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CULTURA DO CAFÉ Prof. Amilton Ferreira da Silva Sete Lagoas, Outubro de 2018 Culturas do Café e algodão •Origem, histórico e importância econômica •Classificação botânica CULTURA DO CAFÉ Por que você toma café? • Tradição de família (Avós e pais); • Porque tira o sono; • Cura dores de cabeça; • É digestivo; • Porque é gostoso (“segredo” para aumento do consumo); ORIGEM E HISTÓRICO DO CAFÉ • O café é uma planta originária do continente africano, das regiões altas da Etiópia (Cafa e Enária); • onde ocorre espontaneamente como planta de sub-bosque; • Segundo a lenda: • Um pastor chamado Kaldi observou que suas cabras ficavam mais espertas ao comer as folhas e frutos do cafeeiro. Ele experimentou os frutos e sentiu maior vivacidade. Um monge da região, informado sobre o fato, começou a utilizar uma infusão de frutos para resistir ao sono enquanto orava. Segure uma xícara exalando o aroma de um bom café e você estará com a história em suas mãos. Origem e distribuição geográfica Centro de origem (Coffea arabica) – • Abissínia, hoje norte da ETIÓPIA Mapa da África, mostrando a Etiópia Etiópia • Centro de origem (Coffea arabica) – Abissínia, hoje norte da ETIÓPIA - Região montanhosa. - Altitude de 1000 a 2500 m. - Florestas tropicais. Origem e distribuição geográfica • Abissínia – os primeiros a utilizar o café. • Da Etiópia o café foi levado para a Arábia (século XV). • No século XVI foi cultivado pela primeira vez no Iêmen. • Holanda – primeiros europeus que cultivaram na Indonésia (Java, Bornéu e Sumatra), a partir de 1690. – 1706 uma muda foi enviada ao Jardim Botânico de Amsterdã. –Quando frutificou, uma planta foi enviada como presente ao rei da França, a qual foi plantada no “Jardim das Plantas” em Paris (1714)*. Origem e distribuição geográfica Outra suposta forma de difusão do café pelo mundo: * Até século XV Restrito entre os Árabes. * Cairo (Egito) Chegada do café no século XVI. * 1554 Chegada Constantinopla (Turquia), 1º café público do mundo. * 1645 * 1651 Veneza Londres * 1659 Paris Origem e distribuição geográfica • O café era consumido por diversas classes sociais, inclusive por intelectuais. Logo depois passou a ser consumido em vários outros países europeus, chegando à França, Alemanha, Suíça, Dinamarca e Holanda. • Seguindo sua marcha de expansão pelo mundo, o café chegou nas Américas; • Foram os holandeses que disseminaram o café pelo mundo. ORIGEM E HISTÓRICO DO CAFÉ • Na Guiana Holandesa (hoje Suriname), foram introduzidas mudas do Jardim Botânico de Amsterdã. • Chegou à Guiana Francesa através do Governador de Caiena que conseguiu, de um francês chamado Morgues, algumas sementes semeando-as no pomar de sua residência. • A partir desse plantio o Sargento Francisco de Mello Palheta transportou para o Brasil, para a cidade de Belém (Pará) em 1727, algumas sementes e plantas ainda pequenas. ORIGEM E HISTÓRICO DO CAFÉ • Foi levada nos anos seguintes para o Maranhão, chegando à Bahia em 1770 • No ano de 1774 o desembargador João Alberto Castelo Branco trouxe do Maranhão para o Rio de Janeiro algumas sementes que foram semeadas na chácara do Convento dos Frades Barbadinos. • Então espalhou-se pela Serra do Mar, atingindo o Vale do Paraíba por volta de 1820. De São Paulo, foi para Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná. História do café no Brasil FRANÇA Antilhas (1720) Martinica (1733) México, Colômbia, e Am. Central ORIGEM E HISTÓRICO DO CAFÉ • HOLANDA • Suriname (1718) • Guiana (1722) • BRASIL (1727) •Belém do Pará Francisco Melo Palheta (Missão secreta) • 5 mudas e algumas sementes PARÁ Maranhão e estados vizinhos Bahia (1770) Rio de Janeiro (1774) SÃO PAULO (1780-1825) Vale do Paraíba e Ubatuba Santos Campinas (primeira cidade a cultivar racionalmente) ORIGEM E HISTÓRICO DO CAFÉ História do café no Brasil No Brasil, o desenvolvimento da cultura confunde-se com a própria história do País devido a sua grande importância econômica e social (o "Ciclo do Café"); • Abertura de fronteiras, abrindo estradas, fixando povoações e gerando riquezas, com exploração de solos virgens, ricos em nutrientes, e da mão-de-obra escrava de baixo custo; • São Paulo – condições ecológicas altamente favoráveis; • São Paulo – cultura migratória (ferrovias). História do café no Brasil • Início: Extrativista (SP, Norte PR e RJ) • Derrubava-se a mata, plantava-se café, retirava-se (colheita) tudo sem qualquer forma de adubação. • Abolição: coincidiu com o desemprego na Europa. • Imigração: surgido de povoados, vilas, cidades local de trabalho. • Iniciou-se a construção de ferrovias escoamento safras, normalmente financiadas pelos produtores; • Principais Araraquarense, Alta Paulista, Mogiana, Sorocabana, Noroeste. História do café no Brasil • 1820: A partir dessa década, o Brasil passou a ser considerado exportador de café com exportações contínuas do produto, provenientes do Vale do Paraíba-SP, Araxá-MG e Goiás. • 1845: O Brasil produz 45% do café mundial. • 1857: Elevação dos preços internacionais devido à recuperação da economia européia e redução da oferta de café brasileiro, devido ao ataque do inseto "bicho mineiro" nas lavouras e pela limitação de mão-de-obra escrava (lei Eusébio de Queiroz). Os preços tiveram uma elevação de 50%, o que causou grande expansão da produção nos anos seguintes. História do café no Brasil • 1865: Os preços caíram devido à diminuição das exportações para os Estados Unidos, que enfrentavam a Guerra de Secessão. • 1906: O mercado sofre a primeira grande intervenção do governo motivada pelos preços baixos que mal cobriam os custos da colheita. • 1918: Grande geada reduziu a produção brasileira causando elevação de preços. História do café no Brasil • 1932: Queima de estoques devido à superprodução. Os estoques chegaram a 33,5 milhões de sacas e até 1944 foram incineradas mais de 78 milhões de sacas. Proibição de novos plantios de café. • 1939 a 1945: A segunda guerra mundial causou queda nos preços internacionais do produto. • 1945/54: Melhoria dos preços após a guerra incentivou novos plantios. • 1955: Superprodução de 22 milhões de sacas. História do café no Brasil • 1962/67: Erradicação de 2 bilhões de pés de café. Em 1964, a retenção de estoques chegou a 48 milhões de sacas, como tentativa de elevação dos preços que estavam muito baixos. • 1969: Geada no Paraná destruiu cerca de 80% da safra seguinte causando elevação dos preços. • 1970: O Governo Federal lança o plano de renovação dos cafezais. Oferece financiamento farto, estimulando principalmente os Estados do centro-sul (regiões Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba), a aumentarem o parque cafeeiro. História do café no Brasil O CAMINHO DO CAFÉ NO BRASIL • 1977: Preços altos devido à geada em 1975, que dizimou a cafeicultura no sul do País, com maiores efeitos no Paraná. Ocorrência da doença "ferrugem alaranjada do cafeeiro", que foi se agravando desde a sua introdução no Brasil em 1970. Nessa época os preços do café tiveram seus valores mais altos da história, cerca de 400 dólares por saca. • 1986: Longo período de seca e esgotamento dos cafeeiros no centro- sul do país provoca forte elevação dos preços. Com esse aumento do preço, as cláusulas do Acordo Internacional do Café deixaram de funcionar. Começa a operar o mercado livre no exterior, resultando em queda do preço, após curto período de elevação. • 1987: Renovação do Acordo Internacional do Café e, apesar dos preços em baixa, houve tendência de estabilização (120 a 140 cents de dólar por libra peso). História do café noBrasil • 1989: Término do Acordo Internacional do café. • 1991/93: Fase de preços muito baixos, chegando a menos de 40 dólares em determinados períodos. Houve grande erradicação de lavouras no centro-sul do Brasil e o abandono das lavouras por grande parte daqueles que permaneceram na atividade. • 1994: Ocorrência de duas fortes geadas que atingiram grandes áreas produtoras no Brasil. Praticamente todo o Estado do Paraná, boa parte do Estado de São Paulo e áreas consideráveis do Sul de Minas Gerais tiveram suas lavouras seriamente atingidas. Um longo período de seca após as geadas atrasa ainda mais a recuperação das lavouras. Os preços sofreram altas históricas, chegando a ultrapassar 200 dólares/saca. História do café no Brasil • 1995: Grande redução da produção brasileira (cerca de 12 milhões de sacas), resultado das geadas em 1994. O preço cai um pouco, estabilizando entre 150 e 180 dólares/saca em razão dos compradores internacionais operarem com estoques mínimos. • 1996: O Governo Federal cria o Conselho Deliberativo de Política Cafeeira (CDPC), constituído por doze membros, dos quais seis representam o governo e seis o setor privado: CNC (02), CNA (01), FEBEC (01), ABIC (01) e ABICS (01). História do café no Brasil • 2001: O preço do café atinge menos de $35/saca, um dos preços mais baixos da historia. • 2011: O preço do café mais do que dobra entre 2010 e 2011, alcançando $350/saca em março de 2011, um recorde de mais de 30 anos. História do café no Brasil • Em torno de 9 milhões de toneladas de grãos de café (Safra 2016/2017) são produzidos anualmente em 11,8 milhões de hectares de mais de 50 países. • 85% do total mundial – é produzida na América Central e do Sul • Em torno de 85% do café produzido é “Arábica” Importância econômica O café no mundo • Seu cultivo, processamento, comercialização, transporte e mercado proporcionam milhões de empregos em todo o mundo; • Mais de 100 milhões de pessoas envolvidas desde produção até processamento (1,6% da população mundial). • 25 milhões cafeicultores: maioria pequenos produtores; • Mesmo ainda sendo considerado uma "commodity", o café vem ganhando status de "speciality" no mercado internacional; • "fair trade". Importância econômica O café no mundo • Países maiores produtores Fonte: *MAPA/SPAE/CONAB, OIC Importância econômica O café no mundo Em milhões de sacas (60kg) Importância econômica O café no mundo Produção dos principais países Onde o café é cultivado hoje no mundo. Importância econômica O café no mundo Onde o café é consumido no mundo. Importância econômica O café no mundo Os maiores consumidores de café são os escandinavos. O consumo per capita na Noruega, Dinamarca e Finlândia é superior a 10 kg/pessoa por ano. Importância econômica • A atividade cafeeira pode ser considerada "a primeira atividade mercantil não colonial“ • A produção da safra de 2017 foi estimada em 44,7 milhões de sacas beneficiadas de café. • Estimativa 2018: Entre 54,44 e 58,51 milhões de sacas beneficiadas. • A área total plantada no país com a cultura de café (arábica e conilon) totaliza 2.21 milhões de hectares •345.186,1 hectares (15,6%) estão em formação •1.863.715,8 hectares (84,4%) em produção. O café no Brasil Fonte: Conab, 2017 • A área plantada do café arábica no país soma 1.781.924,0 hectares, o que corresponde a 81% da área existente com lavouras de café. • Minas Gerais concentra a maior área com a espécie, 1.218.812,0 hectares, correspondendo a 68,4% da área ocupada com café arábica, em nível nacional. • Para o café conilon a área é de 426.977,9 hectares. • No estado do Espírito Santo está a maior área, 266.465,0 hectares, seguido de Rondônia, com 83.339,0 hectares e logo após a Bahia, com 49.121,0 hectares. Importância econômica O café no Brasil Fonte: Conab, 2017 Importância econômica • Para a safra 2017, considerando as duas espécies (arábica e conilon), a produtividade média foi de 24,1 sc/ha • Estimativa 2018: entre 28,4 e 30, 5 sacas por hectare • Arábica: entre 27,1 e 28,9 sacas por hectare • Conilon: entre 33,5 e 38,5 sacas por hectare • O café arábica representa 76% da produção total (arábica e conilon) de café do país. • A produção do conilon representa 24% da produção total (arábica e conilon) de café do país, Importância econômica O café no Brasil Importância econômica Importância econômica Importância econômica Café total (arábica e conilon) - comparativo de área em produção, produtividade e produção - safras 2017 e 2018. Regiões Produtoras de Café no Brasil Mapeamento do café no estado de Minas Gerais Importância econômica • Evolução do consumo interno de café no Brasil Fonte: ABIC Importância econômica Consumo per capta de café no Brasil Importância econômica Importância econômica MERCADO: PREÇOS! Importância econômica Preços baixos Desequilíbrio com os custos de produção Redução do poder de compra Redução nos tratos culturais Redução na produtividade Menor rentabilidade Mau trato e Abandono Redução da produção Redução dos estoques REDUÇÃO DA OFERTA Aumento da oferta R E T R A Ç Ã O E X P A N S Ã O Ciclos e fases da cafeicultura CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA DO CAFÉ Classificação Botânica Reino - Plantae Divisão - Spermatophyta Sub-divisão - Angiospermae Classe - Dicotyledoneae Sub-classe - Chloripetalae Ordem - Rubiales Família - Rubiaceae Sub-família - Coffeoideae Tribo - Coffeaceae Sub-tribo - Coffeineae Gênero - Coffea Espécies e Variedades • De acordo com a classificação de AUGUSTE CHEVALIER (1940), existem 66 espécies reunidas em 4 seções e 5 sub-seções, sendo esta a classificação mais utilizada. Fonte: Brasil (1986), Carvalho & Fazuoli (1993) Classificação Botânica De acordo com CHEVALIER (1940), dentro do gênero Coffea, as espécies são agrupadas em 4 seções: (1) EUCOFFEA – 24 espécies (+ cultivado na África) (2) MASCARACOFFEA – 18 espécies (+ cultivado em Madagascar) (3) ARGOCOFFEA – 11 espécies (+ cultivado na África Ocidental) (4) PARACOFFEA – 13 espécies (Índia, Sri Lanka, Java,Tailândia.) Fonte: Brasil (1986), Carvalho & Fazuoli (1993) Classificação Botânica (1) EUCOFFEA – é a mais importante pois agrupa as espécies de maior interesse econômico e mais cultivadas no mundo, num total de 24 espécies divididas nas sub-seções: - Erythrocoffea – C. arabica (produtividade, qualidade da bebida). C. canephora (resistente à condições climáticas adversas e nematóides). C. congensis (resistente à nematóides). - Pachycoffea – C. liberica (resistente a nematóide, bicho-mineiro). C. dewevrei (resistente a nematóide, bicho-mineiro). - Mozambicoffea – C. racemosa (resistente à seca). C. salvatrix (resistente ao bicho-mineiro). - Melanocoffea – C. stenophylla (resistente ao bicho-mineiro) - Nanocoffea – C. montana Fonte: Brasil (1986), Carvalho & Fazuoli (1993) Classificação Botânica Características das principais espécies Coffea arabica Coffea canephora Nome comum Café arábica, nacional, comum, típica Café robusta, conillon Distribuição geográfica Sudoeste da Etiópia, Sudeste do Sudão, Norte do Quênia Região ocidental e central tropical e subtropical da África Condição climática 1000-1200 m de altitude Temperatura amena Pequena altitude Temperatura quente Adaptação Baixa Ampla Características Tetraplóide (2n = 44) Autofecundação e de 7 a 15% de fecundação cruzada (insetos e vento) Diplóide (2n = 22) Fecundação cruzada Qualidade Maior Menor Teor de cafeína 1,2% 2,2% Variedades Mundo Novo, Catuaí, Icatu, Acaiá, Arara, Tupi Robusta, Conillon,Guarani, Apoatã Fonte: www.graogourmet.com Fonte: www.coffeebreak.com.br OBRIGADO