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Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 251 A LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA Campo Aquilo que a câmera vê. No espaço, o campo tem a forma de uma pirâmide com o vértice no centro da objetiva. Quadro O retângulo resultante da projeção da pirâmide sobre uma superfície plana seja, o filme, seja a tela de projeção. Ângulo de visão A medida do ângulo formado pelo vértice da pirâmide, em graus. O ângulo de visão varia em função da distância focal da objetiva e das dimensões da janela sobre o filme. Como o quadro é retangular, os ângulos de visão horizontal, vertical e diagonal são sempre distintos. Uma objetiva é classificada em função de seu ângulo horizontal: chama-se "normal" quando este mede cerca de 40 graus, "tele" quando é menor e "grande angular" quando é maior. Ponto de Vista, Plano Subjetivo ou Câmera Subjetiva (o enquadramento subjetivo). A câmera mostra o ângulo de visão do personagem, gerando no espectador o artifício de se encontrar na mente do mesmo e em sua subjetividade. É o local do espaço em que se encontra o vértice da pirâmide. Quando ele reproduz o ponto de vista de um personagem, chamamos de câmera subjetiva. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 252 Plano Entende-se por plano o trecho contínuo de filme/vídeo contido entre dois cortes consecutivos. 2 - Não confundir plano com tomada ou take, que é a ação de filmar/gravar um plano. Em uma filmagem/gravação, podem ser feitas várias tomadas de um mesmo plano, das quais apenas uma será aproveitada. Cena Pode ser composta por um ou mais planos. São agrupados em uma mesma cena os planos que têm uma continuidade temporal e espacial entre si. Sequência Pode ser composta por uma ou mais cenas. Define-se pela continuidade da ação. Plano sequência É uma seqüência de vários planos, ângulos e movimentos de câmera sussessivos e diferentes, feitos em uma única tomada, ou seja, sem cortes. Plano Base ou Master È a tomada de câmera em que se mostra toda a ação da cena em uma única tomada e enquadramento. Plano e Contra-plano ou Campo/contra-campo Chama-se de plano e contra-plano uma sequência de cenas na qual dois ou mais personagens travam um diálogo e a imagem deles se alterna na tela. Através desta montagem, cria-se a sensação de que os personagens estão diante um do outro, porque a câmera se coloca ora numa posição próxima ao ponto-de-vista de um dos personagens, ora na posição do ponto- de-vista do outro. Geralmente, ao se gravar uma cena com plano e contra-plano, procura-se respeitar a regra dos 180º. Em resumo é alternância de planos orientados no mesmo eixo dramático, mas em sentidos opostos, como na Fig2. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 253 PLANOS DE CÂMERA Os planos não são rigorosamente fixados por enquadres exatos. Eles permitem variações, sendo definidos muito mais pelo equilíbrio entre os elementos do quadro, do que por medidas formais exatas.Plano é a menor estrutura visual de um filme ou vídeo. É o elemento básico e primordial do cinema. Refere-se tanto ao enquadramento da câmera em uma pessoa, um grupo de pessoas, um objeto ou um cenário, quanto à imagem apresentada entre dois cortes. Tipos de Planos A terminologia utilizada para interpretar os planos de um filme tem como referência à porção do corpo de um ou mais personagens que são exibidos pelo enquadramento da câmera ou à distância da câmera com relação ao cenário. No geral, os tipos de enquadramentos são sempre os mesmos, variando a forma como são referidos conforme o histórico dos profissionais envolvidos na realização de uma obra cinematográfica ou do país onde a obra é desenvolvida. Planos, Corte e Enquadramentos Quanto ao distanciamento da câmara em relação ao objeto filmado, levando-se em conta a organização dos elementos internos do enquadramento, verifica-se que a distinção entre os planos não é somente uma diferença formal, cada um possui uma capacidade narrativa, um conteúdo dramático próprio. É justamente isso que permite que eles formem uma unidade de linguagem, a significação decorre do uso adequado dos elementos descritivos e ou dramáticos contidos como possibilidades em cada plano. Veremos cada plano, usando a nomenclatura cinematográfica para, didaticamente, facilitar as definições dos enquadramentos ajudando seu estudo. Os planos se dividem em três Fig. 2 Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 254 grupos principais (seguindo-se a nomenclatura cinematográfica): os plano gerais, os planos médios, e os primeiros planos. Os Planos determinam o distanciamento da câmera em relação ao objeto filmado, levando-se em conta a organização dos elementos dentro do enquadramento realizado. Uma mesma fotografia pode conter vários planos, sendo classificada por aquele que é responsável por suas características principais. Enquadrar o centro de interesse focalizando objetos que estejam no "Primeiro Plano", nos dá a sensação de profundidade. Usar ou não o enquadramento para uma foto, dependerá de cada novo assunto e o que o fotógrafo escolhe como moldura, varia a cada foto tirada. Também é comum utilizarmos a expressão "Segundo Plano" para nos referirmos a assuntos, pessoas ou objetos, que mesmo não estando em destaque ou determinando o sentido da foto, têm sua importância. 1 - Grande Plano Geral (GPG) Abrange uma vasta e distante porção de espaço, como uma paisagem. O ambiente é o elemento primordial. O sujeito/objeto é um elemento dominado pela situação geográfica. Objetivamente a área do quadro é preenchida pelo ambiente deixando uma pequena parcela deste espaço para o sujeito que também o dimensiona. Seu valor descritivo está na importância da localização geográfica do sujeito e o seu valor dramático está no envolvimento, ou esmagamento, do sujeito pelo ambiente. Pode enfatizar a dominação do ambiente sobre o homem ou, simbolicamente, a solidão. Os personagens, quando presentes no GPG, não podem ser identificados. 2 - Plano Geral (PG) Abrange uma distante porção de espaço bem menor que o GPG. Os personagens, quando presentes no PG, ainda não podem ser identificados mais algumas de suas características já podem ser percebidas. Neste enquadramento, o ambiente ocupa uma menor parte do quadro: divide, assim, o espaço com o sujeito. Existe aqui uma integração entre eles. Tem grande valor descritivo, situa a ação e situa o homem no ambiente em que ocorre a ação. O dramático advém do tipo de relação existente entre o sujeito e o ambiente. O PG é necessário para localizar o espaço da ação. 3 - Plano Inteiro ou Plano Aberto (PI) É o enquadramento em que o sujeito preenche o quadro. Os pés estão sobre a linha inferior e a cabeça está encostada na linha superior do quadro, ou O sujeito ou assunto fotografado está ocupando boa parte do quadro, deixando espaço para outros elementos que deverão completar a informação. Este Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 255 plano é bastante descritivo, narrando a ação e o sujeito. Seu valor narrativo começa a potencializar o valor expresivo e dramático. 4 - Plano de Conjunto (PC) Pode mostrar um grupo de personagens ou objetos, já reconhecíveis, e o ambiente em que se encontram. A relação do plano conjunto está para o seu conteúdo do que a sua forma.5 - Plano Americano (PA) Um pouco mais próximo, corta os personagens na altura das coxas ou acima dos joelhos. Este plano se originou nos filmes de “Farwests”, nas cenas de duelo, quando se precisava mostrar o momento do “saque” da arma em conjunto com a expressão do “rosto” do cawboy. Seu valor é narrativo e dramático 6 - Plano Médio (PM) É o enquadramento cuja linha inferior corte o sujeito na cintura, ou seja, enquadra os personagens na altura da cintura (a metade do plano inteiro). O sujeito ou assunto fotografado está ocupando grande parte do quadro, deixando pouco espaço para outros elementos completarem a informação. Este plano é intimista ao mostrar a ação e o sujeito. Seu valor narrativo é grande, aumentando o valor expresivo e dramático. 7 - Primeiro Plano (PP) Enquadra na altura do busto os personagens. 8 - Primeiríssimo Plano ou Close up (PPP ou C) Enquadra apenas o rosto. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 256 9 - Super Close up (BC) Enquadra áreas do rosto (expressão nos olhos, boca e nariz, etc.). 10 - Plano de Detalhe (PD) Enquadra e destaca partes do corpo (um olho, uma mão) ou objetos (uma caneta, relógio ou um pequeno dispositivo sobre uma mesa), por exemplo. 1º. Plano, 2º. Plano, 3º. Plano ... É o posicionamento dimensional do personagem/objeto dentro do plano. Um personagem que está mais próximo da câmera é dito que está em 1º. Plano. Já outro personagem, no mesmo plano, que está mais afastado da câmera está em 2º. Plano e assim por diante. Quanto mais afastados os personagens, tantos planos surgirão. Foco Seletivo, Foco Diferencial, Repasse de Foco ou Passagem de Foco É a mudança do foco de um tema em 1º. Plano para outro em 2º. Plano, assim por diante e vise-versa. Esse tipo de linguagem é muito usada em diálogo entre personagens que estão no mesmo quadro, mas em planos diferentes, e proporciona um efeito muito elegante na imagem. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 257 ANGULOS E POSIÇÕES DE CÂMERA Ângulo da Câmera A câmera pode ser situada tanto na mesma altura do sujeito, como também abaixo ou acima dele. Ao fotografarmos com a máquina de "cima para baixo" (plongée), ou de "baixo para cima" (contra-plongée) temos que nos preocupar com a impressão subjetiva causada por esta visão. A câmera na posição de plongée tende a diminuir o sujeito em relação ao espectador e pode significar derrota, opressão, submissão, fraqueza do sujeito; enquanto que o contra- plongée pode ressaltar sua grandeza, sua força, seu domínio. Evidentemente estas colocações vão depender do contexto em que forem usadas. Normal A câmera fica posicionada na horizontal (paralela ao solo) ao nível do olho humano. Plongée ou Picado Câmera posicionada em nível mais ou menos elevado do que o objeto enquadrado, respectivamente. O personagem/objeto fica insignificante, representa fraqueza, evoca pena ou fragilidade, denota situação de perigo, humilhação ou pobreza, impotência. Contra-plongée ou Contra-Picado Câmera posicionada em nível mais ou menos baixo do que o objeto enquadrado. O personagem/objeto ganha importância, representa força, poder, o heróico, a situação positiva, nobre ou de grandeza, domínio. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 258 Nadir ou Supino A câmera se coloca completamente por debaixo do personagem, em um ângulo perpendicular ao solo. O personagem/objeto ganha importância, representa força, poder. Esse ângulo também é chamado de Anti- zenital. Zenital A câmera está completamente por cima do personagem, em um ângulo também perpendicular ao solo. O personagem/objeto fica insignificante, representa fraqueza, evoca pena ou fragilidade, denota situação de perigo, humilhação. ALTURA DA CÂMERA Normal: A câmera se situa a uma altura do solo equivalente a da visão. Entre 1,50 e 1,80 metros. Câmara baixa: A câmera se situa abaixo de 1,50 m. de altura do solo, como a visào de um menino ou um adulto sentado. Câmera alta: Se situa a uma altura maior a 1,80 metros, a distancia do solo é muito elevada, podemos chamar de uma câmera aérea. MO VIMENTOS DE CÂMERA Movimento em maior e em menor grau, Estaticidade O captar ou não o movimento do sujeito é também uma escolha do fotografo. Às vezes, um objeto adquire maior realce quando a sua ação é registrada em movimento, ou o movimento é o principal elemento, portanto deve-se captá-lo. Outras vezes, a força maior da ação reside na sua estagnação, na visão estática obtida pelo controle na câmera (Still). Tilt Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 259 Rotação da câmera em torno de seu eixo horizontal para cima ou para baixo. Panorâmica (Pan) Rotação da câmera em torno de seu eixo vertical para a esquerda ou para direita. Arco ou 360° Rotação da câmera em torno do objeto filmado. Travelling Deslocamento da câmera horizontalmente para o lado esquerdo ou direito. Dolly Deslocamento da câmera horizontalmente para frente (dolly-in) ou para trás (dolly-out). Existe também a definição de “dolly-back”, que nesse caso seria o movimento da câmera para trás e o dolly-out passaria a ser definido como “recuo de câmera com mudança de assunto (a câmera anda para trás recompondo o quadro com uma nova imagem ou objeto). Pedestal ou Lift Deslocamento da câmera verticalmente para cima (lift-up) ou para baixo (lift-down). Rotação ou Roll Movimento efetuado com a câmera em torno do eixo de suas lentes. Pivô Movimento em diagonal da camera de cima para baixo ou vice-versa. Varredura Movimento lateral da câmera rasteiro ao chão. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 260 Sempre que um objeto se move em frente à câmera, sua imagem projetada sobre o filme ou CCD também se move. Se o movimento do objeto é rápido e o obturador fica aberto, por um tempo relativamente longo, essa imagem ou movimento será registrada como um borrão, um tremor, ou uma forma confusa. Se o tempo de exposição for reduzido, o borrão no movimento também será reduzido ou até eliminado. Um tempo de exposição à luz curto (velocidade alta), pode "congelar" o movimento de um objeto, mostrando sua posição num dado momento. Por outro lado, um tempo de exposição longo (velocidade baixa), pode ser usado deliberadamente para acentuar o borrão ou tremor no movimento sugerindo uma sensação de grande velocidade Uma regra prática para uma velocidade ideal é que o número da velocidade tem que ser maior do que a objetiva que está sendo usada. Chicote ou Whip Pan (Swish Pan) É o mesmo movimento efetuado com a câmera em Pan ou Tilt, porém com velocidade bem maior. A câmera que está enquadrando uma pessoa ou objeto desloca-se rapidamente para a esquerda (ou direita), em busca de outra pessoa ou objeto. Durante este deslocamento, a imagem torna-se borrada, não permitindo distinguirem-se pessoas ou objetos durante o trajeto da câmera. O movimento de Chicote pode ser utilizado para indicar passagem de tempo na estória ou então mudança de local. Neste caso, durante a edição (ou montagem na própria câmera, em tempo de gravação), sãojustapostos dois movimentos de Chicote: no primeiro, a câmera está enquadrando a pessoa / objeto A e desloca-se para a direita (ou esquerda). A gravação é então interrompida na metade do movimento (ou isso é feito em tempo de edição). A seguir, em outra locação, a câmera inicia a gravação (ou idem montagem durante a edição) em Chicote e desacelera rapidamente até enquadrar a pessoa / objeto B. Como, embora borrados, os fundos das imagens nos 2 Chicotes mudam de cor e aspecto no meio do movimento, transmite-se a noção de passagem de tempo ou mudança de local. Snap Zoom Movimento de aproximação ou afastamento de grande rapidez, efetuado manualmente através da alavanca ou anel de controle do zoom. Zoom ou Travelling Ótico Alteração gradual, dentro de um mesmo plano, do ângulo de visão. Chama-se zoom-in quando este ângulo diminui (a imagem se aproxima) e zoom-out quando ele aumenta (a imagem se afasta). Zoom-dolly (Efeito Vertigo ou Hitchcock) Combinação dos movimentos de dolly da câmera com o de zoom da objetiva, mas em sentidos inversos e ambos na mesma velocidade. No primeiro provoca a sensação de afastamento do fundo em relação ao objeto em primeiro plano na imagem. No segundo a provoca a sensação de aproximação do fundo. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 261 COMPOSIÇÃO DE IMAGEM "A composição deve ser uma de nossas preocupações constantes, até nos encontrarmos prestes a tirar uma fotografia; e então, devemos ceder lugar à sensibilidade..." (Henri Cartier-Bresson) Composição fotográfica é a seleção e o arranjo agradáveis dos assuntos dentro da área a ser fotografada. Na imagem, é a sua sólida composição o que torna mais atraente do que em outra. Arranjos são feitos colocando-se figuras ou objetos em determinadas posições. Às vezes, na mudança do ângulo de tomada você pode deslocar sua câmera suavemente, acarretando uma mudança considerável na composição. Uma foto bem composta exige planejamento e paciência! Como forma de orientar o estudo da fotografia, descrevemos a seguir alguns elementos da linguagem fotográfica e suas finalidades. Composição Composição é o arranjo dos elementos do quadro: o assunto principal, o primeiro plano, os motivos secundários. É a qualidade estética da imagem que inclui textura, equilíbrio de cores e formas e outras variáveis que combinadas formam uma imagem comunicativa e agradável de se ver. A composição da imagem é responsabilidade de muitas pessoas que trabalham na produção. Desde o operador de câmera até o diretor do programa, passando pelo cenógrafo, iluminador e diretor de fotografia, todos têm participação no resultado final. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 262 O senso estético pode ser um talento nato ou ser desenvolvido com o estudo e a observação de trabalhos de bons diretores, fotógrafos e artistas. A composição da imagem deve ter como objetivo alcançar um efeito emocional, passar um clima, quebrar a monotonia. Compor não é só criar bonitas imagens, compor é mostrar imagens apropriadas. Deve-se enquadrar levando-se o espectador a olhar o que se deseja, a fixar a atenção em algum ponto da cena. E este centro de interesse pode estar no primeiro plano, no meio ou atrás. É preciso levar em conta à forma, o tamanho, a importância na cena de pessoas ou objetos. Se uma imagem não está bem composta, o espectador desvia sua atenção para um ponto não interessante da cena. Os elementos de uma cena devem estar ordenados de maneira que tenham sentido para o espectador. É importante observar o quadro por inteiro e não só o personagem ou o objeto principal. Com isto evita-se, por exemplo, plantas no fundo da cena que pareçam sair da cabeça de uma pessoa ou interferências que confundem o espectador. Podemos dividir os elementos visuais que compõe uma cena em massa (pessoas, objetos, etc.), profundidade (perspectiva, profundidade real ou aparente da cena), linhas (direção dos movimentos, linhas da cena) e tonalidade (os tons das cores, os brilhos e contrastes presentes na cena). Podemos controlar estes elementos com a adequada colocação da câmera, com a seleção da distância focal, com a iluminação ou mesmo com o arranjo dos objetos e pessoas da cena. Tomadas: Massa O centro geométrico da tela nem sempre é o melhor lugar para situar o centro de interesse de uma cena. Existem algumas regras para composição que são utilizadas na pintura, na fotografia e no cinema que podem auxiliar na composição do quadro, tornando as imagens mais harmoniosas e equilibradas. A regra dos terços, que os antigos gregos chamavam de proporção áurea, é uma delas. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 263 Regra dos Terços Antes de se fazer a tomada, imagine a área do seu quadro dividido simultaneamente em 3 terços verticais e horizontais, isto é, trace três linhas paralelas imaginárias no sentido horizontal e no sentido vertical da fotografia. As interseções destas linhas imaginárias sugerem 4 opções para a colocação do centro de interesse para uma boa composição. A opção depende do assunto e como o câmera ou diretor quer que ele seja apresentado. Geralmente, enquadramentos com assuntos centralizados, tendem a ter uma característica mais estática e menos interessante do que os com o assunto fora do centro. Você deve sempre considerar a direção do movimento dos assuntos, e deixar um espaço na frente, dentro do qual possam se movimentar. Pode-se também aplicar a orientação da regra dos terços na colocação da linha do horizonte em seu quadro, pois a linha do horizonte dividindo o quadro ao meio, dá uma sensação de estática. O mesmo vale para assuntos verticais. As melhores imagens são aquelas onde o assunto principal não está no centro e sim em um dos quatro pontos de interseção. A colocação em um destes pontos vai depender do assunto e de como ele deve ser apresentado. Por exemplo, os olhos de um personagem devem ficar na linha superior. O horizonte não deve ficar no centro do quadro e sim na linha superior ou na inferior quando se quiser dar mais ênfase ao primeiro plano. Esta é uma regra que deve ser seguida em tomadas normais, mas pode-se por razões dramáticas ou para isolar um objeto do todo, enquadrar de outra maneira. Composição Triangular. No método de composição triangular o centro de interesse se encontra no vértice de um triangulo que tem como base o estremo inferior do enquadramento. Os elementos são colocados de forma triangular ficando o ponto de interesse muito claro com o apoio dos outros elementos da cena. Os pontos em que as linhas se cruzam são chamados de “Pontos de Ouro”. Imagem cpmposta utilizando a regra dos terços Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 264 Linhas Convergentes ou Vetores Dinâmicos da Imagem As linhas reais de uma cena, aquelas formadas pelos objetos, pelas pessoas e pela direção do movimento podem proporcionar um clima e conduzir a atenção do espectador ao centro de interesse, elas possuem a força e dinâmica das linhas vetoriais. As bordas dos objetos são formadas por linhas. Estas linhas direcionam nossa atenção para determinados lugares. Trabalhando estas linhas conseguimos chamar a atenção para determinado ponto da cena. As linhas também têm um significado. Linhas verticais sugerem dignidade, poder. As horizontais sugerem estabilidade. Linhas paralelas àsbordas do quadro criam uma sensação de formalidade e ordem, mas deixam a imagem monótona. Já as que formam um ângulo com as laterais do quadro transmitem mais emoção e vigor. As linhas diagonais são sempre melhores que as horizontais e verticais. As linhas curvas, por sua vez, passam uma sensação de suavidade, tranqüilidade, graça, movimento e sensualidade. As dentadas, destruição ou violência. O movimento dentro de uma cena está diretamente relacionado com a linha. Através do movimento podemos chamar a atenção para o centro de interesse de uma imagem. Por exemplo, quando o objeto principal é o único que se move no meio de outros completamente estáticos ou vice-versa. Ou quando é o único que anda em sentido contrário a todos os outros. Tonalidade Os tons mais claros e escuros dos componentes de uma cena são importantes também na composição da imagem. O centro de interesse deve estar sempre na parte mais clara ou de maior contraste. Profundidade A imagem da televisão é plana, por isto devemos dispor os objetos da cena visando dar a sensação de profundidade e volume, criando a sensação de perspectiva e efeito tridimensional. Colocando-se, por exemplo, um objeto perto da câmera no canto do quadro, aumenta a amplitude da cena. O uso de uma lente grande angular exagera a perspectiva e aumenta a distância aparente entre os objetos. Conseguimos também uma maior profundidade deixando o primeiro plano mais escuro e o fundo mais claro, ou dispondo as linhas de forma diagonal ou convergente. Cena do filme Captain Blood - 1935 Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 265 REGRAS PARA UMA BOA COMPOSIÇÃO Forma, Espaço e Fusão Forma não é só o contorno; é o modo do objeto ocupar espaço. As possibilidades normais na fotografia fornecem aspectos bidimensionais da imagem; a forma, enquanto aspecto isolado pode fornecer a sensação tridimensional. A maneira pela qual a câmera pode fornecer a sensação tridimensional depende de alguns truques visuais, tais como: a maneira pela qual as imagens são compostas; os efeitos da perspectiva; a relação entre os objetos longe e objetos próximos. Procure por formas que dêem maior atenção visual ao centro de interesse da imagem. Uma das formas seria selecionar um fundo suficientemente uniforme que não roube a atenção que o assunto principal merece. Para isso seja simples, por exemplo: 1. Sempre teste todo o equipamento entes de sair. Grave o seu teste. 2. Você está sem tripé em uma entrevista longa, use algum tipo de apoio. Não use a câmera só na mão ou no ombro. 3. Fique esperto no “Povo fala”. O cinegrafista deve sempre estar com a câmera preparada com a objetiva em modo “grande angular e com o foco no infinito”. 4. Também ao caminhar com a câmera, use a objetiva em modo grande angular. 5. O entrevistado tem vergonha de falar? Deixe-o a vontade e faça um ensaio da entrevista “de mentira”, ou seja, na verdade você já está gravando pra valer sem que ele saiba. 6. A declaração do entrevistado é muito importante e reveladora, mas ele só fala se a câmera NÃO estiver gravando, ou seja, em “OFF”, então manda uma “CHAPA 13” no entrevistado. 7. Se o assunto rende poucas imagens mas é de suma importância para você, utilize muitos planos fechados e repetidos, mas em ângulos diferentes. 8. Respeite o ambiente do entrevistado. O entrevistado ficar esperando demais enquanto sua equipe prepara o equipamento. Seja ágil na montagem e desmontagem do mesmo. Você e sua equipe devem sempre se comportem de forma disciplinada, profissional e silenciosa. 9. Uma imagem inusitada e os fatos relacionados a ela também são importantes. Independente de ser diferente do assunto que você está gravando, “priorize” sempre o que está acontecendo naquele instante e sempre mantenha MUITA CALMA, você pode perder as melhores imagens por causa da afobação. 10. Não deixe o entrevistado tomar conhecimento de problemas técnicos. Caso ocorram, sempre amenize o fato, procurando não transparecer a gravidade do problema. 11. Deve-se utilizar fundos descomplicados para não roubarem a atenção do assunto principal. 12. Tenha sempre uma razão para gravar determinado plano e seu propósito dentro do conjunto da produção. 13. Componha uma cena com um centro de interesse único. Utilize técnicas de planificação para ressaltar o personagem ou a idéia principal. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 266 14. A estabilidade da imagem é muito importante, por isto use um bom tripé, sempre que possível. 15. Observe a Regra dos Terços usando-a também para situar as linhas horizontais e verticais da imagem. 16. Evite cortar pessoas nas articulações ou de modo que pareçam estar encostadas ou se apoiando nas bordas do quadro. 17. O espaço deve ser maior no lado que uma pessoa estiver olhando (olhar direcional) e do lado que ela estiver andando (espaço para movimentação). 18. Ao utilizar na composição da cena linhas diagonais com o ponto de fuga da linha do horizonte, você dará mais textura a sua imagem, deixando-a mais dinâmica e agradável. 19. O Big Close-up quando ele for necessário, não corte o queixo do personagem, quanto a testa não há problema, o importante são os olhos e a boca. 20. Evite tomadas de perfil. 21. Um fundo deve ser sempre o mais neutro possível. Evite luzes piscando ou com assuntos em movimento. 22. Procure equilibrar os tons da imagem. Em geral os objetos mais escuros são mais "pesados" que os mais claros. 23. Utilize as cores para dar o clima apropriado a uma cena. As cores brilhantes transmitem energia, os tons suaves dão à cena um aspecto harmonioso e estável. 24. O tamanho dos objetos também tem um peso visual. Procure manter a cena equilibrada. 25. Não coloque numa cena elementos desnecessários. Cada elemento deve representar algo e fazer parte de um conjunto. Componha seu plano de forma que a razão de tê-lo feito fique claramente expressa. Faça com que as demais áreas da imagem complementem harmoniosamente aquilo que foi escolhido como o centro de interesse. Não importa o assunto que tenha sido escolhido para ser filmado, o importante é evitar as fusões. Lembre-se: nós vemos as coisas em três dimensões, portanto, é mais freqüente do que se imagina o câmera concentrar-se somente no assunto principal e não perceber que o fundo está interferindo. Você pode estar certo de que a câmera sempre registra as fusões, portanto sempre antes de filmar seu assunto, preste mais atenção ao fundo deste. Cortar cabeças, pés ou pessoas pela metade, também estamos cometendo uma fusão, esta é chamada de fusão de bordas. Elipse Elipse na linguagem cinematográfica se refere a ação, diálogo ou acontecimento que ficam implícitos entre um plano e outro. São trechos de uma história que não são declarados por meio de sons, textos ou imagens, mas que são subentendidos pelos espectadores. Por exemplo, se em um plano o personagem sai da sua casa pela porta e no plano seguinte eleaparece no seu escritório trabalhando, fica implícito para o espectador que o personagem fez todo o caminho da sua casa até chegar ao escritório. A maior elipse temporal do cinema e talvez a mais famosa pertence ao filme 2001- Uma Odisséia no Espaço do diretor Stanley Kubrick. Neste filme, um homem-macaco atira um pedaço de osso para o céu e no caminho, com a câmera tentando acompanhar o movimento do osso, há um corte para o plano seguinte, no qual surge a imagem de uma nave- espacial com um formato parecido com o do osso. Na cena fica implícita toda a história da Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 267 humanidade, dos seus primórdioscomo homens-macacos até os tempos modernos das viagens espaciais. Raccord Raccord serve para designar os efeitos visuais, sonoros ou de linguagem cinematográfica utilizados para garantir a coerência entre dois planos ou duas cenas subsequentes em um filme ou vídeo. Tipos de Raccord: Raccord de Movimento Ocorre quando um movimento parece manter continuidade entre um plano e outro. Por exemplo, um jogador de futebol chuta uma bola em um plano e no plano seguinte vemos a imagem do gol e da bola entrando na rede. Na imagem ao lado, vemos uma cena com três planos consecutivos de um homem pulando o muro para uma escadaria, caracterizando um raccord de movimento entre os planos. O primeiro plano é um plano de detalhe no qual vemos a mão de uma pessoa se apoiar sobre uma mureta. No segundo plano, mais aberto, o homem aparece tomando impulso e pulando sobre a mureta. O terceiro plano é um plano aberto, no qual o homem aparece caindo sobre a escada, depois de pular a mureta. Raccord de Direção Na montagem de dois planos seguidos no qual um personagem ou veículo se movimenta pela tela, é necessário que este objeto ou veículo siga a mesma direção nos dois planos. Assim se o personagem se desloca da direita para a esquerda em um plano, no plano seguinte ele deve surgir na tela deslocando-se da direita para a esquerda, até que um movimento deste personagem indique o contrário (como uma curva ou uma parada no seu deslocamento). Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 268 Raccord por Analogia Quando um plano possui uma imagem, objeto, cor, figura ou qualquer outro conteúdo da cena que remete a um conteúdo da cena anterior, a isto chamamos de Raccord por Analogia. Um dos mais famosos Raccords por Analogia do cinema também é conhecido como a mais longa elipse: a sequência do filme 2001-Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick, na qual um homem-macaco atira um pedaço de osso para o céu e a cena corta para a imagem de uma nave espacial no mesmo formato do osso. Neste momento ocorre um Raccord por analogia entre o osso e a espaçonave. Outro exemplo de Raccord por Analogia está presente no filme Lawrence da Arábia, quando o personagem Lawrence apaga um lampião no centro da tela e na cena seguinte, na mesma posição na qual se encontrava o lampião, aparece o nascer do sol no horizonte. Faux Raccord Utiliza-se a expressão Faux Raccord ou Jump Cut para sequência de planos aparentemente sem conexão entre si ou sem uma continuidade na ação de uma cena para a outra. Este efeito de montagem é utilizado para se criar uma sensação de estranhamento no espectador, de modo que ele crie conexões próprias entre as imagens, ou para ilustrar uma série de fatos aparentemente desconexos. Pode-se utilizar o Faux Raccord também para tirar a atenção do público da carga dramática e emocional do filme e evidenciar a sua mensagem de forma consciente. Uma maneira eficaz de se criar Faux Raccords é violar a Regra dos 30º e colocar em sequência duas ou mais imagens com pouca ou nenhuma alteração no ângulo e no plano dessas imagens. Um exemplo está no filme 2001-Uma Odisséia no Espaço, quando o homem- macaco descobre que pode utilizar um osso como arma para se conseguir comida ou para atacar inimigos. Este filme contêm inúmeros exemplos de Faux Raccord. Uma obra que analisa este tipo de ferramenta da linguagem cinematográfica, principalmente entre os diretores da chamada Nouvelle Vague ou do Realismo Italiano, é o livro "Cinema 2: Imagem-Tempo", do filósofo Gilles Deleuze. Faux Raccord também é empregado para se referir a uma ação ou acontecimento que deveria remeter a um corte de cena que não ocorre. Por exemplo, imagine uma personagem que caminha pelas ruas e de repente vira a cabeça em outra direção, como se sua atenção fosse chamada por um acontecimento qualquer. Mas a câmera ao invés de cortar para o ponto- de-vista da personagem, se mantém na imagem da personagem, sem revelar o que lhe chamou a atenção. A isto se emprega a expressão Faux Raccord. esta técnica era empregada pelos cineastas do Realismo Italiano, da Nouvelle Vague francesa e do Cinema Novo brasileiro. Regra dos 180º Na gravação ou filmagem de uma sequência de planos e contra-planos, a câmera nunca deverá ser posicionada em volta dos personagens para além de 180 graus da posição do plano ou do contra-plano, a não ser que haja um outro Raccord que anuncie a Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 269 chegada de mais um elemento ou personagem na sequência. Todas as tomadas devem ser feitas, a princípio, sem ultrapassar uma linha imaginária que passa à frente da câmera (ver ilustração). Se uma tomada for feita a mais de 180 graus, terá cruzado o eixo da ação invertendo a direção da cena na tela. Num jogo de futebol, por exemplo, todas as câmeras ficam do mesmo lado do campo. Se um corte for feito para uma câmera colocada depois do eixo, parecerá que os times trocaram de lado. Quebra de Eixo Distingue-se eixo visual da câmera de eixo dramático. O eixo visual é o próprio eixo geométrico da pirâmide, a direção para a qual a câmera está apontada. O eixo dramático, estabelecido pela relação entre dois personagens que se olham frente a frente, por exemplo, é fundamental para situar o espectador espacialmente. A quebra de eixo, nome que se dá ao salto do ponto-de-vista de um lado para o outro do eixo dramático, pode confundi-lo, portanto deve ser usada com cuidado. Equivale a mudar repentinamente a câmera que transmite um jogo de futebol para o outro lado do campo: o torcedor que assiste pela TV pode pensar que um gol marcado foi contra, pois não sabe mais para qual lado joga cada time. Regra dos 30º Se um personagem aparece em dois planos sucessivos e muito semelhantes, a diferença entre o primeiro plano e o segundo deve ser um ângulo acima de 30º. Ou seja, para gravar o segundo plano, a câmera deve estar posicionada em um ângulo acima de 30º, tendo como centro do círculo o personagem ou apresentador, a partir do ponto em que ela se encontrava quando gravou a primeira cena. A figura ao lado exemplifica a gravação de uma cena na qual uma câmera gravará uma mulher em dois planos distintos. A diferença entre o plano 1 e o plano 2 deverá ser de mais de 30 graus. Portanto, a câmera dois será posicionada fora da área vermelha demarcada no chão. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 270 Continuidade Espaço-Temporal Ë o mesmo conceito da quebra de eixo na regra dos 180°, só que desta vez aplicada a objetos em movimento. Chave Tonal Denomina-se Tom a transição das altas-luzes (áreas claras) e para a sombra (áreas escuras). A gama de cinzas existente entre o preto e o branco. O ponto médio de cinzas numa escala é de 18%. Chave Tonal significa que toda fotografia tem praticamente o mesmo tom de cor. Quando se tem cores iguais, significa uma chave tonal alta, e quando se tem cores diferentes, significa uma chave tonal baixa. Em uma imagem que possui poucos tons de cinza, apenas a silhueta de um objeto em preto recortada contra um fundo branco, esta será considerada uma fotografia dura, de alto- contraste, isto é, uma imagem bem contrastada. Quando as áreas brancas são em excesso, dominando a cena, a correção deve ser de ½ a 1 ponto de abertura, fechando o diafragma, conforme as condições da imagem. Já uma imagem onde predominem os tons de cinza, poderá ser considerada uma imagem suavee pouco contrastada. Forma Fechada e Aberta da Imagem A forma fechada tem bem demarcado todo o contorno da imagem, a informação está completa. Já a forma aberta não mostra o limite da imagem nem, portanto, toda a informação visual. Um corte para uma câmera do outro lado do eixo faz com que o objeto em movimento mude de direção. Para evitar este problema insira entre os cortes uma tomada neutra ou uma tomada feita com a câmera sobre o eixo dramático. Eixo Dramático Exemplos de Forma fechada e Aberta Eixo Dramático Eixo Dramático ALTA MÉDIA BAIXA Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 271 O Foco, Foco Diferencial, Desfoque e Profundidade de Campo: Dentro dos limites técnicos, temos possibilidades de controlar não só a localização do foco, como também a quantidade de elementos que ficarão nítidos. Além disso, podemos também trabalhar com a falta de foco, ou seja, o desfoque. Podemos enfatizar melhor um elemento da fotografia sobre os demais, selecionando-o como ponto de maior nitidez dentro do quadro. A escolha depende do autor mas a força da mensagem deve muito ao foco. É ele que vai ressaltar um certo objeto em detrimento dos outros constantes no enquadramento. A pequena falta de foco de todos os elementos que compõem a imagem pode servir para a suavização dos traços, o contrario acontece quando há total nitidez, que demonstra a rudeza ou brutalidade da realidade. Dentro dos limites técnicos, temos possibilidades de controlar não só a localização do foco, como também a quantidade de elementos que ficarão nítidos. Através destes controles, podemos destacar esta ou aquela área dentro de um assunto fotografado. E o foco que vai ressaltar um objeto em detrimento dos outros constantes da foto. Hiper-Focal: Nas câmeras populares a abertura do diafragma geralmente vai até o número 16, portanto com uma abertura pequena e uma profundidade de campo grande. É chamado de Hiper-Focal pois o infinito é o visor da câmera. A Gradação de Cinzas e as Cores É a mais imediata evidência da visão. Ela pode propiciar uma maior proximidade da realidade, limitando a imaginação do espectador, o que já não acontece na fotografia em B&P que nos fornece, nos meios tons, a sensação de diferença das cores. A escolha de B&P ou colorido vai determinar diferentes respostas do espectador, já que as cores também são uma forma de sugerir uma realidade enganosa. A cor pode e deve ser usada desde que sob um cuidadoso controle estético. Existe uma "escala de cinzas" medida em progressão logarítmica, que vai do branco ao preto. Esta escala é de grande utilidade, podendo-se através dela interferir no resultado final da fotografia. Textura, a Impressão Visual A textura fornece a idéia de substância, densidade e tato. A textura pode ser vista isoladamente. A superfície de um objeto pode apresentar textura lisa, porosa ou grossa, dependendo do ângulo, dos cortes, da luz... A eliminação da textura na fotografia pode causar impacto, uma vez que é a forma de eliminar aspectos da realidade, distorcendo-a. A textura é elemento muito importante para a criação do real dentro da fotografia, embora possa, também, desvirtuá-lo. A textura e a forma espacial estão intimamente relacionadas, entendendo-se como textura a forma espacial de uma superfície. É através da textura que muitas vezes podemos reconhecer o material com o qual foi feito um objeto que aparece em nossa fotografia, ou podemos afirmar que em tal paisagem o campo que aparece é gramado ou não de terra. Uma fonte luminosa mais dura, forte e lateral, irá privilegiar mais a textura; enquanto uma luz mais difusa, indireta, suave, poderá fazer desaparecer uma textura ou diminuir sua intensidade. A textura pode ser considerada um fator de importância em uma fotografia, em virtude de criar uma sensação de tato, em termos visuais, conferindo uma qualidade palpável à forma plana. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 272 Ela não só nos permite determinar a aparência de um objeto, como nos dá uma idéia da sensação que teríamos em contato com ele. Podemos, através da luz, acentuar ou eliminar texturas, a ponto de tornar irreconhecíveis objetos do cotidiano. As Aberrações Óticas e Químicas As aberrações podem ser causadas quimicamente ou oticamente. Todas as deformações da imagem, que a técnica fotográfica nos permite usar, têm conotações bastante marcantes. As deformações, causadas nas proporções das formas dos elementos da foto, fogem á realidade causando um forte impacto. Outras aberrações, como a mudança dos tons, das cores, podem criar um clima de sonho, de "fora do tempo", de irreal. Todas estas mudanças da realidade provocadas intencionalmente pelo fotógrafo, têm como objetivo primordial a alteração do clima de realidade e, portanto, devem ser muito bem elaboradas. As Linhas Cada uma proporciona um impacto diferente na fotografia e devem ser utilizadas conforme o que você quer transmitir com aquela imagem Ao planejar um plano, verifique quais são as linhas que podem ser utilizadas a seu favor, para proporcionar mais impacto a sua imagem e narrativa. Linhas Horizontais: Linhas horizontais, normalmente, são utilizadas para transmitir “estabilidade” e/ ou “descanso”. São exemplos: Horizontes, arvores caídas, oceanos, pessoas dormindo,etc. As linhas horizontais transmitem a idéia de paz, permanência e serenidade. Para acentuar calma e tranqüilidade às imagens faça composições horizontais. Ao se manter o assunto na parte direita da imagem faz-se com que os olhos do espectador corram da esquerda para a direita. Linhas Verticais: As linhas verticais podem transmitir uma enorme variedade de informações em uma imagem, que vão desde poder e força (pense em arranha-céus) até o crescimento (pense nas árvores). Linhas Diagonais: Elas criam pontos de interesse e geralmente surge uma perspectiva e profundidade assim como dinamismo e ação. Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 273 A Perspectiva A perspectiva auxilia a indicação da profundidade e da forma, uma vez que cria a ilusão de espaço tridimensional. Ela se determina a partir de um ponto de convergência que centraliza a linha, ou as linhas principais da fotografia. As fotografias são bidimensionais: possuem largura e comprimento, e para se conseguir o efeito de profundidade é preciso que uma terceira dimensão seja introduzida: a perspectiva. Sem dúvida a perspectiva não passa de uma ilusão de ótica. Quando seguramos um livro, mantendo o braço esticado, este objeto dará a impressão de ser tão grande quanto uma casa situada a uma centena de passos. Quanto mais se reduz a distância entre o livro e a casa, mais os objetos se aproximam de suas verdadeiras dimensões. Só quando o livro se encontra em um plano idêntico ao da casa, é que o tamanho aparente de cada um deles equivale com exatidão ao real. Através da perspectiva, linhas retas e paralelas dão a impressão de convergir, objetos que encobrem parcialmente a outros dão a sensação de profundidade, e através do distanciamento dos objetos temos a sensação de parecerem menores. Podemos utilizar a perspectiva para criar impressões subjetivas, e o caso de efeitos de: "plongée" filmar com a câmera num ângulo superior ao assunto, diminuindo-o com relação ao espectador; e "Contra- plongée " a câmera num ângulo inferior ao assunto criando uma sensação de poder,força e grandeza. Cada um destes recursos deverá ser utilizado de acordo com o contexto e o objetivo do fotógrafo. O desenho pode transformar-se em um tema, e introduzir ordem e ritmo em uma foto que, sem ele, talvez parecesse caótica. Nos casos onde o seu efeito é muito grande, ele pode dominar a imagem, a ponto de os outros componentes perderem quase por completo sua importância. As linhas constituem um importante papel na composição, e linhas diagonais são muito dinâmicas. Você pode usar linhas diagonais como linhas de condução a fim de proporcionar um direcionamento na foto. Podemos usar linhas repetidas para chamar a atenção do observador para o centro de interesse, ou também podemos usar qualquer outra simples forma geométrica para ajudar na Ponto de Fuga (PF) x Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 274 ERRADO composição das fotos. Uma das mais atrativas linhas usadas na composição é a chamada curva em "S". Desenvolve-se mais senso artístico, estudando fotos de forma a encontrar a força de suas linhas, as formas geométricas e o equilíbrio. Linhas e formas podem ser usadas para criar imagens abstratas, subjetivas, ou para desviar a atenção do assunto principal de uma fotografia. Enquadramentos Certos e Errados Big Close: Em um Big Close, havendo a necessidade de se cortar o personagem no enquadramento: Diálogos: Em um diálogo entre dois personagens. Equilíbrio, Composição, Balanço, Ponto de Vista e Arranjo Visual Dos Elementos. Composição é o arranjo visual dos elementos, e o equilíbrio é produzido pela interação destes componentes visuais. O equilíbrio perfeito independe dos elementos individuais, mas sim do relativo peso que o fotógrafo dá a cada elemento. Desta maneira, considera-se que o mais importante para o equilíbrio é o interesse que determinará a composição dos outros elementos. Equilíbrio perfeito é simplesmente arranjar as formas, o volume, a localização, as cores, a conceituação, e as áreas de luz e sombras que se complementam mutuamente para dar uma aparência bem equilibrada. Como todos os outros elementos, o equilíbrio será conseguido de acordo com os propósitos do fotógrafo, de evocar ou não estabilidade, conforto, harmonia, etc. A capacidade para selecionar e dispor os elementos de uma imagem depende em grande parte do ponto de vista do fotógrafo. Na verdade, o lugar onde ele decide se colocar para bater uma foto constitui uma de suas decisões mais críticas. Muitas vezes uma alteração, mesmo mínima, do ponto de vista, pode alterar de forma drástica o equilíbrio e a estrutura da foto. Por isso torna-se indispensável andar de um lado para o outro, aproximar-se e afastar- se da cena, colocar-se em um ponto superior ou inferior a ela, a fim de observar o efeito produzido na imagem por todas essas variações. A composição nada mais é do que a arte de dispor os elementos, do assunto a ser mostrado, da forma que melhor atenda nossos objetivos. CERTO Ronaldo Morant A Câmera de Vídeo 275 Explore o equilíbrio simétrico, e explore também o equilíbrio não simétrico, que em geral é muito mais interessante que o equilíbrio simétrico. Dê às suas fotos uma sensação de informalidade e descontração. DICAS DE LINGUAGEM Qual a velocidade ideal em um movimento de Panorâmica? Macete: É a velocidade que você acha que está boa para entender a imagem mostrada na panorâmica, mas só que na hora de filmá-la, você a filma com a metade da velocidade que antes escolheu. Por quê? Porque o cérebro humano interpreta cada vez mais rápido a informação quanto mais ela se repetir, daí a velocidade da panorâmica pode ser boa para você, que está no local vendo a mesma imagem várias vezes, mas será rápida demais para o espectador que a está assistindo pela primeira vez na tela, e então não poderá entendê-la totalmente. Cena do desenho animado “A Bela e a Fera”
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