Buscar

Notas_2_QA_1_2018_pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Unidade II: GEERTZ, C. Descrição Densa: por uma teoria interpretativa da cultura. Em: 
A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989, p. 13-41. 
Cultura e Antropologia Etnografia e Texto etnográfico 
• Cultura não é. Teses que obscurecem o 
conceito de cultura: (a) Tentar defender 
que ela é ou objetiva ou subjetiva; (b) 
Imaginar que é uma realidade 
superorgânica; (c) Alegar que ela consiste 
no padrão bruto de acontecimentos 
comportamentais; (d) Defender que ela 
está na mente e no coração individual dos 
humanos. 
• Cultura não é. Crítica a concepção 
mentalista de cultura, que diz que a 
cultura é composta de estruturas 
psicológicas por meio das quais os 
indivíduos ou grupos de indivíduos guiam 
seu comportamento 
• Cultura é. “A ação humana é ação 
simbólica”. 
• Cultura é. “A cultura, esse documento de 
atuação, é portanto pública, como uma 
piscadela burlesca ou uma incursão 
fracassada aos carneiros. 
• Cultura é. Embora uma ideação, não 
existe na cabeça de alguém; embora não-
física, não uma identidade oculta”. 
• Cultura é. “A cultura é um contexto, 
algo dentro do qual os sistemas 
entrelaçados de signos interpretáveis 
(símbolos) podem ser descritos de 
forma inteligível — isto é, descritos 
com densidade” 
• Cultura é. “Compreender a cultura de um 
povo expõe a sua normalidade sem reduzir 
sua particularidade”. 
 
++++ 
 
 
• Antropologia. Não é uma ciência 
• Etnografia. Etnografia não se reduz 
às técnicas empregadas em campo 
somente, mas, principalmente, é “um 
risco elaborado para uma descrição 
densa”. 
• Descrição densa é “perceber uma 
hierarquia estratificada de estruturas 
simbólicas superpostas de inferências 
e implicações”. 
• O que o etnógrafo enfrenta, de fato, é 
uma multiplicidade de estruturas 
conceituais complexas, muitas delas 
sobrepostas ou amarradas umas às 
outras, que são simultaneamente 
estranhas, irregulares e inexplícitas, e 
que ele tem que, de alguma forma, 
primeiro apreender e depois 
apresentar. (...) E isso é verdade em 
todos os níveis de atividade do seu 
trabalho de campo, mesmo o mais 
rotineiro: entrevistar informantes, 
observar rituais, deduzir os termos de 
parentesco, traçar as linhas de 
propriedade, fazer o censo 
doméstico... escrever seu diário. 
• Fazer a etnografia é “como tentar ler 
(no sentido de "construir uma leitura 
de") um manuscrito estranho, 
desbotado, cheio de elipses, 
incoerências, emendas suspeitas e 
comentários tendenciosos, escrito não 
com os sinais convencionais do som, 
mas com exemplos transitórios de 
comportamento modelado”. 
• Objetivo da pesquisa etnográfica. 
“O objetivo não é se tornar nativo 
ou copiá-lo. O que procuramos, no 
sentido mais amplo do termo, que 
compreende muito mais do que 
experimental em busca de leis, mas uma 
ciência interpretativa à procura do 
significado. 
• Dados. Nossos dados são realmente 
nossa própria construção das 
construções de outras pessoas, do que 
elas e seus compatriotas se propõem. 
• Análise antropológica. “A análise se dá, 
portanto, em escolher entre as estruturas 
de significação, os códigos estabelecidos e 
determinar sua base social e sua 
importância”. 
• Análise cultural. “A análise cultural é 
intrinsecamente incompleta e, o que é 
pior, quanto mais profunda, menos 
completa. É uma ciência estranha, cujas 
afirmativas mais marcantes são as que têm 
a base mais trémula, na qual chegar a 
qualquer lugar com um assunto enfocado é 
intensificar a suspeita, a sua própria e a dos 
outros, de que você não o está encarando 
de maneira correta”. 
• Objeto x Local. “O lócus do estudo não é 
o objeto do estudo. Não tomar o todo pela 
parte. Os antropólogos não estudam as 
aldeias, eles estudam nas aldeias”. 
• Análise cultural. “Embora a cultura exista 
no posto comercial, no forte da colina ou 
no pastoreio de carneiros, a antropologia 
existe no livro, no artigo, na conferência, 
na exposição do museu ou, como ocorre 
hoje, nos filmes. Convencer-se disso é 
compreender que a linha entre o modo 
de representação e o conteúdo 
substantivo é tão intraçável na análise 
cultural como é na pintura”. 
• Antropologia. “A tarefa antropológica é 
mais do que a de um decifrador de 
códigos; é a do crítico literário.” 
• Antropologia. “Visto sob esse ângulo [do 
objetivo da etnografia ser dialogar com o 
simplesmente falar, é conversar com 
eles; o que é muito mais difícil”. 
• Notas. O etnógrafo "inscreve" o 
discurso social: e l e o anota . Ao fazê-
lo, ele o transforma de acontecimento 
passado, que existe apenas em seu 
próprio momento de ocorrência, em 
um relato, que existe em sua inscrição 
e que pode ser consultado novamente. 
(...) 
• Notas. “O que inscrevemos (ou 
tentamos fazê-lo) não é o discurso 
social bruto ao qual não somos 
atores, não temos acesso direto a não 
ser marginalmente, ou muito 
especialmente, mas apenas àquela 
pequena parte dele que os nossos 
informantes nos podem levar a 
compreender” 
 
++++ 
 
• Escrita etnográfica é ensaística. 
“Os estudos constroem-se sobre 
outros estudos, não no sentido de que 
retomam onde outros deixaram, mas 
no sentido de que, melhor informados 
e melhor conceitualizados, eles 
mergulham mais profundamente nas 
mesmas coisas. (…)É por essa razão, 
entre outras, que o ensaio, seja de 
trinta páginas ou trezentas, parece 
o género natural no qual apresentar 
as interpretações culturais e as 
teorias que as sustentam e porque, 
se alguém procura tratados 
sistemáticos na área, logo se 
desaponta, principalmente se encontra 
algum”. 
• Escrita etnográfica é “interpretativa 
e microscópica”. 
• Texto etnográfico. “Os textos 
outro], o objetivo da antropologia é o 
alargamento do universo do discurso 
humano. (...) “ 
 
antropológicos são eles mesmos 
interpretações e, na verdade, de 
segunda e terceira mão. (Por 
definição, somente um "nativo" faz a 
interpretação em primeira mão: é a sua 
cultura.) Trata-se, portanto, de 
ficções; ficções no sentido de que são 
"algo construído", ‘algo modelado’”. 
• Objeto de estudo x Estudo. O 
objeto de estudo é uma coisa e o 
estudo é uma outra. Logo, o texto 
antropológico não é a descrição 
realista da cultura estudada. 
• "O que faz o etnógrafo?" — ele 
escreve. 
 
 
Teste de Validação 
• 1. Nossas formulações dos sistemas simbólicos de outros povos devem ser 
orientadas pelos atos (não pelas concepções mentalistas ou suposições 
formalistas). “Se a interpretação antropológica está construindo uma leitura do que 
acontece, então divorciá-la do que acontece — do que, nessa ocasião ou naquele lugar, 
pessoas específicas dizem, o que elas fazem, o que é feito a elas, a partir de todo o 
vasto negócio do mundo — é divorciá-la das suas aplicações e torná-la vazia.” 
• 2. Tomar os sistemas de símbolos "em seus próprios termos". “Ganhamos 
acesso empírico a eles inspecionando os acontecimentos e não arrumando entidades 
abstraías em padrões unificados”. 
• 3. A coerência não pode ser o principal teste de validade de uma descrição 
cultural. “A força de nossas interpretações não pode repousar, como acontece hoje 
em dia com tanta frequência, na rigidez com que elas se mantêm ou na segurança com 
que são argumentadas. Creio que nada contribuiu mais para desacreditar a análise 
cultural do que a construção de representações impecáveis de ordem formal, em cuja 
existência verdadeira praticamente ninguém pode acreditar.” 
• 4. Desenvolvimento teórico. “Com efeito, quanto mais longe vai o desenvolvimento 
teórico, mais profunda se torna a tensão. Essa é a primeira condição para a teoria 
cultural: não é seu próprio dono. Como não se pode desligar das imediações que a 
descrição minuciosa apresenta, sua liberdade de modelar-se em termos de uma lógica 
interna é muito limitada.Qualquer generalidade que consegue alcançar surge da 
delicadeza de suas distinções, não da amplidão das suas abstrações.” 
 
 
Unidade II: BARTH, Fredrik. A análise da cultura nas sociedades complexas. Em: O 
guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contracapa, 2000, p. 107-
139. 
 
Cultura e Antropologia Etnografia e (em) Bali 
 
• Cultura é. Um conjunto de correntes de 
padrões culturais. 
• Cultura é. Devemos identificar e 
caracterizar as várias correntes de padrões 
culturais que identificamos tomando cada 
uma delas como um universo de discurso. 
(Corrente de padrão cultural = 
Universo de discurso). 
• Cultura é. Uma Construção cultural. “As 
pessoas participam de universos de 
discurso múltiplos, mais ou menos 
discrepantes; constroem mundos 
diferentes, parciais e simultâneos, nos 
quais se movimentam. A construção 
cultural que fazem da realidade não 
surge de uma única fonte e não é 
monolítica.” 
• Cultura é. A tentativa de usar o conceito 
de cultura de maneira crítica em 
sociedades complexas demanda um novo 
conjunto de asserções: 
 
• “O significado é uma relação entre um 
signo e um observador, e não alguma 
coisa sacramentada em uma expressão 
cultural particular. Precisamos ligar um 
fragmento de cultura e um determinado 
ator à constelação particular de 
experiências, conhecimentos e 
orientações desse ator”. 
• “Em relação a população, a cultura é 
distribuída, compartilhada por alguns 
e não por outros. As estruturas mais 
significativas da cultura, ou seja, aquelas 
que mais consequências sistemáticas têm 
 
• Etnografia é. A afirmação de que a 
realidade é culturalmente construída 
não resolve a questão de como e de 
onde surgem os padrões culturais. 
Devemos explorar empiricamente o 
grau de padronização na esfera da 
cultura e a diversidade de fontes 
desses padrões. (Avanço em relação a 
Geertz, que não busca explorar a 
diversidade de fontes.) 
• Etnografia é. Buscar padrões de 
tradições culturais em meio a 
multidimensionalidade cultural. 
 
Critérios de Validação em Barth 
 
• Critério 1: Cada tradição deve 
mostrar um certo grau de coerência 
ao longo do tempo, e deve poder ser 
reconhecida nos vários contextos em 
que coexiste com outras em 
diferentes comunidades e regiões. 
• Critério 2: Mostrar como cada 
corrente se produz e reproduz, e 
como mantém suas fronteiras. 
• Critério 3: As teorias e os conceitos 
antropológicos devem ser testados na 
análise da vida tal como ela ocorre 
em determinado lugar do mundo 
(contexto e práxis local). 
• Considerar o significado como uma 
relação faz com que o pesquisador dê 
mais atenção ao contexto e à práxis. 
• Tentar evitar as convenções 
antropológicas herdadas. 
para os atos e relações das pessoas - 
talvez não estejam em suas formas, mas 
sim em sua distribuição e padrões de 
não compartilhamento” 
• Os atores estão (sempre e 
essencialmente) posicionados. 
Nenhum relato que pretenda apresentar a 
voz dos próprios atores têm validade 
privilegiada, pois qualquer modelo de 
relação, grupo ou instituição será 
necessariamente uma construção do 
antropólogo Cada pessoa está 
posicionada em virtude de um padrão 
singular formado pela reunião, nessa 
pessoa, de partes de diversas correntes 
culturais, bem como em função de suas 
experiências particulares. (Proximidade 
com a ideia de cultura semiótica de 
Geertz). 
• “Eventos são o resultado do jogo 
entre a causalidade material e a 
interação social e consequentemente 
sempre se distanciam das intenções 
dos atores individuais. Precisamos 
incorporar ao nosso modelo de produção 
da cultura uma visão dinâmica da 
experiência como resultado da 
interpretação de eventos por indivíduos, 
bem como uma visão dinâmica da 
criatividade como resultado da luta dos 
atores para vencer a resistência do 
mundo”. 
• Cultura é. Um conceito ambivalente. Por 
um lado, vemos como algo intricado, 
com enorme quantidade de detalhes; 
por outro, há um ideal de ousadia para 
abstrair e revelar a essência subjacente 
a eles, uma unidade indivisível. 
• Cultura é. Composta por duas 
dimensões. A realidade de todas as 
pessoas é composta de construções 
culturais, sustentadas de modo eficaz 
• (O que para Geertz significa tomar os 
sistemas de símbolos em “seus próprios 
termos”, para Barth é considerar o 
significado como relação em 
determinado contexto e práxis local 
específico). 
 
++++ 
 
Trabalho de campo em Bali 
 
• Bali. Cenário cultural sincrético. 
Diversidade desconexa (ao menos 
aparentemente) de atividades e a 
mistura do novo com o velho. 
• Bali. A vida do norte de Bali 
impressiona pela extraordinária riqueza 
e grau de elaboração no domínio 
simbólico e expressivo e não por seu 
caráter unitário. (Percepção da 
incoerência entre as correntes de 
tradições culturais). 
• “Caracterizar como complexa a 
situação de Bali ainda é pouco. 
Devemos ter um vocabulário que 
celebre a harmonia, a adequação e a 
unidade, bem como qualquer análise 
que pressuponha a integração e a 
consistência lógica”. (Tarefa ambígua: 
ver o multicultural e divergente e 
encontrar alguma unidade) 
 
Correntes de tradições culturais do 
Norte de Bali 
 
 
• Bali-hinduísmo: “mundo 
maravilhoso repleto de deuses, 
espíritos e forças místicas; ancestrais 
mortos participam ativamente das 
relações sociais e intervêm de maneira 
decisiva nos eventos; os deuses e os 
tanto (1) pelo mútuo consentimento 
(incrustado em representações 
coletivas, tais como a linguagem, as 
categorias, os símbolos, os rituais e as 
instituições); (2) quanto por causas 
materiais inevitáveis. 
 
+++++ 
 
Antropologia 
 
• Antropologia é. “Os vários horizontes 
limitados das pessoas se ligam e se 
sobrepõem, produzindo um mundo 
maior que o agregado de suas respectivas 
práxis gera, mas que ninguém consegue 
visualizar. A tarefa do antropólogo é 
mostrar como isso se dá, e mapear 
esse mundo maior que surge. É 
importante fazê-lo, uma vez que se trata 
de um mundo que as pessoas habitam 
sem que o saibam, e que implicitamente 
molda e limita suas vidas” (a cultura). 
• Crítica a Antropologia corrente: 
“Somos treinados a suprimir os sinais de 
incoerência e de multiculuralismo 
encontrados, tomando-os como aspectos 
não-essenciais decorrentes da 
modernização”. 
• Olhar e Ouvir enviesados: “escolhemos 
algum padrão claro e delimitado em meio 
a esse cenário confuso. Aplica-se ou o 
holismo (funcionalista) ou estruturalismo 
por meio de isomorfismos e inversões; 
teorias que afirmam que a cultura 
apresenta uma coerência lógica 
generalizada”. 
• “A antropologia é frágil em termos 
metodológicos quando se depara com a 
tarefa de abstrair modelos válidos de 
fenômenos complexos caracterizados por 
esse tipo de variabilidade local”. 
humanos se fundem, e as almas 
transmigram e renascem repetidas 
vezes; é acima de tudo um mundo 
criado através do culto”. 
• Preocupações materiais: “A maior 
parte da atividade social no norte de 
Bali não está voltada para o ritual, mas 
sim para a busca de alimentos, bens 
materiais e renda. Contrariando a 
filosofia explícita do bali-hinduísmo, 
que nega o interesse pela riqueza e 
despreza a importância do mundo 
material, essas atividades refletem um 
desejo generalizado por bens”. 
• Muitas autoridades: “há um 
diversidade de autoridades existentes 
na tradição sustentando posições 
opostas com relação a liturgia e a 
organização sacerdotal diferentemente 
instituídas”. 
• Islã: “os mulçumanos são 10% da 
população do norte de Bali. Religião 
oposta ao Bali-hinduísmo que penetra 
com igual profundidade na vida 
cotidiana dos balineses.” 
• Bali Aga: “aborígenes que vivem em 
aldeias que não reconhecem as castase 
rejeitaram os reinos tradicionais das 
áreas centrais. Sua organização social 
tem por base a senilidade entre pessoas 
casadas”. 
• Modernismo de inspiração 
ocidental: “Política, a administração e 
o sistema educacional; maciço afluxo 
de informações e conhecimentos 
transmitidos pelos meios de 
comunicação”. 
• Feiticeiros e Feitiçaria: “Metafísica 
social que inclui paixões ocultas, 
equilíbrio e higiene mentais, magias 
para o amor, a morte, e para fazer 
(Reconhece a fragilidade; em Geertz 
afirma-se que o antropólogo é nada 
mais que um intérprete). 
• Essas teorias (“clássicas” servem como 
meio para que seus autores consigam 
evitar todos os aspectos problemáticos do 
mundo que nos cerca (o aqui); 
reafirmam silenciosamente o 
pressuposto de que a cultura (o lá) 
apresenta uma coerência lógica 
generalizada, sem explorar a extensão 
e a natureza dessa coerência. Por mais 
que se multipliquem relatos de campo 
(sobre o lá) desse tipo, deixam intocados 
os axiomas sobre a cultura que herdamos 
( o aqui).(Assim como Geertz critica a 
busca por coerência nas culturas 
como prática antropológica, Barth 
também o faz) 
 
chover, e feiticeiros que induzem ou 
combatem doenças”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade II: CLIFFORD, James. Culturas viajantes. in: ARANTES, Antonio Augusto 
(org.) O espaço da diferença. São Paulo/Campinas: Papirus, 2000, p. 50-79. 
 
Cultura e Informante Etnografia 
 
• Cultura não é. Crítica à confusão entre 
cultura e espaço (campo). “Quem 
determina onde e quando uma 
comunidade traça seus limites, nomeia 
quem está dentro e quem está fora?” 
• Cultura não é. Crítica à confusão entre 
cultura e língua. “Cultura (singular) tem 
sido considera como uma língua 
(singular). Essa equação que implica nas 
ideais nacionalistas de cultura, foi 
totalmente desfeita por Bakhtin”. 
• Para Bakthin “a linguagem é um conjunto 
de discursos divergentes, contestadores 
que nenhuma nativo ou visitante pode 
jamais aprender completamente. Dessa 
forma, um etnógrafo trabalha em ou 
aprende alguma parte da língua. E isso 
nem mesmo arranha a questão das 
situações multilíngues ou interculturais. 
(Paralelo a semiótica em Geertz e a 
ideia de posicionamento dos atores 
nas correntens de tradições culturais 
em Barth). 
• Cultura não é. A redução ao 
informante, ou nativo. “Tal ideia pode 
ser vista como uma especialização 
representacional, um congelamento 
metonímico, no qual uma parte ou 
aspecto da vida de um povo passa a 
representá-lo como um todo, 
constituindo seu nicho teórico, numa 
taxinomia teórica: índia igual hierarquia, 
Melanésia igual a troca, etc.” 
• Cultura é fluxo, é hibridismo e 
devemos falar dos informantes como 
sujeitos históricos complexos. Resposta 
aos levantes anticolonais. (Proximidade 
Etnografia 
 
• Etnografia é. Observar que o centro 
de um grupo é a periferia de outro. 
(Paralelo com as correntes de padrões 
culturais em Barth). 
• Etnografia é. Perceber o fluxo das 
localizações simbólicas. 
• “As localizações dos objetos de estudo 
do antropólogo em termos de um 
campo tendem a marginalizar ou 
apagar várias áreas de fronteira, 
realidades históricas que escapam 
para fora do quadro etnográfico”. 
• Etnografia é. Chegar lá e estar lá. 
“O meio de transporte é largamente 
esquecido - o barco, o jipe, o avião da 
missão, etc. Essas tecnologias sugerem 
contatos e comércio sistemáticos 
anteriores e em andamento com 
lugares e forças exteriores que não 
fazem parte do campo ou do objeto. O 
discurso da etnografia (estar lá) é 
fortemente separado do da viagem 
(chegar lá)”. 
• “Os locais e as relações de tradução 
são minimizados, os intermediários 
cosmopolitas e as negociações 
complexas e frequentemente políticas 
que estão envolvidas tendem a 
desaparecer”. 
• Etnografia é. Pré-campo. “A capital, 
o contexto nacional, é apagado. 
Esquece-se o pré-terreno, aqueles 
lugares por onde se tem de passar e 
com os quais mantem-se relação 
apenas para chegar à sua aldeia ou ao 
com a discussão sobre o Nós em Roberto 
Cardoso de Oliveira e sobre o “vínculo 
etnográfico” em Bizerril). 
 
++++ 
 
• Informante é. Na história da 
antropologia aparecem primeiro como 
nativos e depois como viajantes. Na 
verdade, são misturas dos dois papéis. 
 
• Informante é. Devemos questionar a 
transformação da narrativa oral para a 
narrativa escrita escondida na palavra 
“informante”. 
• Informante é. Um “escritor” e 
“inscritor”, tradutor e explicador, da 
sua cultura e dos encontros culturais 
que ela representa. Muitos desses 
interlocutores, indivíduos complexos, 
forçados a falar em nome do 
conhecimento cultural, revelam ter suas 
próprias propensões etnográficas e 
histórias interessantes de viagens. São 
insiders-outsiders, bons tradutores e 
explicadores, eles estão por aí. 
• Informante é. Um viajante entre culturas. 
“As pessoas estudadas pelos antropólogos 
raramente são caseiras. Alguns deles 
foram, pelo menos, viajantes: 
trabalhadores, peregrinos, exploradores, 
convertidos religiosos ou os especialistas 
da longa distância.” (Podemos associar 
com a ideia de correntes de tradições 
culturais de Barth). 
 
++++ 
 
• Cultura é. Pensarmos a cultura e 
antropologia em termo de viagem. 
“Devemos questionar o “cronótopo” 
(espaço-tempo) da cultura. Se 
local de trabalho que será chamado de 
campo”. 
• Etnografia é. Estar aqui, chegar lá 
e estar lá. Isso envolve a universidade 
do pesquisador. (Contraponto à 
Roberto Cardoso de Oliveira; Geertz; 
e, em alguma medida, Barth). 
• Etnografia é. Estudar nas aldeias sem 
reduzir o campo de trabalho como um 
tipo de moradia. 
• “Onde estudamos? Os antropólogos 
não estudam aldeias, estudam em 
aldeias, hospitais, laboratórios, etc. 
Mas a noção de campo de trabalho 
como tipo especial de moradia 
permanece”. 
• O Campo é um “ideal metodológico e 
um lugar concreto de atividade 
profissional. O campo do antropólogo 
é definindo como um lugar de moradia 
deslocada e de trabalho produtivo”. 
• Etnografia é. Refletir sobre “como a 
analise cultural constitui seus objetos - 
sociedades, tradições, comunidades, 
identidades - em termos espaciais e 
mediante praticas espaciais especificas 
de pesquisa”. 
• Etnografia é. Campo = “rito de 
passagem, um lugar de iniciação 
pessoal e profissional, de aprendizado, 
crescimento, provocações e coisas 
semelhantes”. (Paralelo com Bizerril e 
a ideia da etnografia como experiência 
iniciática). 
• Crítica a Antropologia Realista de 
Malinowski: “O trabalho de campo 
de Malinowski exigia que se vivesse o 
tempo todo na aldeia, que se 
aprendesse a língua e que se fosse um 
observador participante seriamente 
envolvido. (…) Ele também 
pesarmos a cultura e sua ciência, a 
antropologia, em termos de viagem, 
estaremos questionando o viés 
naturalizado, orgânico, do termo 
cultura - visto como um corpo 
enraizado que cresce, vive, morre, etc. 
Adquirem maior nitidez as 
historicidade construídas e discutidas, 
os locais de deslocamento, 
interferência e interação. 
 
 
++++ 
 
Antropologia 
 
• Antropologia é. Compreender as 
experiências cosmopolitas híbridas. 
“A cultura na antropologia não é mais 
o que costumava ser. E, uma vez que o 
desafio da representação é visto como 
sendo a descrição e a compreensão de 
encontros, coproduções, dominações e 
resistências históricas locais-globais, 
então, é preciso voltar a atenção 
para as experiências cosmopolitas 
híbridas tanto quanto para as 
enraizadas e nativas. O objetivo não 
é substituir a figura cultural “nativo” 
pela figura intercultural “viajante”. Em 
vez disso, a tarefa é concentrar-se 
nas mediações concretas entre as 
duas, em casos específicosde 
tensão e relação histórica”. 
• Antropologia é. Comparar rotas e 
raízes, um dentro comunitário e um 
fora viajante. 
• “Precisamos pensar comparativamente 
sobre as distintas rotas e raízes de 
tribos, bairros, favelas, regiões de 
imigrantes - histórias cercadas, com 
um dentro comunitário crucial, e um 
reivindicava uma espécie de 
panopticismo. Não havia necessidade 
de investigar eventos importantes, pois 
eles aconteciam diante dos olhos do 
pesquisador”. 
• Quem está sendo observado? “A 
imagem e tecnologia da barraca, suas 
paredes finas, que proporcionam um 
dentro onde cadernos de anotações, 
comidas especiais, uma máquina de 
escrever podiam ficar, uma base de 
operações minimamente separada da 
ação. Quem exatamente está sendo 
observado? Os observadores culturais, 
antropólogos, encontramos eles 
mesmos amiúde no centro do aquário, 
sob vigilância”. 
• Escrita Etnográfica. “Multiplicar as 
mãos e os discursos envolvidos em 
escrever cultura não significa 
democracia ingênua de autoria plural, 
mas afrouxar o controle monolítico 
escritor-antropólogo executivo e abrir 
a discussão a hierarquia e a negociação 
de discursos da etnografia em 
situações desiguais, de mudança de 
poder” (Paralelo sobre co-autoria em 
Bizerril). 
 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
fora viajante controlado”. 
• Temas contemporâneos. A fronteira e 
a imigração. 
• “Dar conta de novas localizações 
como a fronteira. Um lugar específico, 
policiamento e transgressão, a fronteira 
Estados Unidos - México. (...) 
Migrantes e imigrantes - diferentes 
maneiras de negocias identidades na 
nova cultura nacional”.

Outros materiais