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A TUTELA DOS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL THE PROTECTION OF PETS IN THE DISSOLUTION OF THE CONJUGAL SOCIETY Rafaela Eduarda Locks1 Keli Patrícia Herpich2 RESUMO: Com as intensas transformações observadas na instituição familiar nos últimos anos, os animais de estimação passaram a ser considerados, efetivamente, membros da família. Tal fato levou, consequentemente, ao surgimento de discussões envolvendo os direitos e a tutela destes animais quando uma sociedade conjugal vem a se romper. Nesse contexto, o presente artigo tem por objetivo analisar a posição do ordenamento jurídico brasileiro sobre a tutela dos animais de estimação em casos de dissolução da sociedade conjugal. Para atingir tal objetivo, realizou-se uma pesquisa de cunho bibliográfico em livros, artigos, leis, doutrinas, decisões judiciais e jurisprudências. A partir da análise de cada caso, evidenciou-se que grande parte das decisões proferidas no país embasam-se na proteção do ser humano e de seu vínculo afetivo com o animal de estimação, o que expressa, também, a evolução da instituição familiar e o reconhecimento da família pluriespécie. PALAVRAS-CHAVE: Afetividade. Animal de estimação. Dissolução da sociedade conjugal. ABSTRACT: In the last few years, with the changes in family institutions, pets have come to be considered members of the family. As a consequence, discussions involving the rights and the guardianship of these animals arose in the breakup of the conjugal society. Thus, this article aimed to analyze the position of the Brazilian legal system on the guardianship of pets in the dissolution of the conjugal society. In order to do so, a bibliographic research was carried out in books, articles, laws, doctrines, judicial decisions and jurisprudence. Based on the analysis of each case, it was evidenced that most of the decisions made in Brazil are based on the protection of the human being and his affective bond with the pet, which also expresses the evolution of the family institution and recognition of the multi-species family. KEYWORDS: Affectivity. Pet. Dissolution of the conjugal society. 1 Acadêmica do Curso de Direito do Centro Universitário Univel. 2 Mestre em Desenvolvimento Rural Sustentável. Professora do Curso de direito do Centro Universitário Univel. 2 1 INTRODUÇÃO A família é a instituição e o agrupamento humano mais antigo, haja vista que todo ser humano, todo indivíduo, nasce na razão da família e, via de regra, no âmbito desta, associando-se com seus demais membros (AUGUSTO, 2015). Com o passar dos anos, a sociedade moderna evoluiu e o modelo familiar mudou, influenciado pela ideia de democracia do ideal de igualdade e da dignidade da pessoa humana (LUNA, 2010). Em decorrência de tais fatos verificou-se a necessidade de o Direito acompanhar o surgimento de diversos tipos de família (SANCHES, 2015). Não existe um conceito afixado de família, uma vez que essa vai além de uma simples relação consanguínea ou grau de parentesco, sendo caracterizada pelo vínculo afetivo entre os seus membros. Por essa razão, passa a ter diferentes constituições e, em muitos casos, inclui os animais de estimação como seus membros (GORDILHO; COUTINHO, 2017). As transformações sociais decorrentes da maior aderência dos animais de estimação ao contexto familiar produzem efeitos nos mais diversos setores da vida em sociedade e geram, por sua vez, novas demandas judiciais. Conflitos dessa natureza, antes raros, são cada vez mais recorrentes no judiciário, uma vez que a motivação precursora delas é devido à afetividade envolvendo seres humanos e animais de estimação. Quando uma sociedade conjugal se rompe, vários fatores são trazidos à tona e o judiciário depara-se com situações que, embora não regulamentadas no direito positivo, merecem atenção e estudos, como é o caso da discussão sobre a tutela do animal de estimação adquirido em conjunto pelo casal. Diante de tal realidade social, e levando em consideração que os animais de estimação, na atualidade, são comumente envolvidos em disputas judiciais, no presente trabalho serão abordadas as reflexões e o posicionamento do ordenamento jurídico brasileiro no que tange à tutela dos animais de estimação na ocasião do rompimento da sociedade conjugal. 3 2 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE FAMÍLIA Com o passar do tempo, o conceito de família se expandiu e mudou, ao passo de ser mencionada como um núcleo constituído por pessoas que cuidam, amam, instruem, protegem e, principalmente, transmitem bons valores. Dessa forma, pode-se considerar que, hodiernamente, para o Direito, a família consiste em uma organização social que se forma a partir de laços sanguíneos, laços jurídicos ou laços afetivos. O que acontece é que, com as mudanças comportamentais provenientes da era da tecnologia e da informação, as famílias passaram a ter diferentes constituições, incluindo, em muitos casos, os animais de estimação, principalmente quando a sociedade conjugal se rompe e se inicia a disputa pelo animal de estimação (SEGUIN; ARAÚJO; NETO, 2016, s/p.). A Constituição Federal de 1988, no caput do artigo 226, normatizou o que já representava a realidade de muitas famílias brasileiras, reconhecendo que o casamento é uma solenidade e que, por conta disso, não é primordial para que exista uma família, entendida, a partir de então, como um fato natural (BRASIL, 1988). Tal posicionamento da legislação brasileira evidencia uma adaptação do direito às transformações e às necessidades da sociedade. Sob essa perspectiva, não somente a família oriunda do casamento passou a receber proteção estatal, mas também qualquer outra organização familiar embasada na afetividade, mesmo sem possuírem laços sanguíneos (LÔBO, 2009). Inexiste o certo ou um modelo uniforme de família, ante a multiplicidade de formas hoje existentes, o que torna essencial compreendê-la de acordo com as necessidades sociais prementes de cada tempo, sendo possível que novas modalidades ainda surjam (AUGUSTO, 2015). Desse modo, segundo os estudos de Augusto (2015), ao se analisar a evolução do conceito de família no ordenamento jurídico brasileiro, é certo que este tem como ingredientes o afeto, a ética, a solidariedade e a dignidade na busca da felicidade da pessoa humana e, por isso, não deve se prender a preceitos culturais, religiosos e sociais que esquecem a própria pluralidade existencial, de consciência e de opinião. 4 2.1 A POSSIBILIDADE DA FAMÍLIA MULTIESPÉCIE NA CONFIGURAÇÃO FAMILIAR Com a aceitação do princípio da afetividade no conceito de família, esta passou a ser constituída pelas relações de afeto, independentemente se há, ou não, grau de parentesco. Nesse sentido, outros tipos de estruturas familiares surgiram, além da família “tradicional”, pois esta não comporta mais a diversidade das nuances que as famílias adquiriram ao longo do tempo. Sob o ponto de vista do direito, a família é feita de duas estruturas associadas: os vínculos e os grupos. Há três sortes de vínculos, que podem coexistir ou existir separadamente: vínculos de sangue, vínculos de direito e vínculos de afetividade. A partir dos vínculos de família é que se compõem os diversos grupos que a integram: grupo conjugal, grupo parental (pais e filhos), grupos secundários (outros parentes e afins) (LOBO, 2009, p. 12). Entre as diferentes entidades familiares admitidas, destaca-se a possibilidade de admissão da família multiespécie como entidade familiar, sendo inverossímil pensar em família, nos dias que correm, sem ponderar a interação humano-animal. Segundo Dias (2005), a família multiespécie consiste emum grupo familiar que reconhece como seus membros, vivendo em convivência respeitosa, além de seres humanos, animais de estimação. Nessa configuração denominada de família multiespécie, a questão dos laços sanguíneos é colocada em segundo plano para dar espaço à afetividade entre os integrantes da família, sejam eles animais ou humanos (FARACO, 2008). Dias (2009) recorda que, apesar do afeto não fazer parte do texto constitucional, esse se encontra presente no reconhecimento dos núcleos familiares provenientes de união estável: “ao serem reconhecidas como entidade familiar merecedora da tutela jurídica as uniões estáveis, [...] tal significa que o afeto (grifo nosso) que une e enlaça duas pessoas, adquiriu reconhecimento e inserção no sistema jurídico” (DIAS, 2009, p. 49). Tal colocação abre margem para que se considere o afeto como um elemento agregador da família multiespécie. Casais muitas vezes adotam animais de estimação com os quais desenvolvem uma forte relação afetiva, com comemoração de aniversário e 5 presentes. Nesse contexto, principalmente nos grandes centros urbanos, nos quais há uma escassez de tempo para permanecer com seus familiares, o apego aos animais de estimação se intensifica, e esses acabam por ser considerados, como membros do núcleo familiar (CARDIN; SILVA, 2016). De acordo com Soares (2009 apud CHAVES, 2013), [...] paralelamente à mudança na arquitetura dos ambientes familiares, um outro elemento passou a fazer parte cada vez mais forte da família moderna: os animais de estimação. Mas não simplesmente os animais de estimação nos seus papéis tradicionais, mas agora como legítimos membros da família. É cada vez mais comum encontramos pessoas que tratam os seus cães e gatos como parentes (SOARES, 2009 apud CHAVES, 2013, s/p.). É cediço que, com as transformações sociais nos modelos familiares, a aderência cada vez maior dos animais de estimação como membros da família produz diversos efeitos nas mais variadas áreas de convívio social – mesmo que não reconhecida pelo ordenamento jurídico – constituindo uma família multiespécie. A presença constante dos animais no seio familiar gera novas demandas judiciais, principalmente quando ocorre a dissolução da sociedade conjugal, momento em que o ser humano, tutor do animal de estimação, busca no judiciário a proteção de seu vínculo afetivo com este. 3 A NATUREZA DOS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO A concepção jurídica atual, diante da consciência ecológica e da transformação dos modelos éticos, sofreu modificações para se repensar os critérios ético-jurídicos do posicionamento dos animais no Direito Positivo. O tema leva em consideração as mutações de valores e entendimentos comuns ao longo dos anos, que lograram o mundo jurídico em relação à natureza. Logo, surgiu a necessidade de estudar a relação da natureza, mais minuciosamente dos animais não humanos, no que concerne a sua natureza jurídica diante do Direito Moderno. 6 3.1 O ANIMAL DE ESTIMAÇÃO E SEU STATUS JURÍDICO Os diferentes arranjos familiares embasados no afeto em associação com a diminuição do número de filhos levaram à maior presença de animais de estimação nos lares do país. Em 2013, a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontou que 44,3% dos domicílios no Brasil possuem pelo menos um cachorro, e 17,7% possuem ao menos um gato (IBGE, 2013). Tais mudanças sociais levaram grande parte dos indivíduos a considerarem seus animais de estimação não como coisas, mas sim como membros da família. Entretanto, a legislação atual não condiz com as demandas da sociedade nesse ponto, o que faz com que surjam discussões sobre a necessidade de atualização do status jurídico dos animais de estimação. A doutrina majoritária não inclui os animais como sujeitos de direito, pois, do conceito de pessoa natural, estão excluídos os animais (FIUZA; GONTIJO, 2014). Para o Direito brasileiro, os animais recebem o status de coisa. Todavia, reconhece a doutrina a importância dos animais e, por isso, o merecimento da tutela jurídica pela legislação ambiental. Em uma relação jurídica, originalmente, os animais são objetos, e é assim que o Direito Positivo os trata, não obtendo status jurídico de sujeito de direito. Conforme artigo 82, do Código Civil Brasileiro: “São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da destinação econômico social” (BRASIL, 2002, art. 82). Tal previsão do Código Civil qualifica o que chamamos de “semovente”, isto é, coisas que se movimentam pela força de outros ou de si próprias sem que haja modificação de sua natureza socioeconômica. Stolze (2012) destaca que os animais podem ser enquadrados como bens semoventes e, por conta disso, devem ser tratados juridicamente como qualquer outro bem móvel. Corroborando com tais colocações, Souza (2004) afirma que: Muito embora já se reconheça direitos morais a animais não humanos, esses continuam a ser tratados pelos sistemas legais como propriedade dos humanos e, por isso mesmo, os animais não humanos não detêm direitos legais, não são sujeitos de direito, apenas objetos de direitos. São defendidos somente como 7 propriedade de alguém que seja um sujeito de direitos (SOUZA, 2004, p. 275-276). Assim, o autor supracitado relata que, quando os interesses do animal de estimação conflitam com o interesse de um ser humano, na grande maioria das vezes o que prevalece são as necessidades do homem, seu proprietário (SOUZA, 2004). Assim, é possível verificar que, ao direito de propriedade, é dado muito mais importância do que ao direito de animal. É o que se observa, por exemplo, no julgamento proferido pela Sétima Câmara Cível do Tribunal do Rio Grande do Sul: Igualmente não merece acolhido o recurso no que diz com o pedido do varão de ficar com o cachorro que pertencia ao casal. Alega que este foi presente de seu genitor, mas não comprova suas assertivas. E, ao contrário, na caderneta de vacinação consta o nome da mulher como proprietária (fl. 83), o que permite inferir que Julinho ficava sob seus cuidados, devendo permanecer com a recorrida (BRASIL, 2004, p. 7). Observa-se que os Desembargadores decidiram por manter a guarda do animal de estimação com a esposa após a dissolução da sociedade conjugal, haja vista que era o nome dela que constava como proprietária na carteira de vacinação do animal. Tal decisão evidencia ainda mais a doutrina de que os animais são considerados “coisas”. Uma posição semelhante é observada na decisão proferida pela 4º Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Na ocasião, o ex-namorado solicitou a reintegração de posse do animal de estimação, o que foi negado, uma vez que este havia sido doado como presente pelo autor à sua ex-namorada, o que o descaracterizava como proprietário (BRASIL, 2006). Nesse contexto, Venosa (2009) afirma que as coisas e os animais podem ser, de fato, objetos do direito, contudo, nunca serão sujeitos de direito, haja vista que é um atributo exclusivo da pessoa. Desta forma, pôde-se observar que os animais podem ser defendidos somente como propriedade de alguém que seja um sujeito de direitos, como, por exemplo, o seu tutor, sendo os animais de estimação elencados como objetos de direito. Por outro lado, ao encontro do que foi exposto até então, existe a doutrina que acredita que os animais são sujeitos de direito. Entretanto, de acordo com 8 Miranda (2002), o sujeito de direito consiste no ente que possui direitos e deveres nas relações jurídicas. Por conta disso, existem inúmeras discussões sobre a problemática dessa definição para a inclusãodos animais de estimação como sujeitos de direito. Uma das discussões sobre essa definição é realizada por Eberle (2006): Concebido sujeito de direito como o “portador de direito ou deveres na relação jurídica”, “um centro de decisão e de ação”, tem-se necessariamente um conceito vazio, um involucro sem conteúdo, que pode ser preenchido por qualquer ente que, a convite do legislador, venha ocupar a posição de destinatário das normas jurídicas (EBERLE, 2006, p. 28). Sobre esse assunto, Coelho (2006) discorre que o “sujeito de direito é o centro de imputação de direitos e obrigações referidos em normas jurídicas com a finalidade de orientar a superação de conflitos e interesses que envolvem direta ou indiretamente homens e mulheres” (COELHO, 2006, p. 80). Assim, pode-se dizer que o sujeito de direito é todo aquele que possui obrigações e direitos, na esfera civil, imputados pela norma jurídica. Segundo Dias (2005), os animais podem ser considerados sujeitos de direito, mesmo que subjetivamente, devido às prerrogativas legais que os protegem. Mesmo que não possam pleitear diretamente por seus direitos, tanto a sociedade quanto o Estado possuem o dever constitucional de protegê-los. Vale ressaltar que os animais não são mais considerados coisas nos ordenamentos austríaco, alemão, francês, suíço e português. O animal passou a ter um estatuto distinto de coisa, não provocando necessariamente o reconhecimento de sua personificação. 3.2 ANIMAIS COMO SERES SENCIENTES Além dos posicionamentos doutrinários elencados na seção anterior, insta discutir sobre a atribuição de senciência aos animais, ou seja, sua capacidade de consciência sobre suas relações e de sentir emoções positivas e negativas. Os seres sencientes, por sua vez, são aqueles capazes de expressar seus sentimentos, de experimentar sensações e emoções de alegria e também de tristeza ou de sofrimento. Tais sentimentos não encontram base moral para serem 9 desconsiderados, devendo estes serem utilizados para favorecer o bem-estar e a garantia digna de vida do animal (NACONECY, 2016). Segundo as colocações de Singer (2004 apud KURATOMI, 2011), Em nome do próprio utilitarismo, deve-se admitir que, como certos seres sofrem mais do que outros em certas condições, eles devem ser tratados diferentemente – sendo essencial que essa diferença não dependa a priori do pertencimento a essa ou àquela espécie, mas sim da realidade do sofrimento (SINGER, 2004 apud KURATOMI, 2011, p. 48). Há anos o status do “animal coisa” é fonte de dificuldades para os tribunais, cujas decisões refletem uma “não adaptação” à natureza específica do animal: certas decisões fazem estrita aplicação das regras do Código Civil sobre coisas móveis e outras têm em consideração a natureza de ser vivo do animal. Quanto aos animais de companhia, há a especificidade de que devem ser confiados a um ou a ambos os cônjuges, considerando, nomeadamente, os interesses de cada um dos cônjuges, dos filhos do casal e também o bem-estar do animal (BRASIL, 2002). Para efeitos legais, perante o Código Civil, os animais são elencados de bens móveis, porém, são bens especiais, em consideração que se tratam de seres sencientes, que não podem ser tratados simplesmente como mesas e cadeiras (TELINO, 2016). Ademais, em muitas situações passou-se a levar em consideração os sentimentos dos animais em detrimento de atribuir a eles o caráter de simples propriedade pessoal. Tal posicionamento somente reforça a necessidade crescente em definir, de forma clara e concisa, o status jurídico dos animais de estimação, trazendo, desta forma, uma maior segurança jurídica no que trata a tutela dos animais em caso de dissolução da sociedade conjugal. 4 A PROTEÇÃO DOS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL Com o passar dos anos, novos avanços foram observados em relação à proteção dos animais de estimação. A dissolução da sociedade conjugal, por 10 exemplo, tem trazido à tona uma situação incomum para o Judiciário, mas habitual diante do aumento do número de animais de estimação no país e do crescimento de sua importância nos lares brasileiros. Em processos envolvendo a questão em estudo, existem duas doutrinas principais: as que consideram que os animais são sujeitos de direito pelo fato de serem sencientes e por serem objeto de nosso dever (DIAS, 2005); e as que consideram os animais como objetos de direito, haja vista que o atributo sujeito de direito é exclusivo das pessoas, individual ou coletivamente (VENOSA, 2009). Na grande maioria dos casos, os animais de estimação, que são tratados como bem móvel pelo Código Civil, alcançam status de membros da família, inclusive no momento em que os casais chegam à decisão de romper o vínculo matrimonial (JECKEL, 2015). Um exemplo disso pode ser observado no entendimento jurisprudencial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, exposto abaixo: Direito Civil - Reconhecimento/dissolução de união estável - Partilha de bens de semovente - Sentença de procedência parcial que determina a posse do cão de estimação para a ex-convivente mulher – Recurso que versa exclusivamente sobre a posse do animal [...] animais de estimação cujo destino, caso dissolvida sociedade conjugal é tema que desafia o operador do Direito – Semovente que, por sua natureza e finalidade, não pode ser tratado como simples bem, a ser hermética e irrefletidamente partilhado, rompendo-se abruptamente o convívio até então mantido com um dos integrantes da família [...] (BRASIL, 2015, grifo nosso). Ainda, na Resp n° 1.713.167-SP Rel. Min. Luiz Felipe Salomão (BRASIL, 2018), o Superior Tribunal de Justiça analisou um caso em que, na dissolução da união estável, a mulher passou a impedir seu ex-companheiro de visitar o animal adquirido durante a união, e o homem entrou com um pedido judicial para a regulamentação de tal caso. A quarta turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu por não equiparar visitação de animais com a guarda de filhos, mas enquadrou os animais na categoria de bens semoventes, e concluiu que os bichos não podem ser considerados meras “coisas inanimadas”, pois merecem tratamento peculiar em virtude das relações afetivas estabelecidas entre os seres humanos e eles. Assim, garantiu-se ao homem o direito de visitar o animal e caberá, então, ao juiz de primeira instância, regular a forma de visitação. 11 De fato, tendo em vista a importância dos interesses e direitos dos animais de estimação após a dissolução da sociedade conjugal, tramita, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei nº 3.670 de 2015, que versa sobre a guarda dos animais de estimação nos casos de dissolução da sociedade e/ou do vínculo conjugal entre seus possuidores (SILVA, 2015). Outro Projeto de Lei (nº 7.196/2010) apresenta algumas diretrizes sobre a guarda de animais de estimação que em muito se assemelham à guarda compartilhada dos filhos de um casal, como, por exemplo: o direito de visita da parte não guardiã em casos de guarda unilateral; a concessão de pensão alimentícia ao animal; ou ainda a concessão da guarda a um terceiro caso verifique-se que os proprietários do animal não possuem condições adequadas para mantê-lo (SILVA, 2015). Ademais, o Projeto de Lei da Câmara dos Deputados nº 7.991, de 2014, apresenta uma proposta de inclusão, no Código Civil, das seguintes colocações: Art. 2 – A. Os animais gozam de personalidade jurídica sui generis que os tornam sujeitos de direitos fundamentais e reconhecimento a sua condição de seres sencientes. Parágrafo único: São considerados direitos fundamentais a alimentação, a integridade física, a liberdade, dentre outros necessários a sobrevivência digna do animal(BRASIL, 2014, p. 2). Além disso, de modo semelhante, o Projeto de Lei do Senado Federal nº 3.670-B, de 2015, propõe a inclusão, no artigo 83 do Código Civil, de que “Os animais não serão considerados coisas”. Tal proposição objetiva também busca estabelecer o status jurídico dos animais e auxiliar na solução de conflitos que envolvem esses seres. Entretanto, apesar da existência de tais Projetos, não há uma legislação específica sobre o tema, o que faz com que os magistrados sigam diferentes doutrinas em tal situação. Por um lado, tem-se a concepção de que os animais de estimação constituem propriedade privada que deve ser utilizada em prol dos benefícios humanos; e, de outro, tem-se as decisões que consideram, acima de tudo, os interesses dos próprios animais e a aplicação, por analogia, das normas da guarda dos filhos do casal (GORDILHO; COUTINHO, 2017). Segundo Santana e colaboradores (2004), 12 A questão da guarda responsável de animais domésticos é uma das mais urgentes construções jurídicas do Direito Ambiental, visto a crescente demanda que se tem verificado nas sociedades, pois a urbanização cada vez mais crescente vem suplantando hábitos coletivos entre os indivíduos que, isolados em seus lares, têm constituído fortes laços afetivos com algumas espécies, como é o caso principalmente dos cães e gatos, transformando-os em verdadeiros entes familiares (SANTANA et al., 2004, p. 533). De acordo com Silva (2015), a melhor solução consiste na preservação dos interesses dos animais de estimação, o que leva em consideração os aspectos envolvidos na criação deste, como, por exemplo, fatores sentimentais, financeiros, psicológicos e também do bem-estar, embora a falta de disciplina legal no ordenamento jurídico brasileiro sobre o tema, de modo a regulamentá-lo, enseja a insegurança jurídica destes casos. Considerando a inexistência de pressupostos legais, o magistrado deve buscar a melhor solução, observando as regras estabelecidas no Estatuto da Criança e do Adolescente relativas à guarda em casos de dissolução da sociedade conjugal, prestando ao animal de estimação toda a assistência necessária. Isso não quer dizer que haverá a equiparação entre eles, mas que as regras serão aplicadas por analogia, o que não implica dizer que o animal é sujeito de direito ou que está sendo equiparado a uma criança, mas que, na falta de legislação específica, legislações semelhantes podem ser utilizadas por meio analógico (SIQUEIRA, 2013). De fato, o juiz precisa averiguar e levar em consideração o interesse das partes litigantes tendo em vista que, por se tratar, no geral, de processos motivados por uma relação de afeto, a decisão tomada pelo juízo sentenciante poderá também gerar danos psicológicos aos humanos envolvidos, sendo ideal que se procure garantir o bem-estar e o melhor interesse de todas as partes envolvidas na lide (MILLS, KREITH, 2011). O que prepondera, no entanto, é o direito dos animais de estimação em conjunto com o do ser humano, devendo prevalecer a busca pela proteção do vínculo afetivo entre estes, obtendo, desta forma, uma harmonia entre os interesses de todas as partes envolvidas no conflito. 13 4.1 A TUTELA DOS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NO DIREITO COMPARADO ALEMÃO E PORTUGUÊS Ao se tratar sobre a tutela dos animais de estimação em caso de dissolução da sociedade conjugal, não se pode omitir o que o Direito comparado tem a mostrar ao Direito brasileiro, no que tange as suas leis, estatutos e normas implantadas quanto ao presente tema. O Direito comparado tem como objetivo demonstrar como alguns institutos legais estrangeiros evoluíram de tal maneira a serem muito bem aplicados e a terem uma grande funcionalidade, sugerindo, então, que sua aplicação possa imigrar para a ordem legal nacional (SIQUEIRA, 2013). Almeida (1998) afirma que, a princípio, “o Direito comparado é a disciplina jurídica que tem por objeto estabelecer sistematicamente semelhanças e diferenças entre ordens jurídicas” (ALMEIDA, 1998, p. 9). Tavares (2006) ressalta que os estudos desenvolvidos na área do Direito comparado têm por objetivo evidenciar a perenidade de certas legislações, bem como estimular a uniformização e a harmonização jurídica entre os países, mantendo as particularidades de cada cultura e de cada nação. No que tange ao tema do presente trabalho, a Lei Fundamental da República Federal da Alemanha estabelece a categoria “animais”, intermediária entre coisas e pessoas, em razão da crescente conscientização a respeito da interconexão entre seres humanos e ambiente, levando em consideração o intrínseco valor deste último, e, com isso, tem-se notado uma diluição do antropocentrismo em relação à proteção dos animais (ALEMANHA, 2002). O Código Civil alemão foi precursor na separação entre coisas e animais. O parágrafo 90-A, do Código Civil alemão (Bürgerliches Gesetzbuch – BGB), prevê: “Animais não são coisas. Os animais são protegidos por leis especiais. Os animais são regulados pelas regras relativas às coisas, com as necessárias modificações exceto se de outra maneira for previsto” (ALEMANHA, 2002). No que diz respeito ao ramo de Processo Civil alemão, o parágrafo 765a do Código de Processo Civil do país (Zivilprozessordnung – ZPO) determina que, no caso de medida judicial que afete um animal, o tribunal de execução precisa respeitar a responsabilidade do homem pelo animal, bem como o bem-estar destes animais domésticos (ALEMANHA, 2007; GODINHO, 2010). 14 O Direito português, seguindo a regra dos demais ordenamentos, cuidava dos animais como coisas móveis. Contudo, no ano de 2017, o ordenamento jurídico sofreu uma sensível alteração em razão da aprovação da Lei nº 8 de 2017. Em Portugal, entrou em vigor na data de primeiro de maio de dois mil e dezessete (01/05/2017) um novo estatuto jurídico, no qual os animais deixam de ser considerados como "coisas" e passam ao status de "seres vivos dotados de sensibilidade" (PORTUGAL, 2017). A nova legislação foi elaborada para proteger os animais, evitando casos de maus-tratos e, também, pensou na guarda do animal em caso de separação dos donos. Naquele país, os animais devem ser "confiados a um ou a ambos os cônjuges, considerando, nomeadamente, os interesses de cada um dos cônjuges e dos filhos do casal, bem como, o bem-estar do animal" (PORTUGAL, 2017, Art. 1793ª). Em separações litigiosas, por exemplo, caberá ao juiz definir qual cônjuge terá a guarda do animal, baseado na legislação implantada. Assim, levando em consideração que o direito comparado consiste em uma fonte de direito, é possível aplicá-lo no caso em questão. O status jurídico atribuído aos animais na Alemanha e em Portugal tem se mostrado eficaz e funcional – quando se fala em resolução de conflitos – e, portanto, é possível aplicar tais prerrogativas no Direito Brasileiro ou então utilizá-las para fundamentar decisões nacionais. 5 CONCLUSÃO No Brasil, ainda não existe uma legislação específica que trate sobre tutela dos animais de estimação em caso de dissolução da sociedade conjugal. Apesar de tal lacuna no ordenamento jurídico, os tribunais enfrentam questões relacionadas ao tema de forma cada vez mais frequente. Levando em consideração que a temática é presença comum em discussões jurídicas na área do Direito de Família, é essencial que o Direito brasileiro se atualize de modo a estabelecer, de forma clara e precisa, o status jurídico dos animais de estimação. Os animais de estimação passaram a ter tamanha importância nas famílias que a sua tutela consiste em foco de importantes discussões e disputas judiciais no momento da dissolução da sociedade conjugal. Nas decisões proferidas nos 15 tribunais brasileiros,observa-se uma tendência conservadora na qual a propriedade do animal é o principal, se não o único, fator considerado para a resolução dos conflitos. Entretanto, nos últimos anos, evidenciou-se que o magistrado, mesmo que de forma vagarosa, tem pautado suas decisões na manutenção do bem-estar do animal de estimação e na proteção da relação de afeto existente entre este e seu tutor. Ao privilegiar os interesses e o bem estar do animal, observa-se uma mudança gradual na percepção dos animais de estimação no meio jurídico. Tal transformação aproxima-se cada vez mais da realidade das famílias brasileiras, que consideram, em sua maioria, os animais como verdadeiros membros de suas organizações familiares. Desta forma, apesar de tal mudança, ainda existe uma clara necessidade de elaboração de uma legislação nacional que regulamente a situação dos animais de estimação em casos de dissolução da sociedade conjugal e que os veja como objetos que possuem direitos de proteção. Enquanto isso não ocorrer, uma solução seria aplicar o método de interpretação comparada, no qual há uma comparação jurídica do direito estrangeiro com o direito nacional, nos embates que versam sobre a tutela dos animais de estimação em casos de dissolução do vínculo conjugal, bem como a aplicação, por analogia, das normas da guarda dos filhos do casal. Ademais, quando não existir um acordo entre os cônjuges-tutores sobre a tutela do animal de estimação, o Poder Judiciário deve levar em consideração principalmente o bem-estar do animal, e a proteção dos vínculos de afeto existentes entre animal e tutor. Assim, os interesses desses não devem ser deixados em segundo plano, mas sim harmonizados com os interesses de seus donos, seres humanos. REFERÊNCIAS ALEMANHA. Bürgerliches Gesetzbuch: Código Civil Alemão. Berlin: Team des Langenscheidt Übersetzungsservice, 2002. Disponível em: <http://www.fd.ulisboa.pt/wp-content/uploads/2014/12/Codigo-Civil-Alemao-BGB- German-Civil-Code-BGB-english-version.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2002. 16 ALEMANHA. Zivilprozessordnung. Berlin: Team des Langenscheidt Übersetzungsservice, 2007. Disponível em: <https://www.gesetze-im- internet.de/zpo/ZPO.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2018. ALMEIDA, Carlos Ferreira de. Introdução ao direito comparado. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998. AUGUSTO, Luis Fernando. A evolução da ideia e do conceito de família. JusBrasil [online], 12 jun. 2015. Disponível em: <https://advocaciatpa.jusbrasil.com.br/artigos/176611879/a-evolucao-da-ideia-e-do- conceito-de-familia>. Acesso em: 03 abr. 2018. BRASIL. Constituição (1988). 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