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Murillo de Oliveira Antunes Doutor em Cardiologia pela Universidade de São Paulo (USP) Médico Especialista em Cardiologia pelo InCor-HC-FMUSP Especialista em Clínica Médica Dislipidemia murillo.antunes@incor.usp.br Dislipidemia = desvio anormal no valor de uma ou mais frações lipídicas do plasma. LDL fator risco INDEPENDENTE para DAC. 3 Apesar de evidências bem definidas sobre orientação nutricional e efetiva redução com drogas hipolipemiantes atuais, estima-se que: - > 50% da população mundial CT > 200mg/dL d - 45% com valores de LDL > 130mg/dL Lipídes – “Gordura” Lípides Função Colesterol Membrana celulares Hormônios esteróides Ácidosbiliares VitaminaD Fosfolipídeo Membrana Celular Triglicérides Armazenamento Energético Apesar da má fama, o colesterol é um composto essencial para a vida, estando presente nos tecidos de todos os animais. 6 Lipoproteínas Lipoproteínas Função Quilomícrons Transportam as gorduras alimentares para os tecidos (para energia). VLDL e IDL Transportamtriglicéiridese colesterol endógenos do fígado para os tecidos. LDL Transportam cerca de 70% de todo o colesterol que circula no sangue do fígado para os tecidos. HDL Transporte reverso do colesterol: transporta o colesterol endógeno de volta para o fígado Densidade = Massa Volume O elo entre o colesterol e a aterosclerose Nikolai anitikov Existe um elo que vem sendo estabelecido desde o início do século passado entre o nível de colesterol e a velocidade com que se desenvolvem essas lesões. Talvez, o pioneiro no estabelecimento da relação entre nível de colesterol e desenvolvimento da aterosclerose tenha sido o médico do soldado russo Nikolai Anitschkow. Ele, por volta de 1913, fez um experimento clássico no qual, através de uma alimentação rica em colesterol, coelhos acabaram desenvolvendo, em poucas semanas, lesões semelhantes à aterosclerose. Na verdade havia uma grande infiltração, um grande depósito de colesterol junto ao arco da aorta, e Anitschkow também foi o primeiro a descrever a presença das chamadas células espumosas: aquelas células que são derivadas de monócitos circulantes. Estes diferenciam-se em macrófagos na parede vascular, que acabam englobando um alto conteúdo de colesterol dentro do seu citoplasma. 10 De um modo geral, a aterosclerose se desenvolve muito cedo na vida, mas a intensidade desse processo e suas complicações acabam tendo uma relação muito forte com a intensidade e a presença de fatores de risco para a aterosclerose, como a hipertensão arterial, o diabetes, o tabagismo, as alterações lipídicas. Em geral, é por volta da quinta/sexta décadas de vida que surgem as complicações da aterosclerose, embora ela se inicie muito cedo na vida. Mas, dependendo de quantos fatores de risco estão presentes e da intensidade desses fatores de risco, pode-se ter uma antecipação das complicações da aterosclerose. 11 Estudos de autópsias que envolvem crianças, adolescentes e adultos jovens. São dados surpreendentes: os adultos jovens de 21 a 25 anos de idade - quase a metade desta população já tem placas relativamente avançadas. O ateroma já está presente em artérias coronárias, mesmo numa idade tão jovem. Essas placas dificilmente se complicam nessa idade, mas é possível, poucos anos mais tarde, já se perceber uma maior freqüência de pequenas rupturas, presença de microtrombos e, dependendo da intensidade do processo inflamatório, das alterações lipídicas ou desses fatores de risco, realmente complicações mais sérias, como uma síndrome coronariana aguda. 12 Colesterol Total x Mortalidade Usual total cholesterol (mmol/L) 4·0 5·0 6·0 7·0 8·0 0·5 1 2 4 8 16 32 64 128 256 Hazard ratio (floating absolute risks & 95% CI) 80-89 70-79 60-69 50-59 40-49 Lancet 2007; 370: 1829-39 Established chiefly to investigate associations of blood pressure and cholesterol with cause-specific mortality Individual data on 900 000 participants without any previous history of vascular disease from 61 prospective cohort studies 55 000 vascular deaths (34 000 ischaemic heart disease, 12 000 stroke, 10 000 other) 150 000 participants from 23 studies also had HDL cholesterol (5000 vascular deaths) Outra prova do forte elo entre nível de colesterol e desfechos coronarianos vem de toda uma coletânea de estudos tanto de prevenção primária como de prevenção secundária. Com base em diferentes tratamentos, seja com estatinas, seja com procedimentos como o bypass ileal ou parcial, pode-se observar que a diminuição do nível de LDL-colesterol é proporcional à redução das principais complicações coronarianas. 14 www.arquivosonline.com.br Sociedade Brasileira de Cardiologia • ISSN-0066-782X • Volume 101, Nº 4, Supl. 1, Outubro 2013 Avaliação Laboratorial nas Dislipidemias Equação de Friedewald LDL = CT - HDL- TG/5 Imprecisa hipertrigliceredemia TG>400 mg/dl Evitar ingestão de álcool nas 72 hs e atividade física nas 24 hs antes da coleta do exame fridevald 16 Lípides Valores (mg/dL) Categoria CT < 200 Desejável 200 – 239 Limítrofe ≥ 240 Alto LDL-C < 100 Ótimo 100-129 Desejável 130-159 Limítrofe 160-189 Alto ≥190 Muito Alto HDL-C > 60 Desejável < 40 Baixo TG < 150 Desejável 150 -200 Limítrofe 200-499 Alto ≥500 Muito Alto Colesterol não –HDL < 130 Ótimo 130-159 Desejável 160-189 Alto ≥190 Muito Alto Tipos deDislipidêmia Descrição HipercolesterolemiaIsolada LDL ≥ 160mg/dL. HipertrigliceridemiaIsolada TG ≥150mg/dL. Hiperlipidemia Mista LDL ≥ 160mg/dL e TG ≥150mg/dL. HDL Baixo HDL homens <40mg/dL e mulheres <50mg/dL Risco Baixo Risco Médio Risco Alto QUAL O RISCO CARDIOVASCULAR ? Risco de infarto ou morte em 10 anos H- ≥5% e ≤ 20% M - ≥5% e ≤ 10% < 5 % H- > 20% M - > 10% Fase 1 – Presença de doença aterosclerótica significativa ou de seus equivalentes ?? Risco Alto DOENÇA ATEROESCLERÓTICA? DAC – ANGINA ESTÁVEL, ISQUEMIA SILENCIOSA, SCA AGUDA, MIOCARDIOPATIA ISQUEMICA AVE OU AIT ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL OU RAMOS, ESTENOSE CAROTIDEA > 50% 21 Risco Baixo Risco Médio Risco Alto COMO ESTRATIFICAR O RISCO CARDIOVASCULAR ? Doença ateroesclerótica, DM, DRC, HCF? SIM NÃO Escore de Risco Global Risco Baixo Risco Médio Risco Alto Doença Ateroesclerótica? Escore de Risco Global NÃO O ER Global estima a probabilidade (DAC, AVE, doença arterial obstrutiva periférica ou insuficiência cardíaca) em 10 em indivíduos sem diagnóstico prévio de aterosclerose clínica 25 Fase 2 – Utilização do Escore de Risco?? Fase 3 – Fatores agravantes ?? Risco intermediário Risco Baixo Risco Médio Risco Alto Escore de Risco Global HF + Fator Agravante + ERF < 5% em homens e mulheres ERF ≥ 5% e ≤ 10% nas mulheres e ≥ 5% e ≤ 20% nos homens ERF > 10% nas mulheres e 20% nos homens Metas Terapêuticas Nível de Risco Meta Primária:LDL-C Meta Secundária ALTO LDL-C < 70 Colest. Não-HDL < 100 INTERMEDIÁRIO LDL-C < 100 Colest. Não-HDL< 130 BAIXO MetaIndividualizada Meta Individualizada TRIGLICÉRIDES > 500 Tratar 150 a 499 MetaIndividualizada Tratamento Não Medicamentoso Terapia Nutricional Perda de Peso Atividade Física Cessação do Tabagismo Recomendações dietéticas para a redução da hipercolesterolemia Tratamento Farmacológico Estatinas Inibição da hidroximetilglutaril coenzima A (HMG CoA) redutase Terapia mais importante Pode reduzir todo o conjunto das lipoproteínas como o LDL e VLDL e Aumentar o HDL Cada 40 mg/dl de redução de LDL – Redução de 10% mortalidade ESTATINAS Efeitos colaterais: Miopatia - Mialgia com elevação de CPK Rabdomiólise Baixa incidência ( 0,1 a 0,2%) Suspender apenas se > 10x e QC anormal Toxicidade Hepática – Mais rara ainda Suspender apenas se elevação transaminases 3x > do limite superior de normalidade Cada vez que dobramos a dose de qualquer uma destas estatinas, a redução média adicional do LDL-C é de 6% a 7%. Um dos medicamentos mais importantes foi descoberto na década de 70 e tornou-se comercialmente disponível a partir do final dos anos 80: as estatinas. As estatinas funcionam inibindo a síntese de colesterol Todas as estatinas têm alguma parte da sua estrutura molecular muito semelhante a hidroximetilglutaril- coenzima A (HMG-CoA). E é exatamente devido a esta semelhança que a enzima HMG-CoA redutase acaba ligando-se com as estatinas, diminuindo a disponibilidade da enzima em ativar a via de síntese do colesterol. Regressão da aterosclerose , reduções do LDL-colesterol, como 60 a70%, foram necessárias . 39 EZETIMIBA Inibe absorção do colesterol na borda em escova do intestino delgado Redução de LDL-C de 10 a 25% Utilizar quando a meta de LDL-C não é atingida com estatinas Outro grande avanço no tratamento hipolipemiante veio com a ezetimiba. Não apenas inibir a síntese endógena do colesterol é importante, mas também bloquear a absorção de esterol como colesterol que veio da dieta, ou colesterol que veio da árvore biliar e também de alguns esteróis vegetais. 41 Resinas Sequestradores de ácidos biliares – Reduz absorção enteral do colesterol – Aumenta síntese de LDL-R e colesterol endógeno Colestiramina Não mostrou benefício em adição as estatinas – Somente utilizar quando a meta de LDL-C não é obtida apesar de Estatinas em dose máxima. Redução de 5 a 30% LDL Efeitos colaterais: Constipação e Aumento de TG NIACINA Atua no tecido adiposo periférico, leucócitos e células de langerghans, inibindo lipases hormonossensitivas, diminuindo liberação de AGs livres na circulação. Utilizada para Aumento do HDL-C ( Até 30%) Não utilizado para controle de LDL-C Fibratos Imita a estrutura e funções biológicas dos AGs livres Diminui TG e Aumenta HDL Não demonstrou benefício CV em associação às estatinas Efeitos colaterais: Aumenta risco de miopatia se associado a sinvastatina Não utilizar genfibrozila com estatina, e evitar sinvastatina Ácidos Graxos ômega 3 Derivados do óleo de peixes, plantas e nozes Em altas doses ( 4 a 10g dia) reduz TG e aumenta discretamente o HDL-C Pode aumentar o LDL-C Não está indicada para prevenção CV Novos Fármacos Inibidores da proteína de transferência do éster de colesterol (CETP) Estudos em andamento Inibidor da Microsomal Transfer Protein (MTP) Mostrou diminuir o LDL-C em até 50,9% Associação com Esteatose Hepática Inibidores do Proprotein convertase subtilisin kexin type 9 Inibidores da síntese de Apolipoproteina B
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