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Aula 9 – Tratamentos Térmicos dos aços – Recozimento/Esferoidização/ Coalescimento Prof. Dr. Rita Sales Tratamento Térmico é um ciclo de aquecimento e resfriamento realizado nos metais com o objetivo de alterar as suas propriedades físicas e mecânicas, sem mudar a forma do produto. O tratamento térmico é normalmente associado com o aumento da resistência do material, mas também pode ser usado para melhorar a usinabilidade, a conformabilidade e restaurar a ductilidade depois de uma operação a frio. Logo, o tratamento térmico é uma operação que pode auxiliar outros processos de manufatura e/ou melhorar o desempenho de produtos, aumentando sua resistência ou alterando outras características desejáveis. Objetivos: - Remoção de tensões internas - Aumento ou diminuição da dureza - Aumento da resistência mecânica - Melhora da ductilidade - Melhora da usinabilidade - Melhora da resistência ao desgaste - Melhora da resistência à corrosão - Melhora da resistência ao calor - Melhora das propriedades elétricas e magnéticas MATERIAL + TRATAMENTO TÉRMICO O TRATAMENTO TÉRMICO ESTÁ ASSOCIADO DIRETAMENTE COM O TIPO DE MATERIAL. PORTANTO, DEVE SER ESCOLHIDO DESDE O INÍCIO DO PROJETO Fatores de Influência nos Tratamentos Térmicos Aquecimento (discutido em aulas anteriores) Temperatura Tempo Velocidade de resfriamento Atmosfera* * para evitar a oxidação ou perda de algum elemento químico (ex: descarbonetação dos aços) Fatores de Influência nos Tratamentos Térmicos Tempo: O tempo de tratamento térmico depende muito das dimensões da peça e da microestrutura desejada. Quanto maior o tempo: maior a segurança da completa dissolução das fases para posterior transformação maior será o tamanho de grão Tempos longos facilitam a oxidação Fatores de Influência nos Tratamentos Térmicos Temperatura: depende do tipo de material e da transformação de fase ou microestrutura desejada Fatores de Influência nos Tratamentos Térmicos Velocidade de Resfriamento: -Depende do tipo de material e da transformação de fase ou microestrutura desejada - É o mais importante porque é ele que efetivamente determinará a microestrutura, além da composição química do material Meios de Resfriamento Ambiente do forno (+ brando) Ar Banho de sais ou metal fundido (+ comum é o de Pb) Óleo Água Soluções aquosas de NaOH, Na2CO3 ou NaCl (+ severos) Solução de polímeros Atmosfera do Forno Evitar : Oxidação e Descarbonetação Reações de oxidação mais comuns: 2Fe+ O2 = 2FeO Fe+ CO2 = FeO + CO Fe+ H2O = FeO + H2 Reações de descarbonetação mais comuns: 2C+ O2 = 2CO C+ CO2 = 2CO C+ 2H2 = CH4 Redução do problema - Atmosfera protetora: nitrogênio e álcool Reações devidas a várias atmosferas utilizadas nos TT dos aços Reações devidas a várias atmosferas utilizadas nos TT dos aços Principais Tratamentos Térmicos Tempera e Revenido Esferoidização ou Coalescimento •Alívio de tensões •Recristalização •Homogeneização •Total ou Pleno •Isotérmico Solubilização e envelhecimento Normalização Tratamentos Térmicos Recozimento Tratamentos Térmicos Os aços são tratados para uma das finalidades abaixo: Amolecimento - (softening) O amolecimento é feito para redução da dureza, remoção de tensões residuais , melhoria da tenacidade, restauração da ductilidade, redução do tamanho do grão ou alteração das propriedades eletromagnéticas do aço. As principais formas de amolecimento do aço são: recozimento de recristalização, recozimento pleno, recozimento de esferoidização e normalização. Endurecimento – (hardening) O endurecimento dos aços é feito para aumentar a resistência mecânica, a resistência ao desgaste e a resistência à fadiga. O endurecimento é fortemente dependente do teor de carbono do aço. A presença de elementos de liga possibilita o endurecimento de peças de grandes dimensões, o que não seria possível quando do uso de aços comuns ao carbono. Os tratamentos de endurecimento são: têmpera, austêmpera, e martêmpera. Para aumentar a resistência ao desgaste é suficiente a realização de um endurecimento superficial (que também leva ao aumento da resistência a fadiga). Pode-se assim proceder a uma têmpera superficial ou a um tratamento termoquímico, que consiste na alteração da composição química da superfície pela difusão de elementos como carbono, nitrogênio e boro. Recozimento Objetivos: - Remoção de tensões internas devido aos tratamentos mecânicos (devidos aos processos de fundição e conformação mecânica a quente ou a frio) - Diminuir a dureza para melhorar a usinabilidade - Alterar as propriedades mecânicas como a resistência e ductilidade - Ajustar o tamanho de grão - Melhorar as propriedades elétricas e magnéticas - Produzir uma microestrutura definida Recozimento Para entender os passos do processo quatro conceitos devem ser conhecidos : trabalho a frio, recuperação, recristalização e crescimento de grão Recozimento Trabalho a frio Significa deformar um metal a temperaturas relativamente baixas. Exemplos são a laminação a frio de barras e chapas e a trefilação. A microestrutura trabalhada a frio mostra grãos altamente distorcidos, que são instáveis. Através do aquecimento pode-se promover a mobilidade dos átomos e tornar o material mais 'mole' com a formação da nova microestrutura. Recozimento Recuperação É o estágio mais sutil do recozimento. Não ocorre alteração significativa da microestrutura. Entretanto a mobilidade atômica permite a redução de defeitos pontuais e a movimentação das discordâncias para posições de menor energia. O resultado é uma discreta redução da dureza e um aumento considerável da condutividade elétrica. Recozimento Recristalização A temperatura onde a mobilidade permite alteração significativa das propriedades mecânicas situa-se entre 1/3 e ½ da temperatura de fusão Tf. O metal exposto a estas temperaturas sofre uma transformação microestrutural denominada recristalização. A redução de dureza no processo de recristalização é substancial. Recozimento Etapas: Recuperação Recristalização (alívio de tensões) Aumento do tamanho do grão TIPOS DE RECOZIMENTO Recozimento total ou pleno Recozimento para alívio de tensões Recozimento isotérmico ou cíclico Recozimento em caixa Recozimento total ou pleno As peças são aquecidas (acima da zona crítica), e mantidas nesta temperatura por uma hora ou mais. A seguir são resfriadas em velocidades de resfriamento muito lentas ou somente desligando-se o forno. Aços Hipoeutetóides Temp= ±50°C ,acima da zona crítica A3 Aços Hipereutetóides Temperatura ±50°C acima da zona crítica A1 Não ultrapassar a linha superior Acm, pois no resfriamento lento poderá formar invólucro contínuo e frágil de carbonetos. Obs:Comparando com a Normalização:Mesmo sendo resfriado ao ar não há formação de carbonetos, pois o resfriamento é mais rápido. Assim o aquecimento para a normalização dos aços hipereutetóides pode ser elevado a temperatura acima da linha Acm. Recozimento total ou pleno Obtém-se perlita grosseira = estrutura ideal para melhorar a usinabilidade dos aços de baixo e médio carbono. Aços de alto carbono= perlita grosseira é desvantajosa sobre o ponto de vista da usinabilidade, prefere-se a “esferoidita” obtida pelo coalescimento. Recozimento total ou pleno Microestruturas formada: Aços hipoeutetóides: perlita e ferrita Aços hipereutetóides: perlita e cementita Aços eutetóides: perlita Influência da temperatura: Inconveniente: tempos muito longos Recozimento isotérmico ou cíclico Aquecimento do aço em condições de recozimento total, seguido de um resfriamento rápido até temperatura situada dentro da porção superior do diagrama de transformação isotérmico, onde o material é mantido por tempo necessário para se produzir transformação completa. O resfriamento até a temperatura ambiente pode ser apressado. Isto é o ciclo pode ser encurtado. É muito prático em caso que se queira tirar vantagem do resfriamento rápido , como em peças relativamente pequenas Estruturas obtidas são as mesmas do recozimento pleno, mas são mais uniformes. RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES Objetivo Remoção de tensões internas originadas de processos (tratamentos mecânicos, estampagem, soldagem, corte, …). Estas tensões começam a ser aliviadas em temperatura acima da ambiente. Aquecimento Temperaturas abaixo do limite inferior da zona crítica. (Não deve ocorrer nenhuma transformação de fase). É aconselhável o aquecimento lento até pelo menos 500°C para melhores resultados. Resfriamento Deve-se evitar velocidades muito altas devido ao risco de distorções RECOZIMENTO PARA ALÍVIO DE TENSÕES DOS AÇOS Ou linha crítica 723 C Temperatura Abaixo da linha A1 em que ocorre nenhuma transformação (600-620oC) Recozimento em caixa Impedir que a camada superficial das peças seja afetada por oxidação Peças são colocadas no interior do forno, em recipientes vedados. Aquecimento lento e temperatura abaixo da zona crítica variando de 600 a 700°C. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE RECOZIMENTO NA RESIST. À TRAÇÃO E DUCTILIDADE Alívio de Tensões (Recuperação/Recovery) Esferoidização Aquecimento e resfriamento subseqüentes em condições tais de produzir uma forma globular ou esferoidal de carboneto no aço. Melhorar a usinabilidade do aço. Maneiras de produção: (a) aquecimento a uma temperatura logo acima da linha inferior de transformação, seguido de resfriamento lento. (b) aquecimento por tempo prolongado a uma temperatura logo abaixo da linha inferior de transformação, também chamado de recozimento subcrítico. (c) Aquecimento e resfriamento alternados entre temperaturas logo acima e abaixo da linha de transformação inferior. Coalescimento Tratamento capaz de produzir esferoidita. Dureza muito baixa, inferior a perlita grosseira. Facilita certas operações de deformação a frio e usinabilidade de aços com alto teor de carbono. É aplicado a aços hipereutetóides. As operações podem ser as seguintes: a) Aquecimento prolongado de aços normalizados ou laminados a uma temperatura logo abaixo da linha inferior da zona crítica A1. b) Aquecimento e resfriamento alternados entre temperaturas acima e abaixo de A1. Recozimento Total ou Pleno Isotérmico Alívio de tensões Recristalização Resfriamento Lento (dentro do forno) Temperatura Abaixo da linha A1 Não ocorre nenhuma transformação Resfriamento Deve-se evitar velocidades muito altas devido ao risco de distorções Temperatura Abaixo da linha A1 (600-620oC) - Resfriamento Lento (ao ar ou dentro do forno) **Elimina o encruamento gerado pelos processos de deformação à frio
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