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Desenvolvimento e Avaliaçao dos Cosmeticos Hidratantes

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
Programa de Pós-Graduação em Fármaco e Medicamentos 
Área de Produção e Controle Farmacêuticos 
 
 
 
Desenvolvimento de formulações cosméticas hidratantes e 
avaliação da eficácia por métodos biofísicos 
 
 
 
Vânia Rodrigues Leite e Silva 
 
 
 
Tese para obtenção do grau de DOUTOR 
Orientadora: Profa. Dra. Telma Mary Kaneko 
 
 
 
 
São Paulo 
2009 
 
 
Vânia Rodrigues Leite e Silva 
 
 
 
Desenvolvimento de formulações cosméticas hidratantes e 
avaliação da eficácia por métodos biofísicos 
 
 
 
Comissão Julgadora da 
Tese para obtenção do grau de Doutor 
 
 
 
 
 
Profa. Dra. Telma Mary Kaneko 
orientador/presidente 
 
 
____________________________ 
1o. examinador 
 
 
____________________________ 
2o. examinador 
 
 
____________________________ 
3o. examinador 
 
 
____________________________ 
4o. examinador 
 
 
 
São Paulo, 24 de abril de 2009. 
 
Dedicatória 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, pela vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Em todas estas coisas, porém 
somos mais que vencedores, 
por meio daquele que nos ama” 
Romano 8:37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A meus pais Dan e Celina, 
pelo amor, dedicação e exemplo de vida que foram a base da minha 
formação humana. 
AMO VOCÊS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A meus filhos Laura, Bruna e David, que são a razão do meu viver. 
 
Não encontrei nenhuma frase à altura do amor que sinto por eles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A meu marido Nelson, grande amor da minha vida, que sempre esteve 
presente e compartilha comigo mais este momento 
de emoção e vitória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A meus irmãos Gustavo e Augusto, 
 
pelo amor e por tudo que representam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À Professora Telma Mary Kaneko, 
que tive a oportunidade de conhecer na universidade e descobrir que além 
de uma excelente profissional é uma pessoa maravilhosa. A sua 
disponibilidade irrestrita, sua forma exigente, crítica e criativa de 
argüir as idéias apresentadas, creio que deram norte a este 
trabalho, facilitando o alcance dos objetivos. Pela orientação, 
incentivo e confiança em mim depositados durante a realização 
deste trabalho, meus irrestritos agradecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos Especiais 
 
Uma vez, eu li que a elaboração de uma tese de doutorado é um produto 
coletivo, embora sua redação, responsabilidade e estresse sejam 
predominantemente individuais. Concordo plenamente e várias pessoas 
contribuíram para o enriquecimento deste trabalho. A todas elas, registro 
minha gratidão. 
 
Aos Professores Maria Valéria Robles Velasco, Maria Elena Takeda e 
André Rolim Baby, pela demonstração de interesse e pelas valiosas 
sugestões. 
 
A meu querido irmão Augusto, pela preciosa revisão na redação do texto. 
 
À minha grande amiga Patricia Lopes, por ser a responsável pela minha 
volta à pesquisa. 
 
Ao Professor Geraldo Alécio, pelo incentivo constante. 
 
Às minhas estagiárias Gisele Oliveira e Cibeli Ferelli, pela grande ajuda 
na revisão e digitação do trabalho. 
 
A meus sogros Nelson , Maria Luiza e D.Laura, por serem verdadeiros 
“anjos da guarda” para os meus filhos, apoio fundamental para que eu 
pudesse exercer o meu trabalho. 
 
 
 
 
À Jailma, pelo grande carinho e atenção com todos em minha casa. 
Às minhas amigas Janine Gimenis e Cristiane Coelho, pelo incentivo, 
paciência e grande torcida durante todo o projeto. 
 
As empresas: Laboratório Scientia, EVIC Brasil, ISIC (Instituto 
Schulman de Investigação Científica) e Flowsciencie, pelo empréstimo 
do espaço, tempo e equipamentos utilizados. 
 
A Vitaderm, pelas amostras cedidas para os experimentos. 
 
Ao Dr. Marcelo Schulman e à Dona Sandra Schulman, pela confiança 
em mim depositada. 
 
Aos colegas Gabriela , Elisa , Satiko , José e Mirian , pelo apoio, ajuda e 
amizade. 
 
À minha Tia Lili, sempre em meu coração, pela grande oportunidade de 
estudo e pela carinhosa e fundamental acolhida. 
 
A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste 
trabalho. 
 
Obrigada! 
 
 
 
 
RReessuummoo 
SILVA, V.R.L Desenvolvimento de formulações cosméticas hidratantes e 
avaliação da eficácia por métodos biofísicos 2009, p. Tese (Doutorado) – 
Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 
 
Introdução: A comprovação da eficiência de formulações hidratantes deve ser criteriosa e 
analisada com métodos adequados. Objetivo: O objetivo principal do trabalho foi avaliar in 
vivo a eficácia hidratante de formulações contendo diferentes componentes ativos por 
capacitância elétrica e perda de água transepidérmica. Compararam-se os desempenhos 
entre Corneometer® e Moisturemeter® e entre o Vapometer® e Tewlmeter®. Verificou-se o 
comportamento in vitro das alterações causadas pelas substâncias hidratantes, em modelo 
de estrato córneo alternativo. Material e Métodos: Os compostos ativos selecionados (4% 
p/p) para incorporação nos géis à base de carbômero foram: uréia, extrato vegetal de 
Imperata cylindrica; complexo contendo fatores de hidratação natural; e os derivados do 
açúcar, sacarídeo isomerato e a mistura de xilitilglicosídeo e anidroxilitilglicosídeo. A 
avaliação in vivo da eficácia hidratante teve o delineamento experimental baseado no 
projeto fatorial ANOVA three way. Os tempos estudados foram: após a aplicação e 30, 60, 
120; 240 e 360 minutos. O estudo de estabilidade acelerada das formulações envolveu 
condições drásticas de armazenamento (temperatura, umidade e luminosidade) durante 90 
dias. Na avaliação in vitro do comportamento das substâncias hidratantes utilizou-se a 
espectroscopia Raman com transformada de Fourier (FT-Raman) e Calorimetria 
exploratória diferencial (DSC). Resultados: A análise estatística da capacitânia elétrica 
obtida por Corneometer® e do Moisturemeter® mostraram que houve diferenças 
significativas entre os géis e o tempo de aplicação. Com relação às medidas de perda de 
água transepidérmica, os resultados obtidos por Vapometer® e Tewlmeter® não 
apresentaram concordância. As bandas encontradas nos espectros FT-Raman mostraram 
que os ativos hidratantes não provocaram alterações na estrutura conformacional do 
estrato córneo alternativo. A análise da calorimetria (DSC) mostrou que o gel de uréia 
aumentou o conteúdo hídrico da membrana. Conclusão: Os géis contendo 4% (p/p) de 
uréia e de 4% (p/p) de derivado de açúcar apresentaram melhor eficácia hidratante in vivo, 
capacitância elétrica quando analisado por Corneometer® e Moisturemeter®. Em relação à 
perda de água transepidérmica, o gel base sem ativo obteve o melhor resultado. Com 
relação às medidas de capacitância, o Corneometer® e o Moisturemeter® mostraram-se 
estaticamente semelhantes. Comparando-se as medidas de perda de água 
transepidérmica, a análise estatística indicou que o Vapometer® tem precisão inferior 
comparada com o Tewlmeter®. A avaliação do comportamento in vitro das substâncias 
hidratantessugeriram que as mesmas são seguras. 
 
Palavras-chave: hidratação, perda de água transepidérmica, capacitância elétrica, 
Corneometer® , Moisturemeter® , Vapometer®, Tewlmeter®. . 
 
 
 
AAbbssttrraacctt 
SILVA, V.R.L Development of cosmetic moisturizer formulations and evaluation 
of hydrating efficacy by biophysical methods 2009, p. Tese (Doutorado) – 
Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 
 
Introduction: Hydration of the corneal layer varies according to the amount of water 
present; the transportation of water from the lower layers; evaporation speed and quantity 
and composition of epicutaneous emulsion. Proof of moisturizer formula efficiency must be 
prudent and analyzed using appropriate methods. Objective: The study’s main objective 
was to assess the in vivo efficacy of moisturizer formulas with different active components 
by means of electrical capacitance and transepidermal water loss. The accelerated stability 
of the referred to formulas was also observed and assessed. Performances between 
Corneometer® and Moisturemeter® and between Vapometer® and Tewlmeter® were 
compared. In vitro behavior of alterations caused by moisturizing substances was verified in 
an alternative corneal stratum model. Material and Methods: The active compounds 
selected (4% p/p) for use in carbomer-based gels were: urea, Imperata cylindrica vegetal 
extract; a complex with natural moisturizing factors; sugar byproducts, saccharide isomerate 
and the mix of xylitol glucoside and anhydro xylitol glicoside. In vivo assessment of 
moisturizing efficacy of the formulas by means of electrical capacitance and transepidermal 
water loss was designed based in ANOVA three way factorial design. The gels were applied 
on both arms of volunteers aged 20 to 30 and a control application (base gel) and an 
untreated area were used. Study times were: after application and at 30, 60, 120; 240 and 
360 minutes. The accelerated stability study of the formulations involved drastic storage 
conditions (temperature, humidity, luminosity) over 90 days. For the in vitro assessment of 
moisturizing substance behavior, Raman spectroscopy was used with Fourier Transform 
(FT-Raman) and differential scanning calorimetry (DSC). Results: Statistical analysis of 
electrical capacitance using Corneometer® and Moisturemeter® revealed significant 
differences between the gels and application time. With regard to transepidermal water loss 
measures, the results obtained from Vapometer® and Tewlmeter® did not reveal 
concordance. The bands found in the FT-Raman spectrum revealed that the active 
moisturizers did not cause changes in the alternative cornea stratum conformation structure. 
Calorimetry (DSC) analysis showed the urea gel increased membrane water content. 
Conclusion: Gels containing 4% (p/p) urea and 4% (p/p) of sugar byproduct had the best in 
vivo moisturizing efficacy, electrical capacitance when analyzed with Corneometer® and 
Moisturemeter®. In relation to transepidermal water loss, the base gel without active 
ingredients had the best result in both Vapometer® and Tewlmeter®. The formulas were 
stable for a period of three months in the studied storage conditions. In relation to 
capacitance measures, Corneometer® and Moisturemeter® proved to be statistically 
similar. When comparing transepidermal water loss measures, statistical analysis indicated 
that Vapometer® is not as precise as Tewlmeter®. In vitro assessment of behavior of 
moisturizing substances suggested they are safe. 
 
Key-words: moisturizing, transepidermal water loss, electrical capacitance, 
Corneometer® , Moisturemeter® , Vapometer®, Tewlmeter®.
 
 
 
 
Lista de Quadros e Tabelas 
 
Quadro 1. Composição química do FHN 8 
 
Quadro 2. Fototipos de pele 51 
 
Tabela 1. Composição quali e quantitativa (% p/p) das formulações utilizadas 
durante a Primeira e Segunda Etapas. 40 
 
Tabela 2. Composição quali e quantitativa (% p/p) das formulações utilizadas na 
Terceira Etapa. 41 
 
Tabela 3. Valores de pH, viscosidade, densidade com suas respectivas % de 
variação e aspectos organolépticos do Gel A (gel base sem ativo) nos tempos 7, 15, 
30, 60 e 90 dias no estudo de estabilidade acelerada. 58 
 
Tabela 4. Valores de pH, viscosidade, densidade com suas respectivas % de 
variação e aspectos organolépticos do Gel B (gel com uréia) nos tempos 7, 15, 30, 
60 e 90 dias no estudo de estabilidade acelerada. 61 
 
Tabela 5. Valores de pH, viscosidade, densidade com suas respectivas % de 
variação e aspectos organolépticos do Gel C (gel com extrato vegetal) nos tempos 7, 
15, 30, 60 e 90 dias no estudo de estabilidade acelerada. 64 
 
Tabela 6. Valores de pH, viscosidade, densidade com suas respectivas % de 
variação e aspectos organolépticos do Gel D (gel com componentes do FHN) nos 
tempos 7, 15, 30, 60 e 90 dias no estudo de estabilidade acelerada. 67 
 
 
 
 
Tabela 7. Valores de pH, viscosidade, densidade com suas respectivas % de 
variação e aspectos organolépticos do Gel G (gel com derivado de açúcar) nos 
tempos 7, 15, 30, 60 e 90 dias no estudo de estabilidade acelerada. 70 
 
Tabela 8. ANOVA para os dados obtidos segundo o esquema da Figura 11, para as 
medidas realizadas com o Corneometer®. 77 
 
Tabela 9. Grupos homogêneos de médias para a variável Voluntário, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Corneometer®. 79 
 
Tabela 10. Grupos homogêneos de médias para a variável Tempo, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Corneometer®. 80 
 
Tabela 11. Grupos homogêneos de médias para a variável Tempo, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Corneometer®. 81 
 
Tabela 12. ANOVA para os dados obtidos segundo o esquema da Figura 11, para as 
medidas realizadas com o Corneometer®. 85 
 
Tabela 13. Grupos homogêneos de médias para a variável Voluntário, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Corneometer®. 87 
 
Tabela 14. Grupos homogêneos de médias para a variável Tempo, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Corneometer®. 87 
 
Tabela 15. Grupos homogêneos de médias para a variável Produto, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Corneometer®. 88 
 
Tabela 16. ANOVA para os dados obtidos segundo o esquema da Figura 11, para as 
medidas realizadas com o Corneometer®. 93 
 
 
 
 
Tabela 17. Grupos homogêneos de médias para a variável Voluntário, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Corneometer®. 95 
 
Tabela 18. Grupos homogêneos de médias para a variável Tempo, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Corneometer®. 95 
 
Tabela 19. Grupos homogêneos de médias para a variável Produto, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Corneometer®. 96 
 
Tabela 20. ANOVA para os dados obtidos segundo o esquema da Figura 11, para as 
medidas realizadas com o Moisturemeter®. 100 
 
Tabela 21. Grupos homogêneos de médias para a variável Voluntário, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Moisturemeter®. 102 
 
Tabela 22. Grupos homogêneos de médias para a variável Tempo, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Moisturemeter®. 102 
 
Tabela 23. Grupos homogêneos de médias para a variável Produto, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Moisturemeter®. 102 
 
Tabela 24. ANOVA para os dados obtidos segundo o esquema da Figura 11, para as 
medidas realizadas com o Tewlmeter®. 109 
 
Tabela 25. Grupos homogêneos de médias para a variávelVoluntário, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Tewlmeter®. 111 
 
Tabela 26. Grupos homogêneos de médias para a variável Tempo, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Tewlmeter®. 111 
 
 
 
 
Tabela 27. Grupos homogêneos de médias para a variável Produto, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Tewlmeter®. 112 
 
Tabela 28. ANOVA para os dados obtidos segundo o esquema da Figura 11, para as 
medidas realizadas com o Vapometer®. 116 
 
Tabela 29. Grupos homogêneos de médias para a variável Voluntário, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Vapometer®. 118 
 
Tabela 30. Grupos homogêneos de médias para a variável Tempo, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Vapometer®. 119 
 
Tabela 31. Grupos homogêneos de médias para a variável Tempo, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Vapometer®. 119 
 
Tabela 32. Entalpia e temperaturas de pico das soluções a 4%. 129 
 
Tabela 33. Entalpia e temperaturas de pico dos géis a 4%. 131 
 
 
 
 
Lista de Figuras 
 
Figura 1. Camadas da Pele. 5 
 
Figura 2. Camadas da Epiderme. 6 
 
Figura 3. Cascata Bioquímica na Recuperação da Barreira. 14 
 
Figura 4. Xerose. 17 
 
Figura 5. MoistureMeter®. 33 
 
Figura 6. Fluxograma das Análises. 49 
 
Figura 7. Dedeira de Látex. 52 
 
Figura 8. Locais de Aplicação. 52 
 
Figura 9. Equipamento para medir Capacitância elétrica da pele (Corneometer).53 
 
Figura 10. Equipamento para verificar a Perda de Água Transepidérmica 
(Tewlmeter). 54 
 
Figura 11. Arranjo para obtenção de dados para análise de variância dos ensaios 
realizados. 54 
 
Figura 12. Variação (%) de pH Gel A durante 90 dias em relação ao tempo inicial 59 
 
Figura 13. Variação (%) de Viscosidade do Gel A durante 90 dias em relação 
ao tempo inicial.. 59 
 
 
 
Figura 14. Variação (%) de Densidade do Gel A durante 90 dias em relação ao 
tempo inicial. 60 
 
Figura 15. Variação (%) de pH Gel B durante 90 dias em relação ao tempo inicial.62 
 
Figura 16. Variação (%) de Viscosidade do Gel B durante 90 dias em relação ao 
tempo inicial. 62 
 
Figura 17. Variação (%) de Densidade do Gel B durante 90 dias em relação ao 
;tempo inicial. 63 
 
Figura 18.Variação (%) de pH Gel C durante 90 dias em relação ao tempo inicial 65 
 
Figura 19. Variação (%) de Viscosidade do Gel C durante 90 dias em relação ao 
tempo inicial. 65 
 
Figura 20. Variação (%) de Densidade do Gel C durante 90 dias em relação ao 
tempo inicial. 66 
 
Figura 21. Variação (%) de pH Gel D durante 90 dias em relação ao tempo inicial 68 
 
Figura 22. Variação (%) de Viscosidade do Gel D durante 90 dias em relação ao 
tempo inicial. 69 
 
Figura 23. Variação (%) de Densidade do Gel D durante 90 dias em relação ao 
tempo inicial. 69 
 
Figura 24. Variação (%) de pH Gel G durante 90 dias em relação ao tempo inicial 71 
 
Figura 25. Variação (%) de Viscosidade do Gel G durante 90 dias em relação ao 
tempo inicial. 71 
 
 
 
Figura 26. Variação (%) de Densidade do Gel G durante 90 dias em relação ao 
tempo inicial. 72 
 
Figura 27. Avaliação visual da Estabilidade Acelerada dos géis após 90 dias no 
Refrigerador a 4 ºC, da esquerda para a direita: Gel A (base), Gel B (Uréia), Gel C 
(extrato vegetal), Gel G (derivado de açúcar) e Gel D (componentes do NMF). 73 
 
Figura 28. Avaliação visual da Estabilidade Acelerada dos géis após 90 dias no 
Refrigerador a 4ºC, da esquerda para a direita: Gel A (base), Gel B (Uréia), Gel C 
(extrato vegetal), Gel G (derivado de açúcar) e Gel D (componentes do NMF). 74 
 
Figura 29. Avaliação visual da Estabilidade Acelerada dos géis, após 90 dias na 
Estufa a 37 ºC, da esquerda para a direita: Gel A (base), Gel B (Uréia), Gel C 
(extrato vegetal), Gel G (derivado de açúcar) e Gel D (componentes do NMF). 74 
 
Figura 30. Avaliação visual da Estabilidade Acelerada dos géis, após 90 dias à 
Temperatura Ambiente, da esquerda para a direita: Gel A (base), Gel B (Uréia), Gel 
C (extrato vegetal), Gel G (derivado de açúcar) e Gel D (componentes do NMF). 75 
 
Figura 31. Histograma de resíduos, para a ANOVA dos resultados obtidos na leitura 
do Corneometer. 78 
 
Figura 32. Reta de 45% (valores preditos versus valores observados), para projeto 
fatorial three way (ANOVA), construído com os dados obtidos pelo esquema da 
Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 79 
 
Figura 33. Médias dos voluntários, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 81 
 
 
 
Figura 34. Médias dos níveis de tempo, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 82 
 
Figura 35. Médias dos Produtos e o Controle, exibindo o intervalo de confiança 
(95%), para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema 
da Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 82 
 
Figura 36. Interação Voluntário versus Tempo, exibindo o intervalo de confiança 
(95%), para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema 
da Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 83 
 
Figura 37. Voluntário versus Produto, exibindo o intervalo de confiança (95%), para 
o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 83 
 
Figura 38. Interação Tempo versus Produto, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 84 
 
Figura 39. Histograma de resíduos, para a ANOVA dos resultados obtidos na leitura 
do Corneometer®. 86 
 
Figura 40. Reta de 45º, para o modelo indicado pela ANOVA dos resultados obtidos 
na leitura do Corneometer®. 86 
 
Figura 41. Grupos homogêneos de médias para a variável Produto, obtidos pelo 
teste de Tukey HSD, para as medidas feitas com o Corneometer®. 89 
 
 
 
 
Figura 42. Médias dos níveis de Tempo, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 89 
 
Figura 43. Médias dos Produtos, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 90 
 
Figura 44. Interação Voluntário versus Tempo, exibindo o intervalo de confiança 
(95%), para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema 
da Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 90 
 
Figura 45. Interação Voluntário versus Produto, exibindo o intervalo de confiança 
(95%), para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema 
da Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 91 
 
Figura 46. Interação Tempo versus Voluntário, exibindo o intervalo de confiança 
(95%), para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema 
da Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 91 
 
Figura 47. Histograma deresíduos, para a ANOVA dos resultados obtidos na leitura 
do Corneometer®. 94 
 
Figura 48. Reta de 45º, para o modelo indicado pela ANOVA dos resultados obtidos 
na leitura do Corneometer®. 94 
 
Figura 49. Médias dos Voluntários, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 97 
 
 
 
 
Figura 50. Médias dos níveis de Tempo, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 97 
 
Figura 51. Médias dos níveis de Tempo, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 98 
 
Figura 52. Interação ProdutoTempo, exibindo o intervalo de confiança (95%), para 
o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 98 
 
Figura 53. Interação Voluntário versus Produto, exibindo o intervalo de confiança 
(95%), para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema 
da Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 99 
 
Figura 54. Interação Tempo versus Produto, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Corneometer®. 99 
 
Figura 55. Histograma de resíduos, para a ANOVA dos resultados obtidos na leitura 
do Moisturemeter®. 101 
 
Figura 56. Reta de 45º, para o modelo indicado pela ANOVA dos resultados obtidos 
na leitura do Moisturemeter®. 101 
 
Figura 57. Médias dos Voluntários, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Moisturemeter®. 103 
 
 
 
 
Figura 58. Médias dos níveis de Tempo, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Moisturemeter®. 103 
 
Figura 59. Médias dos Produtos, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Moisturemeter®. 104 
 
Figura 60. Médias dos Produtos, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Moisturemeter®. 104 
 
Figura 61. Interação Voluntário versus Produto, exibindo o intervalo de confiança 
(95%), para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema 
da Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Moisturemeter®. 105 
 
Figura 62. Interação Tempo versus Produto, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Moisturemeter®. 105 
 
Figura 63. Interação Tempo versus Produto, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Moisturemeter®. 106 
 
Figura 64. Histograma de resíduos, para a ANOVA dos resultados obtidos na leitura 
do Tewlmeter®. 110 
 
Figura 65. Reta de 45º, para o modelo indicado pela ANOVA dos resultados obtidos 
na leitura do Tewlmeter®. 110 
 
 
 
 
Figura 66. Médias dos Voluntários, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Tewlmeter®. 113 
 
Figura 67. Médias dos níveis de Tempo, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Tewlmeter®. 113 
 
Figura 68. Médias dos Produtos, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Tewlmeter®. 114 
 
Figura 69. Médias dos Produtos, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Tewlmeter®. 114 
 
Figura 70. Interação Voluntário versus Produto, exibindo o intervalo de confiança 
(95%), para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema 
da Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Tewlmeter®. 115 
 
Figura 71. Interação Tempo versus Produto, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Tewlmeter®. 115 
 
Figura 72. Histograma de resíduos, para a ANOVA dos resultados obtidos na leitura 
do Vapometer®. 117 
 
Figura 73. Reta de 45º, para o modelo indicado pela ANOVA dos resultados obtidos 
na leitura do Vapometer®. 117 
 
 
 
 
Figura 74. Médias dos Voluntários, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Vapometer®. 120 
 
Figura 75. Médias dos Voluntários, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Vapometer®. 120 
 
Figura 76. Médias dos Produtos, exibindo o intervalo de confiança (95%), para o 
modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 11 e 
pelas medidas realizadas com o Vapometer®. 121 
 
Figura 77. Interação Voluntário versus Tempo, exibindo o intervalo de confiança 
(95%), para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema 
da Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Vapometer®. 121 
 
Figura 78. Interação Voluntário versus Produto, exibindo o intervalo de confiança 
(95%), para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema 
da Figura 11 e pelas medidas realizadas com o Vapometer®. 122 
 
Figura 79. Interação Tempo versus Produto, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Vapometer®. 122 
 
Figura 80. Interação Tempo versus Produto, exibindo o intervalo de confiança (95%), 
para o modelo da ANOVA, construído com os dados obtidos pelo esquema da Figura 
11 e pelas medidas realizadas com o Vapometer®. 123 
 
Figura 81. Espectro FT-Raman das soluções a 4% dos ativos hidratantes. 125 
 
Figura 82. Espectro FT-Raman dos géis a 4% dos ativos hidratantes. 126 
 
 
 
 
Figura 83. Curva DSC da primeira corrida da Solução S1 (controle). 128 
 
Figura 84. Curva DSC da segunda corrida da Solução S1 (controle). 129 
 
Figura 85. Curva DSC da primeira corrida do Gel G1 (controle). 130 
 
Figura 86. Curva DSC da segunda corrida do Gel G1 (controle). 130 
 
 
 
 
 
LLiissttaa ddee AAbbrreevviiaattuurraass 
 
 
FHN - Fator de Hidratação Natural. 
TEWL- Transepidermal Water Loss. 
ATR-FTIR - espectroscopia infravermelha com transformada de Fourier e acessório 
de refletância total atenuada. 
PAS-FTIR - espectroscopia fotoacústica no infravermelho. 
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 
TEA - Teste de estabilidade acelerada.DSC - Calorimetria exploratória diferencial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SSuummáárriioo 
 
1. Introdução 1 
 
2. Revisão Bibliográfica 4 
2.1. Importância da Pele no Mecanismo de Hidratação 4 
 2.1.1. Estrutura e Funções da Pele 4 
 2.1.1.1. Epiderme 5 
 2.1.1.2. Derme 8 
 2.1.1.3. Hipoderme 9 
 2.1.1.4. Funções da Pele 10 
 2.1.2. Permeabilidade da Barreira Cutânea 11 
 2.1.3. Formação da Barreira Hidrolipídica Cutânea 13 
 
2.2. Hidratação Cutânea 15 
 2.2.1. Desidratação 15 
2.2.2. Mecanismos de Hidratação 17 
2.2.3. Produtos hidratantes 19 
2.2.3.1. Componentes do FHN 19 
2.2.3.2. Emolientes 20 
2.2.3.3. Extrato Vegetal 21 
2.2.3.4. Derivados de Açúcares 23 
2.2.3.5. Silício Orgânico 24 
2.2.3.6. Reações Adversas dos Hidratantes 25 
 
2.3. Avaliação da Hidratação Cutânea 26 
 2.3.1 Avaliação in vitro do comportamento das substâncias hidratantes 
na pele utilizando técnicas espectrométricas e termoanalíticas 26 
 
 
 
2.3.2. Avaliação da Hidratação Cutânea in vivo 29 
2.3.2.1. Mensuração de Propriedades Elétricas das Camadas 
Superiores da Epiderme 31 
2.3.2.2. Avaliação da Perda de Água Transepidérmica (TEWL-
Transepidermal Water Loss) 33 
 
2.4 Estudos de estabilidade de produtos cosméticos 35 
 2.4.1. Teste de estabilidade acelerada (TEA) 36 
 
3. Objetivos 38 
 
4. Material e Métodos 39 
4.1 Material 39 
4.1.1. Matérias-primas 39 
4.1.2. Membrana 39 
4.1.3. Formulações 39 
4.1.4. Equipamentos 42 
 
4.2. Métodos 42 
4.2.1. Preparo das Fórmulas Utilizadas: 42 
4.2.1.1. Gel base (Gel A) 42 
4.2.1.2. Gel base com Uréia (Gel B) 43 
4.2.1.3. Gel base com extrato vegetal (Gel C) 43 
4.2.1.4. Gel base com componentes do NMF (Gel D) 43 
4.2.1.5. Gel base com derivado de açúcar (Gel G) 44 
4.2.2. Avaliação da Estabilidade 44 
4.2.2.1. Estudo da Estabilidade Preliminar ou Acelerada 44 
4.2.2.1.1. Estufa 44 
4.2.2.1.2. Refrigerador 44 
4.2.2.1.3. Luz 45 
 
 
 
4.2.2.1.4.Temperatura Ambiente 45 
4.2.2.2. Métodos de Avaliação da Estabilidade 45 
4.2.2.2.1. Viscosidade Aparente 45 
4.2.2.2.2. pH 46 
4.2.2.2.3. Centrifugação 46 
4.2.2.2.4. Características Organolépticas 47 
4.2.2.2.5. Densidade 47 
4.2.3 .Avaliação in vitro do comportamento das substâncias hidratantes 
utilizando técnicas espectrométricas e termoanalíticas 47 
 4.2.3.1 Preparação da muda de pele da cobra 47 
 4.2.3.2 Espectroscopia Raman com transformada de Fourier 
(FT-Raman) 48 
 4.2.3.3 Calorimetria exploratória diferencial (DSC) 48 
4.2.4. Avaliação da Eficácia das Formulações in vivo 49 
4.2.4.1. Condições Ambientais Controladas 50 
4.2.4.2. Sujeito de Pesquisa 50 
4.2.4.2.1. Critérios de Inclusão 50 
4.2.4.2.2. Critérios de Não-inclusão 50 
4.2.4.3. Condições de Aplicação do Produto 51 
4.2.4.4. Determinação da Hidratação cutânea pelo método de 
Capacitância 52 
4.2.4.5. Avaliação da Perda de Água transepidérmica 53 
4.2.5 Planejamento Experimental 54 
 
5. Resultados e Discussão 56 
 
6. Conclusões 133 
 
7. Referências bibliográficas 134 
 
Anexo
 
 
1 
 
 
1. Introdução 
 
 
Além de ser essencial para a vida, a água é a molécula mais importante da 
pele. A capacidade cutânea de retenção hídrica é altamente dependente da sua 
camada mais superficial, a camada córnea, bem como de substâncias com poder 
higroscópico (COUTEAU, COIFFARD, SÉBILLE-RIVAIN, 2006; RAWLINGS, 2006). 
A pele atua na interface entre o corpo e o ambiente, tendo como principal 
função a proteção do organismo e, por estar exposta ao meio externo, exerce 
expressivo impacto estético e atrativo sobre os indivíduos. 
Nela está presente uma barreira que evita a perda de fluidos e eletrólitos para 
o ambiente. Ela sofre, entretanto, alterações ao longo do tempo. Fatores exógenos 
como, por exemplo, radiação ultravioleta, somados ao envelhecimento intrínseco ou 
cronológico, podem resultar em sua degeneração (ELIAS, 2006; CHIU, KIMBALL, 
2003). 
As alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento incluem a redução 
da água corpórea, a diminuição da sensação da sede através do sistema nervoso 
(hipotálamo), além das alterações plasmáticas na concentração do hormônio 
antidiurético, o que pode ocasionar intensa desidratação, muito freqüente em idosos 
(BOSSINGAM, CARNELL, CAMPBELL, 2005). 
Pode-se tratar, e até mesmo prevenir, os problemas dermatológicos oriundos 
da desidratação com o uso de cosméticos. Há uma grande variedade desses 
produtos disponíveis no mercado, podendo eles agir por diferentes mecanismos. Os 
óleos retardam a perda de água transepidérmica pela capacidade de oclusão. As 
substâncias umectantes possuem a capacidade de atrair a água, e assim 
conseguem hidratar. No estrato córneo, há a presença de algumas substâncias 
umectantes, altamente higroscópicas, que fazem parte do Fator de Hidratação 
Natural e também podem ser adicionadas nesses produtos (YOKOTA, MAIBACH, 
2006; RAWLINGS, HARDING, 2004). 
 
 
2 
 
Com o avanço tecnológico e a competitividade entre as indústrias cosméticas, 
é possível cada vez mais o desenvolvimento de novos ativos, que prometem 
inúmeros benefícios em seus produtos e estão disponíveis no mercado a um custo 
elevado. 
Porém, entre tantos ativos disponíveis e apelos cosméticos promissores, 
deve-se estudar cuidadosamente a eficácia clínica desses produtos, com o intuito de 
comprovar cientificamente a veracidade desses apelos, sendo principalmente 
importante para o consumidor, que deverá obter o resultado prometido pelo produto, 
sem riscos à saúde. 
Existem vários métodos disponíveis para verificar a eficácia dos produtos 
cosméticos. Pode-se realizar o estudo utilizando cultura de células ou também o 
estudo com humanos, sendo esse último mais confiável, por mais se aproximar do 
uso do consumidor no dia-a-dia (DYKES, 2002). 
A análise em humanos pode ser simplesmente visual, por meio de uma 
avaliação sensorial, ou, também, com a utilização de equipamentos capazes de 
analisar as alterações, como, por exemplo, usando a videomicroscopia. No entanto, 
essas técnicas não são capazes de detectar mudanças sutis na morfologia e função 
da pele (RAWLINGS, CANESTRARI, DOBKOWSKI, 2004; HARRIS, 2003). 
Com o avanço da tecnologia cosmética, e a fim de se obterem resultados mais 
precisos e reprodutíveis, surge então a biometrologia cutânea, cujo objetivo é 
estudar as características biológicas, mecânicas e funcionais da pele com a 
aplicação de procedimentos científicos não-invasivos, com mínimo desconforto para 
o voluntário. 
Várias propriedades podem ser mensuradas pelos métodos biofísicos 
existentes, tais como a elasticidade cutânea, a hidratação, o teor de gordura, a perda 
de água transepidérmica, pH da pele e o relevo cutâneo. 
A hidratação cutânea pode ser avaliada por métodos espectroscópicos, como 
a ressonância magnética nuclear, ou com aparelhos capazes de medir indiretamente 
as propriedades elétricas da camada córnea. Tais métodos podem se basear na 
impedância, condutância ou capacitância elétrica da pele. 
 
 
3 
 
 Além de verificar a hidratação, é importante avaliar a integridade da barreira 
cutânea, utilizando equipamentos capazes de verificar a percentagem de água que 
evapora na superfície da pele. Quando a barreira está danificada, há um aumento na 
perda de águatransepidérmica (BURACZEWSKA et al., 2007). 
 
Devido à vasta opção de produtos no mercado cosmético com o apelo de 
hidratação, no presente trabalho a proposição foi avaliar formulações que contêm 
alguns novos ativos e a uréia tradicional, por meio de métodos biofísicos existentes, 
que permitem avaliar /in vivo/ a hidratação cutânea e, igualmente, a perda de água 
transepidérmica. 
 
 
4 
 
 
2. Revisão Bibliográfica 
 
 
 
2.1.Importância da Pele no Mecanismo de Hidratação 
 
 2.1.1. Estrutura e Funções da Pele 
Para entender como agem os hidratantes, faz-se necessário estudar a 
estrutura e a fisiologia da pele, local de ação destes produtos, ressaltando que um 
produto cosmético deve ter alta eficácia e baixa toxicidade sistêmica, devendo 
permanecer na pele e não alcançar a corrente sangüínea. A interação entre os 
componentes das formulações hidratantes deve ser muito bem estudada e 
conhecida, a fim de que se possa obter uma formulação estável e eficaz sobre a 
cútis (LODÉN, 2003; LEONARDI, 2004). 
Considerada o maior e também um dos mais complexos órgãos do corpo 
humano, a pele é o único órgão que pode ser totalmente visualizado no meio 
externo, possuindo uma área de superfície maior que 2 m2 (OREN, BARTEK, 2007; 
AHMAD, MUKHTAR, 2004; HENDRIKS et al., 2004). 
Ela é formada por uma dupla camada que divide o organismo do ambiente e 
está dividida em duas principais estruturas: epiderme e derme. A hipoderme está 
localizada abaixo da derme e é considerada um tecido subcutâneo de reserva. Essas 
camadas podem ser visualizadas na Figura 1 (YOUNG, 2006; YIER, KIEVSKY, 
SOKOLOV, 2007; VERMA et al., 2003). 
A pele é responsável por aproximadamente 12% do peso corporal, podendo a 
sua espessura ser de até 2 mm, em áreas como palmas das mãos e planta dos pés 
e de apenas 0,5 mm, na região dos olhos (IOBST, SANTHANAM, WEINKAUF, 
2006). 
 
 
5 
 
 
Figura 1. Camadas da Pele. Disponível em < www.scf-
online.com/english/27_e/frontpage27_e.htm > Acesso em 09.10.07. 
 
 
2.1.1.1. Epiderme 
A camada mais externa, denominada epiderme, é avascular e impermeável 
devido à presença, no espaço intercelular, de lipídeos como colesterol, ésteres e 
ceramidas (IOBST, SANTHANAM, WEINKAUF, 2006). 
A região superficial da epiderme apresenta somente 10-20 micrômetros de 
espessura. É a barreira primária da absorção percutânea e também da perda de 
água transepidérmica (BOUWSTRA, PILGRAN, PONEC, 2006). 
Substâncias químicas, com exceção da água, só conseguem permear a pele 
através das camadas lipídicas presentes entre as células. Esse mecanismo permite 
que essa camada seja nutrida pela derme por capilaridade (BENY, 2000; HARRIS, 
2003). 
A epiderme é um tecido dinâmico que está constantemente em auto-
renovação, sendo a perda de células pela superfície do estrato córneo balanceada 
pelo crescimento de células nas camadas inferiores da epiderme. Essa camada é 
mantida por células-tronco pluripotentes que residem na camada basal e estão 
presentes durante a vida inteira (KOCH, ROOP, ZHOU, 2006). 
Cada camada da epiderme é definida pela posição, forma, morfologia e 
estado de diferenciação dos queratinócitos. Podem ser distinguidas cinco camadas 
da epiderme, conforme se observa na Figura 2 (BOUWSTRA, PILGRAN, PONEC, 
2006; HARRIS, 2003; LEONARDI, 2004). 
 
 
6 
 
 
 
 
 
Figura 2. Camadas da Epiderme (RAWLINGS; HARDIND, 2004). 
 
O estrato basal, ou germinativo, é composto por uma única fileira de células 
cúbicas ou cilíndricas, conhecidas como queratinócitos basais, que estão em 
constante divisão, dando origem às camadas epidérmicas restantes. Essas células 
recém produzidas migram para a superfície com a finalidade de substituir as que 
descamam, contribuindo com os processos de queratinização ou de renovação do 
estrato córneo. O processo de migração usualmente ocorre em 28 dias (IOBST, 
SANTHANAM, WEINKAUF, 2006). 
Essa camada basal é uma barreira permeável que dá suporte à epiderme e 
estabelece união com a derme. Na camada basal, também estão presentes os 
melanócitos, responsáveis pela síntese de melanina, que, por sua vez, garante a 
pigmentação da pele e proteção contra a radiação ultravioleta (BENY, 2000; 
LEONARDI, 2004). 
O estrato espinhoso possui células poligonais cubóides, de núcleo central com 
pequenas expansões citoplasmáticas que se unem por desmossomas, dando à 
célula um aspecto espinhoso. É o local onde se inicia o processo de queratinização, 
por meio de pequenos filamentos de queratina que atravessam o citoplasma das 
células, unindo-as a suas vizinhas. Há formação dos corpos lamelares, responsáveis 
pela formação do manto hidrolipídico, assim como dos grânulos de querato-hialina 
(JUNQUEIRA, CARNEIRO, 1995; HARRIS, 2003). 
 
 
7 
 
O estrato granuloso contém células poligonais com núcleo central, cujo 
citoplasma está repleto de grânulos de queratina. Após a maturação celular, há 
perda do núcleo e achatamento dos queratinócitos, formando-se placas de queratina 
(JUNQUEIRA, CARNEIRO, 1995). 
O estrato lúcido é uma camada intermediária muito fina que contém células 
com o processo de queratinização bem avançado. Essa camada pode ser 
encontrada apenas nas regiões em que a camada córnea é espessa (GASSER, 
MAZZARINO, DJIAN, 2004). 
O estrato córneo, cujas células são aplanadas e anucleadas, constituídas em 
sua maior parte por uma proteína fibrosa denominada queratina, é a camada mais 
superficial da epiderme. Pode ser definido como um mosaico de várias camadas, 
composto por “tijolos” hidrofílicos (corneócitos) e “cimento” hidrofóbico (estruturas 
lipídicas). A capacidade do estrato córneo em evitar a perda de água corpórea e 
reter água nos corneócitos é devida à sua composição e arquitetura (BENY, 2000; 
RAWLINGS, 2006). 
O Fator de Hidratação Natural (FHN), que representa de 15 a 20% do peso 
total do estrato córneo, é composto de substâncias umectantes, que são geradas no 
estrato córneo. Este é responsável por manter a hidratação da pele, em razão de sua 
capacidade de atração e retenção da água, ou seja, pela higroscopicidade. Essas 
substâncias previnem a evaporação hídrica por meio da ligação molecular com a 
água. A composição do FHN está demonstrada no Quadro 1 (LODÉN, 2003; MAC-
MARY et al., 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
Quadro 1 – Composição Química do FHN (RAWLINGS, 2006). 
Constituintes Concentração (%) 
Aminoácidos 40,0 
Ácido pirrolidono-carboxílico 12,0 
Lactato 12,0 
Uréia 7,0 
Açúcares 8,5 
Cloro 6,0 
Sódio 5,0 
Potássio 4,0 
Amônia, ácido úrico, glicosamina e creatina 1,5 
Cálcio 1,5 
Magnésio 1,5 
Fosfato 0,5 
Citrato 0,5 
 
 
O estrato córneo é a barreira de proteção da pele, constituindo notável 
importância para a manutenção da hidratação cutânea. Os corneócitos retêm água 
tanto da derme quanto do ambiente, visando conservar o estado saudável e a 
maciez da pele (BENY, 2000; LEONARDI, 2004; MAC-MARY et al., 2006). 
 
 
2.1.1.2. Derme 
A Derme está situada abaixo da epiderme, sendo separada por uma 
membrana basal. É formada por um tecido conjuntivo, constituído de vasos e nervos, 
tecido este responsável pelo suporte estrutural da pele e pela nutrição da epiderme e 
de seus apêndices, além de proteger o corpo contra lesões mecânicas. Em seu 
interior, há glândulas sebáceas, raízes dos pêlos e músculos (HERNANDEZ, 
FRESNEL, 1999; HARRIS, 2003; MAC-MARY et al., 2006). 
 
 
9 
 
Os fibroblastos são as células mais freqüentes na derme e têm como função 
primária elaborar a rede de fibras. Ao redor das células e fibras existem 
mucopolissacarídeos, glicosaminoglicanase água (IOBST, SANTHANAM, 
WEINKAUF, 2006). 
As glicosaminoglicanas são macromoléculas formadas principalmente pelo 
ácido hialurônico e pelo condroitinsulfato, que possuem a capacidade de retenção 
hídrica. O ácido hialurônico, quando submetido à hidrólise, promove diminuição da 
viscosidade das glicosaminoglicanas, o que é de suma importância para fins 
medicamentosos, pois meios menos viscosos facilitam a penetração dos ativos 
(LEONARDI, 2004). 
As fibras têm função de unir a epiderme e a derme. Fibras elásticas, formadas 
por elastina, interceptam as bandas de colágeno. Essa rede de fibras confere 
propriedades mecânicas para a pele; o colágeno fornece à pele resistência frente à 
força mecânica e as fibras elásticas restabelecem a forma após deformação 
(HARRIS, 2003; IOBST, SANTHANAM, WEINKAUF, 2006). 
As fibras de colágeno e elastina apresentam tempo de meia-vida de 60 e 180 
dias respectivamente e são degradadas por enzimas específicas: a colagenase e a 
elastase. Tais enzimas são produzidas em excesso quando a pele é exposta à luz 
solar, ocasionando a aceleração do envelhecimento (LEONARDI, 2004). 
Portanto, a derme atua como suporte físico e fisiológico para a epiderme. Ela 
gera firmeza, força e propriedades elásticas para a pele, garantindo, também, 
suporte para as estruturas anexas, vasculares e nervosas. A epiderme, sendo 
avascular, é suprida com nutrientes oriundos da derme. Também atua como 
repositório dos fatores de crescimento, enzimas etc. (IOBST, SANTHANAM, 
WEINKAUF, 2006). 
 
 
2.1.1.3. Hipoderme 
A hipoderme exerce função no isolamento térmico e na proteção mecânica 
contra choques externos e, dependendo da sua localização, possui camada variável 
 
 
10 
 
de tecido adiposo (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 1995; BENY, 2000; HARRIS, 2003; 
LEONARDI, 2004; IOBST, SANTHANAM, WEINKAUF, 2006). 
Está envolvida com a lipogênse, armazenamento da gordura e lipólise, sendo 
influenciada por fatores nutricionais e hormonais (HERNANDEZ, FRESNEL, 1999; 
HARRIS, 2003). 
 
2.1.1.4. Funções da Pele 
A junção dessas diferentes camadas determina as várias funções que esse 
órgão possui. A pele atua primariamente na interface entre o corpo e o ambiente, 
tendo como principal função a proteção (ELIAS, 2007). 
A camada mais externa da epiderme é feita de células mortas, imperceptíveis, 
designadas para resistir ao estresse mecânico. Está envolvida firmemente com 
células lisas, cimentadas por lipídeos e proteínas que servem como uma barreira 
impermeável para o ambiente, garantindo a proteção da pele contra injúrias químicas 
e biológicas. A ação protetora contra raios solares ultravioleta, causadores do foto-
envelhecimento cutâneo, é garantida pelos melanócitos, que têm uma importante 
função em transferir melanina para os queratinócitos basais (IOBST, SANTHANAM, 
WEINKAUF, 2006). 
Sensibilidade ao toque, à dor e à temperatura representa uma função 
importante para a manutenção do equilíbrio fisiológico, já que a pele é a estrutura 
que viabiliza o contato do organismo com o meio externo. Tal propriedade permite a 
captação de estímulos nervosos, transmitindo-os ao sistema nervoso central, que 
responde ao estímulo, fornecendo ao organismo as ferramentas necessárias para 
reagir de acordo com determinada situação (SHAI, MAIBACH, BARAN, 2001). 
Outra importante função da pele é a termorregulação. Quando exposta a altas 
temperaturas ou atividades físicas árduas, há então a secreção de suor, formada por 
uma solução diluída de sal, que esfria a pele quando evapora na superfície. A 
microcirculação também ajuda a controlar o calor por meio das artérias cutâneas 
presentes na derme (IOBST, SANTHANAM, WEINKAUF, 2006). 
 
 
11 
 
A secreção de sebo, pelas glândulas sebáceas, juntamente com o suor, pelas 
glândulas sudoríparas, formam a emulsão natural da pele, importante para a 
manutenção da hidratação (HERNANDEZ, FRESNEL, 1999; INOUE, 2006). 
A pele ainda apresenta um mecanismo de eliminação de substâncias nocivas 
e tem capacidade de se regenerar facilmente, além de apresentar, também, ação 
imunológica devido à presença de células de Langerhans (que, após o contato com 
alérgenos, tumores e microrganismos, emitem um sinal sensibilizante para iniciar a 
resposta imune mediada pelas células T) (PYHN, SANTOS, 2002; IOBST, 
SANTHANAM, WEINKAUF, 2006). 
A absorção de fármacos pela camada córnea e pelos folículos pilossebáceos 
permite que formulações terapêuticas cutâneas possam ser administradas com 
vantagem pelo paciente, em formas como fitas adesivas transepidérmicas. Essa 
absorção será influenciada pela integridade e espessura da epiderme, hidratação do 
estrato córneo, coeficiente de lipossolubilidade, vasodilatação, e ações mecânicas e 
elétricas (HERNANDEZ, FRESNEL, 1999). 
Restringindo-se à epiderme, sua principal função é prover e manter a 
hidratação. A hidratação dos corneócitos é essencial para a função do estrato 
córneo. A água é retida na superfície da pele e o estrato córneo previne a sua perda, 
sendo a água presente nessa camada um determinante importante da aparência e 
propriedades físicas da pele, incluindo flexibilidade. Lipídeos da superfície da pele, 
que são derivados das glândulas sebáceas, possuem um papel importante na 
hidratação cutânea (RAWLINGS, 2006, INOUE, 2006). 
 
 
2.1.2. Permeabilidade da Barreira Cutânea 
Embora o estrato córneo seja reconhecido como a barreira física mais 
importante, as camadas mais baixas da epiderme também são significantes na 
função de barreira (BRANDNER, PROKSCH, 2006; MAC-MARY et al., 2006). 
A permeabilidade é influenciada pela organização dos lipídios extracelulares 
do estrato córneo, visando à formação de uma barreira protetora que previne a perda 
de fluidos e eletrólitos (ELIAS, 2006). 
 
 
12 
 
A secreção de lipídeos nos corpos lamelares não forma uma barreira efetiva. 
É necessária a acidificação, pois a concentração de H+ no estrato córneo ativa ou 
inibe enzimas específicas pH-sensíveis para estabelecer a permeabilidade e a 
integridade do estrato córneo (MAURO, 2006). 
O estresse psicológico traz conseqüências negativas para a epiderme, pois 
verifica-se a redução de sua permeabilidade com o aumento dos glicocorticóides 
endógenos (ELIAS, 2007). 
Devido à relativa complexidade da pele humana e muitas moléculas de 
interesse para penetrar através dela, deve-se estudar cuidadosamente a sua 
permeabilidade (FITZPATRICK, CORISH, HAYES, 2004). 
As substâncias podem permear na pele por difusão do ativo, pelos folículos 
sebáceos, ou, ainda, pelos queratinócitos. A permeabilidade pode ser influenciada 
pelo tamanho da molécula; lipofilicidade do ativo; tipo de formulação; além do estado 
físico do estrato córneo, pois verifica-se que a penetração se torna mais fácil quando 
o estrato córneo é pouco espesso (LODÉN, 2003; BENY, 2000; LEONARDI, 2004; 
VERMA et al., 2003). 
O veículo utilizado na formulação também tem papel fundamental na 
permeação cutânea. Há alguns veículos que podem ser considerados facilitadores 
de permeação, como o ácido láctico, uréia, tensoativos, entre outros. Essas 
substâncias interagem com o estrato córneo, alteram sua estrutura de forma 
reversível e assim conseguem promover a liberação dos ativos (LEONARDI, 2004). 
A permeabilidade cutânea também pode ser alterada pelo grau de hidratação 
do estrato córneo. A pele hidratada tem maior flexibilidade e elasticidade, o que 
facilita a entrada de substâncias. A hidratação excessiva aumenta a permeabilidade, 
podendo ser uma metodologia para melhorar a biodisponibilidade de fármacos por 
essa via (ESPOSITO et al., 2007). 
Utilizando métodos físicos, como o ultra-som (fonoforese ou sonoforese)e a 
corrente galvânica (iontoforese), consegue-se melhorar a permeação de substâncias 
na pele. Vibrações de alta freqüência, como no ultra-som, ajudam na penetração de 
ativos através do efeito térmico e vasodilatador. Na iontoforese, a substância ativa 
deve estar na forma iônica, carregada de cargas elétricas negativas ou positivas para 
 
 
13 
 
exercer efeito na permeabilidade a partir do princípio da Física de atração e repulsão 
(ROSSI, VERGANINI, 2000). 
 
 
2.1.3. Formação da Barreira Hidrolipídica Cutânea 
A barreira cutânea se desenvolve durante a fase embrionária e é 
estabelecida, aproximadamente, na 34ª semana de gestação. As crianças 
prematuras apresentam aumento na perda de água transepidérmica, estando, desta 
maneira, altamente suscetíveis às infecções (KOCH, ROOP, ZHOU, 2006). 
A barreira cutânea é renovada de maneira contínua e organizada. O processo 
de queratinização é iniciado quando a barreira sofre agressões para recompô-la. 
Este processo nada mais é do que uma renovação ou diferenciação celular que leva 
à formação da camada córnea. Onde quer que o estrato córneo seja severamente 
danificado, a epiderme rapidamente restaura a função da barreira, em 
aproximadamente 4 dias (GERARD, MARTINI, CHIVOT, 1998; HARRIS, 2003; 
TAGAMI, KIKUCHI, 2006). 
O uso de tensoativos reduz a força da barreira hidratante natural. Os sabões 
podem fragilizar a barreira, além de retirar os lipídeos da superfície da pele 
(RAWLINGS, 2006). 
Os corpos lamelares aparecem nas células granulares e têm importante 
função na formação do estrato córneo. São formados por organelas ovais 
enriquecidas principalmente com lipídeos polares e enzimas catabólicas, que 
fornecem os lipídeos necessários para a formação do estrato córneo (BOUWSTRA, 
PILGRAN, PONEC, 2006). 
Possivelmente, a estratificação é sinalizada por alteração no gradiente de 
concentração de cálcio entre as diferentes camadas. A camada basal contém menor 
quantidade de íons cálcio e, quando ocorre o processo de estratificação ou 
queratinização, essa concentração aumenta, estimulando a secreção dos corpos 
lamelares (GERARD, MARTINI, CHIVOT, 1998; HARRIS, 2003; LODÉN, 2003). 
Os corpos lamelares se movem para o ápice e, na periferia das células 
granulares, aderem à membrana plasmática e secretam o conteúdo dentro dos 
 
 
14 
 
espaços intracelulares por exocitose. Os lipídeos derivados dos corpos lamelares 
são modificados e rearranjados dentro da lamela intercelular. Esses corpos 
lamelares servem como carreadores dos precursores de lipídeos da barreira 
cutânea, formados principalmente por glicoesfingolipídeos, esteróis livres e 
fosfolipídeos. A hidrólise dos glicolipídeos gera ceramidas, ao passo que os 
fosfolipídeos são convertidos em ácidos graxos livres. Tal cascata de reações é 
ilustrada na Figura 3 (BOUWSTRA, PILGRAN, PONEC, 2006). 
 
Figura 3. Cascata bioquímica na recuperação da barreira (HARRIS, 2003) 
 
 
15 
 
A formação da barreira cutânea também envolve a presença de várias 
enzimas pH-dependentes, principalmente para a descamação, denominadas 
hidrolases. No estrato granuloso, há a liberação de hidrolases ácidas dos corpos 
lamelares para a diferenciação dos queratinócitos. Várias investigações têm revelado 
que pH baixo no espaço extracelular tem uma importante função na regulação da 
atividade enzimática, especialmente na queratinização e regeneração da barreira 
(SCHMID-WENDTNER, KORTING, 2006). Segundo Lóden (2003), mudanças 
extremas do pH da pele estimulam a queratinização, atuando como um sistema de 
defesa do organismo. 
Existem diversos fatores que modificam a queratinização, como por exemplo, 
radiação solar, ação de detergentes, massagem cutânea e cicatrização. A radiação 
solar ativa os queratinócitos da camada basal, que, por sua vez, promove a migração 
de células para a camada córnea, resultando em espessamento desta última 
camada. A massagem cutânea tem capacidade de estimular a atividade das células 
germinativas, contribuindo para o processo de queratinização (GERARD, MARTINI, 
CHIVOT, 1998). 
 
 
2.2. Hidratação Cutânea 
2.2.1.Desidratação 
Descamação, prurido, opacificação, vermelhidão, rachaduras e repuxamento 
da pele são sintomas clínicos característicos de pele seca ou xerose (Figura 4). 
Essas modificações cutâneas podem ser notadas visualmente ou pelo tato (ROSSI, 
VERGNANINI, 1997; LODÉN, 2003). 
 Diversos fatores fisiopatológicos alteram a integridade da barreira cutânea, 
como, por exemplo: mudanças no estrato córneo, anormalidades no processo de 
queratinização, alterações dos lipídeos intercelulares e do filme hidrolipídico, 
rompimento do metabolismo de água transepidérmica e mudanças do pH cutâneo 
(PONS-GUIRAUD, 2007). 
A xerose pode ser influenciada por: fatores genéticos, devido a desordens na 
estrutura e função da epiderme; fatores ambientais, como umidade e temperatura 
 
 
16 
 
baixas; e por fatores comportamentais, por meio da exposição a produtos químicos, 
como tensoativos, ácidos e bases, entre outros. Também pode ocorrer xerose como 
conseqüência da falta de adaptação aos produtos cosméticos (COUTEAU, 
COIFFARD, SÉBILLE-RIVAIN, 2006; LODÉN, 2005). 
A xerose é caracterizada pela diminuição da água contida no estrato córneo, 
ocasionando uma descamação anormal dos corneócitos que perdem a coesividade. 
A xerose não altera a quantidade total de lipídios do estrato córneo, porém há a 
diminuição na proporção de lipídios neutros e aumento na quantidade de ácidos 
graxos livres associados à severidade da desidratação (INOUE, 2006; LODÉN, 
2003). 
Com essa alteração, o pH cutâneo também é prejudicado. Entretanto, a 
acidez natural da pele é essencial para manter a atividade inibitória contra bactérias 
patogênicas (PONS-GUIRAUD, 2007). 
A epiderme se desidrata devido às desordens no processo de queratinização 
e à diminuição do conteúdo de água do estrato córneo abaixo de 10%, cuja causa 
pode ser devida ao desequilíbrio entre a evaporação e a reposição de água pelas 
camadas inferiores (ROSSI, VERGNANINI, 1997; PONS-GUIRAUD, 2007). 
A derme também se desidrata no decorrer do envelhecimento cutâneo. As 
macromoléculas hidratáveis, como o ácido hialurônico da matriz intercelular, se 
ramificam e o teor da derme na água extracelular diminui, devido à diminuição da 
produção de profilagrina, precursora do FHN - Fator de Hidratação Natural 
(HERNANDEZ, FRESNEL, 1999; LODÉN, 2003). 
Fatores ambientais, temperatura corporal, uso de produtos tópicos e alguns 
fatores endógenos podem alterar a membrana dos corneócitos, acarretando em 
perda da capacidade de retenção dos componentes do FHN, que são responsáveis 
por reter água no estrato córneo. Como conseqüência, ocorre aumento da perda de 
água transepidérmica (TEWL), podendo resultar em desidratação cutânea (ROSSI, 
VERGNANINI, 1997; HERNANDEZ, FRESNEL, 1999; SHAI, MAIBACH, BARAN, 
2001; HARRIS, 2003). 
A desidratação é mais profunda a partir dos cinqüenta anos devido à genética, 
à redução quantitativa das proteínas responsáveis pela manutenção da hidratação e 
 
 
17 
 
à morte celular. Ou seja, o envelhecimento traz danos ao manto hidrolipídico, que, 
por sua vez, perde gradativamente sua função protetora (RIEGER, 1996; 
HERNANDEZ, FRESNEL, 1999). 
 
 
 
Figura 4. Xerose (PONS-GUIRAUD, 2007). 
 
Para manter as funções da pele discutidas anteriormente, a hidratação 
cutânea torna-se indispensável, visto que a pele desidratada causa danos à 
integridade da barreira hidrolipídica, responsável pela homeostase cutânea (BENY, 
2000). 
A manutenção da hidratação cutânea, bem como a capacidade de renovação 
celular do organismo,atuam de maneira expressiva na conservação da saúde, 
maciez, flexibilidade, elasticidade e jovialidade cutânea (LEONARDI, 2004). 
 
 
2.2.2. Mecanismos de Hidratação 
Todas as células viáveis necessitam de água para exercer suas funções e 
para a sobrevivência humana, devendo a perda de água através da pele ser 
cuidadosamente regulada (RAWLINGS, 2006). 
 
 
18 
 
A água atua como um polímero fisiológico no estrato córneo e vários fatores 
influenciam o estado de hidratação, tais como: a percentagem em que a água 
alcança o estrato córneo (a partir dos tecidos abaixo); a percentagem de água 
perdida na superfície por evaporação; e a habilidade do estrato córneo em reter 
água (RAWLINGS, 2006). Segundo Paula (2001), a quantidade e a qualidade do 
fator de hidratação natural e do sebo cutâneo também interferem no grau de 
hidratação. 
A pele humana de um adulto contém aproximadamente 70% de água, porém 
ela não está uniformemente distribuída nas diferentes camadas. A maior parte se 
encontra na derme, em razão da ação das glicosaminoglicanas (GIRARD, BERAUD, 
SIVENT, 2000). 
Na pele normal, o nível de água do estrato córneo reduz gradualmente em 
direção à superfície. O predomínio de substâncias hidrofóbicas no espaço 
intercelular é um fator regulatório importante que retarda a desidratação do 
corneócito e assegura a atividade enzimática (PONS-GUIRAUD, 2007). 
O estado de hidratação da camada córnea varia de acordo com a quantidade 
de água nela presente, com o transporte de água das camadas inferiores, com a 
velocidade de evaporação e de queratinização, além de variar conforme a 
quantidade e a composição da emulsão epicutânea. A capacidade de retenção de 
água pelo estrato córneo está relacionada à quantidade e à qualidade dos fatores de 
hidratação natural e dos lipídios, principais responsáveis pela impermeabilização 
(ROSSI, VERGNANINI, 1997). 
Portanto, para evitar a desidratação é necessário manter a integridade da 
barreira cutânea. Existem diferentes mecanismos de hidratação que atuam na 
proteção da barreira hidrolipídica. Dentre eles podemos citar: oclusão, umectação e 
hidratação ativa (HERNANDEZ, FRESNEL, 1999; SHAI, MAIBACH, BARAN, 2001). 
O mecanismo de oclusão é alcançado por meio do uso de substâncias 
oleosas, que produzem uma fina camada de óleo sobre a pele, o que enriquece a 
ação do manto hidrolipídico e retarda a evaporação da água. Estas substâncias 
emolientes produzem mais efeito quando aplicadas na pele após o banho, tendo em 
vista que apreendem a água no estrato córneo. Tais substâncias conferem maciez e 
 
 
19 
 
aspecto aveludado à cútis. São exemplos dessas substâncias: a lanolina, o miristato 
de isopropila e o óleo mineral (SHAI, MAIBACH, BARAN, 2001; YOKOTA, 
MAIBACH, 2006). 
A absorção hídrica é conferida pela ação dos umectantes, que atraem e retêm 
a água tanto do ambiente quanto da derme (RAWLINGS, CANESTRARI, 
DOBKOWSKI, 2004). Dentre eles, podemos citar: sorbitol, glicerol, propilenoglicol, 
glicosaminoglicano, elastina e colágeno. O uso destes é debatido, pois, em 
ambientes secos, tais componentes podem absorver água da pele, aumentando o 
ressecamento desta. Portanto, seu uso é mais indicado em ambientes úmidos (SHAI, 
MAIBACH, BARAN, 2001). 
Ingredientes intracelulares com capacidade higroscópica, como os 
constituintes do FHN, têm capacidade de promover hidratação ativa, conhecida 
como hidratação terapêutica, por meio da reposição desses componentes. Tais 
componentes são freqüentemente prescritos no tratamento de xerose, ou pele seca, 
por serem semelhantes estruturalmente às substâncias naturais do estrato córneo, 
resultando em maior compatibilidade com as células epiteliais e conseqüente 
melhora dos resultados terapêuticos ou até mesmo estéticos (ROSSI, VERGNANINI, 
1997; PADAMWAR et al., 2005). 
 
 
2.2.3. Produtos hidratantes 
2.2.3.1. Componentes do FHN (Fator de Hidratação Natural) 
O FHN está presente nos corneócitos em altas concentrações e é composto 
de substâncias umectantes, intensamente higroscópicas e por meio das quais a 
água intracelular é retida. Assim, as camadas mais externas do estrato córneo 
conseguem hidratação suficiente para evitar a ação desidratante do ambiente. Os 
constituintes do FHN estão descritos no Quadro 1 (RAWLINGS, 2006). 
Nem todos os umectantes são integrantes do FHN, como a glicerina e o ácido 
hialurônico, que não o integram. Dependendo do peso molecular, eles permeiam a 
pele ou permanecem na superfície cutânea. A maioria dos umectantes é formada por 
moléculas de baixo peso molecular (LODÉN, 2003; FLYN, 2004). 
 
 
20 
 
Uma das substâncias mais solúveis no estrato córneo, a uréia, vem sendo 
freqüentemente empregada em tratamentos cosméticos e dermatológicos. Tal 
substância tem propriedades queratolítica ou queraplástica, dependendo de sua 
concentração. Soluções contendo 20% de uréia têm mostrado redução em coceiras, 
ao passo que para tratamento de ictiose e hiperqueratose deve ser usada na 
concentração de 10%, em emulsões (LODÉN, 2003). 
A uréia é encontrada naturalmente nos corneócitos a 1%. Também está 
presente na urina, em concentração média de 2%, na qual é hidrolisada em amônia 
e dióxido de carbono. Pode ser utilizada no tratamento de pele seca em formulações 
cosméticas, em concentrações que variam de 3 a 5% (VIGLIOGLIA, RUBIN, 1989; 
LODÉN, 2003). 
A glicerina é outro umectante importante utilizado em produtos cosméticos. 
Pode ser usada na forma de emulsões em altas concentrações, como 20%, e não 
causar efeitos adversos (LODÉN, 2003). Estudos mostram que uma única aplicação 
de solução aquosa de glicerina em pele normal reduz a perda transepidérmica de 
água (TEWL) por algumas horas, já a sua aplicação a 20%, em emulsões, não 
proporcionou efeitos significativos sobre a TEWL (LODÉN et al., 2001). 
Segundo Lodén et al. (2001), após testes comparativos in vivo entre a uréia e 
a glicerina, a primeira resultou em maior redução na perda transepidérmica de água 
em pacientes com dermatite atópica em relação à segunda. Portanto, a uréia 
apresentou-se mais eficaz no tratamento de pele seca do que a glicerina. Entretanto, 
a medida da capacitância da superfície cutânea não mostrou diferenças significativas 
entre as áreas tratadas com uréia e glicerina. Estudos realizados por Lodén et al. 
(2002), mostraram que não há diferenças significativas entre uréia e glicerina no 
tratamento de dermatites atópicas. 
 
 
2.2.3.2. Emolientes 
Os emolientes são substâncias líquidas na temperatura ambiente que 
suavizam e amaciam a pele. Representados pelos óleos, especialmente os vegetais, 
os emolientes são freqüentemente utilizados nas formulações para melhorar a 
 
 
21 
 
espalhabilidade do produto e melhorar o sensorial cutâneo. Além disto, certamente 
os lipídios geram benefícios ao tecido cutâneo, uma vez serem os principais 
constituintes das membranas celulares e, também, responsáveis por manter o nível 
de água adequado no estrato córneo, permitindo, desta forma, maior flexibilidade 
(MAC-MARY et al., 2006; LEONARDI, 2004). 
Os emolientes auxiliam na função da impermeabilização da barreira 
hidrolipídica, resultando em uma maior quantidade de água retida e permitindo a 
hidratação e a melhora da aparência do estrato córneo. Conforme anteriormente 
exposto, a presença de umidade no interior das células córneas mantém a 
elasticidade, a flexibilidade e a maciez da pele (HERNANDEZ, FRESNEL, 1999; 
SHAI, MAIBACH, BARAN, 2001; LEONARDI, 2004; RAWLINGS, CANESTRARI, 
DOBKOWSKI, 2004). 
O estrato córneo contém, naturalmente, substâncias emolientes como 
ceramidas, ácidos graxos livres e colesterol. Os óleos vegetais vêm sendoconstantemente empregados em formulações de uso tópico em virtude de terem em 
sua composição ácidos graxos semelhantes aos encontrados na epiderme 
(LEONARDI, 2004). 
 
2.2.3.3. Extrato Vegetal 
Desde 7000 a.C., a humanidade vem se utilizando da química das plantas na 
produção de óleos emolientes, xampus, cremes e medicamentos. Com o auxílio da 
tecnologia e de avançadas pesquisas científicas, os benefícios de matérias-primas 
desse tipo em produtos de beleza estão sendo explorados com maior eficiência. As 
novas descobertas podem aumentar os benefícios de cada óleo ou extrato vegetal, 
já que cada um pode conter centenas de componentes e substâncias orgânicas com 
finalidades diferentes (WILLCOX, 1993). 
O uso de plantas e seus extratos revolucionou a química cosmética moderna, 
pois o uso de muitas preparações cosméticas com produtos sintéticos ocasionou 
situações graves de reações na pele. (CUNHA, SILVA, 2004). 
Atualmente, há uma tendência pela utilização de produtos vegetais, devido ao 
forte apelo de consciência ambiental e à diversificada fonte de substâncias ativas 
 
 
22 
 
que tais produtos apresentam, muitas delas ainda inexploradas, encontradas em 
abundância na natureza, o que incentiva as empresas cosméticas a buscarem novos 
ingredientes (BLOISE, 2003; OLIVEIRA, 2003; SILVA, 2003). 
Adicionalmente, os extratos vegetais são utilizados por razões de marketing, 
visto que a mensagem do efeito dos “ingredientes naturais” é muito mais 
compreendida pelo consumidor (LODÉN, 2005). 
Os extratos vegetais são os ativos mais utilizados na formulação de produtos 
para a pele e para o cabelo. No setor de produtos destinados ao tratamento cutâneo 
os extratos podem hidratar, suavizar e reestruturar a pele (WERNER, 2004). 
Os diferentes componentes vegetais, assim como qualquer outro ativo, atuam 
de maneira particular para alcançar um objetivo em comum. Por exemplo, o extrato 
do vegetal Imperata cylindrica é vendido no mercado com o apelo de hidratar a pele 
por um período de 24 horas devido a um componente osmoregulador celular. Já a 
trealose, um dissacarídeo encontrado em plantas do deserto, é comercializada com 
o apelo de aumentar o nível de hidratação natural da pele por preservar a 
integridade morfológica das membranas biológicas, minimizando a perda de água 
transepidérmica (CRODA). 
Porém, nem todas as plantas possuem os requisitos necessários para serem 
utilizadas como ativos cosméticos. Existem extratos vegetais altamente tóxicos e 
irritantes à cútis. Por isto, testes dermatológicos e toxicológicos são indispensáveis 
para evitar danos à pele (WERNER, 2004). 
As variações dos processos de produção, estações do ano e formas de cultivo 
limitam a utilização desses ingredientes nos produtos cosméticos. Há, também, a 
necessidade de se estabelecer condições ótimas e concentrações de estabilidade e 
eficácia clínica desses produtos (CHIU, KIMBALL, 2003; LODÉN, 2005). 
A seleção do material vegetal bruto, a validação do processo de extração do 
ativo e a produção destes ativos com controle analítico rígido e eficaz são pré-
requisitos indispensáveis para garantir a qualidade do produto cosmético final 
(WERNER, 2004). 
 
 
 
 
23 
 
 
 
2.2.3.4. Derivados de Açúcares 
Os carboidratos, devido ao grande número de grupos hidroxila, interagem 
fortemente com a água (LIU et al., 1997). Tem-se verificado que alguns açúcares 
podem ser usados como tensoativos em produtos cosméticos, como é o caso, a 
título exemplificativo, do raminosídeo. Estudos com esse açúcar em novas 
formulações apresentaram cosméticos com alto poder de hidratação e de rápida 
penetração cutânea (HOLMONT et al., 2001). 
Outros açúcares, como o sorbitol e a tagatose, têm sido adicionados em 
preparações cosméticas, principalmente em cremes dentais, devido às propriedades 
umectantes, além de garantirem um sabor agradável aos produtos (LU, 2001). 
Combinando-se, em um mesmo produto, lipídeos e açúcares com poder 
umectante, como a trealose, faz-se possível aumentar grandemente a hidratação do 
estrato córneo. Verificou-se, em um estudo, que a capacitância da pele aumentou 
cerca de 40%, enquanto a perda de água transepidérmica reduziu 15% em duas 
semanas com o uso dessas substâncias. Pôde-se constatar, igualmente, o reparo da 
barreira cutânea por conta da restauração dos lipídeos da matriz extracelular, bem 
como o efeito imediato na hidratação cutânea (GUGLIELMINI, BERARDESCA, 
2007). 
Segundo Kim et al. (2005), um polissacarídeo contendo frutose produzido pela 
bactéria anaeróbia Zymomonas mobilis apresentou efeito hidratante semelhante ao 
ácido hialurônico. 
Os carboidratos, a exemplo das enzimas, exercem papel importante na 
barreira cutânea. A enzima glicosidase é capaz de converter a glicosilceramida em 
ceramida, passo indispensável no desenvolvimento e maturação dos lipídeos que 
estabelecem a barreira cutânea. Devido a esse conceito, os derivados de açúcar 
estão sendo amplamente explorados e já patenteados com o apelo de estimular as 
glicosidades. Quando essas enzimas estão estimuladas, favorecem o aumento dos 
lipídeos, promovendo, conseqüentemente, uma melhora na função da barreira 
cutânea (BRUNO, 2004). 
 
 
24 
 
 
 
 
 
2.2.3.5. Silício Orgânico 
O silício é um oligoelemento constituinte das glicosaminoglicanas e está 
firmemente ligado à matriz polissacarídica. No ser humano, o silício e seus derivados 
são encontrados principalmente no tecido conectivo, sendo essenciais para o 
crescimento normal do indivíduo (SCHWARZ, 1977). 
Os derivados do silício orgânico, também chamados silanóis, são 
responsáveis pelo metabolismo de regeneração e pela divisão celular. Como são 
patentes, não temos muitas referencias. Promovem, inclusive, a hidratação da 
epiderme e da derme, em razão da habilidade de manter a água ligada aos tecidos 
(PAILLET, 2000). 
O envelhecimento diminui o teor de silício, acarretando em desestruturação do 
tecido conjuntivo. A reposição do silício no tecido dérmico é feita na forma de silício 
orgânico; biologicamente ativo. O silício orgânico atua diretamente sobre o 
metabolismo celular, estimulando a biosíntese das fibras de colágeno, elastina e 
proteoglicanas, conferindo firmeza e tonicidade aos tecidos. Isto ocorre devido à 
estimulação das citocinas, mensageiras da comunicação celular entre os 
queratinócitos e fibroblastos. Além do mais, tal oligoelemento reforça a membrana 
celular, tornando-a mais resistente ao ataque dos radicais livres responsáveis pela 
aceleração do envelhecimento (EXSIMOL). 
Na epiderme, o silício está situado nas camadas queratinizadas, contribuindo 
para a proliferação e diferenciação dos queratinócitos. Na derme, ele participa de 
macromoléculas que sintetizam fibroblastos. Os silanóis são elementos constitutivos 
da matriz extracelular e apresentam vários grupos hidroxilas. Estão envolvidos na 
regulação do metabolismo dos tecidos, assim como na restauração da homeostase e 
na comunicação celular. Apresentam, ainda, propriedades contra o envelhecimento 
cutâneo por conta da proteção face os efeitos dos radicais livres, além de garantirem 
firmeza, suavidade e hidratação cutânea (PAILLET, 2000). 
 
 
25 
 
A hidratação cutânea natural é dependente do bom funcionamento do 
metabolismo celular. Deste modo, quando o metabolismo sofre danos, a hidratação 
cutânea é afetada, de modo que a suplementação de silício orgânico irá restabelecer 
o sistema de hidratação natural da pele, auxiliando na retenção de moléculas de 
água sobre a pele. O silício auxilia a pele na recuperação de sua capacidade de 
defesa natural, afetada pela exposição aos raios UV e pelo envelhecimento.

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