo para caminhar para a lesão celular e se não ocorrer a manutenção da lesão, aí sm leva a 
necrose, que é SEMPRE patológica. 
Já a apoptose é um tipo especial de morte celular, na qual a morte é programada. É determinada pelo 
conteúdo genético da célula e pode ocorrer de maneira fisiológica, mediante disparo de mecanismos de 
morte. No entanto, frente a alguns estímulos patológicos também pode-se observar indução de 
apoptose. 
Os agentes e as manifestações, além dos mecanismos celulares, são bem diferentes para estes dois tipos 
de morte celular. 
Assim, morte celular: 
a) Necrose: processos patológicos 
A necrose cursa com alterações celulares como edema celular, edema de membrana e de 
microorganelas, todas alterações ultraestruturais (só visíveis a ME). Com a evolução do processo as 
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alterações passam a se tornar identificáveis a MO. Com a progressão, se observa ruptura de membrana 
plasmática e da membrana dos lisossomos, além da destruição do material nuclear por endonucleases. 
De forma geral, o que é característico da morte celular por necrose é a ruptura de membrana 
citoplasmática! 
b) Apoptose: fisiológica e, dependendo do estímulo, patológica. 
Na apoptose há disparo de cascatas de enzimas chamadas de caspases, que vão levar a dano de 
citoesqueleto, que determina uma mudança conformacional da célula. Com isso, forma,-se corpos 
apoptóticos, mas SEM ruptura de membrana; esses corpos são então fagocitados. 
Essa questão da ruptura de membrana é importante por que a ruptura de membrana leva produção de 
substâncias derivadas do ácido araquidônico, como prostaglandinas (PGE), leucotrienos (LCT) e 
tromboxano (TBX), mediadores inflamatórios e por isso que na necrose geralmente se observa 
inflamação associada. Esse processo não se observa na apoptose, aonde a membrana permanece 
íntegra.. 
1.2 Causas de dano celular 
a) Diminuição do oxigênio 
A hipóxia leva ao dano celular pela diminuicão da respiração oxidativa aeróbica, principalmente no que 
diz respeito a diminuição da produção de ATP e, consequentemente, na diminuição da função de 
bombas como a Na/K-ATPase e Na/Ca-ATPase, levando a alteração de padrões osmóticos, que vai levar 
a inúmeas consequências. 
Ex: Redução do fluxo arterial (ou venoso), insuficiência respiratória e perda da capacidade de transporte 
do oxigênio pelo sangue. 
b) Agentes fisicos 
Trauma mecânico, temperaturas extremas, alterações de pressão ,radiação e etc.. 
c) Agentes químicos e drogas 
Oxigênio (em doses muito elevadas pode contribuir para a formação de espécies reativas de oxigênio – 
ROS), cianetos, arsênico, mercúrio, poluição, inseticidas e asbesto. Álcool (dano hepático, SNC, etc..) e 
outras drogas. 
d) Agentes infecciosos 
Bactérias, fungos e parasitas levam principalmente a necrose. Os vírus estão mais ligadas a apoptose. 
e) Reações imunológicas 
Reações anafiláticas à proteínas exógenas ou antígenos endógenos, levando à doenças auto-imunes. 
Rejeição à transplantes também se enquadra nessa categoria 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 15 
 
f) Alterações genéticas 
Erros inatos do metabolismo 
g) Alterações nutricionais 
Deficiência de proteínas, vitaminas, anorexia, excesso de gordura e doenças metabólicas. 
1.3 Mecanismos gerais 
Os pontos particularmente sensíveis são: 
a) integridade da membrana celular 
b) Respiração aeróbica (na mitocôndria) 
c) Síntese de proteínas 
d) Conteúdo genético da célula (DNA) 
Quando tivermos danos ocorrendo particularmente a integridade da membrana ou da cadeia 
respiratória, a célula tende a caminhar para lesão irreversível 
1.4 Mediação da lesão celular 
Agora que vimos quais as principais causas e os principais alvos de lesão, vamos entender o que faz a a 
conexão; assim, qualquer que seja o dano lesivo, teremos: 
a) Oxigênio e radicais livres de oxigênio 
b) Aumento do cálcio intracelular e perda da homeostasia do cálcio (ativação de fosfolipases e 
endonucleases) 
c) Depleção de ATP 
d) Defeitos na permeabilidade de membrana 
As descrições a seguir foram feitas baseadas nos esquemas observados na aula, mas correspondem a 
grosso forma ao esquema geral abaixo: 
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- Isquemia: a hipóxia e a anóxia levam a parada do funcionamento da mitocôndria e da cadeia 
respiratória celular; com isso, há interrupção da fosforilação oxidativa e a produção de ATP cai. Com 
isso, se observam alterações importantes no funcionamento de bombas dependentes de ATP, como a 
Na/K-ATPase. Ocorre então o acúmulo de sódio no interior da célula; essa mudança do padrão osmótico 
leva ao influxo de água para o interior da célula, fazendo com que ela fique edemaciada. O edema leva 
ao edema de organelas que prejudicam ainda mais a função mitocondrial e do retículo endoplasmático 
rugoso (REG). Paralelamente, a parada da bomba Na/Ca-ATPase leva a um aumento de cálcio 
intracelular, que determina a ativação de endonucleases e fosfolipases, que digerem o material genético 
e os fosfolipídeos de membrana, bem como ativação de proteases que levam à ruptura de proteínas do 
citoesqueleto celular. Além disso, com a queda de ATP, faz-se glicólise anaeróbica, com produção de 
ácido láctico e queda do pH, que leva a dano nuclear e desnaturação de proteínas do citoesqueleto. A 
falta de ATP também compromete a ligação dos ribossomos a parede do REG, prejudicando a produção 
de proteínas. 
- Aumento do cálcio citosólico e ROS: determina dano mitocondrial que leva a formação de canais que 
levam a transição da permeabilidade mitocondrial, com passagem de íons H+ e a saída do citocromo C 
para fora da mitocôndria. Isso leva a uma disfunção na polarização da membrana, que prejudica 
fosforilação e produção de ATP, levando a necrose. O citocromo c é uma enzima relacionada muito a 
ativação da apoptose na via mitocondrial (discutida mais adiante). 
- O cálcio: o aumento citosólico de cálcio é inerente às alterações na Na/Ca-ATPase, ou entao da 
mitocôndria ou dos reticulos. O cálcio no citosol é muito baixo normalmente, mas em alta ele ativa 
ATPases que degradam mais rápido ATP, repetindo ao esquema observado na isquemia, com quebra de 
fosfolipídeos de membrana e ativação de proteases que degeneram citoesqueleto, levando a dano de 
membrana e, por último, ativação de endonucleases que causam dano nuclear. 
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Vendo esses mecanismos, os grandes vilões da lesão celular são a diminuição do O2 e do ATP e a 
elevação do cálcio citosólico. 
1.5 Alterações estruturais 
Não são visíveis a MO, só ME. São elas: 
a) Alterações de membranas plasmáticas (com formação de blebls de membrana) 
b) Alterações mitocondriais 
c) Dilatação do retículo endoplasmático 
d) Alterações nucleares 
Se retirar o agente nesse momento, antes da progressão das alterações, a célula ainda pode conseguir 
se regenerar e voltar ao estado normal dela. 
Na necrose podemos observar as chamadas figuras de mielina, que são lamelas concêntricas que 
aparecem abaixo da membrana plasmática e só são observadas na necrose. A lesão de membrana 
gerada por fosfolipases leva a ruptura da membrana do lisossomo, com exposição de enzimas líticas, 
com digestão de outras organelas citosólicas. Ou seja, quando isso acontece – lise lisossomal – é 
praticamente um caminho sem volta 
1.6 E quando a célula morre? 
Principalmente pelas situações a seguir: 
- Inabilidade de reverter a disfunção mitocondrial 
- Dano grave da função de membrana, seja ela plasmáticaou seja ela lisossomal. 
1.7 Alterações morfológicas... 
Dependendo do método utilizado as alterações podem ser vistas de minutos à dias. Vai depender 
também do tempo a que a célula foi exposta ao agente lesivo em questão. 
Frente a uma injúria, num primeiro momento vamos ter perda da função celular, ao mesmo tempo um 
número de celulas já começam a caminhar para irreversilibidade, com blebs de membrana e edema de 
organelas. Com o passar do tempo, dependendo do tipo de tecido, teremos inicialmente alterações 
subcelulares, depois alterações microscópicas e depois as alterações morfolócias propriamente ditas 
1.7.1 ...de dano reversivel 
Edema celular (degeneração hidrópica) – célula aumentada de tamanho e citoplasma bem claro 
Alteração gordurosa (hepatócito e miocárdio) – célula fica com micro e macrovacúolos (degeneração 
gordurosa) 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 18 
 
- Edema: na macro pode causar palidez, aumento do turgor e aumento do peso do órgão. Na micro se 
visualizam vacúolos pequenos e claros intracitoplasmáticos 
1.8 Necrose 
É a representação morfológica da morte celular em um tecido vivo, resultante da degradação 
progressiva, por enzimas, da células danificada de forma letal. 
É a expressão da morte celular ligada a um agente patológico, sempre. Ou seja: 
ATENÇÃO: 
- SEMPRE PATOLÓGICA 
- SEMPRE CURSA COM INFLAMAÇÃO ADJACENTE 
Quando se tem dano de membrana, há produção de metabólitos do ácido araquidônico, como PGE, LCT 
e TBX, que são mediadores inflamatórios agudos e agentes quimiotáticas. 
A necrose possui subtipos, dependendo da alteração principal (IMPORTANTE!!): 
a) Alteração pela desnaturação protéica intracelular (por ex., hipóxia em demasia, levando a glicólise 
anaeróbica, com formação de ácido láctico e queda de pH, com consequente desnaturação protéica, 
que tem afinidade por eosina e coloração rósea mais intensa – hipereosinofilia; é a chamada necrose 
coagulativa). Como está havendo desnaturação protéica, se impede por hora a digestão enzimática da 
célula e com isso ela mantém o seu arcabouço celular por mais tempo*. Por mais tempo por que? 
Porque em um segundo momento a arquitetura vai acabar sendo perdida pela ação das células 
inflamatórias que são recrutadas para o local pela exposição aos mediadores inflamatórios já discutidos. 
Esse tipo de alteração cursa mais com fenômenos isquêmicos relacionados. 
*Manter o arcabouço quer dizer que a célula ou o tecido, mesmo quando sofre necrose coagulativa, 
ainda se mantém reconhecível. Ou seja, pode haver necrose do parênquima renal, mas eu posso ainda 
olhar e conseguir determinar que aquilo é um parênquima renal, por que ele mantém 
b) Digestão enzimática da célula em demasia – a destruição do arcabouço celular é quase imediata. 
Quando se tem agentes infecciosos, eles por si só estimulam a chegada de neutrófilos e macrófagos no 
tecido e essas células produzem grande quantidade de enzimas líticas no local, para tentar debelar a 
infecçãoo e, com isso, há destruição do arcabouço celular. O dano não é tanto pela queda de ATP nem 
pela queda doe pH e sim mais ligada ao agente infeccioso. É o caso da necrose liquefativa. 
Este tipo de alteração cursa mais com fenômenos relacionados a agentes infecciosos. 
De uma maneira geral, na necrose e em ambos os tipos, se observais: aumento da eosinofilia 
citoplasmática e figuras de mielina (so ME), além de dano nuclear: picnose, cariólise e/ou cariorrexe 
(fragmentação nuclear) 
 
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1.8.1 Necrose coagulativa 
Principal característica, na MO, é a preservação do arcabouço celular 
No IAM: células anucleadas (picnose e cariólise), acidófilas (hipereosinofílicas) e coaguladas por semanas 
No segundo momento há remoção do tecido necrótico por leucócitos e enzimas 
É caracteristico da hipóxia 
1.8.2 Necrose liquefativa 
- Característica das infecções por bactérias e fungos 
Não há preservação do arcabouço celular 
ATENÇÃO: O sistema nervoso central (cérebro, p.e.), mesmo em isquemia, se comporta como sofrendo 
necrose liquefativa!!! Somente este tecido em questão! 
Na macro: massa viscosa líquida ou creme amarelada 
Necrosa gangrenosa (gangrena molhada): é uma necrose liquefativa superposta a uma coagulativa, 
quando se pega uma infecção secundária. 
1.8.3 Necrose caseosa 
É um subtipo de coagulativa (mantém o arcabouço: o contorno do granuloma ainda é definido) 
Ligada a tuberculose 
Material amorfo e granular constituido por células coaguladas e fragmentadas e restos celulares, 
circundadas por células inflamatórias denominada reação granulomatosa. O núcleo do granuloma é a 
região de necrose caseosa. 
Na macroscopia, existem coalescências dos granulomas que se juntam e formam as cavernas. 
1.8.4 Necrose gordurosa 
Subtipo de necrose que se caracteriza pela destruição das gorduras por lipases pancreáticas 
Na macro, são observadas áreas focais de destruição de gorduras por lipases pancreaticas; existem 
regioes de saponificação. 
Na micro, veem-se focos de células gordurosas necróticas (fantasmas: azuladas, pelas reações de 
saponificação), com depósito de cálcio e reação inflamatória 
Observada na pancreatite 
 
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1.9 Apoptose 
É a morte celular induzida por um programa intracelular, no qual as células destinadas a morrer ativam 
enzimas que degradam o próprio DNA celular e proteínas citoplasmaticas e nucleares. 
ATENÇÃO: 
- PODE SER FISIOLÓGICA OU PATOLÓGICA 
- NÃO HÁ RESPOSTA INFLAMATÓRIA ADJACENTE (a integridade de membrana é mantida) 
A célula ao final do processo é fagocitada (os corpos apoptóticos) 
Na micro, geralmente é uma célula ou poucas células individualizadas; ficam com cromatina 
hipercromática e citoplasma eosinofílico. 
1.9.1 Causas 
a) Fisiológicas: eliminação de populações celulares não mais necessárias 
- Embriogênese: destruição programada 
- Involução hormônio dependente: endométrio 
- Deleção celular em populações proliferantes (como na pele ou TGI) 
- Morte celular após o uso – células inflamatórias ao término da inflamação 
- Eliminação de linfócitos auto-reativos 
b) Patológicas: (células não viáveis ou alteradas do ponto de vista genético ou lesadas de modo 
irreversível) 
- Lesão de DNA – radiação, drogas citotóxicas 
- Infecções, principalmente virais ( HIV, HBV) 
- Acúmulo de proteinas mal formadas ou mal dobradas (mutações) 
- Atrofia patológica do parênquima de órgãos, por compressão ou obstrução 
- vias extrinseca e intrinseca 
A apoptose pode ser realizada por duas vias: uma via intrínseca e outra extrínseca. 
a) A via intrinseca é a chamada via mitocondrial, uma vez que os agentes ligados a ela vão levar à 
liberação do citocromo c, com ativação posterior de caspases. 
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Exs: diminuição de fatores de crescimento (como em células endometriais), algum dano de material 
genético, levando ao acúmulo de proteínas mal dobradas * 
*existem no citoplasmas as chamadas enzimas Bcl-2, que funcionam como sensores para esses 
estímulos, desencadeando o processo de apoptose 
b) A via extrínseca, ou via do ligante da morte, é desencadeada pela expressão de partículas virais na 
membrana citoplasmática e mediante interação Fas-FasL e receptores TNF a partir da interação da 
partícula expressa na superfície (MHC I) com um CTL. Assim, essa via extrínseca está muito ligada a 
exposição e interação da célula por infecções virais. 
Em qualquer via vai ativar caspases, com indução de endonucleases e quebras de citoesqueletos, 
levando a formação de corpos apoptóticos, que serão fagocitados pelos macrófagos. Não há ruptura de 
membrana, apenas alteraçao deconformação 
Morfologia: célula diminuida, cromatina condensada, formação de bolhas citoplasmáticas e corpos 
apoptóticos e, por último, fagocitose. 
 
AULA 4 
 
Anatomia Patológica I 
1. Inflamação Aguda 
É caracterizada por uma reação dos vasos sanguíneos, levando ao acúmulo de fluidos e leucócitos no 
espaço extravascular. A inflamação leva ao extravazamento do fluido intravascular de forma que as 
células inflamatórias consigam alcançar o local acometido e regularizar o tecido lesado. 
Assim, sob esse ponto de vista, a inflamação é um mecanismo de defesa corporal. 
Ou seja, é correto administrar sempre antiinflamatórios para pacientes com processos inflamatórios? 
Na verdade, tudo depende da clínica do paciente e também das alterações funcionais e morfológicas 
que essa inflamação está causando a ele; Esse questionamento em relação ao tratamento se faz porque 
a inflamação é um mecanismo de proteção e, se tratarmos sempre, poderiamos estar tirando o único 
mecanismo de defesa que está se apresentando para debelar uma infecção, por exemplo. Por isso que 
deve-se ver, p.e., se tem infecção associada (se tiver, o correto seria tratar com antiobióticos e, caso 
necessário, com antiinflamatórios). 
No entanto, mesmo nesse panorama de mecanismo de defesa, a inflamação deve ser sempre auto-
limitada. A partir do momento em que a inflamação passa a destruir os tecidos, ela passa a ser uma 
agressão e quando isso acontece ela deve ser tratada. 
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Os sinais cardinais da inflamação são: 
- Rubor (hiperemia) 
- Edema (é o aumento de volume local pelo aumento de fluido) 
- Calor 
- Dor 
- Perda da função 
Ex.: Se temos uma hepatite, veremos na macro: Fígado com áreas avermelhadas, hiperemiadas, com 
aspecto edemaciado, além de sua temperatura também estar elevada; o paciente pode não sentir dor, 
porque pode não estar havendo distensão capsular. A perda de função se caracteriza pela alteração das 
transaminases (TGO e TGT). 
Esses sinais se observam mais na inflamação aguda, por que na crônica as mudanças são mais em 
termos de mudanças de arquitetura e conformacionais. 
 
 
1.1 Classificação 
a) Inflamação aguda: de curta duração, com edema sempre presente e predomínio de neutrófilos 
(polimorfonucleares). 
b) Inflamação crônica: de longa duração, com predomínio de mononucleados – linfócitos (++) e 
macrófagos (+++) – e alterações teciduais (geralmente cursa conjuntamente com o processo de reparo). 
Para se dizer que a inflamação é cronica, ela tem que estar ativa, deve-se evidenciar destruição tecidual 
e presença de reparo do mesmo. 
Os processos de reparo já começam na inflamação aguda. Com uma boa resposta inflamatória aguda, se 
tem um bom reparo: nesse caso, a inflamação ajuda e não pode se preconizar uso de corticóides, 
porque eles vão diminuir o processo inflamatório e com isso atrasar o processo de reparo, que 
necessidata da reação inflamatória. Tudo vai depender do momento que o paciente chega para 
tratamento. 
1.2 Inflamação aguda 
É a resposta inicial e imediata ao agente agressor e caracterizada pelas seguintes etapas: 
a) Alterações no calibre vascular 
b) Mudanças estruturais na microvasculatura 
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c) Emigração e acúmulo e ativação leucócitos (principalmente neutrófilos). 
Ou seja, temos duas fases gerais: uma fase vascular e outra fase celular 
1.2.1 Termos específicos 
a) Exsudato: fluido de caráter inflamatório extravascular com alta concentração de proteínas, restos 
celulares e peso molecular de 1020. Decorre da alteração de permeabilidade característica da 
inflamação. 
b) Transudato: fluido com pequena concentração de proteína (albumina) e peso molecular menor de 
1012. Decorre da associação com fenômenos de distúrbios hidrodinâmicos, como alteração de pressão 
hidrostática ou oncótica; ou seja, não se aumenta a permeabilidade. Ex.: em edema de paciente com 
hipertensão portal, o tipo de edema e do líquido que se acúmula é transudato. Já em uma pneumonia, o 
tipo de líquido que se acumula no alvéolo é um exsudato. O primeiro é causado pelo aumento da 
pressão hidrostática intravascular, já o segundo pelo aumento da permeabilidade endotelial devido a 
inflamação (IMPORTANTE!!). 
Ou seja: os dois são tipos de edema!! Mas o tipo de líquido desse edema é que vai variar, de acordo com 
sua causa. 
c) Edema: excesso de fluidos no interstício e cavidades serosas 
d) Pus: exsudato inflamatório, rico em neutrófilos e restos celulares parenquimatosos e de 
microorganismos. Ocorre em um abcesso (acúmulo em uma cavidade neoformada por destruição 
celular) ou em um empiema (acúmulo em uma cavidade natural já existente). 
1.2.2 Alterações vasculares 
É decorrente principalmente de alterações no calibre dos vasos e do fluxo vascular 
É a primeira fase na lesão celular. E como ocorre esse processo? 
Inicialmente é necessário que ocorra uma lesão/injúria. Se vai ser trauma, alteração de temperatura ou 
um microorganismo, não interessa. 
Digamos que houve um trauma, um corte profundo. A primeira coisa que acontece quando a estrutura 
vascular é lesada ou estimulada por mediadores químicos é uma vasoconstricção transitória de 
segundos, a fim de evitar a perda do fluido sanguíneo. Com a liberação de mediadores químicos, como a 
histamina e as prostaglandinas (fatores vasoativos), teremos uma vasodilatação. Quando se faz 
vasodilatação, o fluxo sanguíneo aumenta e com isso se nota o rubor e o calor (também pela liberação 
de bradicininas, que regulam a temperatura local). Outras substâncias vasoativas, como os leucotrienos 
vão atuar junto ao fluxo aumentado e vão atuar na parede do vaso, levando a uma alteração na sua 
estrutura. As células endoteliais começam a se afastar uma das outras, levando a uma alteração da 
permeabilidade vascular; o fluido e células podem sair para o tecido intersticial, levando a um edema. O 
sangue que permanece no leito intravascular, em relação ao que ele era originalmente, é 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1
 
proporcionalmente mais rico em hemárias, por que
acontece, a viscosidade sanguínea aumenta e o 
como estase sanguínea*. A partir daí vai ocorrer a segunda fase da resposta inflamatória, a chamada 
fase celular, por que uma vez que o fluxo sanguíneo muda, as células também respondem a essa 
mudança (mais adiante). Assim fica descrito até o momento a fase vascular.
Figura 1 -
 
* ocorre em qualquer manipulação tecidual, seja uma injeção, seja uma biópsia, mas é óbvio que 
dependendo da injúria a estase é maior ou menor
Mas como ocorre essa alteração na permeabilidade vascular?
Normalmente o endotélio vascular não é permeável, 
aonde o ambiente intravascular está em equilíbrio com o ambiente extravascular. Esse equilíbrio no 
entanto só é observado quando o endotélio está intacto. Assim, para que ocorra uma alteração na 
permeabilidade vascular devemos ter uma lesão desse endotélio vascular.
E que tipos de alterações levam ao aumento da permeabilidade vascular?
1.2.2.1 Alterações no endotélio 
a) Formação de fendas endoteliais em vênulas (pela ação da histamina)
citoesqueleto da vênula, há uma retração endotelial, permitindo que o espaço intercelular seja maior 
para a perda de fluido 
b) Injúria endotelial direta 
c) Injúria endotelial mediada por leucócito
d) Aumento de transcitose (fator de crescimento vascular endotelial 
presentes nas extremidades das células endoteliais que transportam o fluido do espaço intravascular 
para o espaço extravascular. O 
desses vacúolos que fazem a transcitose. Com isso, os vacúolos fazem um maior transporte do fluido do 
M4/2015.1 
proporcionalmente mais rico em hemárias, por que se perdeumuito fluido extravazado. Quando isso 
acontece, a viscosidade sanguínea aumenta e o fluxo se lentifica e se desacelera, no que se conhece 
. A partir daí vai ocorrer a segunda fase da resposta inflamatória, a chamada 
, por que uma vez que o fluxo sanguíneo muda, as células também respondem a essa 
mudança (mais adiante). Assim fica descrito até o momento a fase vascular. 
- Fisiopatologia dos sinais flogísticos da inflamação aguda 
* ocorre em qualquer manipulação tecidual, seja uma injeção, seja uma biópsia, mas é óbvio que 
dependendo da injúria a estase é maior ou menor. 
Mas como ocorre essa alteração na permeabilidade vascular? 
Normalmente o endotélio vascular não é permeável, uma vez que devemos manter a homeostase, 
aonde o ambiente intravascular está em equilíbrio com o ambiente extravascular. Esse equilíbrio no 
entanto só é observado quando o endotélio está intacto. Assim, para que ocorra uma alteração na 
lar devemos ter uma lesão desse endotélio vascular. 
E que tipos de alterações levam ao aumento da permeabilidade vascular? 
 
Formação de fendas endoteliais em vênulas (pela ação da histamina)
to da vênula, há uma retração endotelial, permitindo que o espaço intercelular seja maior 
Injúria endotelial mediada por leucócito 
Aumento de transcitose (fator de crescimento vascular endotelial – VEGF): ocorre através de vacúolos 
presentes nas extremidades das células endoteliais que transportam o fluido do espaço intravascular 
para o espaço extravascular. O VEGF provoca dois processos adaptativos: hipertrofia e hiperplasia
em a transcitose. Com isso, os vacúolos fazem um maior transporte do fluido do 
Página 24 
se perdeu muito fluido extravazado. Quando isso 
e se desacelera, no que se conhece 
. A partir daí vai ocorrer a segunda fase da resposta inflamatória, a chamada 
, por que uma vez que o fluxo sanguíneo muda, as células também respondem a essa 
 
 
* ocorre em qualquer manipulação tecidual, seja uma injeção, seja uma biópsia, mas é óbvio que 
uma vez que devemos manter a homeostase, 
aonde o ambiente intravascular está em equilíbrio com o ambiente extravascular. Esse equilíbrio no 
entanto só é observado quando o endotélio está intacto. Assim, para que ocorra uma alteração na 
Formação de fendas endoteliais em vênulas (pela ação da histamina): com a alteração do 
to da vênula, há uma retração endotelial, permitindo que o espaço intercelular seja maior 
: ocorre através de vacúolos 
presentes nas extremidades das células endoteliais que transportam o fluido do espaço intravascular 
VEGF provoca dois processos adaptativos: hipertrofia e hiperplasia 
em a transcitose. Com isso, os vacúolos fazem um maior transporte do fluido do 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 25 
 
vaso para o espaço intersticial. Paralelamente, como esses vacúolos estão hipertrofiados, eles acabam 
afastando mecanicamente os pontos de contato entre as células endoteliais, levando a formação de 
uma fenda ainda maior. 
e) Angiogênese: é a formação de novos vasos. Esse vasos derivados da angiogênese não são iguais aos 
vasos normais: o vaso da angiogênese se forma geralmente com um aspecto mais imaturo, uma vez que 
as suas junções intercelulares são mais frouxas propositadamente, por que o objetivo desses novos 
vasos é permitir que chegue fluidos e células para a área aonde ocorreu a injúria; assim, esses vasos vem 
para ajudar a nutrir, reparar e responder de forma inflamatória mediante a injúria. Com o passar do 
tempo, esses vasos angiogênicos ou são eliminados ou adquirem conformação de vasos maduros. A 
angiogênese é muito observada em situações de reparo ou então em neoplasias, para que o tumor 
consiga se “alimentar”. 
 
1.2.3 Eventos celulares 
a) No lúmen: marginação, rolamento e adesão 
b) No endotélio: diapedese (ou transmigração) 
c) No tecido: migração 
Partindo da estase sanguínea: quando ela ocorre, a distribuição celular muda. No lúmem vascular, as 
células inflamatórias param de fluir pelo centro do vaso (fluxo laminar) e passam a fluir próximas às 
paredes do vaso, é a marginação. Chegando na parede do vaso, a célula precisa encontrar espaços 
endoteliais para que ela possa passar para o interstício. Antes disso no entanto, o neutrófilo vai 
expressar substâncias ligantes em sua membrana – selectinas e integrinas –, com o propósito de tentar 
se aderir à célula endotelial através de moléculas de adesão como a ICAM. Assim, enquanto vai 
ocorrendo o rolamento dessa célula pelo endotélio, vai havendo ligações selectina-ICAM, que ocorrem 
de forma transitória, até que finalmente ocorra a ligação intregrina-ICAM, que é mais forte e estável e 
permite que o neutrófilo se fixe definitivamente à célula endotelial, no processo chamado de adesão. 
No endotélio, ocorre então a emissão de um pseudópode entre uma célula endotelial e outra (sem 
lesioná-las), levando a passagem do neutrófilo por esse espaço, por diapedese. 
No tecido, o neutrófilo precisa chegar até a área da lesão, através da migração. Para que isso ocorra 
deve haver uma sinalização, um direcionamento. Isso ocorre por quimiotaxia, por fatores de 
crescimento e agentes quimiotáticos que vão estar direcionando a célula inflamatória até a área da 
lesão, para que ali ocorra a fagocitose ou destruição direta do agente agressor. 
UNESA- MEDICINA -M4/2015.1 Página 26 
 
 
Figura 2 - Eventos celulares da inflamação aguda 
 
1.2.4 Fenômenos teciduais 
- Quimiotaxia 
- Ativação leucocitária 
- Fagocitose 
- Liberação de produtos de leucócitos (que podem ajudar na resposta ou destruir ainda mais o tecido 
perilocalizado) 
1.2.4.1 Ativação leucocitária 
- Produtos do metabolismo do ácido aracdônico (como PG, LCT e TBX): aumento da destruição tecidual 
- Secreção de citocinas 
- Modulação das moléculas de adesão leucocitária 
Se tivermos algum defeito genético em leucócitos teremos comprometimento da inflamação e também 
do processo de reparo. 
A fagocitos se divide em: 
- Reconhecimento e adesão 
- Formação do vacúolo fagocítico 
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- Morte e degradação da partícula ou do MO 
Temos na membrana celular a presença de receptores capazes de reconhecer o agente agressor, como 
uma bactéria (reconhece a manose da cápsula). O antígeno reconhecido vai provocar adesão. A 
fagocitose ocorre pela formação de um vacúolo, que vai se fundir com o lisossomo, formando um 
fagolisossomo. Ali ocorrerá a destruição desse agente agressor e a eliminação se dá de forma que em 
momento algum o patógeno entra em contato com o citoplasma ou com o meio externo. 
E por que essa fagocitose é importante? Por que simplesmente não chega o neutrófilo e destrói a porra 
toda do lado de fora? 
Por que caso isso ocorresse, a liberação de substâncias iriam atuar ampliando a destruição tecidual, o 
que levaria a um aumento da resposta inflamatória, levando a um ciclo vicioso. Assim, a fagocitose leva 
a diminuição em parte da amplitude da resposta inflamatória, limitando-a ao “limpar” a redondeza. 
1.2.4.1.1 Defeitos na função leucocitária 
- Defeitos de adesão leucocitária: associados a infecções de repetição 
- Fagocitose: pacientes imunodeficientes 
- Atividade microbicida: associada a doenças granulomatosas, como a TB, já que nessa não se consegue 
eliminar o bacilo, levando a formação de um granuloma, isolando esse patógeno. 
1.2.5 Mediadores químicos 
- Histamina 
- Prostaglandinas (PG) 
- Óxido nítrico (NO) 
São três mediadores amplamente relacionados a vasodilatação e os dois primeiros estão muito ligados a 
alteração de permeabilidade vascular. 
- Leucotrienos (LCT) 
- Complemente C5 
Ligados muito a quimiotaxia para a área da injúria 
- IL-1 
- TNF 
Relacioandosàs interações das células leucocitárias com as células endoteliais 
- Espécies reativas de oxigênio (ROS) 
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Muito associadas a destruição tecidual 
1.3 Destinos da inflamação aguda 
a) Resolução completa: reconstituição total do tecido original 
b) Fibrose: uma organização do tecido inflamado, com substituição por tecido conjuntivo. 
c) Inflamação crônica: o agente não é debelado e a respota é cronificada. Altera tanto patogenica 
quanto morfologicamente; a resposta para de ser tão celular e foca mais em alterações teciduais. 
 
AULA 5 
Anatomia Patológica I 
1. Inflamação crônica 
É um processo prolongado, que demora de semanas a meses, mas existem variações: há processos 
inflamatórios crônicos que persistem até por anos ou pela vida inteira. 
Causas principais: tuberculosa e sífilis (infecções bacterianas), certos tipos de vírus, fungos e parasitas 
O que todos esses microorganismos apresentam em comum é que todos apresentam baixa virulência e 
toxicidade e desencadeam uma resposta imune mais retardada, associada a hipersensibilidade tardia do 
tipo IV, com invocação de resposta inflamatória do tipo mononuclear e que cursam com destruição do 
tecido. 
Causas secundárias: exposição prolongada a agentes tóxicos (sílica) e auto-imunidade (artrite 
reumatóide e lupus eritematoso sistêmico). 
1.1 Características morfológicas 
a) Infiltrado mononuclear predominante (macrófagos, linfócitos e plasmócitos), sendo que os 
macrófagos são as células que vão desencadear o processo. 
Obs.: na micro – Plasmócito: núcleo deslocado para a periferia e citoplasma maior em comparação com 
o linfócito. 
b) Destruição tecidual, já que as citocinas, as espécies reativas de oxigênio (ROS) e as enzimas 
produzidas pelos macrófagos são tóxicas para os agentes lesivos mas não são específicas para ele, 
destruindo também o tecido local. É comum inclusive se observar hemorragia em meio a processos de 
inflamação crônica, é um indicativo de lesão tecidual. 
c) Tentativas de cicatrização pela substituição do tecido danificado por tecido conjuntivo. 
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Geralmente podemos observar o chamado tecido de granulação (aula de reparo), com capilares 
neoformados e chegada de fibroblastos com deposição de colágeno. No final acaba desaparecendo a 
inflamação e os vasos e fica só o tecido cicatricial no local. 
1.1.1 Infiltração de células mononucleares 
a) Macrófagos 
Seu precursor na medula óssea atinge a circulação como monócito sanguíneo e uma vez no tecido se 
maturam em macrófagos, que serão ativados no local. 
E o que é ativação? 
A ativação macrofágica se dá através de citocinas produzidas pelos linfócitos T CD4, por células NK ou 
então por endotoxinas bacterianas. Alterações características no macrófago ativado são o aumento no 
número dos lisossomos e também do metabolismo celular. 
O processo é: 
1) Recrutamento dos monócitos da circulação, que se aderem e são atraídos por fatores quimiotáticos 
2) Maturação, proliferação e ativação dos macrófagos 
3) Imobilização no local até cessar o processo de inflamação 
Os produtos liberados pelos macrófagos não são específicos e também tem a capacidade de destruir o 
tecido hospedeiro. 
b) Linfóticos 
São ativados a partir dos macrófagos, via produção de TNF-alfa e IL-1, citocinas que vão recrutar os 
linfócitos para o local de inflamação. Se forem linfócitos T eles irão produzir, dentre outras citocinas, o 
IFN-gama, que é ativador de macrófago (fazendo um ciclo). Se for linfócito B vai levar a produção de 
plasmóticos. 
c) Eosinófilos 
Não são mononuclares, mas participam da inflamação crônica. São atraídos a partir da circulação por 
um fator quimiotático denominado eotaxina e vão chegar no local da inflamação e liberar o conteúdo 
granular – principalmente a proteína básica principal – e ela é muito importante por que destrói 
parasitas, mas também leva a lise de células epiteliais de mamíferos. 
d) Mastocitos 
Também não é mononuclear. Vão liberar grânulos de histamina e produtos da degradação do ácido 
aracdônico, como leucotrienos (LCT) e prostaglandinas (PGE), importantes na geração de resposta 
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anafilática que ocorre geralmente ante picada de insetos, ingestão de alimentos ou drogas. A histamina 
é vasodilatadora e é quimiotática. 
e) Neutrófilos 
Geralmente é uma célula marcadora da inflamação aguda, mas também estão presentes na inflamação 
crônica, já que existem agentes capazes de induzir a sua persistência mesmo na cronicidade. O maior 
exemplo é o tabaco, que leva a inflamação crônicas das vias aéreas e no meio desse processo temos a 
presença também de neutrófilos. Em casos de osteomielite também podemos encontrar alguns 
neutrófilos em meio ao processo inflamatório crônico. 
 
 
1.2 Inflamação granulomatosa ou específica 
Conceito: acúmulo focal de macrófagos ativados, que geralmente desenvolvem uma aparência 
epitelióide (são por isso também chamados de células epitelióides) 
Decorrem de causas infecciosas e não infecciosas: Tuberculose, Sarcoidose (doença auto-imune), 
doença da arranhadura do gato (bactéria do gênero Bartonella, levando a lesão cutânea e do linfonodo 
que drena a região arranhada), linfogranuloma inguinal, hanseníase, sífilis, fungos, beriliose e reação a 
lipídeos irritantes (o colesterol acumulado é visto como corpo estranho e gera reação inflamatória) 
A inflamação granulomatose é dada como um foco de inflamação crônica representado por agregados 
microscópicos de macrófagos transformados em células epitelióides e cercadas por um colar de 
leucócitos mononucleares e, ocasionalmente, plasmócitos. 
Os granulomas mais antigos geralmente são fibrosados (possuem uma cápsula externa de fibroblastos); 
um granuloma mais antigo ainda é aquele que já sofre calcificação (distrófica), geralmente na área de 
necrose. 
Os granulomas se subdividem em: 
a) Tipo corpo estranho: são os causados pela presença de um corpo estranho. Ex.: fio de sutura, 
talco, etc.. 
b) Imunes: são causados pelas doenças infecciosas, sendo a principal a tuberculose (esse 
granuloma é chamado de tubérculo e uma das suas características é a presença de necrose 
caseosa central) 
Em meio ao granuloma encontramos o que chamamos de células gigantes, que são um conjunto de 
macrófagos ativados e fundidos. Na micro, se evidenciam como células grandes, com citoplasma amplo 
e se com núcleos que preenchem o centro da célula 
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Atenção: No caso específico da tuberculose, os núcleos da célula gigante se enfileram na periferia da 
célula, fazendo um formato de ferradura. É a chamada célula gigante de Langhans e é diagnóstico 
diferencial para tuberculose 
 
Figura 3 - Esquerda: CÉLULA GIGANTE. Núcleos com disposição central - Direita: CÉLULAS GIGANTES DE LANGHANS. Núcleos 
dispostos em forma de ferradura na periferia celular 
ATENÇÃO!!! A composição celular de um granuloma tuberculoso é (do centro para a periferia): 
1) Necrose caseosa central com presença de células gigantes de Langhans, em sua maioria 
2) Macrófagos ativados (ou macrófagos epitelióides ou ainda células epitelióides) 
3) Macrófagos ainda não ativados 
4) Linfócitos 
Obs.: se o granuloma for antigo, podemos ter cápsula externa de fibroblastos ou então focos de 
calcificação (na área de necrose caseosa) 
Ex2.: o granuloma na derme da sarcoidose SÓ TEM células epitelióides. É o granuloma mais simples que 
existe. 
AULA 6 
Anatomia Patológica I 
1. Reparo tecidual 
É o processo de cura que ocorre nas lesões teciduais que se acompanham de morte celular e/ou 
destruição da matriz extracelular (MEC). 
Aforma de reparo pode ser variada. 
1.1 Tipos de reparo 
a) Regeneração: é a substituição de tecido lesado por outro semelhante ao que sofreu a injúria, seja com 
células estromais ou parenquimatosas 
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b) Cicatrização: é a substituição do tecido lesado por deposição de tecido conjuntivo, havendo formação 
de uma cicatriz. Não necessariamente é uma fibrose. 
Geralmente quando se tem lesão se faz regeneração e também cicatrização, dependendo do tecido e da 
extensão da lesão é que vamos ver quem vai predominar 
1.2 Crescimento fisiológico da célula 
Analisando-se o ciclo celular, o que determina se o tecido é capaz ou não de regenerar é a posição da 
célula em relação ao ciclo celular. Diante dessa posição, classificamos as células em 3 tipos, com 
passagem ou não pelas fases do ciclo celular, que é: 
Fase G0 – fase de quiescência (nessa fase a célula se encontra fora do ciclo celular) 
Fase G1 – fase de pré-sintese do DNA 
Fase S – fase de síntese do DNA 
Fase G2 – fase de pré-mitose 
Fase M – fase de mitose 
Entre as fases G1 e S e as fases G2 e M temos checkpoints, pontos de checagem aonde se evidencia se 
os processos que deveriam ter sido realizados na fase anterior foram realizados corretamente e só assim 
a célula tem autorização para prosseguir no ciclo 
De acordo com o comportamento da célula em relação ao ciclo, ela vai ou não ser capaz de regenerar. 
 
 
 
Dessa forma, a classificação das células em relação ao ciclo é: 
a) Células lábeis: 
Tecidos de renovação contínua, ou seja, NÃO é necessária lesão para que haja renovação, ela já ocorre 
naturalmente 
Ex: epitélio de superfície, mucosas, epitélio colunar e epitélio transicional, células da medula óssea e 
tecidos hematopoéticos. 
b) Células quiescentes (se encontram na fase G0) 
Possuem baixo nível de replicação. 
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Só vão replicar mediante lesão tecidual. Por exemplo: uma pessoa que consome muito álcool faz lesão 
aguda do tecido hepático; o hepatócito que resistir a lesão vai ser acionado (por mediadores químicos) 
para entrar no ciclo celular e fazer replicação. 
Ex: hepatócitos, glandulas endócrinas, fibroblastos, células musculares lisas e células endoteliais, 
condrócitos 
c) Células permanentes 
Células que deixaram o ciclo celular, sem poder sofrer mitose na vida pós-natal 
Ex.: células nervosas, esqueléticas e musculares cardíacas. 
Como não se faz regeneração, se faz cicatriz; no cérebro, a cicatriz não é fibrótica: as células da glia vão 
se replicar e com seus prolongamentos vão fazer uma rede de cicatrização na área de lesão. 
1.3 Controle da divisão celular 
São diversas as formas de controle: 
a) Ativação de um conjunto de genes para a transição celular da fase G0 para a G1 
E qual a importância de passar do G1 para o G2? 
Por que depois que sai do G1 não se necessita mais de estímulos para seguir adiante, é automático. Ou 
seja, a partir do G1, se a célula completar a fase anterior de forma eficaz ela já passa automaticamente 
para a próxima, sem precisar de mediadores químicos ou outros genes para regulação (segue 
automaticamente desde que esteja sendo feito de forma correta, caso contrário é barrada nos 
checkpoints interfases) 
b) Ciclinas e cinases ciclina dependentes 
A entrada e progressão das células no ciclo celular, principalmente a transição da fase G1 para a S é 
controlada por alterações nos níveis e atividades das ciclinas. Elas atuam formando complexos com um 
grupo de enzimas chamadas cinases ciclina depentens e é esse complexo que se altera e vai permitindo 
que a célula passe de uma fase para a outra. 
c) Checkpoints entre as fases 
São as últimas “armas” para controlar a passagem no ciclo celular. Nesse momento há como verificar se 
todas as fases anteriores foram realizadas corretamente. Representa a segunda forma de regulação do 
ciclo celular e mantem um mecanismo de sobrevivência, dando a certeza de que as transições críticas 
ocorrem na ordem correta e eventos importantes são completados com fidelidade. 
 
 
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1.4 A matriz extracelular (MEC) 
 
A integridade da MEC é essencial para que haja regeneração dos tecidos. Mas afinal, quem é a matriz 
extracelular? 
A MEC preenche e sustenta as células e sem ela não haveria definição tecidual. Assim, quando se tem 
lesão mas se mantém a MEC, dá-se uma chance ao tecido para que ele consiga se regenerar, por que ela 
serve de arcabouço para que a célula que vai se regenerar consiga o fazer de forma correta. 
Ex.: Quem faz cirrose com inflamação crônica evolui para um reparo com fibrose (perda de função): na 
cirrose, não se observam mais lóbulos hepáticos e sim um nódulo de regeneração (não tem veia 
centrolobular, nem veia porta) uma vez que a MEC foi destruída pelo constante processo inflamatório; 
assim, quando se prolifera o tecido durante o reparo, se perde o direcionamento para remontar o 
arcabouço; por isso que o lóbulo hepático é perdido e se tem um nódulo de renegeração revolvido por 
fibrose, o que leva ao endurecimento do tecido, por que a regeneração está ocorrendo de forma 
exacerbada. 
A MEC é secretada localmente e consiste numa rede de macromoléculas que circundam as células, 
dando toda a arquitetura deste tecido. Quais os tipos de MEC que temos? 
a) Matriz Intersticial: é aquela que fica entre as células, preenchendo os espaços entre as células 
b) Membrana basal: é encontrada abaixo dos epitélios, delimitando-os. É muito importante na 
regeneração tecidual. 
c) Matriz provisória: é a primeira matriz que vai se depositar após a lesão celular. É de constituição 
semelhante a intersticial, mas é provisória, sendo depois substituída por elementos de matriz de forma 
definitiva. É importante por que é a primeira que vai conferir o 1º arcabouço celular 
Principais macromoléculas constituintes da MEC: 
Proteínas estruturais fibrosas (principalmente colágeno), glicoproteinas adesivas, gel de proteoglicanas 
e ácido hialurônico (responsável pela manutenção da hidratação da matriz, é quem retém a água dentro 
do tecido – turgor tecidual) 
O estado nutricional reflete diretamente na qualidade da MEC. 
1.5 Crescimento compensatório 
É quando ocorre uma hiperplasia e hipertrofia das células hepáticas (por exemplo) em paciente que 
doou parte do fígado, levando a reconstituir a funcionalidade original do tecido. Não é chamado de 
regeneração por que não é uma regeneração propriamente dita do lobo que foi retirado e sim um 
crescimento do lobo que ficou 
1.6 Reparo tecidual 
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Se caracteriza pelas seguintes fases: 
1) Indução da inflamação pela injúria 
2) Migração e proliferação de células teciduais parenquimatosas e conjuntivas 
3) Formação de novos vasos 
4) Síntese das proteínas da MEC 
5) Remodelamento 
6) Contração da ferida 
7) Aquisição de força 
1.6.1 Reparo por tecido conjuntivo 
Etapas: 
- Migração e proliferação de fibroblastos (que é uma célula quiescente) 
- Deposição de MEC 
- Remodelamento: o resultado do equilíbrio entre a síntese e a degradação da MEC é o remodelamento 
da estrutura do tecido conjuntivo (característica importante da inflamação crônica e reparo tecidual) 
1.6.2 Tecido de granulação 
É um tecido caracterizado pela formação de pequenos e novos vasos sanguíneos (angiogênese) e 
proliferação de fibroblastos. É aquela ferida que tá quase fechada e muito vermelha (quase em carne 
viva: são os vasos + fibroblastos) 
Mas quem precisa acontecer primeiro? 
A formação dos vasos. E como é o vaso que se forma agora? É imaturo, com alta permeabilidade, 
levando a extravazamento de líquidoe edema. Depois que chegam as células inflamatórias e os 
fibroblastos secretores de colágeno. Nessa segunda fase, quase não se vê mais edema e temos poucos 
vasos neoformados. 
Atenção! (caiu em prova já): A angiogênese é a neoformação de vasos a partir de outros pré-existentes, 
diferentemente da vasculogênese que é a formação de vasos a partir da nossa árvore vascular durante a 
vida intra-uterina 
1.7 Cicatrização por 1ª intenção 
O melhor exemplo que se tem deste tipo cicatricional é quando se faz uma ferida cirúrgica, por que é 
um procedimento estéril e a perda tecidual é mínima já que se faz de forma programada. Além disso, 
depois disso se faz uma sutura, aproximando as bordas da ferida. 
Assim...: Paciente fez uma biópsia na pele e suturou: 
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No momento zero se forma, na área da lesão, um coágulo. Assim, temos plaquetas e fibrinas que vão 
chegar nessa área e formar um coágulo que vai preencher a área lesada. Algumas horas depois ocorre a 
formação da crosta, que é o coágulo desidratado. Durante 24h após a lesão tem uma célula que vai 
chegar em grande quantidade no processo de regeneração – o neutrófilo – que vai instalar uma 
inflamação aguda local. Também com 24h, aquela área da lesão começa a proliferar, com deposição de 
matriz da membrana basal e proliferação da camada basal (no epitélio). Com 3 dias, muda o padrão da 
inflamação: há presença maciça de macrófagos e começa a fazer o tecido de granulação, mas em 
pequena quantidade (com início de vasos neoformados e chegada de fibroblastos). Com 3 dias também 
já fecha a região mais basal do epitélio. Com 5 dias se chega no ápice do tecido de granulação, com 
muitos vasos no tecido. Com 5 dias também já temos deposição de colágeno, só que esse colágeno não 
faz o que se chama de cross-linking: ele está todo orientado de forma vertical e ainda não deu 
sustentanção nem força ao tecido. Com 2 semanas já se tem uma boa deposição de colágeno e também 
se tem uma redução desse tecido de granulação, com diminuição de edema e presença diminuída de 
células inflamatórias. Além disso, já se tem o cross-link do colágeno, com aquisição de força tecidual. 
Com 1 mês se tem a cicatriz formada: não se vê mais vascularização nem angiogênese, nem tecido de 
granulação, nem células inflamatórias e nem edema. Se vê somente a cicatriz de colágeno. 
Como estamos falando de pele, se tiver algum anexo ali ele vai ser substituído por fibrose. Assim, não se 
ve anexo, folículo, glândula sebácea, etc..) 
Resumo: 
a) Momento zero: formação do coágulo 
b) Horas: formação da crosta (coágulo desidratado) 
c) Primeiras 24hs: inflamação aguda local (mediada por neutrófilos) e proliferação da área da 
lesão, com deposição de matriz da membrana basal e proliferação da camada basal epitelial 
d) 3 dias: região mais basal do epitélio fechada. Presença maciça de macrófagos e início do tecido 
de granulação 
e) 5 dias: Tecido de granulação (+++) e deposição de colágeno SEM cross-linking 
f) 2 semanas: boa deposição de colágeno COM cross-linking. Redução do tecido de granulação e 
das células inflamatórias 
g) 1 mês: cicatriz formada (ausência de angiogênese, tecido de granulação, edema e células 
inflamatórias) 
 
1.8 Cicatrização de 2ª intenção 
É aquela aonde o tecido sofreu grande perda tecidual. Se isso acontecer, a resposta inflamatória é mais 
intensa. Logo, teremos uma maior quantidade de tecido de granulação. 
É uma lesão que se tem perda tecidual alta e não se consegue aproximas as bordas – lesão ulcerada, p.e. 
– e ela vai cicatrizar aberta, por 2ª intenção. 
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Nesse caso vai fazer também uma coisa que é mais comum e exacerbada nessa 2ª intenção, que é a 
contração da ferida: a borda da ferida literalmente tenta se aproximar. Isso é feito através dos 
miofibroblastos, que tem capacidade de contratilidade igual a uma célula muscular. Isso só é 
responsável por 5 a 10% da aproximação, é pouco mas vale a pena porque qualquer coisa que aproxima 
já ajuda no tecido de reparo. Essa contração é normal e agiliza o processo de reparo. 
(bom site pra estudar: http://www.misodor.com/CICATRIZACAO.html) 
 
Figura 4 - Esquemas da cicatrização por 1a e 2a intenção 
1.9 Força da ferida 
A recuperação da força de tensão resulta do aumento da síntese de colágeno que excede a sua 
degradação durante os primeiros 2 meses e das modificações estruturais das fibras de colágeno. Fica 
próxima de 80% do que ela era antes. 
Assim, esse é o perigo de utilizar o mesmo acesso cirúrgico em pacientes (por que da próxima vez a 
ferida vai reter a força de 80% em cima dos 80% e não mais de 100%). Em tecidos fragilizados se usa 
uma tela de reforço, a fim de impedir que se faça num futuro uma hérnia, já que as forças de tensão 
estão comprometidas. 
 
 
 
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1.10 Fatores gerais que influenciam a cicatrização 
a) Nutrição 
A vitamina C (ácido ascórbico) é o substrato essencial para síntese de colágeno. Com isso vai melhorar 
muito a força de tensão do tecido se consumir essas substâncias. 
b) Estado metabólico 
Pacientes diabéticos, p.e., tem dificuldade em cicatrização 
c) Circulação 
Quanto mais a vascularização tecidual, melhor a cicatrização. 
d) Hormônios (glicocorticóides) 
Atrapalham o processo por dois motivos: 
- Diminuem a reação inflamatória, que é necessária para cicatrização 
- Atrapalham na síntese de colágeno. 
 Mas é muito bom no tratamento de patologias de processo de cicatrização exacerbada, como o 
quelóide. 
1.11 Fatores locais que influenciam 
a) Infecção ou corpo estranho 
Estimulam a resposta inflamatória e vai ter mais do que o necessário 
b) Fatores mecânicos 
- Tamanho, localização e tipo da ferida 
1.12 Aspectos patológicos do reparo 
a) Formação deficiente da cicatriz 
 - Deiscência de sutura: é quando a sutura abre, expondo a área de lesão 
 - Ulceração: geralmente está muito associada a oxigenação e irrigação local 
 
 
 
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b) Formação excessiva do reparo 
 - Quelóide: é a cicatriz que se forma de forma sobrelevada. Nesse caso se tem uma deposição 
exacerbada de tecido conjuntivo e o quelóide não respeita a borda da ferida. Faz diagnóstico diferencial 
com cicatriz hipertrófica por que a cicatriz hipertrófica respeita o tamanho da borda, mas o tipo 
constitucional é o mesmo. O tratamento de quelóide é feito com corticóide, idealmente tópica ou por 
injeção local; se ainda estiver se desenvolvendo o quelóide a resposta vai ser melhor ainda. 
 - Granulação exuberante: o tecido avermelhado fica sobrelevado e acaba não conseguindo fazer 
pele em cima. O tratamento é cirúrgico; tem que tirar e ver se vai depois cicatrizar corretamente. 
c) Contraturas 
É caracterizada pela contração exagerada da ferida. Acontece em grandes queimados; quando esse 
paciente faz o processo de cicatrização, geralmente a área de cicatrização fica distorcida, grande parte 
por contração exagerada. 
1.13 Cicatrização e Fibrose 
A fibrose acontece quando a cicatrização é muito intensa e de repetição, geralmente quando o estímulo 
não é retirado, como acontece em uma pielonefrite crônica. Assim, a cicatrização é feita 
constantemente e acaba sendo feita de forma exacerbada e geralmente sem organização e com perda 
de função, aí acaba gerando uma fibrose. 
A cicatrização acaba sendo feita de forma difusa, sem programação; e aí altera a conformação daquele 
local/órgão lesionado. 
AULA 7 
Anatomia Patológica 
Distúrbios Hemodinâmicos I 
1. Edema 
O líquido intersticial corresponde a 60% do peso corporal:

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