Buscar

Ergonomia e tecnologias assistivas: cuidado e acessibilidade na velhice

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

DA TECNOLOGIA ASSISTIVA À ERGONOMIA ASSISTIVA: CUIDADO E ACESSIBILIDADE 
NA VELHICE 
 
Fernanda Benevides Zanela- Mestranda 
Roberto dos Santos Bartholo Junior – Dr. 
fernandazanela@hotmail.com 
 
Palavras-chave: adaptações; estratégia; idoso. 
 
Este trabalho procura discutir a importância de considerar as condições do idoso no ato de projetar, mas não 
somente do idoso saudável, como também do que apresenta algum tipo de comprometimento, aplicando ao 
caso específico dos pacientes idosos com demência e/ou outros transtornos mentais. Porém, o artigo levanta a 
questão da viabilidade do tratamento destes pacientes utilizando instrumentos de estímulo físico/cognitivo estar 
relacionada a uma estratégia que engloba não somente adaptações ergonômicas, como também uma 
conscientização e comprometimento não só do paciente, como da família e/ou cuidadores. Sendo estes fatores 
relacionados, complementares e de igual importância. 
 
 Keywords: adjustments; strategy; elderly. 
 
This paper discusses the importance of considering the conditions of the elderly in the act of designing, not 
only the healthy elderly, but also one that has some type of disability, applying the special case of elderly 
patients with dementia and / or other mental disorders. However, the article raises the question of the 
feasibility of treating these patients using instruments for physical / cognitive stimulus be related to a strategy 
that encompasses not only ergonomic adjustments, but also an awareness and commitment from the patient, 
and also from the family and / or caregivers. These factors are related, complementary and of equal 
importance. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
O visível envelhecimento populacional, fenômeno que 
apresenta-se de modo crescente em todo o mundo 
formando um novo cenário socioeconômico, produz 
reflexos em conceitos éticos, sociais e econômicos. 
Assim como, dentro deste novo desenho social, fica 
aumentada a necessidade de incluir melhor o idoso, 
sendo o mesmo um cidadão com demandas 
diferenciadas de um usuário padrão. Neste contexto, a 
ergonomia é um importante instrumento na vida do 
idoso, pois é uma ferramenta necessária na promoção 
da eficácia, conforto e economia de energia física nas 
atividades de vida diária desta parcela da população. Já 
que, na concepção de Vieira (1996) e Lopes (2000) 
velhice pode ser definida como um processo dinâmico 
e progressivo no qual ocorrem modificações, tanto 
morfológicas, funcionais e bioquímicas, como 
psicológicas, que determinam a progressiva perda das 
capacidades de adaptação do indivíduo ao meio 
ambiente. (NETTO, 2006). Ou seja, envelhecimento, 
mesmo na ausência de doenças, traz consigo uma 
variedade progressiva de mudanças no conjunto de 
habilidades do ser humano que envolve a percepção, 
sentidos, cognição e condição de rápida resposta em 
situações com as quais o indivíduo se depara. Sendo 
assim, o uso de equipamentos adaptados ao idoso 
possibilita a sua autonomia, preservando sua qualidade 
de vida e auto-estima. Sendo a ergonomia uma ciência 
multidisciplinar com a base formada por várias outras 
ciências como a antropometria e a biomecânica, que 
fornece as informações sobre as dimensões e os 
movimentos do corpo humano; a anatomia e a 
fisiologia aplicada, fornecendo os dados sobre a 
estrutura e o funcionamento do corpo humano; assim 
como a psicologia fornece parâmetros do 
comportamento humano. Podendo a ergonomia ser 
descrita como um estudo científico de adaptação dos 
instrumentos, condições e ambiente de trabalho as 
capacidades psicofisiológicas, antropométricas e 
biomecânicas do homem. 
 
Quando falamos no idoso, já prevemos uma série de 
adaptações ergonômicas devido às limitações próprias 
do envelhecimento. Porém quando vamos pensar no 
idoso com algum tipo de deficiência, então as 
limitações se agravam, se somam e precisam de atenção 
e cuidado de forma redobrada. Toda tipo de adaptação 
e atenção voltada para a realização de atividades de 
vida diária por qualquer tipo de idoso, deficiente ou 
não, tem como objetivo a otimização da sua qualidade 
de vida. Sendo a qualidade de vida considerada pela 
Organização Mundial de Saúde como o bem estar 
físico, mental e social completo e não se definindo pela 
ausência de doença (RIBEIRO,1994). Sendo possível e 
real pensar em melhoria de qualidade de vida para os 
idosos com qualquer tipo de deficiencia, seja ela física 
ou mental, assim como para seus familiares, e 
cuidadores. 
 
O presente artigo aborda a questão da gestão de um tipo 
de deficiência que ocorre em parte dos idosos: a 
demência e/ou outros transtornos mentais e suas 
demandas frente ao tratamento da doença, relacionando 
fatores ergonômicos, colaborativos e sociais igualmente 
necessários e complementares para o funcionamento 
harmônico do tramento. Sendo a demência uma doença 
crônico-degenerativa muito comum na velhice. Quanto 
mais avançada a idade, maior a porcentagem de idosos 
com demência, chegando a atingir até 3% dos idosos a 
partir dos 65 anos e 40% dos idosos acima dos 85 anos. 
Estimando-se que, no Brasil, a confusão mental atinge 
por volta de meio milhão de idosos. Sendo os principais 
sintomas da doença os déficits de memória, as 
alterações de comportamento e incapacidade para as 
atividades rotineiras. Ou seja, esses idosos fazem parte 
da população e precisam ser atendidos, buscando 
melhorar sua qualidade de vida, assim como dos que o 
cercam, como seus familiares e/ou cuidadores. 
 
2. ESTRUTURA DO TRABALHO 
 
Este trabalho procura demonstrar a importância de 
considerar o usuário alvo para quaquer tipo de projeto 
de produto ou serviço no ato de projetar, aplicando este 
conceito neste caso específico: o caso dos pacientes 
com demência e/ou outros transtornos mentais. 
Analisando a relação entre aspectos ergonômicos, 
colaborativos e sociais, buscando ilustrar que dentro de 
um projeto, todos estes aspectos são essenciais, 
funcionando com uma engrenagem de colaboração para 
um fim comum: o sucesso do tratamento de idosos com 
demência e/ou outros transtornos mentais. 
 
Essa pesquisa foi estruturada a partir de dados 
secundários e revisão bibliográfica. E a partir dos dados 
gerados por essas fontes somados a relatos de 
profissionais que trabalham com idosos com demência, 
foram traçadas duas linhas diferentes, mas que se 
relacionam e dependem uma da outra para existir de 
maneira plenamente ativa no tratamento destes 
pacientes: a adaptação ergonômica dos 
utensílios/equipamentos/material utilizado como 
estímulo físico e/ou cognitivo no tratamento para 
demência, assim como a conscientização e 
comprometimento por parte da familiares/cuidadores 
das práticas concebidas aplicadas no tratamento 
formando assim uma estratégia. Encaixando-se assim, 
no conceito de tecnologia assistiva, não só como 
produto, mas como serviço, estratégia ou forma de agir. 
O trabalho foi desenvolvido baseando-se no contexto 
do envelhecimento populacional, buscando promover 
uma reflexão da questão de uma maior inserção do 
idoso no ambiente onde vive, assim como usuário. 
Procurando levantar a questão da melhoria da qualidade 
de vida não somente tendo como foco o idoso saudável, 
mas também o idoso que apresenta algum tipo de 
compromentimento e que necessite de estímulo físico 
e/ou cognitivo, como é o caso dos pacientes idosos com 
demência e/ou outros transtornos mentais.Considerando 
que durante as últimas décadas, houve um aumento no 
número de casos de doenças crônico-degenerativas, 
devido ao envelhecimento da população mundial, 
passando a demência e outros transtornos mentais da 
velhice a serem, diante disto, importantes problemas de 
saúde pública. 
 
3. A SITUAÇÃO PROBLEMA 
 
A situação problema se define pela perda progressiva 
de funções cognitivas de vida diária próprias do quadro 
demencial em idosos.Apesar dos déficits causados pela 
doença como as perdas de memória serem irreversíveis, 
faz parte do tratamento administrado aos idosos 
acometidos pela doença, o uso de jogos, instrumentos e 
material de estímulo físico e/ou cognitivo com objetivo 
de retardar ao máximo a progressão e avanço destas 
perdas de capacidade em tarefas habituais, como 
realizar higiene pessoal, capacidade de ler ou realizar 
atividades motoras básicas (como desabotoar uma 
camisa ou andar sozinho).Buscando conservar pelo 
maior tempo possível, através de estímulo, suas 
atividades normais de vida diária. Já que, mesmo 
sabendo-se que o resultado do tratamento para a 
demência não significa o total restabelecimento da 
capacidade funcional do paciente, são válidas 
iniciativas no sentido de proporcionar qualquer 
melhoria no desempenho de suas atividades de vida 
diária, buscando aumentar a autonomia e a 
independência deste paciente. O que irá gerar uma 
grande melhoria em sua qualidade de vida, assim como 
na qualidade de vida dos que o cercam no contexto da 
doença: familiares e/ou cuidadores. Tendo como 
objetivo o aumento da capacidade funcional residual 
nestes idosos acometidos por uma deficiência 
incapacitante. 
 
Porém, segundo Virgínia Maffioletti e Fortunée Nigri, 
psicóloga e terapeuta ocupacional, que fazem parte da 
equipe do Centro dia do Centro de pessoas com doença 
de alzheimer e outros transtornos mentais da velhice 
CDA/IPUB/UFRJ, administrando esta parte do 
tratamento, relatam que os produtos existentes no 
mercado que são utilizados no tratamento como jogos 
com figuras, identificação de letras, números e cores, 
cartelas de bingo ou jogos de memória, são feitos para 
crianças. E como tem como público alvo as crianças e 
não os idosos, os produtos não atendem aos requisitos 
básicos de se projetar para idosos, considerando suas 
limitações e restrições. Ou seja, as figuras são pequenas 
e com pouco contraste de cores, as cartelas são de 
material extremamente liso e os temas abordados nas 
cartelas e tabuleiros de jogos são temas infantis, por 
exemplo. Essas características dificultam uma boa 
evolução da aplicação do estímulo físico/cognitivo, 
porque ergonomicamente o idoso encontra barreiras 
que o dificultam ou até o impedem de participar de tais 
dinâmicas. Já que os idosos têm, em sua maioria, 
alguma limitação ou restrição inerente ao 
envelhecimento como déficits relativos à visão, 
audição, ou a sensibilidade/tato na palma das mãos. Já 
os temas abordados em jogos infantis, geram 
desinteresse e não estimulam os idosos a participarem 
das dinâmicas que geram estímulo cognitivo, causando 
prejuízo no tratamento. Desta forma, o profissional que 
trabalha com os idosos precisa utilizar jogos projetados 
para crianças realizando, ele mesmo, uma série de 
adaptações que permitam uma melhor interface com o 
paciente. 
 
3.1. O papel da usabilidade no tratamento da 
demência e outros transtornos mentais da velhice 
 
No ato de projetar um equipamento/material/jogo que 
tem por objetivo estimular física e/ou cognitivamente 
idosos em diferentes estágios de demência, é válido 
levar em consideração que, de acordo com a 
International Organization for Standardization, se um 
produto é fácil de ser utilizado, o usuário tem maior 
produtividade: aprende mais rápido a usar, memoriza as 
operações e comete menos erros. Podendo a facilidade 
de usar um produto ser medida pela velocidade que a 
pessoa atinge na realização de uma tarefa, assim como 
pelo número de erros que ela comete, pelo tempo que 
ela leva para entender como o produto funciona ou pela 
satisfação ao usar o produto. Ou seja, uma otimização 
da usabilidade conduz a uma maior produtividade. E a 
busca por uma maior produtividade, nesse caso, 
significaria uma busca por um avanço no tratamento da 
doença. Ou seja, com instrumentos, equipamentos ou 
jogos de estímulo físico e/ou cognitivo mais simples de 
serem administrados, compreendidos ou, de fato, em 
condições de serem utilizados, por pacientes e 
cuidadores (que muitas vezes são os próprios 
familiares) existiria uma maior possibilidade de sucesso 
no que diz respeito ao papel desta etapa do tratamento 
frente aos efeitos da demência. 
 
4. TECNOLOGIA ASSISTIVA: PRODUTOS, 
SERVIÇOS E ESTRATÉGIAS 
 
Tecnologia Assistiva é um termo ainda novo, utilizado 
para identificar todo o arsenal de recursos e serviços 
que contribuem para proporcionar ou ampliar 
habilidades funcionais de pessoas com deficiência e 
conseqüentemente promover vida independente e 
inclusão. (BERSCHI, 2008). Sendo esta tecnologia 
(assistiva) que torna possível o desempenho de tarefas 
por pessoas com qualquer tipo de deficiência ou 
limitação, sendo exemplos: talheres modificados, 
suportes para utensílios domésticos e roupas 
desenhadas para facilitar o ato de vestir. É definida 
pelos autores Cook e Hussey como “uma ampla gama 
de equipamentos, serviços, estratégias e práticas 
concebidas e aplicadas para minorar os problemas 
funcionais encontrados pelos indivíduos com 
deficiências”. (COOK; HUSSEY. 1995). A tecnologia 
assistiva não se restringe somente a produtos, 
instrumentos e equipamentos produzidos especialmente 
para pessoas com deficiência ou idosas buscando 
prevenir, compensar ou aliviar deficiências ou 
limitações melhorando a independência e qualidade de 
vida desses indivíduos. Mas também pode ser 
entendido como práticas utilizadas em forma de 
estratégias, contextos organizacionais, modos de agir 
ou serviços. Ou seja, “Tecnologia Assistiva é uma área 
do conhecimento, de característica interdisciplinar, que 
engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, 
práticas e serviços que objetivam promover a 
funcionalidade, relacionada à atividade e participação, 
de pessoas com deficiência, incapacidades ou 
mobilidade reduzida, visando sua autonomia, 
independência, qualidade de vida e inclusão 
social.”(CORDE – Comitê de Ajudas Técnicas). 
 
Desta forma, pode-se perceber que a iniciativa, a 
metodologia do tratamento e a ergonomia aplicada às 
condições próprias do idoso, no sentido de tornar 
possível, através de adaptações, a interface do idoso 
com o ambiente em que vive fazem parte de uma 
estratégia, o que está dentro do conceito de tecnologia 
assistiva. Tornando possível, através desta prática, 
realizar com maior facililidade tanto para os pacientes, 
profissionais e familiares (quando parte do tratamento é 
ministrado em casa) uma importante etapa do 
tratamento em pacientes idosos com demência. 
 
A RED, uma equipe interdisciplinar de designers, 
analistas políticos e cientistas sociais que colaboram 
com uma rede de especialistas líderes mundiais para 
resolver complexos problemas sociais e econômicos, 
desenvolvendo novas idéias e práticas sobre problemas 
sociais e econômicos através da inovação de design, 
está envolvida em projetos com foco na prevenção da 
saúde, gerenciamento de doenças crônicas e serviços de 
cuidados de saúde preventivos. A RED, trabalhando 
com o caso da diabetes, constatou que no ano de 2010, 
uma em cada dez pessoas tem diabetes e que em 2030, 
a incidência de doenças crônicas em pessoas com mais 
de 65 anos será mais que o dobro. Esta equipe acredita 
que somente melhorar os serviços existentes não é a 
resposta e que quando pensamos em abordagens 
preventivas para a saúde, elas significam mudanças 
radicais em nosso estilo de vida individual, como 
comer bem ou fazer mais exercício físico: fazendo a 
auto-gestão de doenças crônicas. Consideram que os 
hospitais e consultórios médicos não podem ser os 
únicos responsáveis por estas mudanças, sendo 
necessária a criação de serviços que motivem as 
pessoas na auto-gestão de suas vidas diárias. Isso 
representa uma espécie de conscientização da parte do 
paciente do seu tratamento, representando uma 
mudança no pensamento,aproximando os pacientes da 
saúde preventiva, e demonstrando como o projeto pode 
ser usado para colocar o pensamento centrado em 
colocar o “paciente em prática”. O processo de 
concepção desse programa começa a partir do ponto de 
vista do indivíduo, e não do sistema, usando técnicas de 
projeto de pesquisa para entender as necessidades e 
aspirações das pessoas. Pessoas, pacientes e 
trabalhadores da linha da frente colaboraram neste 
projeto, debatendo idéias, criticando conceitos e 
sugerindo melhorias. A equipe inclui as pessoas com 
diabetes e suas famílias, residentes, enfermeiros, 
médicos, nutricionistas, gestores de saúde, funcionários 
da prefeitura, psicólogos e cientistas. Ou seja, uma 
equipe interdiciplinar para gerir o “problema“ da 
diabetes. Sendo defendida uma mudança de ênfase para 
um sistema que permite a plena participação das 
pessoas na manutenção de sua própria saúde. Eles 
acreditam que o uso de cartões-agenda ou o blog do 
diabetes, permite que as pessoas definam suas próprias 
agendas e metas, e auto-avaliem seu progresso, criando 
um maior comprometimento na gestão da doença. 
 
4.1. Atuação colaborativa do contexto do paciente 
idoso 
 
Não somente o paciente é abalado pela sua doença, mas 
toda rede de relações que ele estabelece, principalmente 
o ciclo familiar que precisa se adaptar a uma nova 
realidade. Sendo o doente crônico um ser humano 
inserido em grupos e que se relaciona. Segundo 
MESSA, “Além de fazer sentido para o paciente, a 
doença precisa ter um significado para toda a família, 
que precisa de uma reorganização para lidar com o 
novo evento. A doença é vivida de maneira coletiva, 
pelo grupo familiar, pois quando um membro adoece, 
toda sua rede de relações se altera. Sendo a família o 
grupo primário de inserção de um indivíduo, a 
tendência é que seja também afetada com a doença.” 
Ou seja, "A família deve ser mobilizada e incentivada a 
colaborar com o tratamento e o processo terapêutico, 
não de forma passiva, mas com atuação participativa e 
de colaboração”(GERALDES, 2006). Como muitos 
familiares sentem-se despreparados e com muitas 
dúvidas no cuidado de um parente com algum tipo de 
transtorno mental, a psicoeducação vem sendo 
implantada em diversas instituições. Procurando 
inteirar os membros da família dos tratamentos, das 
necessidades, capacidades de desenvolvimento e 
habilidades do paciente e convivência harmônica no 
contexto de transtornos mentais. Segundo a professora 
doutora em psiquiatria Juliana Yacubian, a eficácia da 
psicoeducação tem sido comprovada por rigorosas 
pesquisas que têm encontrado níveis de recaída 
menores em pacientes com transtornos mentais cujas 
famílias participam de intervenção psicoeducacional 
em relação àqueles que seguem apenas a conduta 
medicamentosa sem a intervenção familiar. 
 
No caso do paciente idoso com demência e/ou 
transtornos mentais, o comprometimento dele com o 
tratamento e auto-gestão está altamente relacionado 
com a colaboração do seu familiar e/ou cuidador, já que 
apresenta graus de comprometimento e dependência 
devido à doença. Daí, a importância da família e sua 
conscentização na importância de interação tanto do 
paciente com o tratamento, quanto do familiar/cuidador 
com o paciente em tratamento. De acordo com a RED, 
uma pessoa com diabetes gasta, em média, apenas três 
horas por ano com os médicos, mas milhares de horas 
de auto-gestão da sua condição. No caso da demência, a 
tendência é a mesma, o paciente passa muito mais 
tempo em casa do que na instituição. Desta forma, se o 
material de estímulo for apropriado e ergonomicamente 
projetado para o uso específico dos idosos 
demenciados, sem necessidade de adaptações 
“caseiras”, a auto-gestão da doença torna-se muito mais 
efetiva, intuitiva e simples. Pois, a equipe médica 
costuma adaptar esse material, mas os 
familiares/cuidadores não estão necessariamente 
preparados e gabaritados para julgar as adaptações 
necessárias, e assim, na prática, a tendência é deixarem 
de estimular os pacientes em casa: o que deixa de gerar 
grande progresso no tratamento. Ou seja, a auto-gestão 
de qualquer doença, e no caso em questão, do idoso 
demenciado e/ou outros transtornos mentais depende de 
uma série de fatores: sociais, colaborativos e 
ergonômicos, e necessita de um contexto de 
conscientização e colaboração tanto do paciente, 
quando da equipe médica e familiares/cuidadores. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Com base na análise da questão dos pacientes idosos 
com demência e/ou outros transtornos mentais expostos 
a tratamentos que façam uso de estímulos cognitivos ou 
físicos é possível destacar a existência de duas etapas: a 
de estruturar um tratamento e a de torna-lo viável, ou 
seja, tornar possível que o paciente possa, de fato, 
utilizar-se desse tratamento. Esta última etapa (que se 
refere à viabilidade) se subdivide em duas etapas: a de 
tornar ergonomicamente possível a interface do usuário 
em questão com os produtos ou serviços utilizados, 
considerando suas limitações e restrições; e a 
conscientização e comprometimento dos atores 
envolvidos na doença do paciente: próprio paciente, 
familiares/cuidadores e equipe médica. Já que, qualquer 
deficiência (seja ela física ou mental) em um indivíduo 
atinge não somente a ele, como os que o cercam. 
Segundo Bayle, a família pode ser entendida como um 
sistema no qual qualquer mudança em um dos 
membros provoca repercussões sobre todos os 
membros da célula familiar, já que o indivíduo existe 
num contexto. Ou seja, é preciso, principalmente no 
caso da demência, onde o indivíduo desenvolve um 
grau de dependência com o cuidador ou familiar, que o 
familiar e/ou cuidador acredite e se comprometa em 
todas as etapas do tratamento, fazendo parte e sendo 
personagem ativo na “auto-gestão da doença” do 
paciente. 
 
É importante frisar que em relação às duas etapas 
destacadas, não existe grau de importância. Ou seja, 
para que o tratamento seja viável e efetivo e apresente 
resultados satisfatórios é igualmente importante a 
conscientização dos atores envolvidos na doença do 
paciente enquanto “estratégia” do tratamento, e a 
adequação ergonômica dos 
instrumentos/equipamentos/materiais de forma que 
permita o uso pelos idosos, já que os mesmos não são 
um tipo de “paciente/usuário padrão”. Pois, antes de 
apresentarem as limitações inerentes a doença, 
apresentam as restrições próprias so envelhecimento, 
estabelecendo barreiras que precisam desaparecer, 
através de adaptações ergonômicas permitindo a plena 
utilização dos equipamentos de estímulo cognitivo e/ou 
físico pelo paciente idoso. Com esses dois fatores 
funcionando de forma harmoniosa em um tratamento 
estruturado, é aumentada a viabilidade de uma melhor 
gestão da demência e/ou outros transtornos mentais em 
idosos tanto por eles próprios, quanto por seus 
familiares e/ou cuidadores. Sendo o tratamento, desta 
forma, compreendido como uma estratégia que engloba 
sua idealização, a adaptação ergonômica dos produtos 
e/ou serviços viabilizando uma interface satisfatória 
com os pacientes, assim como um comprometimento e 
conscientização da família e/ou cuidadores na 
implementação e administração do tratamento, 
inclusive em casa. Considerando todos os fatores desta 
estratégia como complementares e em mesmo grau de 
importância. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BAYLE, F. C. O demente, a família e as suas 
necessidades. 
http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v22n3/v22n3a22.pdf
.Visitado em 3 defevereiro de 2010. 
BERSCHI, R. Introdução à tecnologia assistiva. 
Centro especializado em desenvolvimento infantil. Porto 
Alegre. 2008; 
COOK, A.M. & HUSSEY, S. M. Assistive 
Technologies: Principles and Practices. St.Louis, Missouri. 
Mosby - Year Book, Inc. 1995. Disponível em BERSCHI, R. 
Introdução à tecnologia assistiva. Centro especializadoem 
desenvolvimento infantil. Porto Alegre. 2008. 
http://www.assistiva.com.br/Introducao%20TA%20Rita%20
Bersch.pdf, visitado em data do e-mail da Rita de 2010; 
CORDE, Comitê de Ajudas Técnicas, ATA VII. 
Disponível em 
http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/comite_at.as
p,visitado em março de 2008; 
GERALDES, Paulo Cesar. Bioética e Medicina - A 
autonomia na doença mental. Jornal do CREMERJ. Rio de 
Janeiro, 2006. Disponível em 
http://www.cremerj.org.br/publicacoes/86.PDF; 
MESSA, Alcione Aparecida. O impacto da doença 
crônica na família. 
http://www.psicologia.org.br/internacional/pscl49.htm. 
Visitado em maio de 2010; 
NETTO, Francisco Luiz de Marchi. Aspectos 
biológicos e fsiológicos do envelhecimento humano e suas 
implicações na saúde do idoso. Goiânia, 2004. 
http://200.137.221.132/index.php/fef/article/view/67/6, 
visitado em 13 de dezembro de 2009; 
RIBEIRO, Liliane da Consolação Campos; ALVES, 
Pâmela Braga; MEIRA, Elda Patrícia de. Percepção dos 
idosos sobre as alterações fisiológicas do envelhecimento. 
Minas Gerais, 2009 . Disponível em 
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/articl
e/viewArticle/8202. Visitado em 13 de dezembro de 2009; 
RED Design Council. Disponível em 
http://www.designcouncil.info/mt/RED/health/. Visitado em 
março de 2010; 
Usabililidade. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Usabilidade, visitado em 11 de 
maio de 2009. 
YACUBIAN, Juliana. Grupos Psicoeducacionais 
para familiares. 2009. Disponível em 
http://www.abrata.org.br/site/artigos/artigos.asp?vLink=artig
os&artigoId=12. Visitado em maio de 2010. 
 
Minha preferência, quanto à forma de apresentação do 
presente trabalho é sob a forma de pôster.

Outros materiais