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RESUMO DE DIREITO ADMINISTRATIVO – AP1 Duas grandes áreas do Direito Pessoa física: pessoa natural – todo indivíduo (homem ou mulher), desde o nascimento até a morte. Personalidade civil da pessoa: adquirida no nascimento Imposto de renda: empresas individuais são equiparadas às pessoas jurídicas Atividade econômica: pessoa física pode atuar como autônomo ou sócio de empresa ou sociedade simples Pessoa jurídica: entidade abstrata com existência e com responsabilidade jurídica Ex.: empresas, companhias, associações quando legalmente autorizadas As pessoas jurídicas podem ser: de Direito Público: União, Unidades Federativas, Autarquias de Direito Privado: empresas, sociedades simples, associações História do Direito Administrativo: Direito Público (nasce com a Revolução Francesa, final do séc. XVIII) destaque para o “Conselho de Estado Francês” + “caso Blanco”. Restante do Mundo: a Resolução Francesa não impactou todos os países Sistemas anglo-americanos: prevaleceu regras do direito privado, conforme o tipo de Estado adotado No Brasil: [1824] criação do Conselho de Estado, órgão consultivo do imperador, extinto em 1889 (Proclamação da República); [1851] criação da disciplina de Direito Administrativo nas faculdades de Direito de São Paulo e Olinda 1o a influencia das doutrinas europeias (Antônio Joaquim Ribas e Vicente Pereira do Rego), 2o emergiram as doutrinas influenciadas pelos modelos franceses (Visconde do Uruguai e José Rufino de Oliveira) Importantes doutrinadores brasileiros: Hely Lopes Meirelles e Celso Antônio Bandeira de Mello NÚCLEO DO REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO Supremacia do interesse público sobre o privado Indisponibilidade dos interesses públicos - O interesse público se sobrepõe ao interesse do particular - A Administração, ao exercer suas atividades administrativas, deverá dar prioridade ao interesse público, mesmo que para cumprir tal objetivo tenha de sacrificar ou reduzir algum direito de liberdade ou de propriedade do particular . Ex.: uso do poder de polícia para lacrar um estabelecimento irregular - Toda ação da APU é um dever para com o cidadão - O interesse público é indisponível . A APU não pode dispor livremente dos bens e interesses colocados pelo ordenamento jurídico aos seus cuidados, tampouco pode transigir nem negociar livremente com tais bens e interesses . Ex.: proteção legal especial que incide sobre os bens públicos PRINCÍPIOS CONTITUCIONAIS DA APU (art. 37 da CF/1988 + EC no 19/1998) Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Eficiência Cidadão (direito comum) pode fazer tudo aquilo que a lei não o proíba. Entretanto, a APU é obrigada fazer, ou deixar de fazer, exatamente aquilo que a lei estabelece, sob pena de estar praticando ato inválido. A lei deve trazer as “condutas discricionárias” Ex.: obrigatoriedade de realizar concurso público. A APU deve atender a todos, sem preferência ou favorecimento. Orientar-se por critérios objetivos, tendo em vista a finalidade pública. A APU não pode estabelecer preferências pessoais. Deve aplicar igualdade de tratamento. Agente público age em nome do Estado. Ex.: obrigatoriedade de realização de procedimento licitatório. Impõe à APU agir de maneira ética, com probidade, decoro e boa- fé considerando que o interesse público se sobrepõe ao interesse particular. É saber distinguir o honesto do desonesto. Ex.: acumulação ilícita de dois cargos públicos + Lei de Improbidade Administrativa Atos da APU são públicos e devem ser publicados nos órgãos oficiais de divulgação para que tenham validade. Todos têm direito de saber o que a APU faz. Total transparência. Ex.: Publicação no Diário do resumo do edital de licitação. Exceção: sigilo para garantir a intimidade ou o interesse social. Advêm da iniciativa privada: eficácia, resultados, controle, avaliação, cumprimento de metas, produtividade, economicidade e redução do desperdício. É a obtenção do melhor resultado com o uso racional dos meios. Incorporado pelo EC no 19/1998. Ex.: criação de auditoria interna Outros princípios citados na CF/1988 Igualdade + Continuidade + Motivação + Razoabilidade + Hierarquia + Proporcionalidade + Finalidade pública de suas ações + Fundamentação dos Atos Administrativos + Controle judicial + Especialidade Agentes Públicos: aqueles que estão vinculados à APU por meio de uma atividade, remunerada ou não. MEIRELLES GASPARINI MELLO DI PIETRO CARVALHO FILHO “São todas as pessoas incumbidas definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma função estatal (remunerada ou gratuita, política ou jurídica)”. Políticos Administrativos Honoríficos Utiliza a “sistematização constitucional” Agentes políticos Agentes temporários Agentes de colaboração (por vontade própria, por compulsão ou por concordância) Servidores governamentais Servidores públicos (estatuários ou celetistas) Agentes militares (federal, estadual ou distrital) Agentes políticos Servidores estatais (servidores públicos ou servidores governamentais de direito privado) Particulares em colaboração com o Poder Público Considera a CF/1988 + EC no 18/98: Agentes políticos Servidores públicos Militares Particulares em colaboração com o Poder Público É difícil agrupar em classes, mas por motivos didáticos deve ser sistematizado: Agentes políticos Agentes particulares Colaboradores Servidores públicos Agentes de fato (subdivididos estes em agentes necessários e putativos ) AGENTES PÚBLICOS: classificações didáticas MEDAUAR GASPARINI (segundo a prestação de serviços) Agentes Políticos Servidores Públicos Colaboradores Colaboradores compulsórios Colaboradores por concordância da APU Eleitos por sufrágio universal Auxiliares imediatos dos chefes dos executivos (Ministros de Estado, Secretários de Estado e Municipais) Detentores de funções constitucionais (Magistratura, Ministério Público e Tribunal de Contas) Pessoas físicas que trabalham de forma remunerada na APU, por vínculo empregatício Servidores estatutários: CLT – ocupam cargos públicos Empregados públicos ou celetistas: CLT – ocupam empregos públicos. Servidores temporários: art. 37 da CF/1988 – tempo determinado para atender excepcional interesse –ocupam função pública. Funcionários Públicos: ocupavam cargos públicos antes da CF/1988 Agentes de Colaboração (agente honorífico ou agente particular colaborador): atividade pública transitória, sem vínculo Assumem uma função por ação espontânea (vontade própria) para a salvaguarda dos interesses públicos Ex.: prisão de um criminoso São obrigados ao desempenho de determinada função pública, em virtude de lei específica. Serviços eleitorais (mesários e membros da junta eleitoral) + jurados + recrutados para o serviço militar obrigatório. Desempenham funções públicas em caráter privado, por contrato ou delegação de função, de ofício ou serviço público. Ex.: contratados para a realização de uma obra de arte ou parecer Ex.: delegados por função ou ofício: tabeliães, juízes de paz, leiloeiros Regime Jurídico: corpo normativo que engloba os deveres, direitos e demais aspectos da vida funcional dos servidores públicos Art. 39 da CF/1988: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbitode sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da APU direta, das autarquias e das fundações públicas.” O regime deve ser único para todos os servidores de um órgão público, não obrigando a adoção do regime estatutário. Confusão em torno do tema – EC no 19/1988 (Reforma Administrativa) mudou para regime múltiplo: o órgão poderia adotar os dois regimes de forma simultânea. Só que STF considerou a alteração inconstitucional e voltou o RJU (regime jurídico único), na maioria dos casos o regime estatutário. CLT: situação funcional dos servidores das empresas públicas e das sociedades de economia mista. Estatutários Celetistas Emprego público Regime especial Ocupantes de cargos públicos na APU direta, autárquica e fundacional pública e têm a sua respectiva situação funcional regida por um Estatuto. Estatuto: conjunto normativo que rege a relação jurídica funcional entre o servidor público estatutário e o Estado. Estatuto dos servidores públicos civis da União: Lei Federal no 8.112/1990 Específicos: Magistério, Ministério Público e Magistratura. Os servidores estaduais e municipais também dispõem de Estatutos. Regime jurídico, de natureza contratual, submetido às regras da CLT Utilizado pelos entes governamentais de direito privado: sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações de Direito Privado instituídas pelo Poder Público (CEF, Banco do Brasil, Petrobrás, etc.) Servidores celetistas são “empregados públicos”: detém emprego público e não possuem estabilidade. Equiparam-se aos servidores em alguns aspectos: concurso público, regime de não acumulação de cargos, teto remuneratório, etc. Tipo especial de “empregado público”, mediante contrato (CLT) por tempo indeterminado. Regulamentado pela Lei no 9.962/2000 – válido apenas para a APU Federal direta, autárquica e fundacional. Relativa estabilidade: contrato só pode ser rescindido por falta grave, acumulação ilegal de cargos e necessidade de redução de despesas. Contrato de trabalho de regime administrativo jurídico especial – não regido pela CLT. Só existe na APU Federal (Lei no 8.745/1993). Contratação de servidores temporários para o atendimento de excepcional interesse público: calamidade pública + emergências em saúde pública + censo do IBGE + professor e pesquisador federal + Forças Armadas + emergências ambientais. Processo seletivo simplificado (não é concurso público). Ficam por tempo determinado. Não pode ser atividade permanente. Competência Organizacional: União, Estados e Municípios possuem autonomia para organizar a questão político-administrativa, desde que respeitada a CF/1988 (não se pode ampliar ou restringir alcance de direitos) fixar regras que melhor lhes pareçam para a organização e disciplina da atividade funcional. Os Estados e Municípios podem fixar regras semelhantes ao Estatuto Federal. É de iniciativa de edição de leis que dispõem sobre regime jurídico dos servidores é do Poder Executivo (Casas Legislativas não possuem esse poder de iniciativa) Posse: aceitação das atribuições, responsabilidades e direitos do cargo pelo nomeado, efetuando-se por assinatura de um termo. O nomeado tem 15 dias para tomar posse (Lei Federal no 8.112/1990) Quadro: conjunto de carreiras, cargos isolados e funções gratificadas de um mesmo serviço, órgão ou Poder. Carreira: conjunto de classes da mesma profissão ou atividade, escalonadas pela hierarquia do serviço, para o acesso privativo dos titulares dos cargos que a integram Cargo de carreira: cargo que se escalona em classes, para o acesso privativo de seus titulares Classe: agrupamento de cargos da mesma profissão, com idênticas atribuições, responsabilidades e vencimentos (degraus de acesso na carreira) Cargo isolado: é instituído em regime de exceção na organização funcional, porque não pressupõe promoção vertical. Cargo Público: conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Cargo de provimento efetivo: caráter permanente, só pode ser ocupado por prévia aprovação em concurso público. O titular se efetiva e adquire estabilidade após três anos de efetivo exercício e avaliação positiva em estágio probatório. Se estável, só é exonerado mediante processo administrativo ou judicial (garantido contraditório e ampla defesa). Cargos de provimento vitalício: comportam investidura em caráter perpétuo, só permitindo-se a extinção do vínculo funcional em virtude de sentença judicial transitada em julgado. É uma determinação constitucional, que garante independência e resguarda eventuais pressões. Ex.: Magistrados + membros do Ministério Público + Ministro dos Tribunais de Contas + Oficiais Militares Cargo de provimento em comissão: livre nomeação e exoneração, independente de concurso público (critério de nomeação é político). Em alguns casos, existem exigências: idade mínima, pleno exercício dos direitos políticos, quitação militar e eleitoral. Função pública: atribuição ou conjunto de atribuições a serem exercidas pelos agentes públicos Funções de natureza permanente: exercidas por servidores ocupantes de cargo efetivo (direção, chefia e assessoramento). Funções exercidas pelos servidores contratados temporariamente: com fundamento no regime especial. Não existe cargo sem função – mas existe função sem cargo. É possível adquirir estabilidade no exercício de cargo – mas não é possível em função. Funções de confiança: exercidas por servidores públicos concursados - “direção, chefia e assessoramento” Cargos em comissão: provimento sem concurso público, livre nomeação e exoneração - “direção, chefia e assessoramento” – parte deve ser preenchido por servidores públicos Nepotismo: nomeação para cargos em comissão ou funções de confiança não pode recair em pessoa que mantenha relações de parentesco com o nomeante – viola o princípio da moralidade administrativa Acumulação de cargos públicos: é proibida a acumulação simultânea e remunerada de cargos públicos, empregos e funções públicas. Regra válida para todos agentes – Administração Direta e Indireta (autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, subsidiárias e sociedades controladas) Os proventos de aposentadoria não podem ser acumulados com cargo efetivo (salvo as exceções da CF/1988) E X C E Ç Õ E S Dois cargos de professor Professor + técnico ou científico Dois cargos na área de saúde Vereadores: desde que o horário de trabalho seja compatível – direito a perceber a remuneração + subsídio Magistrados: somente podem acumular uma função no magistério Promotores de Justiça: somente podem acumular uma função no magistério Militar: se empossado em cargo ou emprego público civil permanente será transferido automaticamente à reserva. Se temporário (mas não cargo eletivo), ficará agregado ao quadro e somente poderá ser promovido por antiguidade. Depois de dois anos de afastamento, é transferido para a reserva. Acesso a cargo público: direito que tem o administrado de ingressar no serviço público pelo provimento de cargos, funções e empregos – significa também ascensão funcional. É admissível aos brasileiros (atendidos os requisitos legais) e estrangeiros na forma da lei (só que essa lei não foi editada). Caso especial de professores, técnicos e cientistas estrangeiros – regulamentada pela Lei no 9.515/1997. Portugueses com residência permanente: é garantido o acesso, desde que os brasileiros tenham esse direito em Portugal. Formas de ingresso no serviço público: por aprovação prévia em concurso de provas ou provas + títulos. O concurso não é exigível para cargoscomissionados + ex-combatentes + Ministros dos Tribunais de Contas (os demais cargos vitalícios exigem concurso público – magistrados e membros do MP). Concurso Público: a investidura cargo ou emprego público depende de concurso. Cargos em comissão são de livre nomeação e exoneração, sem concurso público. Regra válida para APU direta + indireta (empresas públicas e sociedades de economia mista). Validada do concurso: dois anos, prorrogável por mais dois. Aprovação em concurso não garante direito à nomeação. A ordem de classificação deve ser sempre seguida. STF: é inconstitucional a investidura sem prévia aprovação em concurso público SISTEMA REMUNERATÓRIO DOS AGENTES PÚBLICOS Remuneração Subsídio Conjunto formado pelo vencimento padrão do cargo ou da função + vantagens pecuniárias. Valor a que faz jus o servidor pelo período trabalhado. É devida à grande massa de agentes públicos (servidores ou agentes administrativos). Vencimentos (no plural) = remuneração Remuneração = vencimento (singular) + vantagens pessoais (gratificações, adicionais e indenizações) Empregados públicos + ocupantes de emprego público + submetidos às CLT – recebem remuneração, na forma de salário. Modalidade de remuneração, fixado em parcela única, sem qualquer acréscimo de vantagem pessoal. Exceção: é permitido 13o salário, adicional noturno, remuneração por serviço extraordinário e adicional de férias É devido às seguintes carreiras: Detentores de mandatos eletivos: chefe e vice do Executivo e membros do Legislativo (nos três poderes) Ministros de Estado, secretários estaduais e municipais Membros do Judiciário (Juízes, Desembargadores e Ministros) Membros do Ministério Público (Promotores, Procuradores de Justiça e da República) Ministros do TCU + Conselheiros dos TCE´s e TCM´s Membros da AGU + Membros da Defensoria Pública + Servidores policiais É facultado a edição de lei estendendo o recebimento por subsídio à outros servidores. Fixar ou alterar remuneração ou subsídio: só por lei específica. É assegurada à revisão anual, mas o aumento fica condicionado à existência de recursos financeiros e os limites com despesa de pessoal. Para o STF, é inconstitucional os chefes do Executivo não iniciarem o projeto de lei da revisão anual. A omissão desatende a CF/1988. Teto remuneratório: limite máximo para a remuneração de quaisquer agentes públicos (temporário, comissionado, político, estatutário ou celetista). Aplicável para remuneração e para subsídio. Atinge aposentados e pensionistas. É definido da CF/1988: o teto geral (limite máximo) é a remuneração dos ministros do STF, que só será alterado por lei de iniciativa conjunta dos três poderes. Exceção: empresas públicas, sociedades de economia mista e subsidiárias - só limita se receberem recursos públicos. Acumulação de cargos: o teto é único e abrange a soma da dupla remuneração. Na teoria, as parcelas de cunho indenizatório entram no teto. Mas, na prática, elas estão sendo excluídas (remuneração de magistério, benefícios previdenciários, exercício temporário de função cumulativa). Existem tetos parciais (ou subtetos) aplicáveis às demais esferas federativas. Existem várias regras. Algumas delas: [Federal] igual para todos os servidores; [Estadual] diferenciado para os servidores de cada um dos três Poderes, tendo por base a remuneração do maior cargo do Poder (limitado a 90,25% da remuneração dos ministros do STF). [Municipal] a maior remuneração é do Prefeito. Vereadores: máximo varia de 20% a 75% do subsídio dos Dep. Estaduais – analisa a população Diferença entre os níveis: não pode ser superior a 10% ou inferior a 5%. Irredutibilidade de remuneração e de subsídio: os vencimentos do agente público (inclusive empregado público e cargos em comissão) não podem ser reduzidos. Entretanto, a lei não é clara – já pensaram que seria uma questão de poder de compra “real” (tinha sempre que corrigir a inflação para manter lei cumprida). Hoje já é unânime o entendimento que a questão é “nominal” – não pode abaixar o valor que está no contracheque. Exceções: adaptação de valores ao teto constitucional + imposição legal (mandado judicial) + consentimento do servidor (crédito consignado em folha). DIREITOS DOS SERVIDORES Férias: gozo de férias anuais de 30 dias + acréscimo de 1/3 sobre a remuneração (igual ao setor privado). Se aposentar com férias não gozadas, tem direito à indenização. 13º salário: calculado sobre a retribuição pecuniária integral. Concedido aos servidores ativos e inativos (aposentados e pensionistas). Licenças: a CF/1988 prevê licença-maternidade (120 dias) e licença-paternidade (5 dias), ambas remuneradas. Os Estatutos preveem ainda licença para tratamento de saúde do servidor ou de pessoa de sua família; por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; para o serviço militar; para atividade política; para capacitação profissional; para desempenho de mandato classista; e para tratar de interesses particulares. Afastamentos: para servir a outro órgão ou entidade; para estudo ou missão no exterior; para participação em programa de pós-graduação stricto sensu no país e para exercício de mandato eletivo. Exercício de mandato eletivo: se for vereador, poderá ter a remuneração simultânea dos dois cargos, desde que compatíveis os horários. Se for prefeito ou vereador (sem compatibilidade de horários), facultada a opção pela maior remuneração. Sindicalização: todos os servidores podem se filiar a sindicatos. Se em campanha ou em mandato de representação sindical + um ano depois - não pode ser dispensado, salvo falta grave. Essa garantia não se estende aos cargos em comissão. É norma de eficácia plena e imediata: não existem divergências quanto ao tema. Greve: gera polêmica, pois a CF/1988 estabelece que esse direito seja exercido “nos termos e limites definidos em lei específica”. Mas ainda não há norma regulamentadora. Não pode ser objeto de convenção coletiva a fixação de vencimentos. De um lado estão os que consideram inadequado o exercício do direito de greve por servidores públicos. Mayara Realce Mayara Realce Outros defendem que a tal regulamentação irá apenas fixar limites, mas o direito é assegurado, ressalvada as necessidades inadiáveis da comunidade. São serviços essenciais: tratamento/distribuição/coleta de água, energia elétrica, gás e combustíveis, esgoto e lixo, substâncias radioativas; assistência médica, medicamentos e alimentos; funerários, transporte coletivo, telecomunicações, tráfego aéreo e compensação bancária. STF 2007: ante a omissão do legislador, aplica-se a lei da iniciativa privada para greve em serviços essenciais. Se ilegal, é falta funcional e permite desconto dos dias. Se for formalizado acordo para manutenção mínima das atividades, não pode haver falta funcional e nem suspensão dos pagamentos. Carreiras militares e Forças Armadas: direito de sindicalização e greve é vedado. Aposentadoria e pensão: é o direito à inatividade remunerada. A CF/1988 prevê dois regimes previdenciários: Regime geral da previdência social (RGPS): Empregados públicos (CLT) + temporários (regime especial) + cargos comissionados Regime previdenciário próprio do servidor público (RPSP): Servidores estatutários + cargos vitalícios (magistrados, membros do MP, Ministros e Conselheiros dos TC`s) Reformas Previdenciárias (EC no 20/98, 41/03 e 47/05): introduziram modificações no sistema previdenciário – aproximaram o do . Características do novo sistema previdenciário: [1] caráter contributivo e solidário (equilíbrio financeiro e atuarial), [2] contribuições devidas por todos (ente público + ativos + inativos + pensionistas), [3] contribuição sobre os proventos dos inativos que ultrapassaro limite máximo. STF: considerou constitucional a contribuição devida pelos inativos e pensionistas. Não existe mais a aposentadoria exclusivamente por tempo de serviço: exigências agora são de idade mínima, tempo de serviço público e tempo de exercício no cargo. EC no 20/98: todos os entes públicos podem instituir regime de previdência complementar para os seus servidores efetivos EC no 41/03: critérios para fixação do valor dos pensionistas,extinção da paridade entre ativos e inativos, extinção dos proventos integrais. MODALIDADES DE APOSENTADORIA (dos servidores efetivos + cargos vitalícios) Aposentadoria compulsória Aposentadoria por invalidez permanente Aposentadoria voluntária 70 anos de idade: proventos proporcionais ao tempo de contribuição. Impossibilidade absoluta de o agente público exercer o cargo (inviável a readaptação a outro cargo). Depende de prévia avaliação médica: determina proventos integrais (acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável) ou proventos proporcionais ao tempo de contribuição. 10 anos de efetivo exercício no serviço público, no mínimo + 5 anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria Proventos integrais: homem (60 anos de idade e 35 de contribuição) ou mulher (55 anos de idade e 30 de contribuição) Proventos proporcionais ao tempo de contribuição: homem (65 anos de idade) ou mulher (60 anos de idade) Exceção: professor que tenha tempo exclusivamente de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no Ensino Fundamental e Médio - requisitos de idade e tempo de contribuição reduzem 5 anos. RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR Ato ilícito praticado pelo agente público no exercício de suas funções: desencadeia três processos distintos e independentes (as sanções poderão ser acumuladas). STF: APU pode aplicar pena de demissão em processo disciplinar, ainda que em curso a ação penal. Responsabilidade civil Responsabilidade administrativa Responsabilidade penal Relacionado à reparação de dano patrimonial Aplicação de punições funcionais Apuração de eventual crime Poder Judiciário Apurada pela própria APU Poder Judiciário Art. 186 do Código Civil: “todo aquele que causa dano a outrem é obrigado a repará-lo”. Ilícito civil: decorrente de ato omissivo (deixar de fazer) ou comissivo (ação praticada), doloso (com intenção) ou culposo (sem intenção), que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Para configuração do ilícito civil: indispensável ação, culpa ou dolo, relação de causalidade e verificação do dano. É necessário provar a culpa civil através do Processo administrativo disciplinar (PAD), garantido o contraditório e a ampla defesa. Ressarcimento dos prejuízos ao erário: desconto em folha (STF exige a concordância do servidor, pois a decisão de reparo não é autoexecutória) Dano contra terceiros: responde o Estado, depois ação de cobrança contra o servidor. Ilícito administrativo: conduta comissiva ou omissiva, prevista em Estatuto (deveres e vedações). Garantido o contraditório e ampla defesa no Processo administrativo disciplinar (PAD). Se comprovada infração, servidor fica sujeito às penas disciplinares (advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria, destituição de cargo em comissão ou função comissionada) e às medidas preventivas (afastamento + sequestro de bens). Ilícito penal tipificado pelo Código Penal: competência do Poder Judiciário. Crimes praticados contra a APU: arts. 312 a 326 do Código Penal Fins criminais: conceito de servidor público é ampliado para agente público. Lei no 8.112/90: assegura auxílio- reclusão à família do servidor ativo ATOS E FATOS JURÍDICOS (necessários à movimentação da APU) Ato jurídico: manifestação de vontade que tenha por finalidade adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. A manifestação de vontade resultante do exercício da função administrativa resulta em um ato administrativo. Ato jurídico corresponde ao gênero, ato administrativo é espécie. Ato administrativo: um dos modos de expressão das decisões tomadas por órgãos e autoridades da APU. Produz efeitos jurídicos, em especial no sentido de reconhecer, modificar, extinguir direitos ou impor restrições e obrigações com observância da legalidade. Critérios para a classificação dos ATOS ADMINISTRATIVOS Grau de liberdade para a sua prática Conforme os efeitos Quanto às prerrogativas Vinculados: praticados pela APU sem margem alguma de liberdade, pois a lei define de antemão todos os aspectos da conduta. Podem ser anulados por vício de legalidade, mas não revogados. Ex.: aposentadoria compulsória de servidor Discricionários: praticados pela APU dispondo de margem de liberdade para que o agente público decida, diante do caso concreto, qual a melhor maneira de atingir o interesse público. Deve seguir os critérios de oportunidade, conveniência, justiça e equidade. Podem ser anulado e revogado. Poder Judiciário não pode analisar o mérito (a motivação). Ex.: decreto expropriatório, autorização para instalação de circo em área pública, permissão de banca de jornal. Constitutivo: cria, modifica ou extingue um direito ou situação do ato administrado. Ex.: admissão de aluno em escola pública Declaratório: apenas reconhece direito que já existe antes do ato – preservar direito. Ex.: certidão ou declaração Enunciativo: apenas atesta ou reconhece determinada situação de fato ou direito existente. Ex.: atestado Atos de império: praticados pela Administração em posição de superioridade diante do particular Ex.: desapropriação, multa, interdição de atividade Atos de gestão: expedidos pela Administração em posição de igualdade perante o particular, sem usar de sua supremacia Ex.: locação de imóvel, alienação de bens públicos Atos de expediente: dão andamento a processos administrativos – atos de rotina interna, sem competência decisória. Ex.: numeração de processo ELEMENTOS dos atos administrativos Serão considerados, para fins de estudo, os cinco elementos elencados no art. 2o da Lei no 4.717/1965 (Lei de Ação Popular). A falta de qualquer um desses requisitos pode conduzir à invalidação do ato administrativo. Competência Finalidade Forma Motivo Objeto Poder atribuído ao agente público para o desempenho de suas funções. Não é competente quem quer, mas quem a lei assim quer. O agente público tem que ser competente para o desempenho das funções. Resultado (interesse público) que a APU quer alcançar com a prática do ato. Está enraizado à impessoalidade. A competência do agente está vinculada à finalidade alcançada. Revestimento exterior do ato, em sua maioria a escrita. Processo Administrativo na APU Federal: os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada, senão quando a lei expressamente o exigir. Situação de direito e fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo – é o fundamento do ato. Ausência de motivo ou falso motivo: anulam ato administrativo. Ex.: motivo para punição de funcionário: infração cometida Conteúdo do ato administrativo: a ordem ou o resultado prático. Todo ato administrativo tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas. O objeto deve ser lícito, possível, certo e moral. ATRIBUTOS dos atos administrativos Presunção de legitimidade Imperatividade Autoexecutoriedade Característica decorrente da soberania do Estado, assim se manifesta nas certidões,declarações, informações ou atestados dotados de fé pública. Todo ato administrativo nasce com presunção de legalidade. Certos atos administrativos possuem vigência obrigatória em relação aos seus destinatários independentemente de concordância. É sinônimo de coercibilidade e está fundamentado na supremacia do interesse público. A APU não precisa recorrer ao Poder Judiciário para fazer valer suas decisões. Ela existe quando a lei prevê expressamente ou em caso de providências urgentes que, se não adotadas de imediato, podem ocasionar um prejuízo maior para o interesse público. Ex.: exercício do poder de polícia FORMALIZAÇÃO dos atos administrativos Decretos: de competência exclusiva dos chefes do Poder Executivo, por meio do qual procede ao regulamento das leis. Também serve para expressar outras decisões. Não pode criar obrigações de fazer ou não fazer a particulares (isso é somente por lei) Ex.: decreto de nomeação ou permissão de uso de bem público. Regimento: disciplina o funcionamento de órgão colegiado. Decorre do poder hierárquico e são veiculados por meio de resolução. Ex.: Regimentos Internos dos Tribunais de Justiça e de Contas, ou das casas legislativas. Resolução: ato de caráter normativo, de alto escalão, com o objetivo de fixar normas sobre matérias de competência do órgão. Inferiores aos decretos e regulamentos – versam sobre matérias de interesse interno dos respectivos órgãos. Certidão: reproduz fielmente (cópias autenticadas) atos ou fatos da administração registrados em processos, arquivos ou demais documentos públicos. Outros: portarias + circulares + ordens de serviço (ostentam ordens ou diretrizes) + comunicados + instruções + homologações + despachos + alvarás (expressam o consentimento da administração para a prática de certos atos por particulares). DESFAZIMENTO dos atos administrativos Todos os atos administrativos deveriam ser sempre válidos (atender às normas vigentes). Mas eles podem nascer com algum vício (defeito). Neste caso, faz-se necessário o desfazimento (alteração de algo, restituição ou recuperação, desmonte). Existem dois meios: Revogação Anulação (ou invalidação) Sujeito APU (é a autoridade no exercício da função administrativa): discricionariedade APU (pode anular por ofício ou provocação) + Poder Judiciário (sentença judiciária) Motivo Se fundamenta em razões de mérito: inconveniência ou inoportunidade do ato Ilegitimidade do ato – ato ilegal em decorrência de algum vício. Sem conformidade com a ordem jurídica. Extinção dos efeitos Sempre é ex nunc (a partir do presente e não retroage) Pode ser ex nunc (não retroage) ou ex tunc (retroage) Se o ato revogado já incorreu em direitos, cabe indenização pelos danos causados. Ato ilegal deve ser invalidado: o ato é problemático desde a sua edição e a invalidação produz efeitos retroativos. Entretanto, se o particular praticou o ato de boa-fé, crendo que ele era legítimo – ou seja, acreditou na presunção de veracidade do administrador público – este efeito da invalidação também não retroage. Art. 49 da Lei no 8.666/93 (Lei de Licitações): instauração do contraditório quando do desfazimento do processo licitatório Prescrição dos atos inválidos: perder a validade ou a vigência com o decurso do tempo. A lei não estabelece regras e não há unanimidade na doutrina. Meirelles: defende a prescritibilidade do prazo para a APU corrigir os seus próprios atos – usa os argumentos da segurança + estabilidade jurídica Di Pietro: defende o prazo quinquenal (cinco anos), pois em se tratando de direitos reais, é passível de penalidade o descumprimento de prazos previstos pelo Código Civil Lei no 9.784/99 (Processo Administrativo na APU Federal): cinco anos é o prazo para revisão de atos dos quais decorram efeitos favoráveis para os destinatários. Atos administrativos com defeitos leves: devem ser invalidados, sanados ou convalidados? Art. Lei no 9.784/99: se não tiver lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria administração. Convalidar: publicar novo ato administrativo, que produzirá efeitos ex tunc (retroativos). É um ato discricionário usado para validar determinados atos viciados, com vistas de aproveitar os efeitos já produzidos. Não podem ser convalidados os atos que tiverem vícios de incompetência (em razão da matéria, por se tratar de competência exclusiva) e viciados por desvio de finalidade – pois estão eivados de ilegalidade. PODER DE POLÍCIA É uma atividade do Estado. Consiste em limitar o exercício dos direitos individuais em favor do interesse público. Princípio da supremacia do interesse público sobre o particular. Impõe restrições à liberdade e atuação da conduta individual, em razão de interesse público. Deve se submeter ao princípio da legalidade: só pode agir de acordo com a lei (previsão normativa). Devem ser praticados levando em conta necessidade + proporcionalidade + eficácia. É repartido entre legislativo (elabora e aprova a lei) + executivo (regulamenta, aplica e controla). Pode ser compreendido em dois sentidos: amplo (atividade estatal que condiciona a liberdade e a propriedade) e restrito (atividade do poder Executivo para prevenir ação do particular contrária aos interesses sociais) Mesmo quando o poder de polícia é uma obrigação de fazer, o que pretende a APU é evitar uma situação perigosa ou nociva ao interesse público. Ex.: obrigação de tirar habilitação para dirigir. Atos exercício do poder de polícia: porte de arma + habite-se + licença p/ construir + autorização p/ eventos públicos + transporte produtos químicos + alvarás p/ bares e restaurantes + serviços acústicos + área preservação ambiental + etc. Polícia judiciária: polícia civil + militar Polícia administrativa: exercida também pelos órgãos de fiscalização (saúde, educação, trabalho, previdência social, assistência social) Características do poder de polícia Discricionariedade É discricionário, pois depende da avaliação de oportunidade da autoridade administrativa. Ex.: autorização para porte de arma. Mas ele também pode ser vinculado: quando a lei não deixa opção para o administrador. Ex.: licença para edificação – se cumpridos os quesitos exigidos, o administrador não tem opção – terá que reconhecer o direito do particular. Autoexecutoriedade Privilégio que tem a administração de fazer com que as suas decisões sejam cumpridas, independentemente de autorização do poder Judiciário. Poder de exigibilidade: está associado à coercibilidade. Ex.: aplicação de multas + apreensão de mercadorias Coercibilidade Ato de polícia dotado de força coercitiva – força que impõe pena que reprime. INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE PRIVADA – Modalidades de restrição Limitações administrativas: são medidas de caráter geral, previstas em lei, com fundamento no poder de polícia do Estado, gerando para os proprietários obrigações, com o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade ao bem-estar social. De todas as formas, é a mais singela, pois o proprietário não perde os direitos de usar o bem. Ex.: medidas técnicas para construção de móveis, como a limitação da altura dos edifícios. Ocupação temporária: utilização transitória (provisória), gratuita ou remunerada, de bem móvel ou imóvel de propriedade particular, para fins de interesse público. O particular não perde a propriedade. Geralmente usada em apoio à realização de obras públicas. Ex.: escavações em terrenos privados com objetivo de pesquisa arqueológica + ocupação de imóvel particular diante da ameaça de inundação ou desabamento (visa garantir a segurança dos próprios moradores). Tombamento: visa proteger o patrimônio histórico e artísticonacional. Restrição parcial do direito de propriedade, uma vez que o proprietário fica obrigado a fazer as obras de conservação necessárias. Em regra, não gera direito de indenização, pois o proprietário continua usufruindo. Ex.: tombamento de sítios arqueológicos e s construções coloniais. Requisição Administrativa: procedimento adotado para a APU requisitar bens, móveis ou imóveis, ou serviços de particulares em situações de guerra ou iminente perigo público. Utilização transitória e compulsória. Pode ser civil ou militar. Afeta temporariamente a propriedade, durante o período em que a APU utilizar o bem. Ex.: polícia militar requisição veículo de particular para perseguir criminosos + Justiça Eleitoral requisita imóvel particular para instalação de seção eleitoral. Servidão administrativa: direito real de natureza pública que impõe ao proprietário a obrigação de suportar um ônus parcial sobre imóvel de sua propriedade, em benefício de um serviço público. Instituída de forma perpétua. Não gera direito de indenização, a não ser que haja destruição de bens localizados no imóvel. O particular não perde a propriedade, mas também não terá liberdade total. Ex.: terrenos por onde passam redes de energia elétrica ou de gás. Desapropriação: procedimento pelo qual o Estado (poder público ou seus delegados) retira definitivamente um bem de seu proprietário, mediante prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social. O patrimônio é substituído por justa indenização. Ex.: construção de uma rodovia cujo trajeto adentra o terreno particular + reforma agrária
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