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Rio, 08/05/2014 Aluna: Priscila Rodrigues Lobo Matrícula: 201307292852 Disciplina: Ética Profissional Profª: Andréia Fichamento do Capítulo 3 do livro: Ética e serviço Social - Fundamentos Ontológicos 3. O Processo de Ruptura com a Ética Tradicional Com esta leitura, afirmamos que desde os anos 60, no Brasil, tem início um processo de destruição das bases de legitimação do ethos/Ética tradicional do Serviço Social, proporcionando uma renovação e um pluralismo capazes de evidenciar a dimensão político-ideológica da prática profissional, abrindo a possibilidade de emergência de uma vertente crítica. Nos anos 60/70, essa parcela minoritária de profissionais opta pela participação política e cívica; amplia sua consciência social e recusa ideologicamente a ordem burguesa. Sob a influência do movimento de reconceituação e da militância cívico-política, se aproxima do marxismo e inicia experiências práticas voltadas ao compromisso com as classes populares. As reflexões a seguir pretendem contribuir para a importância da formação profissional na defesa e consolidação do ProjetoÉtico-Político Profissional do Serviço Social. Para tanto, se faz necessário iniciar a discussão pela emergência e natureza da profissão, sua construção histórica, ou seja, o seu significado social e aculminação no projeto profissional do Serviço Social sustentador de valores e princípios que orientam a intervenção profissional. A apreensão do significado social da profissão do Serviço Social na sociedade capitalista, põe a necessidade de compreender o conjunto de condições e relações sociais na qual foi colocada sua necessidade e possibilidade como tal. Nesse sentido, o Serviço Social inicia no cenário brasileiro como uma iniciativa de representantes da classe burguês-dominante, ligados ao poder da Igreja Católica ou do Estado, com o objetivo de garantir a manutenção do sistema capitalista. Contudo, os profissionais de Serviço Social iniciam um processo de revisão de seu exercício profissional ao interagir, na realidade e dentro da própria categoria com outros projetos sociopolíticos. O Serviço Social, a partir do processo de profissionalização e de sua intervenção na realidade entra em confronto e convive com ideologias distintas da capitalista. Este constitui uma instituição que emerge e se desenvolve no interior da sociedade capitalista. Constituída e desenvolvida na dinâmica das relações sociais estabelecidas neste. Sendo uma particularidade da mesma, por isso não está fora desta dinâmica societária, uma vez que é realizada a materializada neste e consequentemente influi e participam na reprodução e materialização histórica desta ordem societária, de acordo com as características das relações sociais desenvolvidas nesta sociedade, apresentadas em contextos sócio-históricos determinados. A ethos produz uma literatura crítica, voltada à busca de compreensão do significado da profissão; participa do debate e das entidades latino-americanas, busca elementos para uma superação crítica de seus equívocos, questiona s teorias tradicionais, denuncia a pretensa neutralidade profissional; anuncia seu compromisso com as classes trabalhadoras. No engajamento político- partidário, reside à ditadura, rompe om valores, faz escolhas pautadas em valores emancipatórios, acredita na liberdade, move-se pela intenção de ruptura em seus entraves. No fim da ditadura, começa a se organizar como categoria; cria associações vinculadas às lutas gerais dos trabalhadores; organizada, ainda que em minoria, muda as normas do CBAS, exigindo sua democratização e seu compromisso político com os trabalhadores. Isso mostra o compromisso ético-político de parcela da categoria que optou por encontrar novas bases de legitimação para o Serviço Social, num momento de repressão e hegemonia conservadora na profissão, como vertente de ruptura. A ética em sua dimensão teórica, não é uma prescrição de princípios definidos abstratamente; seu conteúdo é a prática ético-moral dos homens. Assim, a ausência de sistematização ética na profissão, ainda que tenha contribuído para muitos equívocos, não impediu que a vivência prática fosse se encarregando de criar um novo ethos, pautado em experiências históricas de luta social pela liberdade. A construção de uma nova moralidade profissional, nos anos 60/70 está atrelada à participação política, tem marcos históricos que contempla as décadas de 60 e 70, e a segunda, ilustrada pelas reformulações dos códigos de 1986 e 1993. Como nossa análise não considera apenas os códigos, vamos tratar desses momentos em termos do processo de construção de um projeto profissional de ruptura, buscando evidenciar seu perfil ético. Todo esse processo vai resultar na construção de um novo projeto ético político profissional, vinculado a um projeto societário, propondo uma nova ordem social, voltado à equidade e a justiça social, numa perspectiva de universalização dos acessos aos bens e serviços relativos às políticas sociais. Neste contexto a profissão busca o compromisso com a classe trabalhadora, através do aprimoramento intelectual, baseada na qualificação acadêmica e alicerçada na concepção teórico-metodológicas crítica e sólida. A tradição marxista vinculada ao Serviço Social ocorreu tanto nos países de capitalismo avançado como na América do Norte e Europa Ocidental, como nos países em desenvolvimentos da América Latina. Esta relação não aconteceu por acaso, foi fruto da crise da profissão com a herança conservadora tradicionalista, da pressão exercida pelos movimentos sociais revolucionários e ainda pela atuação do movimento estudantil. Esta relação do Serviço Social com a teoria marxista foi possível para compreender o significado social da profissão, contribuir na reflexão de intervenção sócio-profissional e, sobretudo para fundamentar a teoria e a prática profissional. Cuja conquista fundamental foi “a consciência do profissional de sua condição de trabalhador, que rebate na organização política da categoria e na reflexão marxista que, gradativamente, se apropria da realidade social, apreendendo o trabalho como elemento fundante da vida social”. Como vimos o Serviço Social no Brasil é caracterizado, pela herança do Movimento de Reconceituação, pois, como bem afirma Netto, é impossível imaginar o Serviço Social crítico, sem atrelá-lo a esta herança, mesmo tendo a convicção de que há uma pluralidade ideológica e teórica, própria da diversidade que é formada a categoria profissional, ainda que sob a proteção de um projeto ético-político que faz a crítica ao tradicionalismo.
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