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Teorias de investimento e os impactos do ajuste fiscal na economia brasileira

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Teorias de investimento e os impactos do ajuste fiscal na economia brasileira
Isaque Rodrigues Lopes
Teorias de investimento
 O Modelo Keynesiano (1936)
Keynes, na sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, defende que a tomada de decisão, sobre investir ou não, é feita comparando a eficiência marginal do capital (taxa de retorno do investimento) e o custo de oportunidade do capital (taxa de juros) e que o capitalista deveria criar uma expectativa da demanda futura e incerta do mercado.
A importância das expectativas decorre da temporalidade entre o processo de tomada de decisão e a concretização do retorno do investimento. O investimento é uma tomada de decisão em condições de incerteza e expectativa futuras sobre a eficiência marginal do capital e os seus custos de oportunidade. Outrossim, para Keynes, a decisão de investir é independente na economia.
1.2 Modelo do Acelerador dos investimentos
O modelo do acelerador dos investimentos demonstra que o investimento é uma proporção linear das variações no produto. Caso haja, um aumento na razão capital/produto, o aumento no investimento estaria relacionado com um certo nível de crescimento do produto, mantendo-se sempre a mesma proporção (constante).
Matematicamente, temos que:
 ; (razão capital/produto), supostamente constante;
 K* = Y ; K* (estoque de capital desejado), assumimos relação estável com Y;
 ;
	No entanto, este modelo não considera as defasagens entre a tomada de decisão e implementação do investimento privado e ignora o fato de que a quantidade de investimento corrente somente ajusta uma parte do estoque de capital atual a seu nível desejado e portanto, o nível de capital atual depende do nível de capital no período anterior.
1.3 Pequena descrição da Teoria Neoclássica
Para os teóricos neoclássicos, o estoque de capital desejado é dependente do nível de produto e do custo de utilização do capital. O custo de utilização do capital é determinado pelo preço dos bens de capital, pela taxa real de juros e pela depreciação.
1.4 Teoria q (1969)
	Elaborada por James Tobin, esta teoria defende que os investimentos devem ser funções crescentes da razão entre o valor da firma e o custo de compra dos equipamentos e estruturas nos seus respectivos mercados. Para Tobin, esta razão representa a relação entre um incremento no valor da firma, resultante de uma unidade adicional de capital instalada e seu custo de reposição. 
Quando o valor da firma é maior do que o custo de reposição, as firmas desejarão aumentar o estoque de capital e quando o valor da firma for menor do que o custo de reposição, as firmas desejarão diminuir seus estoques de capital. Dada a dificuldade de mensurar o “q marginal”, utiliza-se o valor do capital já instalado (“q médio”) e seu custo de reposição.
 Investimento Público e Investimento Privado
No Brasil, assim como em outros países em desenvolvimento, o Estado assume uma função significativa na formação bruta de capital agregado. O investimento público em capital fixo pode exercer um papel de complementaridade ou de substituição em relação ao investimento privado. 
Um certo aumento no nível do investimento público que aumente a qualidade no sistema de serviços e melhorias na infraestrutura, é capaz de promover um aumento na produtividade geral da economia. Além disso, o investimento público também pode aumentar a demanda por insumos e serviços do setor privado, atuando como um complementar ao investimento privado.
É importante ressaltar que se a política fiscal for expansionista e gerar déficits, isso pode acabar reduzindo o investimento privado. Tanto por causa de um aumento na taxa de juros (que desestimula o investimento privado), quanto por causa de uma menor disponibilidade de crédito ou até por que a formação de capital por parte do governo esteja produzindo bens que competem com aqueles que são produzidos pelo setor privado.
É valido avaliar, sempre, se o investimento público tenha efeitos positivos que pelo menos compensem os efeitos negativos.
Os impactos do ajuste fiscal no investimento privado, no emprego e na inflação
De forma simplificada, o ajuste fiscal tem o objetivo de aumentar o saldo das contas do governo, diminuindo os gastos e/ou aumentando as receitas. Isso por que muitos agentes do mercado, como o FMI e outras agências de rating, analisam os saldos das contas do governo para avaliar sua situação financeira, o que influencia a tomada de decisão dos investidores sobre investir ou não no país.
As possíveis consequências que estimulam um ajuste fiscal de um país são:
Reduz a desconfiança dos credores sobre a capacidade do governo em honrar a dívida, evitando assim a perda do grau de investimento e um possível aumento da taxa de juros sobre a dívida do governo e das empresas do país;
Controla a demanda agregada e as expectativas de inflação e a própria inflação;
Estimula o investimento privado após o controle de preços, o aumento da poupança pública e o restabelecimento da confiança do mercado em relação às finanças públicas;
Se o Governo investisse onde o investimento privado não é suficiente (infraestrutura), geraria emprego, renda e consumidores. Isso estimularia expectativas de lucro e investimento, por causa dos ganhos de produtividade pela redução de custos de produção e ganhos de escala.
Atualmente, no Brasil a relação dívida/PIB está crescendo, o que afeta negativamente na decisão do investidor privado, fazendo-se necessário um acerto fiscal. 
Sobre a inflação, a diminuição dos gastos públicos, ajuda no controle, porém com aumento dos níveis de desemprego e recessão, inibindo o investimento privado. O ajuste fiscal que tenha o objetivo de controlar a inflação e a dívida/PIB tem melhores resultados se feito sobre aumento da receita ao invés de cortar investimento público, quando o país mostra uma renda concentrada.
Os mais ricos consomem proporcionalmente mais, do que os mais pobres, ou seja consomem uma parcela menor de sua renda que os mais pobres. Então taxar aqueles e distribuir a renda a estes, amplia o consumo e seu efeito acelerador e multiplicador do PIB, reduz o desemprego, reduz a concentração de renda, eleva a renda, e ainda eleva o superávit primário das contas públicas.
O investimento público e o endividamento externo apresentam relação negativa com o investimento privado, porém no Brasil, segundo estudos, o investimento público em infraestrutura condiciona um aumento no nível de investimento privado. Os efeitos da dívida externa sobre os investimentos podem ter sido atenuados por causa da intervenção estatal, assumindo os compromissos financeiros do setor privado e financiando a maior parte dos investimentos privados nos períodos de restrição externa, evitando maiores reduções no nível geral de investimento privado no país. 
Portanto, para que o investimento aumente é preciso que o governo programe políticas econômicas responsáveis e consistentes ao longo do tempo, de forma a minimizar as incertezas da economia e da política, aumentando o volume creditício disponível para o investimento privado no Brasil.

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