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Metabolismo de Carboidratos A partir dos carboidratos ingeri dosa absorção nos intestinos, a veia porta hepática fornece ao fígado uma quantidade enorme de glicose que vai liberar para o sangue e suprir as necessidades energéticas de todas as células do organismo. . O principal papel do metabolismo dos carboidratos é gerar energia e também armazenar, passando pelas fases da glicólise. Glicólise: Os carboidratos após a ingestão passam pelo processo enzimático de hidrólise das ligações glicosídicas, onde as moléculas em monômeros se quebram em polímeros para se adaptarem às células, se transformando em glicose, acessam as vias das pentoses e seqüencialmente a glicose recebe fosfato e assim permanecem confinadas no interior das células, impedidas de acessarem a corrente sanguínea, processo este denominado: Glicólise. A glicólise pode ser dividida em etapa de investimento e etapa de pagamento. Fase de Investimento 1ª Etapa: Fosforilação da glicose: A glicose ao entrar na célula é fosforilada em glicose- 6-fosfato com a finalidade de se mantida presa e ser destinada a entrar na via glicolíticas. Nessa etapa da via há gasto de energia, duas moléculas de ATP e presença da enzima hexoquinase que atua como cofator, o íon Mg2+. 2ª Etapa: Isomerização da glicose: Neste segundo passo, a glicose-6-fosfato sofre catalise reversível da enzima fosfoexoseisomerase, transformando-se em frutose-6-fosfato. 3ª Etapa: Fosfofrutoquinase: Enzima fosfofruquinase-1 catalisa a transferência de um grupo fosfato do ATP para a frutose-6-fosfato para liberar a frutose-1,6-difosfato, sendo essa uma reação irreversível a nível celula . 4ª Etapa: Clivagem da frutose-1,6-difosfato em duas trioses. A frutose-1,6-difosfato é quebrada para liberar duas trioses fosfato diferentes, o gliceraldeído-3-fosfato, uma aldose e a dihidroxiacetona fosfato, uma cetose. 5ª Etapa: Oxidação do gliceraldeído-3-fosfato: Esta etapa encerra a única oxidação que ocorre durante a glicólise. Realiza em presença de fosfato inorgânico e é catalisada por uma desidrogenase que tem a NAD+ como cofactor. Durante a etapa, a energia libertada pela oxidação é transferida para a formação de uma nova ligação fosfato, rica em energia. Apenas uma das trioses fosfato formada pela aldose (gliceraldeído-3-fosfato) pode ser diretamente degradada nos passos subseqüentes da glicólise. Já o produto dihidroxiacetona fosfato, é rápida e reversivelmente convertida em gliceraldeído-3- fosfato pela quinta enzima da seqüência glicolítica a triose fosfato isomerase. Esta reação encerra a fase preparatória da glicólise Fase de pagamento: 6ª Etapa : Oxidação do gliceraldeído-3-fosfato em 1,3-difosfoglicerato. Este e o primeiro passo da fase de rendimento da glicólise, onde ocorre a conversão do gliceraldeído-3-fosfato em 1,3-difosfoglicerato, catalisado pelo gliceraldeído-3- fosfato desidrogenase. É a primeira das duas reações conservadoras de energia da glicólise e que leva à formação de ATP. O grupo aldeído do gliceraldeído-3-fosfato é desidrogenado em um anidrido de ácido carboxílico como o ácido fosfórico, o acilfosfato. O receptor do hidrogênio é a coenzima NAD+ (forma oxidada da nicotinamina adenina dinucleotídeo). A redução do NAD+ ocorre pela transferência enzimática de um íon hidreto (H-) do grupo aldeído para liberar a coenzima reduzida NADH. Este, por sua vez, precisa ser reoxidado até NAD+, pois as células possuem um número limitado de NAD+. 7ª etapa:. Transferência do fosfato do 1,3-difosfoglicerato para o ADP . A enzima fosfogliceratoquinase transfere o grupo fosfato de alta energia do grupo carboxila do 1,3-biofosfoglicerato para o ADP, formando ATP e 3-fosfoglicerato. É irreversível nas condições celulares. 9ª Etapa: Desidratação do 2-fosfoglicerato para fosfoenolpiruvato . A segunda reação glicolítica que gera um composto com alto potencial de transferência de grupo fosfato é catalisado pela emolase. Essa enzima promove a remoção reversível de uma molécula de água do 2-fofoglicerato para liberar fosfoenolpiruvato. 10ª Etapa: Transferência do grupo fosfato do fosfoenolpiruvato para o ADP . O último passo na glicólise é a transferência do grupo fosfato do fosfoenolpiruvato para o ADP, catalisada pelo piruvatoquinase. Nesta reação, a fosforilação em nível do substrato, o produto piruvato aparece primeiro na sua forma enol. Entretanto, esta forma tautomeriza-se rapidamente para liberar a forma ceto do piruvato, forma que predomina em pH 7,0. Essa reação é irreversível em condições intracelulares. Regulação da Glicolise: A via glicolítica em geral é estimulada pela insulina. No fluxo metabólico, através da glicólise existem três pontos de regulação que são as etapas irreversíveis onde estão envolvidas as enzimas abaixo: A Hexoquinase é inibida pelo próprio produto, glicose-6-P. A Fosfofrutoquinase I é inibida por ATP e por citrato, o qual sinaliza a abundância de intermediários do ciclo de Krebs. É também inibida por H+, o que é importante em situações de anaerobiose, na qual a fermentação produz ácido láctico, o que faz baixar o pH. Provavelmente este mecanismo impede que nestas situações, a célula esgote toda a sua reserva de ATP na reação da fosfofrutoquinase, o que impediria a ativação da glicose pela hexoquinase. É estimulada pelo substrato frutose-6-fosfato, AMP e ADP que sinalizam falta de energia disponível. Essa etapa é regulada negativamente pela Fosfrutoquinase II através do glucagon. A PiruvatoQuinase inibida por ATP e por acetil-CoA e também pelo glucagon. O controle hormonal das vias glicolíticas é efetuado principalmente por dois hormônios sintetizados pelo pâncreas: a insulina e o glucagon. A insulina é libertada pelo pâncreas quando a concentração de glicose no sangue é elevada, ou seja, sinaliza a abundância de glicose. A insulina estimula a entrada de glicose no músculo, a síntese de glicogênio e a síntese de triacilglicerídeos pelo tecido adiposo inibem a degradação do glicogênio e a gliconeogênese. O glucagon é produzido pelo pâncreas quando os níveis de glicose no sangue baixam muito, e tem efeitos contrários aos da insulina. No fígado, o glucagon vai estimular a degradação do glicogênio e a absorção de aminoácidos gliconeogênicos, também inibe a síntese do glicogênio e promove a libertação de ácidos graxos (em nível do tecido adiposo). As diversas vias metabólicas relacionam-se entre si de maneira complexa, de forma a permitir uma regulação adequada. Este relacionamento envolve a regulação enzimática de cada uma das vias, o perfil metabólico característico de cada órgão e o controle hormônio GLICONEOGÊNESE A gliconeogênese, a formação de novas moléculas de glicose a partir de precursores não-carboidratos, ocorre no fígado. Em certas situações, como acidose metabólica ou inanição, os rins também sintetizam glicose. Os precursores não- glicídicos incluem lactato, piruvato, glicerol e cadeias carbonadas da maioria dos aminoácidos. Entre as refeições, os teores adequados de glicose sangüínea são mantidos pela hidrólise do glicogênio hepático. Quando o fígado esgota seu suprimento de glicogênio (exemplo, jejum prolongado ou exercício vigoroso), a gliconeogênese fornece a quantidade apropriada de glicose para o organismo. O cérebro e os eritrócitos, utilizam a glicose como fonte primária de energia. Sob circunstâncias especiais, as células do cérebro também usam corpos cetônicos (derivados dos ácidos graxos) para gerar energia. O músculo esquelético em exercício, emprega a glicose a partir do glicogênio em combinação com ácidos graxos e corpos cetônicospara obter energia. Reações da gliconeogênese: Etapa1: conversão de piruvato a fosfoenolpiruvato. Na glicólise, esta etapa ocorre em apenas uma reação, já na gliconeogênese, ocorre em duas reações, a primeira que transforma piruvato em oxaloacetato (será é mandando para fora da mitocôndria através de uma lançadeira), através da piruvatoquinase (que contém biotina), e a segunda que transforma oxaloacetato em fosfoenolpiruvato, através da fosfoenolpiruvatocarboxilase. O fosfoenolpiruvato se transforma em frutose 1,6-bisfosfato. Etapa 2: conversão de frutose 1,6-bisfosfato a frutose 6-fosfato, através da frutose 1,6-bisfosfatase. Etapa 3: conversão de glicose 6-fosfato a glicose, através da glicose 6-fosfatase. Regulação A velocidade da gliconeogênese é afetada principalmente pela disponibilidade de substratos, efetores alostéricos e hormônios. Dietas ricas em gorduras, a inanição e o jejum prolongado elevam as concentrações de lactato, glicerol e aminoácidos e estimulam a gliconeogênese. As quatro enzimas-chave da gliconeogênese (piruvato−carboxilase, fosfoenolpiruvato−carboxicinase, frutose−1,6−bifosfatase e glicose−6−fosfatase) são afetadas em diferentes graus por moduladores alostéricos. Por exemplo, a frutose−1,6−bifosfatase é ativada pelo ATP e inibida pelo AMP e pela frutose−2,6−bifosfato. A acetil−CoA é um modulador alostérico positivo da piruvato−carboxilase. A concentração da acetil−CoA, um produto da degradação dos ácidos graxos, está elevada durante a inanição Como em outras vias bioquímicas, os hormônios afetam a gliconeogênese por alterações na concentração dos efetores alostéricos e por modificações na velocidade de síntese das enzimas−chave. O glucagon (elevado quando o nível de glicose diminui) reduz a síntese da frutose−2,6−bifosfato, ativando a função fosfatase da PFK−2. A redução do teor da frutose−2,6−bifosfato reduz a ativação da PFK−1 e desinibe a frutose−1,6−bifosfatase. Outro efeito do glucagon nas células hepáticas é a inativação da enzima glicolíticapiruvato−cinase. (A proteína−cinase C, uma enzima ativada pelo AMPc, converte a piruvato−cinase em sua conformação fosforilada inativa). Os hormônios também influenciam a gliconeogênese por alterações na síntese de enzimas. Por exemplo, a síntese de enzimas gliconeogênicas é estimulada pelo cortisol (um hormônio esteróide produzido no córtex da supra-adrenal). A ação da insulina promove a síntese de novas moléculas de glicocinase, PFK−1 e PFK-2. O glucagon promove a síntese de novas moléculas de PEP−carboxicinase, frutose−1,6−bifosfatatase e glicose−6−fosfatase O controle hormonal da gliconeogênese é importante no suprimento de ácidos graxos para o fígado além de regular as enzimas, tanto glicolíticas como gliconeogênicas. O glucagon aumenta a concentração dos ácidos graxos no plasma pela lipólise no tecido adiposo, em ação oposta da insulina. A grande disponibilidade de ácidos graxos, estimulada pelo glucagon, resulta em maior oxidação dos ácidos graxos para formar acetil−CoA pelo fígado, permitindo a síntese da glicose. Por outro lado, a insulina tem efeito oposto. O glucagon e a insulina também regulam a gliconeogênese no fígado por influenciar o estado de fosforilação de enzimas hepáticas, tais como, a piruvato−cinase e fosfofrutocinase. METABOLISMO DE GLICOGÊNIO O glicogênio é a reserva disponível de glicose para suprir os tecidos com uma fonte de energia oxidável e é encontrado principalmente no fígado, este é considerado fonte de glicose que pode ser utilizada por todo o organismo. Uma segunda maior fonte de glicose é o glicogênio do músculo esquelético. Contudo, o glicogênio muscular não é disponível para outros tecidos, é conhecido como reserva particular, uma vez que o músculo não possui a enzima glicose-6- fosfatase, responsável pela liberação da glicose livre com capacidade de circulação por todo organismo. O principal local de consumo de glicose diário é o cérebro, através da via aeróbica. A maior parte da energia restante é utilizada por eritrócitos, músculos esquelético e cardíaco. O corpo obtém glicose através da dieta ou da via da gliconeogênese. A glicose obtida a partir destas duas fontes primárias permanece solúvel nos fluidos do corpo ou é estocado na forma polimérica denominada glicogênio. O glicogênio é considerado a principal forma de depósito de glicose e é encontrado, principalmente, no fígado e músculo e, secundariamente, nos rins e intestinos. O músculo tem menor quantidade de glicogênio por unidade de massa de tecido, mas, considerando-se que a massa do músculo é muito maior do que a do fígado, o glicogênio total do músculo é cerca de duas vezes maior que a do fígado. O estoque de glicogênio no fígado é considerado o principal tampão de níveis de glicose no sangue. A molécula de glicogênio apresenta ligações glicosídica α 1-4 na cadeia linear e α 1-6 nos pontos de ramificações. BIOSSÍNTESE DO GLICOGÊNIO A síntese do glicogênio a partir da glicose é executada pela glicogêniosintetase. Esta enzima utiliza UDP-glicose como um substrato e o estado final não-reduzido do glicogênio como outro substrato. A ativação de glicose para ser usada pela síntese de glicogênio é executada pela UDP-glicose pirofosforilase, enzima que troca o fosfato do C-1 da glicose-1-fosfato por UDP. A energia da ligação fosfoglicosil da UDP-glicose é utilizada pela enzima glicogêniosintetase para catalisar a incorporação de glicose em uma molécula pré- existente do glicogênio; UDP é subsequentemente liberado da enzima. Para o início da síntese do glicogênio é necessário o prime (iniciador). Esse iniciador é uma proteína conhecida como glicogenina e está localizada no centro da molécula de glicogênio. A glicogenina tem uma propriedade incomum de catalisar a sua própria glicosilação, fixando o C-1 da UDP-glicose por um resíduo de tirosina na enzima. A glicose fixada pode servir como um primer requerido pela glicogênio sintetase. As ramificações α-(1,6) na cadeia α- 1,4 glicose são formadas pela ação da amilo- (1,4- 1,6)-transglicosilase ou enzima de ramificação. Esta, transfere um fragmento terminal dos resíduos 6-7 da glicose (de um polímero de no mínimo 10 resíduos de glicose), da extremidade não redutora para um resíduo interno na posição C-6 no meio da cadeia. A adição da glicose ligada à UDP continua pela enzima glicogênio-sintetase até a preparação para novas ramificações. REGULAÇÃO DA BIOSSÍNTESE DO GLICOGÊNIO A glicogênio sintase é uma enzima tetramérica consistindo de 4 subunidades idênticas. A atividade desta enzima é regulada por fosforilação de resíduos de serina nas subunidades protéicas. A fosforilação da enzima reduz a atividade "favorável" da UDP-glicose. Quando no estado não fosforilado, a glicogênio sintase não requer glicose-6-P como um ativador alostérico; quandofosforilada, ela requer. As duas formas da glicogêniosintetase são identificadas pela mesma nomenclatura como usadas para a glicogênio fosforilase. A forma não-fosforilada e mais ativa é a sintase, e a fosforilada e dependente da glicose-6-fosfato fosforilada, é a b-sintetase. GLICOGENÓLISE É um processo de degradação do glicogênio o qual se inicia pela necessidade de glicose intracelular ou pelo organismo. Esse processo ocorre nas 36 primeiras horas de fome para sustentar o período em que a glicose está sendo formada pelo processo da neoglicogênese. A degradação dos estoques de glicogênio ocorre através da ação da enzima glicogênio fosforilase. A ação desta enzima é remover resíduos de glicose-1 P a partir da quebra de ligações α-(1,4) da molécula de glicogênio Essa reação apresentaduas vantagens para o organismo: ¾ A glicose é removida do glicogênio em um estado ativado (fosforilada) e isto ocorre sem hidrólise de ATP. ¾ A concentração Pi nas células é alta o suficiente para dirigir o equilíbrio da reação no sentido favorável. A glicose-1-fosfato produzida pela ação da fosforilase é convertida em glicose-6- fosfato por uma fosglicomutase. A enzima desramficadora entra quando há poucas unidades de glicose para chegar na ligação α1-6, tranferindo unidade de glicose de uma extremidade não redutora para outra não redutora dando oportunidade para a continuação da glicogênio. Daí a conversão de glicose-6-fosfato para glicose, que ocorre no fígado, rim e intestinos, pela ação da glicose-6-fosfatase. No fígado, a ação desta enzima conduz a glicogenólisepara geração de glicose livre e à manutenção da concentração desta no sangue. A enzima fosforilase não remove resíduos de glicose a partir das ligações α(1,6) ou extremidade redutora do glicogênio. A atividade da fosforilase cessa a quatro resíduos de glicose do ponto de ramificação. Para a remoção de glicose destes pontos é necessária a ação da enzima desramificadora conhecida também por transferase que contém duas atividades. A transferase ou desramificadora remove um bloco de três glicoses de uma ramificação para outra. Em seguida, a glicose em uma ligação α (1,6) da ramificação é removida pela ação da 1,6- glicosidase. No fígado, parte da glicose-6-P entra na via glicolítica e parte é desfosforiladapela glicose-fosfatase. Essa glicosedefosforilada juntamente com a originada da ação da enzima 1,6- glicosidase, caem na corrente sanguínea para serem distribuídas para órgãos glicodependentes. A glicose de origem do glicogênio hepático pode ser utilizada no fígado ou por tecidos extra hepáticos. A defosforilação da glicose-6 fosfato não ocorre no músculo esquelético devido à falta da enzima glicose- fosfatase. Teoricamente, a glicogenólise ocorre no músculo esquelético e pode gerar alguma glicose livre para entrar na corrente sanguínea. No entanto, a atividade da hexoquinaseno músculo é alta e a glicose livre é imediatamente fosforilada e entra na via glicolítica. Já no músculo, a glicose livre liberada pela 1,6 glicosidase é fosforiladapela hexoquinase, em glicose-6P. E, portanto, todas as moléculas de glicose-6-P provenientes da glicogenólise, pela hexoquinase e pela fosfatase são destinadas para a via glicolítica muscular. REGULAÇÃO GERAL DO METABOLISMO DO GLICOGÊNIO O fígado possui uma hexoquinase com pouca afinidade para a glicose e que não é inibida por glicose-6-P. Portanto, a glicose só é fosforilada no fígado quando existe no sangue em concentrações muito elevadas (i.e. depois das refeições). Assim, quando a concentração de glicose no sangue é baixa, o fígado não compete com os outros tecidos, e quando os níveis de glicose são elevados o excesso de glicose é convertido pelo fígado em glicogênio.
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