Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DA TECNOLOGIA ASSISTIVA À ERGONOMIA ASSISTIVA: CUIDADO E ACESSIBILIDADE NA VELHICE Fernanda Benevides Zanela- Mestranda Roberto dos Santos Bartholo Junior – Dr. fernandazanela@hotmail.com Palavras-chave: adaptações; estratégia; idoso. Este trabalho procura discutir a importância de considerar as condições do idoso no ato de projetar, mas não somente do idoso saudável, como também do que apresenta algum tipo de comprometimento, aplicando ao caso específico dos pacientes idosos com demência e/ou outros transtornos mentais. Porém, o artigo levanta a questão da viabilidade do tratamento destes pacientes utilizando instrumentos de estímulo físico/cognitivo estar relacionada a uma estratégia que engloba não somente adaptações ergonômicas, como também uma conscientização e comprometimento não só do paciente, como da família e/ou cuidadores. Sendo estes fatores relacionados, complementares e de igual importância. Keywords: adjustments; strategy; elderly. This paper discusses the importance of considering the conditions of the elderly in the act of designing, not only the healthy elderly, but also one that has some type of disability, applying the special case of elderly patients with dementia and / or other mental disorders. However, the article raises the question of the feasibility of treating these patients using instruments for physical / cognitive stimulus be related to a strategy that encompasses not only ergonomic adjustments, but also an awareness and commitment from the patient, and also from the family and / or caregivers. These factors are related, complementary and of equal importance. 1. INTRODUÇÃO O visível envelhecimento populacional, fenômeno que apresenta-se de modo crescente em todo o mundo formando um novo cenário socioeconômico, produz reflexos em conceitos éticos, sociais e econômicos. Assim como, dentro deste novo desenho social, fica aumentada a necessidade de incluir melhor o idoso, sendo o mesmo um cidadão com demandas diferenciadas de um usuário padrão. Neste contexto, a ergonomia é um importante instrumento na vida do idoso, pois é uma ferramenta necessária na promoção da eficácia, conforto e economia de energia física nas atividades de vida diária desta parcela da população. Já que, na concepção de Vieira (1996) e Lopes (2000) velhice pode ser definida como um processo dinâmico e progressivo no qual ocorrem modificações, tanto morfológicas, funcionais e bioquímicas, como psicológicas, que determinam a progressiva perda das capacidades de adaptação do indivíduo ao meio ambiente. (NETTO, 2006). Ou seja, envelhecimento, mesmo na ausência de doenças, traz consigo uma variedade progressiva de mudanças no conjunto de habilidades do ser humano que envolve a percepção, sentidos, cognição e condição de rápida resposta em situações com as quais o indivíduo se depara. Sendo assim, o uso de equipamentos adaptados ao idoso possibilita a sua autonomia, preservando sua qualidade de vida e auto-estima. Sendo a ergonomia uma ciência multidisciplinar com a base formada por várias outras ciências como a antropometria e a biomecânica, que fornece as informações sobre as dimensões e os movimentos do corpo humano; a anatomia e a fisiologia aplicada, fornecendo os dados sobre a estrutura e o funcionamento do corpo humano; assim como a psicologia fornece parâmetros do comportamento humano. Podendo a ergonomia ser descrita como um estudo científico de adaptação dos instrumentos, condições e ambiente de trabalho as capacidades psicofisiológicas, antropométricas e biomecânicas do homem. Quando falamos no idoso, já prevemos uma série de adaptações ergonômicas devido às limitações próprias do envelhecimento. Porém quando vamos pensar no idoso com algum tipo de deficiência, então as limitações se agravam, se somam e precisam de atenção e cuidado de forma redobrada. Toda tipo de adaptação e atenção voltada para a realização de atividades de vida diária por qualquer tipo de idoso, deficiente ou não, tem como objetivo a otimização da sua qualidade de vida. Sendo a qualidade de vida considerada pela Organização Mundial de Saúde como o bem estar físico, mental e social completo e não se definindo pela ausência de doença (RIBEIRO,1994). Sendo possível e real pensar em melhoria de qualidade de vida para os idosos com qualquer tipo de deficiencia, seja ela física ou mental, assim como para seus familiares, e cuidadores. O presente artigo aborda a questão da gestão de um tipo de deficiência que ocorre em parte dos idosos: a demência e/ou outros transtornos mentais e suas demandas frente ao tratamento da doença, relacionando fatores ergonômicos, colaborativos e sociais igualmente necessários e complementares para o funcionamento harmônico do tramento. Sendo a demência uma doença crônico-degenerativa muito comum na velhice. Quanto mais avançada a idade, maior a porcentagem de idosos com demência, chegando a atingir até 3% dos idosos a partir dos 65 anos e 40% dos idosos acima dos 85 anos. Estimando-se que, no Brasil, a confusão mental atinge por volta de meio milhão de idosos. Sendo os principais sintomas da doença os déficits de memória, as alterações de comportamento e incapacidade para as atividades rotineiras. Ou seja, esses idosos fazem parte da população e precisam ser atendidos, buscando melhorar sua qualidade de vida, assim como dos que o cercam, como seus familiares e/ou cuidadores. 2. ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho procura demonstrar a importância de considerar o usuário alvo para quaquer tipo de projeto de produto ou serviço no ato de projetar, aplicando este conceito neste caso específico: o caso dos pacientes com demência e/ou outros transtornos mentais. Analisando a relação entre aspectos ergonômicos, colaborativos e sociais, buscando ilustrar que dentro de um projeto, todos estes aspectos são essenciais, funcionando com uma engrenagem de colaboração para um fim comum: o sucesso do tratamento de idosos com demência e/ou outros transtornos mentais. Essa pesquisa foi estruturada a partir de dados secundários e revisão bibliográfica. E a partir dos dados gerados por essas fontes somados a relatos de profissionais que trabalham com idosos com demência, foram traçadas duas linhas diferentes, mas que se relacionam e dependem uma da outra para existir de maneira plenamente ativa no tratamento destes pacientes: a adaptação ergonômica dos utensílios/equipamentos/material utilizado como estímulo físico e/ou cognitivo no tratamento para demência, assim como a conscientização e comprometimento por parte da familiares/cuidadores das práticas concebidas aplicadas no tratamento formando assim uma estratégia. Encaixando-se assim, no conceito de tecnologia assistiva, não só como produto, mas como serviço, estratégia ou forma de agir. O trabalho foi desenvolvido baseando-se no contexto do envelhecimento populacional, buscando promover uma reflexão da questão de uma maior inserção do idoso no ambiente onde vive, assim como usuário. Procurando levantar a questão da melhoria da qualidade de vida não somente tendo como foco o idoso saudável, mas também o idoso que apresenta algum tipo de compromentimento e que necessite de estímulo físico e/ou cognitivo, como é o caso dos pacientes idosos com demência e/ou outros transtornos mentais.Considerando que durante as últimas décadas, houve um aumento no número de casos de doenças crônico-degenerativas, devido ao envelhecimento da população mundial, passando a demência e outros transtornos mentais da velhice a serem, diante disto, importantes problemas de saúde pública. 3. A SITUAÇÃO PROBLEMA A situação problema se define pela perda progressiva de funções cognitivas de vida diária próprias do quadro demencial em idosos.Apesar dos déficits causados pela doença como as perdas de memória serem irreversíveis, faz parte do tratamento administrado aos idosos acometidos pela doença, o uso de jogos, instrumentos e material de estímulo físico e/ou cognitivo com objetivo de retardar ao máximo a progressão e avanço destas perdas de capacidade em tarefas habituais, como realizar higiene pessoal, capacidade de ler ou realizar atividades motoras básicas (como desabotoar uma camisa ou andar sozinho).Buscando conservar pelo maior tempo possível, através de estímulo, suas atividades normais de vida diária. Já que, mesmo sabendo-se que o resultado do tratamento para a demência não significa o total restabelecimento da capacidade funcional do paciente, são válidas iniciativas no sentido de proporcionar qualquer melhoria no desempenho de suas atividades de vida diária, buscando aumentar a autonomia e a independência deste paciente. O que irá gerar uma grande melhoria em sua qualidade de vida, assim como na qualidade de vida dos que o cercam no contexto da doença: familiares e/ou cuidadores. Tendo como objetivo o aumento da capacidade funcional residual nestes idosos acometidos por uma deficiência incapacitante. Porém, segundo Virgínia Maffioletti e Fortunée Nigri, psicóloga e terapeuta ocupacional, que fazem parte da equipe do Centro dia do Centro de pessoas com doença de alzheimer e outros transtornos mentais da velhice CDA/IPUB/UFRJ, administrando esta parte do tratamento, relatam que os produtos existentes no mercado que são utilizados no tratamento como jogos com figuras, identificação de letras, números e cores, cartelas de bingo ou jogos de memória, são feitos para crianças. E como tem como público alvo as crianças e não os idosos, os produtos não atendem aos requisitos básicos de se projetar para idosos, considerando suas limitações e restrições. Ou seja, as figuras são pequenas e com pouco contraste de cores, as cartelas são de material extremamente liso e os temas abordados nas cartelas e tabuleiros de jogos são temas infantis, por exemplo. Essas características dificultam uma boa evolução da aplicação do estímulo físico/cognitivo, porque ergonomicamente o idoso encontra barreiras que o dificultam ou até o impedem de participar de tais dinâmicas. Já que os idosos têm, em sua maioria, alguma limitação ou restrição inerente ao envelhecimento como déficits relativos à visão, audição, ou a sensibilidade/tato na palma das mãos. Já os temas abordados em jogos infantis, geram desinteresse e não estimulam os idosos a participarem das dinâmicas que geram estímulo cognitivo, causando prejuízo no tratamento. Desta forma, o profissional que trabalha com os idosos precisa utilizar jogos projetados para crianças realizando, ele mesmo, uma série de adaptações que permitam uma melhor interface com o paciente. 3.1. O papel da usabilidade no tratamento da demência e outros transtornos mentais da velhice No ato de projetar um equipamento/material/jogo que tem por objetivo estimular física e/ou cognitivamente idosos em diferentes estágios de demência, é válido levar em consideração que, de acordo com a International Organization for Standardization, se um produto é fácil de ser utilizado, o usuário tem maior produtividade: aprende mais rápido a usar, memoriza as operações e comete menos erros. Podendo a facilidade de usar um produto ser medida pela velocidade que a pessoa atinge na realização de uma tarefa, assim como pelo número de erros que ela comete, pelo tempo que ela leva para entender como o produto funciona ou pela satisfação ao usar o produto. Ou seja, uma otimização da usabilidade conduz a uma maior produtividade. E a busca por uma maior produtividade, nesse caso, significaria uma busca por um avanço no tratamento da doença. Ou seja, com instrumentos, equipamentos ou jogos de estímulo físico e/ou cognitivo mais simples de serem administrados, compreendidos ou, de fato, em condições de serem utilizados, por pacientes e cuidadores (que muitas vezes são os próprios familiares) existiria uma maior possibilidade de sucesso no que diz respeito ao papel desta etapa do tratamento frente aos efeitos da demência. 4. TECNOLOGIA ASSISTIVA: PRODUTOS, SERVIÇOS E ESTRATÉGIAS Tecnologia Assistiva é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e conseqüentemente promover vida independente e inclusão. (BERSCHI, 2008). Sendo esta tecnologia (assistiva) que torna possível o desempenho de tarefas por pessoas com qualquer tipo de deficiência ou limitação, sendo exemplos: talheres modificados, suportes para utensílios domésticos e roupas desenhadas para facilitar o ato de vestir. É definida pelos autores Cook e Hussey como “uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os problemas funcionais encontrados pelos indivíduos com deficiências”. (COOK; HUSSEY. 1995). A tecnologia assistiva não se restringe somente a produtos, instrumentos e equipamentos produzidos especialmente para pessoas com deficiência ou idosas buscando prevenir, compensar ou aliviar deficiências ou limitações melhorando a independência e qualidade de vida desses indivíduos. Mas também pode ser entendido como práticas utilizadas em forma de estratégias, contextos organizacionais, modos de agir ou serviços. Ou seja, “Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.”(CORDE – Comitê de Ajudas Técnicas). Desta forma, pode-se perceber que a iniciativa, a metodologia do tratamento e a ergonomia aplicada às condições próprias do idoso, no sentido de tornar possível, através de adaptações, a interface do idoso com o ambiente em que vive fazem parte de uma estratégia, o que está dentro do conceito de tecnologia assistiva. Tornando possível, através desta prática, realizar com maior facililidade tanto para os pacientes, profissionais e familiares (quando parte do tratamento é ministrado em casa) uma importante etapa do tratamento em pacientes idosos com demência. A RED, uma equipe interdisciplinar de designers, analistas políticos e cientistas sociais que colaboram com uma rede de especialistas líderes mundiais para resolver complexos problemas sociais e econômicos, desenvolvendo novas idéias e práticas sobre problemas sociais e econômicos através da inovação de design, está envolvida em projetos com foco na prevenção da saúde, gerenciamento de doenças crônicas e serviços de cuidados de saúde preventivos. A RED, trabalhando com o caso da diabetes, constatou que no ano de 2010, uma em cada dez pessoas tem diabetes e que em 2030, a incidência de doenças crônicas em pessoas com mais de 65 anos será mais que o dobro. Esta equipe acredita que somente melhorar os serviços existentes não é a resposta e que quando pensamos em abordagens preventivas para a saúde, elas significam mudanças radicais em nosso estilo de vida individual, como comer bem ou fazer mais exercício físico: fazendo a auto-gestão de doenças crônicas. Consideram que os hospitais e consultórios médicos não podem ser os únicos responsáveis por estas mudanças, sendo necessária a criação de serviços que motivem as pessoas na auto-gestão de suas vidas diárias. Isso representa uma espécie de conscientização da parte do paciente do seu tratamento, representando uma mudança no pensamento,aproximando os pacientes da saúde preventiva, e demonstrando como o projeto pode ser usado para colocar o pensamento centrado em colocar o “paciente em prática”. O processo de concepção desse programa começa a partir do ponto de vista do indivíduo, e não do sistema, usando técnicas de projeto de pesquisa para entender as necessidades e aspirações das pessoas. Pessoas, pacientes e trabalhadores da linha da frente colaboraram neste projeto, debatendo idéias, criticando conceitos e sugerindo melhorias. A equipe inclui as pessoas com diabetes e suas famílias, residentes, enfermeiros, médicos, nutricionistas, gestores de saúde, funcionários da prefeitura, psicólogos e cientistas. Ou seja, uma equipe interdiciplinar para gerir o “problema“ da diabetes. Sendo defendida uma mudança de ênfase para um sistema que permite a plena participação das pessoas na manutenção de sua própria saúde. Eles acreditam que o uso de cartões-agenda ou o blog do diabetes, permite que as pessoas definam suas próprias agendas e metas, e auto-avaliem seu progresso, criando um maior comprometimento na gestão da doença. 4.1. Atuação colaborativa do contexto do paciente idoso Não somente o paciente é abalado pela sua doença, mas toda rede de relações que ele estabelece, principalmente o ciclo familiar que precisa se adaptar a uma nova realidade. Sendo o doente crônico um ser humano inserido em grupos e que se relaciona. Segundo MESSA, “Além de fazer sentido para o paciente, a doença precisa ter um significado para toda a família, que precisa de uma reorganização para lidar com o novo evento. A doença é vivida de maneira coletiva, pelo grupo familiar, pois quando um membro adoece, toda sua rede de relações se altera. Sendo a família o grupo primário de inserção de um indivíduo, a tendência é que seja também afetada com a doença.” Ou seja, "A família deve ser mobilizada e incentivada a colaborar com o tratamento e o processo terapêutico, não de forma passiva, mas com atuação participativa e de colaboração”(GERALDES, 2006). Como muitos familiares sentem-se despreparados e com muitas dúvidas no cuidado de um parente com algum tipo de transtorno mental, a psicoeducação vem sendo implantada em diversas instituições. Procurando inteirar os membros da família dos tratamentos, das necessidades, capacidades de desenvolvimento e habilidades do paciente e convivência harmônica no contexto de transtornos mentais. Segundo a professora doutora em psiquiatria Juliana Yacubian, a eficácia da psicoeducação tem sido comprovada por rigorosas pesquisas que têm encontrado níveis de recaída menores em pacientes com transtornos mentais cujas famílias participam de intervenção psicoeducacional em relação àqueles que seguem apenas a conduta medicamentosa sem a intervenção familiar. No caso do paciente idoso com demência e/ou transtornos mentais, o comprometimento dele com o tratamento e auto-gestão está altamente relacionado com a colaboração do seu familiar e/ou cuidador, já que apresenta graus de comprometimento e dependência devido à doença. Daí, a importância da família e sua conscentização na importância de interação tanto do paciente com o tratamento, quanto do familiar/cuidador com o paciente em tratamento. De acordo com a RED, uma pessoa com diabetes gasta, em média, apenas três horas por ano com os médicos, mas milhares de horas de auto-gestão da sua condição. No caso da demência, a tendência é a mesma, o paciente passa muito mais tempo em casa do que na instituição. Desta forma, se o material de estímulo for apropriado e ergonomicamente projetado para o uso específico dos idosos demenciados, sem necessidade de adaptações “caseiras”, a auto-gestão da doença torna-se muito mais efetiva, intuitiva e simples. Pois, a equipe médica costuma adaptar esse material, mas os familiares/cuidadores não estão necessariamente preparados e gabaritados para julgar as adaptações necessárias, e assim, na prática, a tendência é deixarem de estimular os pacientes em casa: o que deixa de gerar grande progresso no tratamento. Ou seja, a auto-gestão de qualquer doença, e no caso em questão, do idoso demenciado e/ou outros transtornos mentais depende de uma série de fatores: sociais, colaborativos e ergonômicos, e necessita de um contexto de conscientização e colaboração tanto do paciente, quando da equipe médica e familiares/cuidadores. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base na análise da questão dos pacientes idosos com demência e/ou outros transtornos mentais expostos a tratamentos que façam uso de estímulos cognitivos ou físicos é possível destacar a existência de duas etapas: a de estruturar um tratamento e a de torna-lo viável, ou seja, tornar possível que o paciente possa, de fato, utilizar-se desse tratamento. Esta última etapa (que se refere à viabilidade) se subdivide em duas etapas: a de tornar ergonomicamente possível a interface do usuário em questão com os produtos ou serviços utilizados, considerando suas limitações e restrições; e a conscientização e comprometimento dos atores envolvidos na doença do paciente: próprio paciente, familiares/cuidadores e equipe médica. Já que, qualquer deficiência (seja ela física ou mental) em um indivíduo atinge não somente a ele, como os que o cercam. Segundo Bayle, a família pode ser entendida como um sistema no qual qualquer mudança em um dos membros provoca repercussões sobre todos os membros da célula familiar, já que o indivíduo existe num contexto. Ou seja, é preciso, principalmente no caso da demência, onde o indivíduo desenvolve um grau de dependência com o cuidador ou familiar, que o familiar e/ou cuidador acredite e se comprometa em todas as etapas do tratamento, fazendo parte e sendo personagem ativo na “auto-gestão da doença” do paciente. É importante frisar que em relação às duas etapas destacadas, não existe grau de importância. Ou seja, para que o tratamento seja viável e efetivo e apresente resultados satisfatórios é igualmente importante a conscientização dos atores envolvidos na doença do paciente enquanto “estratégia” do tratamento, e a adequação ergonômica dos instrumentos/equipamentos/materiais de forma que permita o uso pelos idosos, já que os mesmos não são um tipo de “paciente/usuário padrão”. Pois, antes de apresentarem as limitações inerentes a doença, apresentam as restrições próprias so envelhecimento, estabelecendo barreiras que precisam desaparecer, através de adaptações ergonômicas permitindo a plena utilização dos equipamentos de estímulo cognitivo e/ou físico pelo paciente idoso. Com esses dois fatores funcionando de forma harmoniosa em um tratamento estruturado, é aumentada a viabilidade de uma melhor gestão da demência e/ou outros transtornos mentais em idosos tanto por eles próprios, quanto por seus familiares e/ou cuidadores. Sendo o tratamento, desta forma, compreendido como uma estratégia que engloba sua idealização, a adaptação ergonômica dos produtos e/ou serviços viabilizando uma interface satisfatória com os pacientes, assim como um comprometimento e conscientização da família e/ou cuidadores na implementação e administração do tratamento, inclusive em casa. Considerando todos os fatores desta estratégia como complementares e em mesmo grau de importância. REFERÊNCIAS BAYLE, F. C. O demente, a família e as suas necessidades. http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v22n3/v22n3a22.pdf .Visitado em 3 defevereiro de 2010. BERSCHI, R. Introdução à tecnologia assistiva. Centro especializado em desenvolvimento infantil. Porto Alegre. 2008; COOK, A.M. & HUSSEY, S. M. Assistive Technologies: Principles and Practices. St.Louis, Missouri. Mosby - Year Book, Inc. 1995. Disponível em BERSCHI, R. Introdução à tecnologia assistiva. Centro especializadoem desenvolvimento infantil. Porto Alegre. 2008. http://www.assistiva.com.br/Introducao%20TA%20Rita%20 Bersch.pdf, visitado em data do e-mail da Rita de 2010; CORDE, Comitê de Ajudas Técnicas, ATA VII. Disponível em http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/comite_at.as p,visitado em março de 2008; GERALDES, Paulo Cesar. Bioética e Medicina - A autonomia na doença mental. Jornal do CREMERJ. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em http://www.cremerj.org.br/publicacoes/86.PDF; MESSA, Alcione Aparecida. O impacto da doença crônica na família. http://www.psicologia.org.br/internacional/pscl49.htm. Visitado em maio de 2010; NETTO, Francisco Luiz de Marchi. Aspectos biológicos e fsiológicos do envelhecimento humano e suas implicações na saúde do idoso. Goiânia, 2004. http://200.137.221.132/index.php/fef/article/view/67/6, visitado em 13 de dezembro de 2009; RIBEIRO, Liliane da Consolação Campos; ALVES, Pâmela Braga; MEIRA, Elda Patrícia de. Percepção dos idosos sobre as alterações fisiológicas do envelhecimento. Minas Gerais, 2009 . Disponível em http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/articl e/viewArticle/8202. Visitado em 13 de dezembro de 2009; RED Design Council. Disponível em http://www.designcouncil.info/mt/RED/health/. Visitado em março de 2010; Usabililidade. http://pt.wikipedia.org/wiki/Usabilidade, visitado em 11 de maio de 2009. YACUBIAN, Juliana. Grupos Psicoeducacionais para familiares. 2009. Disponível em http://www.abrata.org.br/site/artigos/artigos.asp?vLink=artig os&artigoId=12. Visitado em maio de 2010. Minha preferência, quanto à forma de apresentação do presente trabalho é sob a forma de pôster.
Compartilhar