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HISTÓRICO DO SANEAMENTO BÁSICO NO MUNDO E NO BRASIL

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO 
DEPARTAMENTO DAS ENGENHARIAS 
BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVÍL 
CAMPUS CARAÚBAS 
 
 
 
DOCENTE: ANA CLÁUDIA 
DISCENTE (S): GERALDO TARGINO FILHO 
 ROBERTA SUZY OLIVEIRA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRICO DO SANEAMENTO BÁSICO PELO CONTEXTO MUNDIAL E 
NACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARAÚBAS 
2019 
 
1 SANEAMENTO BÁSICO NO MUNDO 
 
1.1 Antiguidade 
 
A identidade sanitária mundial deu-se início a partir da concepção das 
“Civilizações Hidráulicas”, termo esse que se refere a sociedades que viviam suas 
organizações sociais e econômicas baseadas nos benefícios que as margens de 
grandes rios ofereciam. Dentre elas estão as civilizações que perduravam na região 
do Egito, Mesopotâmia, China e Índia, como pode ser observado na Figura 1. 
 
 Figura 1 – Civilizações hidráulicas 
 
 Fonte – Google Imagens 
 
Com a grande procura por água pelos povos antigos, há registros de grandes 
poços de água na China chegando até 450m de profundidade, o mais antigo datado 
até hoje tem cerca de 9000 anos. Na Mesopotâmia (antiga Babilônia) em Eshnunna, 
onde hoje é o Iraque, foram encontradas canalizações de esgoto de 3.750 a.C (Figura 
2) e juntas e joelhos de canalização em cerâmica (Figura 3). O primeiro sistema 
público de abastecimento de água foi encontrado na Assíria, o “aqueduto de Jawan”, 
pertencendo a 691 a.C. 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 2 – Redes de esgoto em Eshnunna 
 
 Fonte – BUFF, 2010 
 
 
Figura 3 – 1º Joelho de canalização cerâmica 
 
 Fonte – BUFF, 2010 
As cidades Mohenjo Daro e Harappa (Figuras 4 e 5), localizadas no do vale do rio 
Indo em 2600 a 1900 a.C eram caracterizadas por um sofisticado sistema de 
encanamento, onde as águas corriam em dutos ou esgotos centrais. Além disso, as 
ruas eram largas, pavimentadas e drenadas por esgotos cobertos. Os canais ficavam 
a cerca de meio metro abaixo dos pavimentos e eram construídas geralmente em tijolos 
de alvenaria e argamassa de barro. Em em Mohenjo-Daro (atual Paquistão), a grande 
maioria das residências continham uma área de banho privada, com canalização para 
 
levar a água suja para o esgoto. Havia também banhos públicos, usados para lavar 
roupas, ainda comumente utilizados hoje na India e no Paquistão. 
 Figura 4 – Ilustração das ruas de Mohenjo-Daro e o sistema de esgoto 
 
 Fonte – BUFF, 2010 
 
 Figura 4 – Ruas de Harappa 
 
 Fonte – BUFF, 2010 
No Egito, as civilizações egípcias dominavam técnicas sofisticadas de irrigação 
do solo na agricultura, além de métodos de armazenamento de líquido pois 
dependiam das enchentes do Nilo. O armazenamento de água em grandes potes de 
barro é um hábito, isso durante aproximadamente um ano, tempo suficiente para que 
a sujeira se depositasse no fundo do recipiente. Em antigas pinturas egípcias dos 
séculos XV a XIII a.C, aparecem representações de filtragem por sedimentação e uso 
de sifões, e se especula se utilizavam alúmen para remover sólidos suspensos 
 
Em 2100-1700 a.C, a cidade de Kahum, tinha um sistema de água escoada 
através de uma calha de pedra de mármore implantada no centro da rua em Tel-el-
Amarna, com sistema de drenagem similar ao de Kahum foram encontrados sinais da 
existência de banheiros em residências mais humildes. 
Os romanos foram os grandes engenheiros na idade antiga, construíram os 
famosos aquedutos de 422km (Figura 5) que mais tarde se espalhariam pelo mundo 
todo, latrinas comunitárias (Figura 6) e também foram responsáveis pela construção 
da cloaca máxima (Figura 7) no final do século VI a.C, com a finalidade de drenar as 
águas residuais e o lixo para o rio Tibre. 
 
 Figura 5 – Aqueduto romano 
 
 Fonte – BUFF, 2010 
 
 Figura 6 – Latrinas em Roma 
 
 Fonte – BUFF, 2010 
 
 Figura 7 – Cloaca Máxima 
 
 Fonte – BUFF, 2010 
1.2 Idade Média 
A Idade Média foi um longo período da história que se estendeu do século V ao 
século XV. Seu início foi marcado pela queda do Império Romano do Ocidente, em 
476, e o fim, pela tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453. As cidades 
medievais consistiam num amontoado de edifícios compostos por ruas estreitas. Eram 
pequenas, densamente povoadas, barulhentas e sujas. A maioria de suas ruas não 
tinha pavimentação e tampouco obras de drenagem, dessa forma recebia todo tipo de 
sujeira. 
Os homens da Igreja acreditavam que após o batismo não existiam mais razões 
válidas para um cristão tomar banho. O preconceito teológico em relação aos 
cuidados de higiene corporal teve grandes consequências na saúde da população 
europeia. Na maioria dos conventos e monastérios da Europa medieval, o banho era 
praticado duas ou três vezes ao ano, em geral às vésperas de festas religiosas como 
a Páscoa e o Natal. Outro fator relevante para aquela época, é que as pessoas 
costumavam atirar os excrementos nas ruas, às vezes atingindo os pedestres, como 
pode ser ilustrado na Figura 7. 
 
 
 
 
 Figura 8 – Ilustração dos hábitos higiênicos na Idade Média 
 
 Fonte – BUFF, 2010 
Nos porões dos navios de comércio, que vinham do Oriente, entre os anos de 
1346 e 1352, chegavam milhares de ratos. Estes roedores encontraram nas cidades 
europeias um ambiente favorável, pois estas possuíam condições precárias de 
higiene. Estes ratos estavam contaminados com a bactéria Pasteurella Pestis. E as 
pulgas destes roedores transmitiam a bactéria aos homens através da picada. Após 
adquirir a doença, a pessoa começava a apresentar vários sintomas: primeiro 
apareciam nas axilas, virilhas e pescoço vários bubos (bolhas) de pus e sangue. Em 
seguida, vinham os vômitos e febre alta. não havia cura para a doença e a medicina 
era pouco desenvolvida. a doença fez tantas vítimas que faltavam caixões e espaços 
nos cemitérios para enterrar os mortos. Os doentes eram, muitas vezes, 
abandonados, pela própria família, nas florestas ou em locais afastados. 
O regresso dos cruzados igualmente contribuiu para a introdução de muitas 
doenças transmissíveis, até então desconhecidas na Europa, e que se transformaram 
em terríveis epidemias. Estima-se que somente a peste negra (Figura 9) vitimou cerca 
 
de 25 a 30 milhões de pessoas (entre um terço a um quarto da população do Ocidente) 
em meados do Séc. XIV. 
 Figura 8 – Quadro ilustrando a peste negra. 
 
 Fonte – BUFF, 2010 
1.3 Idade Moderna 
Entre o século XVI e meados do século XVIII generalizou-se a pavimentação 
das ruas e construção de obras de canais de drenagem onde escoavam os refugos 
indesejáveis das ruas em direção aos rios e lagos. O uso desse método produzia 
maus odores, além do que as provisões de água se tornavam perigosamente 
poluídas. Dizia-se que os canais de Antuérpia matavam até mesmo os animais que 
bebiam sua água. Os poços e fontes se contaminavam com infiltrações oriundas das 
fossas e dos cemitérios. 
Considerava-se que a água era capaz de se infiltrarno corpo e supunha-se que 
a água quente, especialmente, fragilizasse os órgãos, abrindo os poros para os ares 
malignos. Durante o século XVII os banhos continuaram a ser olhados como algo 
perigoso e desaconselhado a pessoas doentes. Nesta época, para disfarçar o cheiro, 
as classes altas começaram a importar e a usar perfumes. A indústria cosmética teve 
um enorme avanço. No Palácio de Versalhes, um decreto de 1715, estipulava que as 
fezes seriam retiradas dos corredores uma vez por semana – do que se deduz que o 
recolhimento era ainda mais esparso antes. Versalhes não tinha banheiros, mas 
 
contava com um quarto de banho equipado com uma banheira de mármore, objeto 
que serviria apenas à ostentação, caindo no mais absoluto desuso. A maior parte das 
pessoas utilizava-se de urinóis para as suas necessidades fisiológicas. 
Com o desenvolvimento industrial, a partir de meados do séc. XVIII, houve 
grande êxodo rural e as populações concentraram-se nas cidades As condições de 
vida nas cidades da Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha eram terríveis. As 
moradias eram superlotadas e sem as mínimas condições de higiene. Os detritos 
eram acumulados em recipientes, de onde eram transferidos para reservatórios 
públicos mensalmente. 
Apesar disso, foi o período histórico da criação da bomba hidráulica e dos tubos 
de ferro fundido. 1601, na Inglaterra, pela “Lei dos Pobres” o Estado passa a 
responsabilidade à Igreja na assistência à população em relação à saúde. A 
precariedade do saneamento era muito grande. 
1.4 Século XIX 
No início do XIX, as condições de vida urbana começaram a melhorar. Com a 
introdução gradual das bombas a vapor e canos de ferro, a generalização do sistema 
de drenagem por carreamento pela água logo originou mais problemas: as fossas 
raramente eram limpas e seu conteúdo se infiltrava pelo solo, saturando grandes 
áreas do terreno e poluindo fontes e poços usados para o suprimento de água. Como 
esses canais de esgotamento se destinavam a carrear água de chuva, os rios de 
cidades maiores se transformaram em esgotos a céu aberto. 
O suprimento de água e limpeza de ruas não acompanharam a expansão 
urbana. Ao mesmo tempo a proliferação das indústrias que lançavam seus resíduos 
nas águas agravava a poluição ambiental. Houve a volta, então de graves epidemias, 
sobretudo do cólera e febre tifóide, transmitidos pela água contaminada. A mortalidade 
era agravada pelas péssimas condições de vida e trabalho da classe operária 
Diante da gravidade da situação, os governos passaram a investir muitos 
recursos em pesquisa e na área médica levando a descobrir que doenças infecciosas 
eram causadas por microrganismos patogênicos. A partir daí foi possível entender os 
processos de transmissão de doenças através da água e de outros meios 
 
contaminados Bactéria Escherichia Coli. As autoridades perceberam uma clara 
conexão entre a sujeira e a doença nas cidades. Os engenheiros hidráulicos em 1842 
propuseram, então, a reforma radical do sistema sanitário, separando rigorosamente 
a água potável da água servida as valas de esgotos a céu aberto seriam substituídas 
por encanamentos subterrâneos construídos com manilhas de cerâmica cozida. 
Os esgotos transportavam as águas servidas em Paris desde o século XIII 
quando as ruas da cidade foram pavimentadas e canais foram construídos. Esgotos 
cobertos foram introduzidos. Após a grande epidemia de cólera de 1832, se iniciou 
uma política de saneamento básico. Em 1854, Eugène Belgrand sob estímulo do 
prefeito Haussmann, construiu uma grande rede de esgotos, que conta hoje com mais 
2.300 km de extensão. 
A primeira lei voltada para saúde pública foi instaurada na Inglaterra – Londres 
em 1848. Em 1859 deu-se início a limpeza geral das canalizações de esgoto da 
capital. Em 1875, 133 km de coletores novos eram instalados em Londres, fazendo o 
recolhimento de dejetos em uma área de 260 km², sendo pioneira e exemplar para 
outras cidades da Europa. 
O uso do uso do concreto armado como material de construção por Joseph 
Monier generalização a utilização do material para a construção de reservatórios e 
encanamentos e canais, com salientando como vantagens: segurança, durabilidade, 
rapidez de execução, economia de conservação, impermeabilidade e resistência a 
choques e vibrações. Dessa forma, o concreto armado possibilitou desenvolvimento 
das obras de drenagem, facilitando a construção de lajes de cobertura e o emprego 
de tubos pré-moldados para construção das galerias. 
Nos Estados Unidos, a concepção inicial de sistemas de esgoto foi dada pelo 
engenheiro civil J.W. Adams, que projetou os esgotos de Brooklyn, Nova Iorque 1873 
- formação do Departamento de Saúde Nacional, precursor do Serviço de Saúde 
Pública Norte-Americano. As maiores cidades americanas estavam com linhas de 
esgoto em funcionamento. Foi só no século XIX, com a propagação da água encanada 
e do esgoto e com o desenvolvimento de uma nova indústria da higiene que o banho 
foi reabilitado. O sabão, conhecido desde a Antiguidade, mas por muito tempo 
 
considerado um produto de luxo, foi industrializado e popularizado, além de outros 
itens imprescindíveis. 
1.5 Século XX até os dias atuais. 
No século XX o desenvolvimento da ciência e da tecnologia permitiu que fontes 
contaminadas se tornassem potáveis após tratamento. A humanidade levou quase 
200 mil anos para atingir a marca de 1 bilhão e 500 milhões de pessoas. Em apenas 
um século a população mundial quadruplicou, tendo atingido a marca de 6 bilhões de 
pessoas no ano 2000. A Figura 9, esquematiza como é realizado o sistema de 
distribuição água atualmente. 
 
 Figura 8 – Sistema atual de distribuição de água 
 
 Fonte – BUFF, 2010 
Apesar dos grandes avanços no saneamento básico mundial, ainda existem 
questões relevantes para sem resolvidas: Cerca de 1 bilhão de pessoas não têm 
acesso à água potável; até meados deste século, 2 bilhões de pessoas sofrerão com 
a escassez de água potável, caso não haja adoção de políticas para preservar e 
recuperar os recursos hídricos; diariamente morre cerca de 6.000 crianças devido 
doenças ligadas à qualidade da água e deficiência de saneamento. 80% de todas as 
doenças ainda se relacionam com a falta de controle adequado da água. Daí a imensa 
 
preocupação sobre os recursos naturais, a grande produção de lixo e águas 
contaminadas. Deve-se encontrar soluções para todas essas problemáticas. 
 
2 SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL 
 
Verifica-se que no século passado, desde a década de 1950 até o seu final, 
passou a surgir o investimento em saneamento básico no Brasil, que ocorreu 
pontualmente em alguns períodos específicos, com ênfase para as décadas de 1970 
e 1980, época a qual existia uma visão de que avanços nas áreas de abastecimento 
de água e de esgotamento sanitário nos países em desenvolvimento resultariam na 
redução das taxas de mortalidade (Soares, Bernardes e Cordeiro Netto, 2002:1715). 
Nesse período, foi aplicado o Plano Nacional de Saneamento (Planasa), que gerou 
um enfoque acerca do incremento dos índices de atendimento por sistemas de 
abastecimento de água, no entanto, não promoveu uma diminuição no déficit de coleta 
e tratamento de esgoto, o que é ainda verificado atualmente. Até 2006, apenas 15% 
do esgoto sanitário gerado nas regiões urbanas dos municípios do Brasil era tratado 
(Snis, 2007). 
No final do século XIX, ocorreu a organização dos serviços de saneamento e 
as províncias entregaram as concessões às companhias estrangeiras, principalmente 
inglesas. O Governo de São Paulo construiu o primeiro sistema de abastecimento de 
água encanada, entre 1857 e1877, após assinar contrato com a empresa Achilles 
Martin D´Éstudens. Em Porto Alegre, o sistema de abastecimento de água encanada 
foi concluído em 1861, e o do Rio de Janeiro em 1876, por Antônio Gabrielli. Com o 
uso do decantador Dortmund, o sistema do Rio de Janeiro se tornou pioneiro na 
inauguração em nível mundial de uma Estação de Tratamento de Água (ETA), com 
seis filtros rápidos de pressão ar/água. 
Com a péssima qualidade dos serviços prestados pelas companhias 
estrangeiras, o Brasil estatizou o serviço de saneamento no início do século XX. A 
partir dos anos 1940, se iniciou a comercialização dos serviços de saneamento. 
Surgem então as autarquias e mecanismos de financiamento para o abastecimento 
 
de água, com influência do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), hoje 
denominada Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). 
Em 13 de outubro de 1969, o Decreto Lei 949, autorizou que o Banco Nacional 
de Habitação (BNH) a aplicar nas operações de financiamento para o saneamento, 
além de seus próprios recursos, os do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 
(FGTS). Em 1971, foi instituído o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA), onde 
foram consolidados os valores que surgiram nos anos de 1950, autonomia e 
autossustentação, por meio das tarifas e financiamentos baseados em recursos 
retornáveis. As decisões passaram a ser concentradas, com imposições das 
companhias estaduais sobre os serviços municipais, e uma separação das instituições 
que cuidavam da saúde e as que planejavam saneamento. 
Com a falência da PLANASA e a extinção do BNH, o setor de saneamento 
viveu um vazio institucional. Em 1991, a Câmara Federal iniciou debates com a 
tramitação do PLC 199, que dispunha sobre a politica nacional de saneamento. Após 
quatro anos de discussões foi vetado integralmente o PLC 199, sob a justificativa do 
governo federal de que era incompatível com a Lei das Concessões. Em 1995, a Lei 
de Concessão nº 8.987 regulamentou o artigo 175 da Constituição Federal, que previu 
a concessão de serviços públicos e autorizou a outorga desses serviços. Foram 
tentadas estratégias de privatização com outros Projetos de Lei para o saneamento, 
como o PLS 266 que buscava transferir a titularidade dos serviços para o Estado, com 
um inter-relacionamento entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
O PL 4.147/2001 foi mais uma tentativa de tomar dos Municípios a titularidade 
dos serviços de saneamento. Todos os projetos foram negados no Congresso 
Nacional por iniciativa do movimento municipalista brasileiro, que batalhou pelo 
arquivamento definitivo de tais propostas. Em 2004, a Lei da PPP (Parceria Público-
Privada), nº 11.079, definiu regras gerais para licitar e contratar parcerias público-
privadas por parte dos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais, 
permitindo que fossem realizadas as primeiras concessões para companhias 
privadas. A resolução nº 518 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama e do 
Ministério da Saúde, estabeleceu normal e padrões da potalidade da água para o 
consumo humano, iniciando a formação do marco legal do setor de saneamento no 
Brasil. 
 
Em 2005, a Lei de Consórcio Público nº 11.107 definiu as condições para que 
a União, Estados, Distrito Federal e Municípios estabelecessem consórcios públicos 
para desenvolver projetos de interesse comum. Após intensa luta dos Municípios pela 
titularidade dos serviços de saneamento, no dia 05 de janeiro de 2007, foi sancionada 
a Lei Federal nº 11.445, chamada de Lei Nacional do Saneamento Básico – LNSB, 
que teve vigência a partir de 22 de fevereiro do mesmo ano, estabelecendo as 
diretrizes nacionais para o saneamento básico no Brasil, determinando que a União 
elabore o Plano Nacional de Saneamento Básico (PNSB). Para usufruir dos benefícios 
estabelecidos por lei, os Municípios devem elaborar seus planos municipais definindo 
horizontes de universalização da prestação de serviços. 
A Lei Federal nº 11.445 esclareceu e deu encaminhamento a várias questões 
que não estavam cobertas pela legislação até então, definindo diretrizes nacionais 
para a prestação de serviços de água e esgoto, fixando os direitos e obrigações da 
União de manter, estabelecendo regulação, inspecionando e planejando políticas para 
o setor. A lei determinou a criação de entidade reguladora específica em cada 
instância governamental e estabeleceu objetivos para o planejamento municipal de 
saneamento e criou mecanismos legais e políticos de pressão para atingir metas. 
Após a aprovação do marco regulatório, em complemento a Lei nº 11.445, os 
municípios passaram a se estruturar como poder concedente. Desde então, tem sido 
crescente a participação de empresas privadas no setor de saneamento, chegando 
em 2014 com pouco mais de 10% do setor e a expectativa da ABCON (Associação 
das Concessionárias Privadas de Água e Esgoto) é de que a iniciativa privada atinja 
30% do setor até o final de 2017, quando o marco regulatório completará 10 anos. 
Pelo impacto na qualidade de vida, na saúde, na educação, no trabalho e no 
ambiente, o saneamento básico envolve a atuação de múltiplos agentes em uma 
ampla rede institucional. No Brasil, está marcado por uma grande desigualdade e por 
um grande déficit ao acesso, principalmente em relação à coleta e tratamento de 
esgoto. 
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento (Snis, 
2007), em 2006, o índice médio de atendimento urbano mostrava valores 
relativamente elevados, em termos de abastecimento de água, com um índice médio 
nacional de 93,1%. Porém, em termos de esgotamento sanitário, o atendimento 
 
urbano com coleta era muito escasso, tendo um índice médio nacional de 48,3%, e 
um índice médio nacional de apenas 32,2% para o tratamento desse esgoto coletado. 
Destaca-se que, em relação ao atendimento à população de baixa renda, o índice 
ainda é mais inadequado, e alcançar uma cobertura mais ampla desse benefício é um 
grande desafio. 
A figura apresenta o total de investimento per capita necessário para 
universalização do saneamento básico no Brasil e explicita a desigualdade regional 
causada pela menor capacidade de pagamento da população nas regiões Norte e 
Nordeste em comparação com as outras regiões. Esse déficit “está intimamente 
relacionado ao perfil de renda dos consumidores” (Saiani, 2007:263). 
 
Ainda de acordo com a figura, o Sudeste é a região que necessita de menor 
investimento per capita, em torno de R$ 358, enquanto a região Norte necessita de 
um investimento da ordem de R$ 641, sendo quase o dobro necessário. Observa-se 
também que a região Norte possui o maior comprometimento da renda per capita da 
população com relação ao total necessário a ser investido. Percentuais elevados 
como este tornariam mais necessária a atuação do Estado com investimentos não 
reembolsáveis — que não obrigariam o tomador do empréstimo ao pagamento do 
montante recebido. Em números absolutos, para que a universalização dos serviços 
de água e esgoto no Brasil fosse alcançada em 2025, seria necessário que fossem 
 
investidos, em média, R$ 11 bilhões todos os anos, a partir do ano de 2006 até o ano 
de 2024 (Aesbe, 2006). Todavia, de acordo com os dados do Snis (2007), em 2006, 
o total de investimentos efetivamente realizados no setor de saneamento brasileiro foi 
de apenas R$ 4,5 bilhões (sendo R$ 1,8 bilhão em coleta e tratamento de esgoto). 
Este ainda é um reflexo de anos anteriores, quando o investimento foi, em média, R$ 
3,9 bilhões, considerado o período de 2003 a 2006, atualizados para dezembro de 
2006, utilizando-se o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Na 
tabela 1, observa-se que, no ano de 2000, 47,8% dosmunicípios não tinham coleta 
de esgoto, sendo seus principais receptores os rios e o mar; e, dos 52,2% restantes, 
que coletam os esgotos, apenas 20,2% tinham tratamento (UNDP, 2000). Em 2007, 
de acordo com os dados do Snis (2007), este quadro pouco se alterou, sendo ainda 
boa parte do esgoto sanitário que é coletado nas cidades despejado in natura em 
corpos de água ou no solo, principalmente em municípios com população inferior a 30 
mil habitantes 
 
O saneamento básico constitui-se como o conjunto de infraestruturas e 
medidas adotadas pelo governo a fim de gerar melhores condições de vida para a 
população. No Brasil, esse conceito está estabelecido pela lei nº 11.445/07, 
compreendendo o conjunto de serviços estruturais de abastecimento de água, 
esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e limpeza e drenagem de lixo e 
águas pluviais urbanos. 
Em linhas gerais, podemos dizer que nos últimos 20 anos a difusão dos 
serviços de saneamento básico no Brasil conheceu profundos avanços. Porém, ainda 
 
existem muitos problemas, principalmente relacionados com as desigualdades 
regionais quanto à disponibilidade de infraestruturas, um reflexo do desenvolvimento 
desigual do território brasileiro. 
Dados do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) afirmam que 98% 
da população brasileira possui acesso à água potável, mas cerca de 17% do total de 
domicílios não possui o fornecimento hídrico encanado, tendo acesso a esse recurso 
por meio de cisternas, rios e açudes. Em uma divisão entre cidade e campo, constata-
se a diferença: 99% da população urbana tem acesso à água potável, enquanto, no 
meio rural, esse índice cai para 84%. 
Já a população com acesso à rede sanitária ou fossa séptica é menor, cerca 
de 79% em 2010, o que revela o grande número de domicílios situados em localidades 
com esgoto a céu aberto. Além disso, cerca de 14% dos habitantes do país não são 
contemplados pelo serviço de coleta de lixo e 2,5% não contam com o fornecimento 
de eletricidade. 
As desigualdades regionais nesses quesitos são marcantes. Enquanto as 
cidades mais desenvolvidas do país, como São Paulo e Rio de Janeiro, apresentam 
índices de tratamento de esgoto de 93%, outras capitais, como Belém (7,7%) e 
Macapá (5,5%), não gozam do mesmo privilégio. 
Além disso, há também uma desigualdade intraurbana (ou seja, dentro das 
cidades), com ausência de serviços de água, esgoto e até eletricidade em periferias e 
favelas. De acordo com as premissas internacionais dos Direitos Humanos, privar 
grupos de pessoas de serviços básicos como esses pelo simples fato de não serem 
proprietários legais de suas terras constitui-se como um crime e uma agressão à 
humanidade. 
 
Não obstante, o peso das taxas e impostos cobrados pelo Estado para a 
manutenção desses serviços não segue uma proporção devidamente estabelecida. 
Isso significa dizer que os valores cobrados pesam mais no bolso das populações 
mais pobres do que na população mais rica. Para a Organização das Nações Unidas, 
o ideal seria que essas cobranças não ultrapassassem 5% do orçamento familiar, o 
que não ocorre na maioria dos casos atualmente. 
O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) com o escopo de mudar a 
situação do saneamento básico no Brasil, o governo brasileiro instituiu o Plansab 
(Plano Nacional de Saneamento Básico), que consiste em um conjunto de metas e 
 
objetivos para transformar a realidade desse setor no país. Entre essas metas, 
encontram-se alguns dos Objetivos do Milênio, implantados pela ONU, que são: a) 
reduzir pela metade, até 2015, a proporção de habitantes sem acesso à água e ao 
saneamento básico; b) melhorar significativamente as condições de vida de 100 
milhões de pessoas que vivem em bairros degradados até o ano de 2020. 
Além disso, outra meta estipulada é a de atingir a universalização das 
estruturas de saneamento básico em todo o país até o ano de 2033. Contudo, esse 
esforço, segundo estimativas de órgãos como o Instituto Trata Brasil, demanda um 
investimento de pelo menos R$15 bilhões por ano, enquanto o Estado vem investindo, 
em média, R$9 bilhões. 
Por outro lado, as previsões estabelecidas pelo Plansab revelam uma 
estimativa de R$508,4 bilhões de reais entre os anos de 2014 e 2033. Há a expectativa 
de que esses valores atendam às necessidades estruturais até o término desse prazo. 
O mais importante sobre essa questão, a partir de agora, além da intensificação 
dos investimentos públicos em nível federal, estadual e municipal, é a pressão popular 
pela democratização dos serviços sanitários. Um relatório da ONU de 2013 revelou 
que apenas uma em cada quatro pessoas sem saneamento básico reclama por seus 
direitos, o que revela a necessidade de uma maior mobilização pelo atendimento 
desse tipo de demanda. 
 
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BARROS, Rodrigo. A história do saneamento básico no Brasil. Disponível em: 
<http://www.rodoinside.com.br/a-historia-do-saneamento-basico-no-brasil/> Acesso 
em: 04 de maio de 2019.) tm>. Acesso em 04 de maio de 2019. 
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Disponível em: <https://pt.slideshare.net/eloambiental/a-histria-do-saneamento-
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LEONETI, Alexandre Bevilacqua; PRADO, Eliana Leão do; OLIVEIRA, Sonia Valle 
Walter Borges de. Saneamento básico no Brasil: considerações sobre 
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<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6995>. Acesso em: 03 
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PENA, Rodolfo F. Alves. "Saneamento Básico no Brasil"; Brasil Escola. Disponível 
em <https://brasilescola.uol.com.br/brasil/saneamento-basico-no-brasil>. Acesso em: 
04 maio 2019. 
SANETRAN. Evolução do saneamento no mundo e importância da gestão de 
resíduos sólidos. 2016. Disponível em: <http://sanetran.com.br/evolucao-do-
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SOUSA, Francisco Salviano de. O saneamento básico na história da 
humanidade. 2019. Disponível em: 
<http://www.senado.leg.br/comissoes/ci/ap/AP20091130_FranciscodeAssisSalviano
deSousa.pdf>. Acesso em: 06 maio 2019.

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