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Unidade II: GEERTZ, C. Descrição Densa: por uma teoria interpretativa da cultura. Em: A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989, p. 13-41. Cultura e Antropologia Etnografia e Texto etnográfico • Cultura não é. Teses que obscurecem o conceito de cultura: (a) Tentar defender que ela é ou objetiva ou subjetiva; (b) Imaginar que é uma realidade superorgânica; (c) Alegar que ela consiste no padrão bruto de acontecimentos comportamentais; (d) Defender que ela está na mente e no coração individual dos humanos. • Cultura não é. Crítica a concepção mentalista de cultura, que diz que a cultura é composta de estruturas psicológicas por meio das quais os indivíduos ou grupos de indivíduos guiam seu comportamento • Cultura é. “A ação humana é ação simbólica”. • Cultura é. “A cultura, esse documento de atuação, é portanto pública, como uma piscadela burlesca ou uma incursão fracassada aos carneiros. • Cultura é. Embora uma ideação, não existe na cabeça de alguém; embora não- física, não uma identidade oculta”. • Cultura é. “A cultura é um contexto, algo dentro do qual os sistemas entrelaçados de signos interpretáveis (símbolos) podem ser descritos de forma inteligível — isto é, descritos com densidade” • Cultura é. “Compreender a cultura de um povo expõe a sua normalidade sem reduzir sua particularidade”. ++++ • Antropologia. Não é uma ciência • Etnografia. Etnografia não se reduz às técnicas empregadas em campo somente, mas, principalmente, é “um risco elaborado para uma descrição densa”. • Descrição densa é “perceber uma hierarquia estratificada de estruturas simbólicas superpostas de inferências e implicações”. • O que o etnógrafo enfrenta, de fato, é uma multiplicidade de estruturas conceituais complexas, muitas delas sobrepostas ou amarradas umas às outras, que são simultaneamente estranhas, irregulares e inexplícitas, e que ele tem que, de alguma forma, primeiro apreender e depois apresentar. (...) E isso é verdade em todos os níveis de atividade do seu trabalho de campo, mesmo o mais rotineiro: entrevistar informantes, observar rituais, deduzir os termos de parentesco, traçar as linhas de propriedade, fazer o censo doméstico... escrever seu diário. • Fazer a etnografia é “como tentar ler (no sentido de "construir uma leitura de") um manuscrito estranho, desbotado, cheio de elipses, incoerências, emendas suspeitas e comentários tendenciosos, escrito não com os sinais convencionais do som, mas com exemplos transitórios de comportamento modelado”. • Objetivo da pesquisa etnográfica. “O objetivo não é se tornar nativo ou copiá-lo. O que procuramos, no sentido mais amplo do termo, que compreende muito mais do que experimental em busca de leis, mas uma ciência interpretativa à procura do significado. • Dados. Nossos dados são realmente nossa própria construção das construções de outras pessoas, do que elas e seus compatriotas se propõem. • Análise antropológica. “A análise se dá, portanto, em escolher entre as estruturas de significação, os códigos estabelecidos e determinar sua base social e sua importância”. • Análise cultural. “A análise cultural é intrinsecamente incompleta e, o que é pior, quanto mais profunda, menos completa. É uma ciência estranha, cujas afirmativas mais marcantes são as que têm a base mais trémula, na qual chegar a qualquer lugar com um assunto enfocado é intensificar a suspeita, a sua própria e a dos outros, de que você não o está encarando de maneira correta”. • Objeto x Local. “O lócus do estudo não é o objeto do estudo. Não tomar o todo pela parte. Os antropólogos não estudam as aldeias, eles estudam nas aldeias”. • Análise cultural. “Embora a cultura exista no posto comercial, no forte da colina ou no pastoreio de carneiros, a antropologia existe no livro, no artigo, na conferência, na exposição do museu ou, como ocorre hoje, nos filmes. Convencer-se disso é compreender que a linha entre o modo de representação e o conteúdo substantivo é tão intraçável na análise cultural como é na pintura”. • Antropologia. “A tarefa antropológica é mais do que a de um decifrador de códigos; é a do crítico literário.” • Antropologia. “Visto sob esse ângulo [do objetivo da etnografia ser dialogar com o simplesmente falar, é conversar com eles; o que é muito mais difícil”. • Notas. O etnógrafo "inscreve" o discurso social: e l e o anota . Ao fazê- lo, ele o transforma de acontecimento passado, que existe apenas em seu próprio momento de ocorrência, em um relato, que existe em sua inscrição e que pode ser consultado novamente. (...) • Notas. “O que inscrevemos (ou tentamos fazê-lo) não é o discurso social bruto ao qual não somos atores, não temos acesso direto a não ser marginalmente, ou muito especialmente, mas apenas àquela pequena parte dele que os nossos informantes nos podem levar a compreender” ++++ • Escrita etnográfica é ensaística. “Os estudos constroem-se sobre outros estudos, não no sentido de que retomam onde outros deixaram, mas no sentido de que, melhor informados e melhor conceitualizados, eles mergulham mais profundamente nas mesmas coisas. (…)É por essa razão, entre outras, que o ensaio, seja de trinta páginas ou trezentas, parece o género natural no qual apresentar as interpretações culturais e as teorias que as sustentam e porque, se alguém procura tratados sistemáticos na área, logo se desaponta, principalmente se encontra algum”. • Escrita etnográfica é “interpretativa e microscópica”. • Texto etnográfico. “Os textos outro], o objetivo da antropologia é o alargamento do universo do discurso humano. (...) “ antropológicos são eles mesmos interpretações e, na verdade, de segunda e terceira mão. (Por definição, somente um "nativo" faz a interpretação em primeira mão: é a sua cultura.) Trata-se, portanto, de ficções; ficções no sentido de que são "algo construído", ‘algo modelado’”. • Objeto de estudo x Estudo. O objeto de estudo é uma coisa e o estudo é uma outra. Logo, o texto antropológico não é a descrição realista da cultura estudada. • "O que faz o etnógrafo?" — ele escreve. Teste de Validação • 1. Nossas formulações dos sistemas simbólicos de outros povos devem ser orientadas pelos atos (não pelas concepções mentalistas ou suposições formalistas). “Se a interpretação antropológica está construindo uma leitura do que acontece, então divorciá-la do que acontece — do que, nessa ocasião ou naquele lugar, pessoas específicas dizem, o que elas fazem, o que é feito a elas, a partir de todo o vasto negócio do mundo — é divorciá-la das suas aplicações e torná-la vazia.” • 2. Tomar os sistemas de símbolos "em seus próprios termos". “Ganhamos acesso empírico a eles inspecionando os acontecimentos e não arrumando entidades abstraías em padrões unificados”. • 3. A coerência não pode ser o principal teste de validade de uma descrição cultural. “A força de nossas interpretações não pode repousar, como acontece hoje em dia com tanta frequência, na rigidez com que elas se mantêm ou na segurança com que são argumentadas. Creio que nada contribuiu mais para desacreditar a análise cultural do que a construção de representações impecáveis de ordem formal, em cuja existência verdadeira praticamente ninguém pode acreditar.” • 4. Desenvolvimento teórico. “Com efeito, quanto mais longe vai o desenvolvimento teórico, mais profunda se torna a tensão. Essa é a primeira condição para a teoria cultural: não é seu próprio dono. Como não se pode desligar das imediações que a descrição minuciosa apresenta, sua liberdade de modelar-se em termos de uma lógica interna é muito limitada.Qualquer generalidade que consegue alcançar surge da delicadeza de suas distinções, não da amplidão das suas abstrações.” Unidade II: BARTH, Fredrik. A análise da cultura nas sociedades complexas. Em: O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contracapa, 2000, p. 107- 139. Cultura e Antropologia Etnografia e (em) Bali • Cultura é. Um conjunto de correntes de padrões culturais. • Cultura é. Devemos identificar e caracterizar as várias correntes de padrões culturais que identificamos tomando cada uma delas como um universo de discurso. (Corrente de padrão cultural = Universo de discurso). • Cultura é. Uma Construção cultural. “As pessoas participam de universos de discurso múltiplos, mais ou menos discrepantes; constroem mundos diferentes, parciais e simultâneos, nos quais se movimentam. A construção cultural que fazem da realidade não surge de uma única fonte e não é monolítica.” • Cultura é. A tentativa de usar o conceito de cultura de maneira crítica em sociedades complexas demanda um novo conjunto de asserções: • “O significado é uma relação entre um signo e um observador, e não alguma coisa sacramentada em uma expressão cultural particular. Precisamos ligar um fragmento de cultura e um determinado ator à constelação particular de experiências, conhecimentos e orientações desse ator”. • “Em relação a população, a cultura é distribuída, compartilhada por alguns e não por outros. As estruturas mais significativas da cultura, ou seja, aquelas que mais consequências sistemáticas têm • Etnografia é. A afirmação de que a realidade é culturalmente construída não resolve a questão de como e de onde surgem os padrões culturais. Devemos explorar empiricamente o grau de padronização na esfera da cultura e a diversidade de fontes desses padrões. (Avanço em relação a Geertz, que não busca explorar a diversidade de fontes.) • Etnografia é. Buscar padrões de tradições culturais em meio a multidimensionalidade cultural. Critérios de Validação em Barth • Critério 1: Cada tradição deve mostrar um certo grau de coerência ao longo do tempo, e deve poder ser reconhecida nos vários contextos em que coexiste com outras em diferentes comunidades e regiões. • Critério 2: Mostrar como cada corrente se produz e reproduz, e como mantém suas fronteiras. • Critério 3: As teorias e os conceitos antropológicos devem ser testados na análise da vida tal como ela ocorre em determinado lugar do mundo (contexto e práxis local). • Considerar o significado como uma relação faz com que o pesquisador dê mais atenção ao contexto e à práxis. • Tentar evitar as convenções antropológicas herdadas. para os atos e relações das pessoas - talvez não estejam em suas formas, mas sim em sua distribuição e padrões de não compartilhamento” • Os atores estão (sempre e essencialmente) posicionados. Nenhum relato que pretenda apresentar a voz dos próprios atores têm validade privilegiada, pois qualquer modelo de relação, grupo ou instituição será necessariamente uma construção do antropólogo Cada pessoa está posicionada em virtude de um padrão singular formado pela reunião, nessa pessoa, de partes de diversas correntes culturais, bem como em função de suas experiências particulares. (Proximidade com a ideia de cultura semiótica de Geertz). • “Eventos são o resultado do jogo entre a causalidade material e a interação social e consequentemente sempre se distanciam das intenções dos atores individuais. Precisamos incorporar ao nosso modelo de produção da cultura uma visão dinâmica da experiência como resultado da interpretação de eventos por indivíduos, bem como uma visão dinâmica da criatividade como resultado da luta dos atores para vencer a resistência do mundo”. • Cultura é. Um conceito ambivalente. Por um lado, vemos como algo intricado, com enorme quantidade de detalhes; por outro, há um ideal de ousadia para abstrair e revelar a essência subjacente a eles, uma unidade indivisível. • Cultura é. Composta por duas dimensões. A realidade de todas as pessoas é composta de construções culturais, sustentadas de modo eficaz • (O que para Geertz significa tomar os sistemas de símbolos em “seus próprios termos”, para Barth é considerar o significado como relação em determinado contexto e práxis local específico). ++++ Trabalho de campo em Bali • Bali. Cenário cultural sincrético. Diversidade desconexa (ao menos aparentemente) de atividades e a mistura do novo com o velho. • Bali. A vida do norte de Bali impressiona pela extraordinária riqueza e grau de elaboração no domínio simbólico e expressivo e não por seu caráter unitário. (Percepção da incoerência entre as correntes de tradições culturais). • “Caracterizar como complexa a situação de Bali ainda é pouco. Devemos ter um vocabulário que celebre a harmonia, a adequação e a unidade, bem como qualquer análise que pressuponha a integração e a consistência lógica”. (Tarefa ambígua: ver o multicultural e divergente e encontrar alguma unidade) Correntes de tradições culturais do Norte de Bali • Bali-hinduísmo: “mundo maravilhoso repleto de deuses, espíritos e forças místicas; ancestrais mortos participam ativamente das relações sociais e intervêm de maneira decisiva nos eventos; os deuses e os tanto (1) pelo mútuo consentimento (incrustado em representações coletivas, tais como a linguagem, as categorias, os símbolos, os rituais e as instituições); (2) quanto por causas materiais inevitáveis. +++++ Antropologia • Antropologia é. “Os vários horizontes limitados das pessoas se ligam e se sobrepõem, produzindo um mundo maior que o agregado de suas respectivas práxis gera, mas que ninguém consegue visualizar. A tarefa do antropólogo é mostrar como isso se dá, e mapear esse mundo maior que surge. É importante fazê-lo, uma vez que se trata de um mundo que as pessoas habitam sem que o saibam, e que implicitamente molda e limita suas vidas” (a cultura). • Crítica a Antropologia corrente: “Somos treinados a suprimir os sinais de incoerência e de multiculuralismo encontrados, tomando-os como aspectos não-essenciais decorrentes da modernização”. • Olhar e Ouvir enviesados: “escolhemos algum padrão claro e delimitado em meio a esse cenário confuso. Aplica-se ou o holismo (funcionalista) ou estruturalismo por meio de isomorfismos e inversões; teorias que afirmam que a cultura apresenta uma coerência lógica generalizada”. • “A antropologia é frágil em termos metodológicos quando se depara com a tarefa de abstrair modelos válidos de fenômenos complexos caracterizados por esse tipo de variabilidade local”. humanos se fundem, e as almas transmigram e renascem repetidas vezes; é acima de tudo um mundo criado através do culto”. • Preocupações materiais: “A maior parte da atividade social no norte de Bali não está voltada para o ritual, mas sim para a busca de alimentos, bens materiais e renda. Contrariando a filosofia explícita do bali-hinduísmo, que nega o interesse pela riqueza e despreza a importância do mundo material, essas atividades refletem um desejo generalizado por bens”. • Muitas autoridades: “há um diversidade de autoridades existentes na tradição sustentando posições opostas com relação a liturgia e a organização sacerdotal diferentemente instituídas”. • Islã: “os mulçumanos são 10% da população do norte de Bali. Religião oposta ao Bali-hinduísmo que penetra com igual profundidade na vida cotidiana dos balineses.” • Bali Aga: “aborígenes que vivem em aldeias que não reconhecem as castase rejeitaram os reinos tradicionais das áreas centrais. Sua organização social tem por base a senilidade entre pessoas casadas”. • Modernismo de inspiração ocidental: “Política, a administração e o sistema educacional; maciço afluxo de informações e conhecimentos transmitidos pelos meios de comunicação”. • Feiticeiros e Feitiçaria: “Metafísica social que inclui paixões ocultas, equilíbrio e higiene mentais, magias para o amor, a morte, e para fazer (Reconhece a fragilidade; em Geertz afirma-se que o antropólogo é nada mais que um intérprete). • Essas teorias (“clássicas” servem como meio para que seus autores consigam evitar todos os aspectos problemáticos do mundo que nos cerca (o aqui); reafirmam silenciosamente o pressuposto de que a cultura (o lá) apresenta uma coerência lógica generalizada, sem explorar a extensão e a natureza dessa coerência. Por mais que se multipliquem relatos de campo (sobre o lá) desse tipo, deixam intocados os axiomas sobre a cultura que herdamos ( o aqui).(Assim como Geertz critica a busca por coerência nas culturas como prática antropológica, Barth também o faz) chover, e feiticeiros que induzem ou combatem doenças”. Unidade II: CLIFFORD, James. Culturas viajantes. in: ARANTES, Antonio Augusto (org.) O espaço da diferença. São Paulo/Campinas: Papirus, 2000, p. 50-79. Cultura e Informante Etnografia • Cultura não é. Crítica à confusão entre cultura e espaço (campo). “Quem determina onde e quando uma comunidade traça seus limites, nomeia quem está dentro e quem está fora?” • Cultura não é. Crítica à confusão entre cultura e língua. “Cultura (singular) tem sido considera como uma língua (singular). Essa equação que implica nas ideais nacionalistas de cultura, foi totalmente desfeita por Bakhtin”. • Para Bakthin “a linguagem é um conjunto de discursos divergentes, contestadores que nenhuma nativo ou visitante pode jamais aprender completamente. Dessa forma, um etnógrafo trabalha em ou aprende alguma parte da língua. E isso nem mesmo arranha a questão das situações multilíngues ou interculturais. (Paralelo a semiótica em Geertz e a ideia de posicionamento dos atores nas correntens de tradições culturais em Barth). • Cultura não é. A redução ao informante, ou nativo. “Tal ideia pode ser vista como uma especialização representacional, um congelamento metonímico, no qual uma parte ou aspecto da vida de um povo passa a representá-lo como um todo, constituindo seu nicho teórico, numa taxinomia teórica: índia igual hierarquia, Melanésia igual a troca, etc.” • Cultura é fluxo, é hibridismo e devemos falar dos informantes como sujeitos históricos complexos. Resposta aos levantes anticolonais. (Proximidade Etnografia • Etnografia é. Observar que o centro de um grupo é a periferia de outro. (Paralelo com as correntes de padrões culturais em Barth). • Etnografia é. Perceber o fluxo das localizações simbólicas. • “As localizações dos objetos de estudo do antropólogo em termos de um campo tendem a marginalizar ou apagar várias áreas de fronteira, realidades históricas que escapam para fora do quadro etnográfico”. • Etnografia é. Chegar lá e estar lá. “O meio de transporte é largamente esquecido - o barco, o jipe, o avião da missão, etc. Essas tecnologias sugerem contatos e comércio sistemáticos anteriores e em andamento com lugares e forças exteriores que não fazem parte do campo ou do objeto. O discurso da etnografia (estar lá) é fortemente separado do da viagem (chegar lá)”. • “Os locais e as relações de tradução são minimizados, os intermediários cosmopolitas e as negociações complexas e frequentemente políticas que estão envolvidas tendem a desaparecer”. • Etnografia é. Pré-campo. “A capital, o contexto nacional, é apagado. Esquece-se o pré-terreno, aqueles lugares por onde se tem de passar e com os quais mantem-se relação apenas para chegar à sua aldeia ou ao com a discussão sobre o Nós em Roberto Cardoso de Oliveira e sobre o “vínculo etnográfico” em Bizerril). ++++ • Informante é. Na história da antropologia aparecem primeiro como nativos e depois como viajantes. Na verdade, são misturas dos dois papéis. • Informante é. Devemos questionar a transformação da narrativa oral para a narrativa escrita escondida na palavra “informante”. • Informante é. Um “escritor” e “inscritor”, tradutor e explicador, da sua cultura e dos encontros culturais que ela representa. Muitos desses interlocutores, indivíduos complexos, forçados a falar em nome do conhecimento cultural, revelam ter suas próprias propensões etnográficas e histórias interessantes de viagens. São insiders-outsiders, bons tradutores e explicadores, eles estão por aí. • Informante é. Um viajante entre culturas. “As pessoas estudadas pelos antropólogos raramente são caseiras. Alguns deles foram, pelo menos, viajantes: trabalhadores, peregrinos, exploradores, convertidos religiosos ou os especialistas da longa distância.” (Podemos associar com a ideia de correntes de tradições culturais de Barth). ++++ • Cultura é. Pensarmos a cultura e antropologia em termo de viagem. “Devemos questionar o “cronótopo” (espaço-tempo) da cultura. Se local de trabalho que será chamado de campo”. • Etnografia é. Estar aqui, chegar lá e estar lá. Isso envolve a universidade do pesquisador. (Contraponto à Roberto Cardoso de Oliveira; Geertz; e, em alguma medida, Barth). • Etnografia é. Estudar nas aldeias sem reduzir o campo de trabalho como um tipo de moradia. • “Onde estudamos? Os antropólogos não estudam aldeias, estudam em aldeias, hospitais, laboratórios, etc. Mas a noção de campo de trabalho como tipo especial de moradia permanece”. • O Campo é um “ideal metodológico e um lugar concreto de atividade profissional. O campo do antropólogo é definindo como um lugar de moradia deslocada e de trabalho produtivo”. • Etnografia é. Refletir sobre “como a analise cultural constitui seus objetos - sociedades, tradições, comunidades, identidades - em termos espaciais e mediante praticas espaciais especificas de pesquisa”. • Etnografia é. Campo = “rito de passagem, um lugar de iniciação pessoal e profissional, de aprendizado, crescimento, provocações e coisas semelhantes”. (Paralelo com Bizerril e a ideia da etnografia como experiência iniciática). • Crítica a Antropologia Realista de Malinowski: “O trabalho de campo de Malinowski exigia que se vivesse o tempo todo na aldeia, que se aprendesse a língua e que se fosse um observador participante seriamente envolvido. (…) Ele também pesarmos a cultura e sua ciência, a antropologia, em termos de viagem, estaremos questionando o viés naturalizado, orgânico, do termo cultura - visto como um corpo enraizado que cresce, vive, morre, etc. Adquirem maior nitidez as historicidade construídas e discutidas, os locais de deslocamento, interferência e interação. ++++ Antropologia • Antropologia é. Compreender as experiências cosmopolitas híbridas. “A cultura na antropologia não é mais o que costumava ser. E, uma vez que o desafio da representação é visto como sendo a descrição e a compreensão de encontros, coproduções, dominações e resistências históricas locais-globais, então, é preciso voltar a atenção para as experiências cosmopolitas híbridas tanto quanto para as enraizadas e nativas. O objetivo não é substituir a figura cultural “nativo” pela figura intercultural “viajante”. Em vez disso, a tarefa é concentrar-se nas mediações concretas entre as duas, em casos específicosde tensão e relação histórica”. • Antropologia é. Comparar rotas e raízes, um dentro comunitário e um fora viajante. • “Precisamos pensar comparativamente sobre as distintas rotas e raízes de tribos, bairros, favelas, regiões de imigrantes - histórias cercadas, com um dentro comunitário crucial, e um reivindicava uma espécie de panopticismo. Não havia necessidade de investigar eventos importantes, pois eles aconteciam diante dos olhos do pesquisador”. • Quem está sendo observado? “A imagem e tecnologia da barraca, suas paredes finas, que proporcionam um dentro onde cadernos de anotações, comidas especiais, uma máquina de escrever podiam ficar, uma base de operações minimamente separada da ação. Quem exatamente está sendo observado? Os observadores culturais, antropólogos, encontramos eles mesmos amiúde no centro do aquário, sob vigilância”. • Escrita Etnográfica. “Multiplicar as mãos e os discursos envolvidos em escrever cultura não significa democracia ingênua de autoria plural, mas afrouxar o controle monolítico escritor-antropólogo executivo e abrir a discussão a hierarquia e a negociação de discursos da etnografia em situações desiguais, de mudança de poder” (Paralelo sobre co-autoria em Bizerril). . fora viajante controlado”. • Temas contemporâneos. A fronteira e a imigração. • “Dar conta de novas localizações como a fronteira. Um lugar específico, policiamento e transgressão, a fronteira Estados Unidos - México. (...) Migrantes e imigrantes - diferentes maneiras de negocias identidades na nova cultura nacional”.
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