Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TRAUMA OCLUSAL As forças traumáticas podem atuar sobre um único dente ou sobre um grupo de dentes que estejam em contato prematuro; elas podem ocorrer devidos a hábitos parafuncionais, ex. Bruxismo, em conjunto com a perda ou migração de pré-molares e molares, acompanhada da separação gradual dos dentes anterossuperiores etc. Entre os numerosos fatores locais que tem o potencial de influenciar a progressão da periodontite, a oclusão do paciente continua a ser uma variável que requer um diagnóstico exigente. Pode-se afirmar que a etiologia da doença periodontal está relacionada à presença de microrganismos, e que o trauma oclusal não inicia gengivite e nem periodontite. O trauma oclusal, em dentes acometidos por DP, aumenta a velocidade de progressão e a severidade da doença, ou seja, atua como fator co-destrutivo. Na literatura, a lesão tecidual associada ao trauma de oclusão é frequentemente dividida em primária e secundária. A forma primária inclui reações teciduais (dano) induzidas ao redor de um dente com periodonto de altura normal, enquanto a forma secundária está relacionada com situações em que as forças oclusais causam lesão a um periodonto com altura reduzida. A distinção entre a forma de lesão primária e secundária – trauma oclusal primário e secundário – não tem propósito significativo, visto que as alterações que ocorrem no periodonto em consequência do trauma de oclusão são similares e independem da altura do tecido-alvo, que é o periodonto. Entretanto, é importante compreender que os sinais/sintomas do trauma de oclusão só podem se desenvolver quando a intensidade da carga imposta pela oclusão é tão alta que o periodonto ao redor do dente exposto não consiga suportar nem distribuir de modo adequado as forças resultantes sem alterar a posição e a estabilidade do dente envolvido. Isso significa que, nos casos de redução acentuada da altura do periodonto, até mesmo forças comparativamente pequenas provocam lesões traumáticas ou adaptativas no periodonto. PATOGÊNESE: A deterioração periodontal que ocorre rapidamente ou que é excessiva para a idade de uma pessoa deve impulsionar o clínico a investigar qualquer variável que possa amplificar a periodontite daquele paciente. Se um fator local como uma relação oclusal pode influenciar o curso da doença, então, a sua análise deve ser tão precisa quanto à de qualquer outro aspecto do exame periodontal. TOMADA DE DECISÃO BASEADA EM EVIDÊNCIAS: Há uma concordância geral de que a força oclusal tem efeito sobre o periodonto e que a suscetibilidade à periodontite é unica para cada paciente. As forças oclusais apresentam-se por meio de um espectro amplo. Ausência ou mínimo contato oclusal sobre um dente resulta em atrofia do periodonto por desuso, o que pode ocasionar a instabilidade deste dente. Uma força oclusal harmoniosa em um dente estimula a disposição fisiológica de suas fibras de inserção periodontal e sua arquitetura óssea, além de incentivar sua estabilidade. As forças que excedem a tolerância do periodonto resultam na reabsorção do osso e no rompimento da inserção. Na pessoa saudável, o periodonto ao redor dos dentes que estão sujeitos à força oclusal excessiva passa por adaptação e reparação ou remodelamento, sem perda de inserção, o que ocorre com frequência na ortodontia. Para o paciente que está perdendo osso como resultado da periodontite, a combinação da doença inflamatória em andamento com a força oclusal excessiva pode resultar na amplificação de destruição e danos ao periodonto tos dentes afetados. Se essa conclusão é válida, então o clínico tem a responsabilidade de correlacionar a análise precisa da condição periodontal de cada dente com as responsabilidades oclusais e seus possíveis excessos oclusais. OBS: Interferência: qualquer contato oclusal no arco de fechamento na relação cêntrica ou em qualquer excursão que impede que as superfícies oclusais remanescentes consigam contato estável, funcionem harmoniosamente ou que incentive a desarmonia do sistema mastigatório, também chamada de discrepância oclusal. INFLUÊNCIA DO TRAUMA OLCUSAL NA PERIODONTITE: Primeiro o organismo tenta se adaptar, se não for possivel vai haver um defeito ósseo angular, sem desenvolvimento de bolsa periodontal, mas com mobilidade dentária. O trauma oclusal é reversivel. Se ele for removido, os tecidos sofrem reparação, se persistir, o dano se torna mais grave. O trauma oclusal não causa bolsa periodontal ou inflamação gengival. O trauma causal ocorre nos tecidos de suporte e não atinge a gengiva. Se removido, ocorre o reparo. O trauma associado a periodontite pode levar devido a perda óssea angular a formação de bolsas preexistentes em bolsas infaósseas. O trauma oclusal afeta o progresso e a gravidade da periodontite por agir como um cofator no processo de destruição. SINAIS RADIOGRÁFICOS DO TRAUMA OCLUSAL: ‒ Aumento do espaço do ligamento periodontal; ‒ Espessamento da lâmina dura; ‒ Destruição óssea angular; ‒ Reabsorção radicular. ÁREA DE PRESSÃO E ÁREAS DE TENSÃO: Quando um dente é exposto a forças unilaterais de intensidade, frequência ou duração que os tecidos periodontais não conseguem suportar e distribuir enquanto mantêm a estabilidade do dente, desenvolvem-se determinadas reações bem-definidas no ligamento periodontal, que acabam resultando em uma adaptação das estruturas periodontais à demanda funcional alterada. Se a coroa de um dente for submetida a forças direcionadas horizontalmente, o dente tende a inclinar-se na direção da força. As forças resultam no desenvolvimento de zonas de pressão e tensão nas partes marginal e apical do periodonto. As reações teciduais que se desenvolvem na zona de pressão são características de inflamação leve (aumento do número de vasos, aumento da permeabilidade vascular, trombose vascular e desorganização de células e feixes de fibras colágenas). Se a magnitude das forças estiver dentro de determinados limites, a vitalidade das células do ligamento periodontal é mantida e logo aparecem osteoclastos que reabsorvem osso na superfície do osso alveolar na zona de pressão. Um processo de reabsorção óssea direta é iniciado. Se a magnitude da força aplicada for maior, o tecido do ligamento periodontal na zona de pressão pode se tornar necrótico e sofrer hialinização. Portanto, “reabsorção óssea direta” não consegue ocorrer. Em vez disso, osteoclastos aparecem nos espaços medulares do tecido ósseo adjacente, nos quais a concentração da pressão é menor, iniciando-se assim um processo de “reabsorção óssea indireta”. Por meio dessa reação, o osso circundante é reabsorvido até que haja uma ruptura até o tecido hialinizado na zona de pressão. Essa ruptura resulta em redução da pressão nessa área, e as células do osso vizinho ou das áreas adjacentes do ligamento periodontal conseguem proliferar para a zona de pressão e substituir o tecido previamente hialinizado, restabelecendo, assim, os pré-requisitos para a “reabsorção óssea direta”. Independentemente de a reabsorção óssea ser direta ou indireta, o dente inclina-se ainda mais na direção da força. Concomitantemente com as alterações teciduais na zona de pressão, ocorre aposição óssea na zona de tensão, a fim de conservar a largura normal do ligamento periodontal nessa área. Em virtude das alterações teciduais nas zonas de pressão e tensão, o dente apresenta mobilidade exagerada. Quando o dente foi deslocado uma posição em que os efeitos das forças são anulados, ocorre cicatrização dos tecidos periodontais tanto na zona de pressão quanto na zona de tensão, e o dente torna-se estável em sua nova posição. Em dentes de um periodonto saudável, os movimentos ortodônticos de inclinação não provocam inflamação gengival nem perda de inserção do tecido conjuntivo. Essas reações teciduais não diferem fundamentalmente daquelas que ocorrem em consequência do movimento de deslocamento do dente no tratamento ortodôntico. A principal diferença é que as zonas de pressãoe tensão, dependendo da direção da força, estendem-se mais em direção apicocoronal ao longo da superfície radicular do que em conjunção ao movimento de inclinação. O tecido conjuntivo supra-alveolar não é afetado pela força, seja em conjunção com o movimento de inclinação, seja em conjunção com os movimentos do dente. Portanto, forças unilaterais exercidas na coroa dos dentes não induzirão reações inflamatórias na gengiva nem causarão perda de inserção do tecido conjuntivo. Área de pressão: Reabsorção óssea. ‒ Aumento do ligamento periodontal, desorganização dos feixes; ‒ Vasos sanguíneos numerosos, e com aumento da permeabilização e aparecimento dos osteoclastos. ‒ Se persistir, leva a necrose. Áreas de tensão: ‒ Alongamento das fibras do ligamento; ‒ Aposição óssea; ‒ Vasos dilatados. OBS: A. Se a coroa do dente for submetida a forças excessivas orientadas horizontalmente (seta), aparecerão zonas de pressão (P) e de tensão (T) nas áreas marginal e apical do periodonto. O tecido conjuntivo supra-alveolar não é afetado pela aplicação da força. Nas zonas de pressão e tensão ocorrem alterações teciduais que acabam fazendo com que o dente se incline na direção da força. B. Quando o dente deixa de ser submetido ao trauma, ocorre regeneração completa dos tecidos periodontais. Não há migração apical do epitélio dentogengival. OBS: Quando o dente é exposto a forças que produzem “deslocamento do dente”, como, por exemplo, no tratamento ortodôntico, as zonas de pressão (P) e tensão (T), dependendo da direção da força, estendem-se por toda a superfície do dente. O tecido conjuntivo supra-alveolar não é afetado nem em associação com o movimento de inclinação nem com o movimento de deslocamento. As forças desse tipo, portanto, não induzirão reações inflamatórias na gengiva. Não ocorre migração apical do epitélio dentogengival. As experiências que aplicam trauma sobre os dentes apenas em uma direção foram criticadas. Sugeriu-se que, em humanos, ao contrário do que aconteceu nas experiências em animais descritas anteriormente, as forças oclusais atuam alternadamente, primeiro em uma direção e, depois, na direção oposta. Tais forças foram denominadas forças alternadas. TRAUMA DO TIPO ALTERNADO: ‒ Periodonto sadio com altura normal: Têm sido relatadas experiências nas quais as forças traumáticas foram aplicadas às coroas dos dentes alternadamente em direção vestibular/lingual ou mesial/distal, e nas quais os dentes foram impedidos de se afastar da força. Em relação ao “trauma do tipo alternado”, zonas de pressão e tensão não puderam ser identificadas claramente, mas sim uma combinação de pressão e tensão de ambos os lados do dente submetido a esse tipo de trauma. As reações teciduais do ligamento periodontal provocadas pela combinação de forças alternadas pareceram um tanto semelhantes àquelas relatadas na zona de pressão em dentes movidos ortodonticamente, mas com uma diferença importante. A largura do espaço do ligamento periodontal no tipo alternado aumenta gradualmente de ambos os lados do dente. Durante a fase em que o ligamento periodontal aumentou gradualmente em largura, (1) as alterações inflamatórias estavam presentes no ligamento, (2) houve reabsorção ativa do osso e (3) o dente apresentou sinais de mobilidade gradualmente crescente (progressiva). Quando o efeito das forças aplicadas foi compensado pelo aumento da largura do espaço do ligamento periodontal, esse tecido não mostrou sinais de aumento de vascularização nem de exsudação. O dente apresentou mobilidade excessiva, porém essa não era mais de caráter progressivo. Deve-se, então, fazer a distinção entre mobilidade dentária progressiva e aumentada. ‒ Periodonto sadio com altura reduzida: Durante todo o período experimental, o tecido conjuntivo supra-alveolar não foi afetado pelas forças alteradas. Não houve perda adicional da inserção do tecido conjuntivo nem migração apical do epitélio dentogengival. Os resultados desse estudo mostraram claramente que o periodonto sadio com altura reduzida, dentro de certos limites, tem capacidade semelhante à do periodonto com altura normal de se adaptar às alterações da demanda funcional. A remoção das forças alternadas (“ajuste oclusal”) resultará, nessa situação, na normalização da espessura do ligamento periodontal. Obs: A. Dois pré-molares inferiores apresentando periodonto sadio com altura reduzida. B. Se esses pré-molares forem submetidos a forças traumáticas do tipo alternado, várias alterações ocorrem no tecido do ligamento periodontal. C. Essas alterações resultam em alargamento do espaço do ligamento periodontal e aumento da mobilidade dentária, mas que não acarretam perda adicional da inserção de tecido conjuntivo. D. Após o ajuste oclusal, a largura do ligamento periodontal volta ao normal e os dentes se estabilizam. ‒ Doença periodontal associada a placa: As experiências realizadas com seres humanos e animais demonstraram que o trauma de oclusão não consegue induzir alterações patológicas no tecido conjuntivo supra-alveolar. Em outras palavras, não consegue produzir lesões inflamatórias na gengiva normal nem agravar uma lesão gengival, bem como não provoca perda de inserção de tecido conjuntivo. A dúvida que permanece é se as forças oclusais anormais conseguem ou não influenciar a propagação da lesão associada à placa e aumentar a velocidade de destruição tecidual na doença periodontal. Forças alternadas “traumatizantes” forram aplicadas aos pré-molares periodontalmente envolvidos e constatou-se que causavam determinadas reações teciduais nas zonas de pressão/tensão combinadas. O tecido do ligamento periodontal nessas zonas, após alguns dias do início da aplicação das forças alternadas, mostrou sinais de inflamação. Nas superfícies ósseas adjacentes, havia um grande número de osteoclastos. Como os dentes não podiam afastar-se ortodonticamente das forças alternadas, a largura do ligamento periodontal aumentou gradualmente de ambos os lados dos dentes, os dentes se tornaram hipermóveis (mobilidade dentária progressiva) e defeitos ósseos angulares puderam ser detectados nas radiografias. O efeito das forças acabou sendo anulado pelo aumento da largura do ligamento periodontal. Se as forças aplicadas forem de tal magnitude que as estruturas periodontais consigam adaptar-se, o aumento progressivo da mobilidade dentária é eliminado em algumas semanas. A reabsorção óssea ativa cessava, mas a destruição óssea angular persistia, assim como a mobilidade dentária aumentada. A largura do espaço do ligamento periodontal aumentava, porém a composição tecidual se mantinha normal. Biopsias, incluindo o dente envolvido periodontalmente, revelaram que esse processo de adaptação ocorreu sem perda adicional de inserção. Isso significa que as forças oclusais que possibilitam a ocorrência de alterações adaptativas nas zonas de pressão/tensão do ligamento periodontal não agravam a doença periodontal associada à placa. Se, no entanto, a magnitude e a direção das forças alternadas foram tais que, durante o estudo, os tecidos das zonas de pressão/tensão não consigam adaptar-se, as lesões nas zonas de codestruição têm um caráter mais permanente. Por vários meses, o ligamento periodontal nas zonas de pressão/tensão apresentou sinais de inflamação e reabsorção óssea osteoclástica. Isso resultou em alargamento gradual do ligamento periodontal. Como consequência disso, a destruição óssea angular foi contínua e a mobilidade dentária permaneceu progressiva. A lesão associada à placa na “zona de irritação” e a lesão inflamatória na “zona de codestruição” se mesclaram. Nesse modelo de experimento com cães, porções adicionais de tecido conjuntivo de inserção foram perdidas e a destruição do tecido periodontal se agravou. Quando o trauma é eliminado a perda óssea é revertida, exceto quando existe periodontite, pois o componente inflamatório inibe a reparação óssea. O trauma altera a arquitetura da área ao redor da inflamação. MIGRAÇÃO DENTÁRIA PATOLÓGICA: Migração patológica refere-se ao deslocamento dentário que ocorre quando os equilíbrios entre os fatores que mantém a posição fisiológica dos dentes é quebrado pela doença periodontal. Quando o periodonto está debilitado, as forças não precisam estar aumentadas para causar injúrias. Espessamento e mobilidades são adaptações do periodonto a forças oclusais excessivas. Se houver periodontite e não conseguir uma adaptação do periodonto a essas forças danosas a DP irá progredir. FUNÇÃO E DISFUNÇÃO OCLUSAL: A determinação da ocorrência ou não de um trauma de oclusão é feita com base na conclusão de que a composição de todas as forças oclusais sobre um dente específico excede a tolerância ou a adaptabilidade de seu periodonto. Relação cêntrica é um termo usado para descrever a posição de ambos os côndilos quando eles estão completamente assentados nas fossas das suas respectivas ATMs. A rotação da mandíbula em torno de um eixo que passa por ambos os côndilos é chamada de arco de fechamento na relação cêntrica. Esta é uma relação estritamente esquelética até que ocorra o contato dental. A máxima intercuspidação ocorre quando os dentes opostos fazem contato, com ótima interdigitação, no ponto final mais estável do fechamento mandibular. A estabilidade é intensificada pelo contato bilateral simultâneo de múltiplos dentes posteriores com as forças oclusais no longo eixo da maioria dos dentes posteriores. Se o contato dental inicial no arco de fechamento na relação cêntrica ocorrer simultaneamente com a máxima intercuspidação, então os dentes não deslocam os côndilos. Ao contrário, se os dentes estiverem firmes e ocorrer qualquer contato antes da MIH, então as relações das vertentes de superfícies oclusais opostas guiarão a mandíbula para a posição intercuspidal, exigindo assim que um ou ambos os côndilos se desloquem de suas fossas. Se os dentes tiverem mobilidade e contatarem primeiro no arco de fechamento na relação cêntrica, então eles podem se afastar dos dentes opostos em vez de causar o deslocamento condilar. Quando as forças oclusais carregam os dentes em seu longo eixo, o periodonto é o suporte mais resistente. Há evidências de que o contato dos dentes posteriores nos movimentos excursivos pode sobrecarregar esses dentes, o que resulta em consequências negativas dentais, periodontais, musculares e na ATM. A relação ideal pode ser um leve encaixe dos dentes anteriores em oclusão cêntrica com separação imediata (desoclusão) de todos os dentes posteriores em todas as excursões. Os contatos que são prejudiciais para o movimento mandibular ou individualmente estressantes para os dentes são chamados de interferências ou discrepâncias oclusais. A nossa capacidade de analisar a oclusão para identificar contatos que podem ampliar a periodontite de um paciente, afetando certos dentes é estratégica para a realização do diagnóstico correto. A inflamação desorganiza a integridade do aparato de inserção, o que resulta em menor resistência à força dos dentes opostos. Quando ocorre a perda óssea, menor área de superfície radicular está suportada e há menos fibras sensoriais no ligamento periodontal, isso limita a modulação muscular protetora das forças oclusais. O clínico deve diferenciar entre a intolerância causada pela inflamação às forças oclusais, as forças normais dos dentes com suporte periodontal reduzido, as forças oclusais excessivas e as forças bem toleradas em dentes afetados pela periodontite. CONCLUSÃO: As experiências realizadas tanto em humanos quanto em animais produziram evidências convincentes de que nem as forças unilaterais nem as forças alternadas aplicadas em um periodonto sadio resultam em formação de bolsa ou na perda da inserção do tecido conjuntivo. O trauma de oclusão não consegue induzir destruição do tecido periodontal. Todavia, o trauma de oclusão realmente resulta em reabsorção do osso alveolar, levando a aumento da mobilidade dentária, que pode ser de caráter transitório ou permanente. Essa reabsorção óssea, com o consequente aumento da mobilidade dentária, deve ser considerada uma adaptação fisiológica do ligamento periodontal e do osso alveolar circundante diante de forças traumatizantes, ou seja, uma alteração da demanda funcional. Nos dentes envolvidos na doença periodontal progressiva associada à placa, o trauma de oclusão, em determinadas condições, acelera a progressão da doença, ou, em outras palavras, atua como um cofator no processo destrutivo. É importante perceber que, em tais casos, o tratamento direcionado somente para o trauma, como ajuste oclusal ou imobilização, reduz a mobilidade do dente traumatizado e resulta em algum crescimento ósseo novo, mas não influencia as características da lesão associada à placa. TERAPIA OCLUSAL: A terapia não cirúrgica eficaz geralmente reduz a inflamação no periodonto e resulta em alguma cicatrização, que muitas vezes transforma dentes com mobilidade em dentes mais estáveis. Se o clínico concluir que a inflamação foi controlada e que as forças oclusais em dentes individuais ainda excedem a tolerância de seu periodonto, então a base para a intervenção é estabelecida. A função harmoniosa tanto da ATM quanto de seus músculos associados é necessária para a estabilidade oclusal. Quando houver evidências suficientes de forças oclusais excessivas sobre o dente do paciente, ou existir desarmonia do sistema mastigatório e o paciente desejar uma oclusão mais estável, uma placa oclusal deve ser prescrita. ‒ Terapia de placa oclusal: Uma placa bem projetada e precisamente adaptada pode beneficiar a função do sistema mastigatório enquanto auxilia os dentes com mobilidade em ambas as arcadas a se firmarem, conforme o periodonto de sustentação cicatriza. O contato bilateral simultâneo de todos os dentes posteriores opostos em relação cêntrica, a guia anterior rasa e a desoclusão imediata de todos os dentes posteriores em cada movimento excursivo são elementos essenciais das placas oclusais tanto superior quanto inferior. Os dentes que estão opostos à placa devem receber a carga o mais próximo possível ao seu longo eixo. As placas superiores envolvem uma parte do palato duro, o que proporciona um escoramento substancial dos dentes e resistência às forças verticais e laterais. Uma placa superior em forma de ferradura depende de outros dentes, possivelmente comprometidos, para tentar proteger os dentes com maior mobilidade. Não se espera que as placas curem o bruxismo, mas elas são frequentemente prescritas para pacientes com parafunção habitual como intervenção compensatória ou de proteção para limitar a desarmonia do sistema mastigatório, os danos aos dentes e a sobrecarga dos implantes. ‒ Ajuste oclusal: Conforme os dentes ficam mais firmes devido ao uso da placa,as interferências oclusais podem tornar-se mais evidentes e maior discrepância entre o contato dental inicial e a MIH pode ser observada. As interferências com o movimento excursivo harmonioso da mandíbula podem também tornar-se mais evidentes. Quando o clínico confirma que as interferências correlacionam-se com uma perda de inserção maior do que a esperada, então a intervenção direta com a oclusão do paciente é considerada. A análise clinica da oclusão deve ser feita combinada com o detalhamento dos modelos diagnósticos em um ASA em relação centrica. Os dentes costumam firmar-se progressivamente com o uso contínuo da placa e com repetidos ajustes oclusais cuidadosos. Outros métodos que podem ser empregados para alterar as relações oclusais incluem ortodontie e odontologia restauradora. A restauração provisória é outro método para melhorar os contatos oclusais e a estabilidade e com frequência simplifica o processo de ajuste oclusal e restauração final.
Compartilhar