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DIREITO CIVIL Introdução ao Direito Prof.ª M.sc. Gabriela de Cássia Moreira Abreu INTRODUÇÃO Direito Civil: disciplina as relações interpessoais com efeito jurídico. O Novo Código Civil brasileiro – Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – unificou parcialmente o direito privado, isto é, as obrigações civis e comerciais. O Código Civil de 2012 se divide em duas partes principais: parte geral e parte especial. A primeira se subdivide em: pessoas naturais e jurídicas; bens; e fatos jurídicos, e a segunda se subdivide em: direito das obrigações, direito de empresa, direito das coisas, direito de família e direito das sucessões. PESSOAS NATURAIS Personalidade civil começa do nascimento com vida. E o nascituro? Esse tem os seus direitos assegurados desde a concepção. A extinção da pessoa natural se dá com a morte. Essa pode ser presumida em algumas situações: 1. No caso dos ausentes, quando a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. 2. Morte extremamente provável de quem estava em situação de perigo de vida. Ausente: pessoa que desaparece do seu domicílio sem dar notícias. Maioridade civil: 18 anos de idade. Capacidade civil: aptidão para exercer direitos e assumir obrigações. PESSOAS NATURAIS TIPOS DE CAPACIDADE Relativa (relativamente incapazes): assistência dos pais ou responsáveis. São eles: a) Menores entre 16 e 18 anos; b) Ébrios (estado de embriaguez) habituais; c) Toxicômanos (sob efeito de drogas); d) Deficientes mentais; e) Excepcionais; f) Pródigos. PESSOAS NATURAIS Absoluta (absolutamente incapazes): representação dos pais ou responsáveis. São eles: a) Menores de 16 anos; b) Sem discernimento suficiente, por enfermidade ou deficiência mental; c) Os que não puderem exprimir a sua vontade. Emancipação: pode ocorrer de três maneiras: a) Voluntária: pais, ou um deles na falta do outro, emancipam o menor, independentemente de homologação judicial, desde que o mesmo tenha completado 16 anos; PESSOAS NATURAIS b) Judicial: ao contrário da voluntária, depende de concessão pelo juiz, e é ouvido o tutor, também sendo exigido que o menor tenha completado 16 anos; c) Legal: nos casos de: casamento; exercício de emprego público efetivo; colação de grau em curso de ensino superior; e estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria. Direitos da personalidade: arts. 11 a 21, CC. Referem-se à integridade física, moral e intelectual. Domicílio: lugar onde a pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Pode haver mais de um domicílio? Sim, quando a pessoa possui duas ou mais residências que habita alternadamente. Se a pessoa vive viajando de um lugar para o outro (ex: ambulantes), o domicílio será aquele onde forem encontradas. PESSOAS JURÍDICAS Não há unanimidade numa definição, sendo preferível entendê-la como uma entidade criada a partir da vontade humana, e atendidas certas condições legais, se propõe a atingir determinado fim, que deve ser lícito. São classificadas em pessoas jurídicas de: - Direito Público Interno; - Direito Público Externo; - Direito Privado. PESSOAS JURÍDICAS Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: 1. União; 2. Estados, Distrito Federal; 3. Municípios; 4. Autarquias, inclusive associações públicas (Redação dada pela Lei n. 11.107, de 2005. Redação anterior: só autarquias); 5. As demais entidades de caráter público criadas por lei. PESSOAS JURÍDICAS Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo: Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Pessoas Jurídicas de Direito Privado: 1. Associações; 2. Sociedades; 3. Fundações; 4. Organizações religiosas. (Incluído pela Lei n. 10.825, de 22/12/2003); 5. Partidos políticos. (Incluído pela Lei n. 10.825, de 22/12/2003); 6. Empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei n. 12.441, de 2011). PESSOAS JURÍDICAS Personalidade: adquirida com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Exemplos: sociedades empresárias são registradas em Junta Comercial, enquanto que fundações e associações são registradas em registro civil das pessoas jurídicas. Atenção! Às vezes é necessária autorização ou aprovação do Poder Executivo. Associações: formada pela união de pessoas, sem finalidade econômica, normalmente relacionadas com atividades educacional, cultural e desportiva. Sociedades: instituída por meio de um contrato social ou estatuto, tem por finalidade exercer atividade econômica, e prevê participação nos lucros. PESSOAS JURÍDICAS Fundações: resulta da afetação de um patrimônio com uma finalidade específica determinada por seu instituidor por meio de testamento ou escritura pública. Organizações religiosas: formada pela união de pessoas com a finalidade de culto. Partidos políticos: formada pela união de pessoas com ideias comuns, a fim de, por meio do exercício do poder, realizar o seu programa. Empresas individuais de responsabilidade limitada. Domicílio: a sede indicada no ato constitutivo, ou, caso não indicada, o lugar onde funcionarem os órgãos de direção. No caso das pessoas jurídicas de direito público o domicílio é aquele previsto em lei (ex: União tem por domicílio o Distrito Federal). Extinção: pode se dar de modo: 1.Convencional: deliberada pelos integrantes ou sócios; 2.Administrativa: cassação de autorização de funcionamento exigida para certas atividades; 3.Judicial: prevista em lei ou no estatuto. BENS Existem diferentes correntes para definir o que seja um “bem” e sua diferença de “coisa”. Adotamos aqui a corrente (Pablo Stolze) que entende “bem” como sendo tudo aquilo de existência material ou abstrata, enquanto coisa se refere ao que é corpóreo. Classificação dos bens jurídicos: 1. Bens considerados em si mesmos; 2. Bens reciprocamente considerados; 3. Bens públicos e particulares. 4. Bem de família (Direito de Família, arts. 1711 a 1722 do CC) BENS Bens considerados em si mesmos 1. Bens corpóreos e incorpóreos: embora não positivada (expressa em lei), tal classificação é largamente utilizada. Reciprocamente se referem a bens físicos (ex: Fusca) e abstratos (ex: marca de empresa). 2. Bens imóveis: não podem ser transportados sem alteração de sua substância – ex: solo (por natureza), construções (por acessão, adição), animais (por destinação) e penhor agrícola (por disposição legal). 3. Bens móveis: suscetíveis de locomoção por meio próprio (ex: animais, considerados mais especificamente como semoventes) ou alheio (cadeira). 4. Bens fungíveis: podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (ex: sacas de juta). O contrário são bens infungíveis (ex: uma tela de Afrânio de Castro). 5. Bens consumíveis: aqueles que se destroem à medida que são utilizados (ex: alimentos em geral e bens destinado à alienação). O contrário são os bens inconsumíveis (ex: bens duráveis, como um carro). 6. Bens divisíveis: podem ser fracionados sem alteração da substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso (ex: prédio de apartamentos). O contrário são bens indivisíveis (ex: cachorro). 7. Bens singulares: que se consideram de per si (ex: livro). 8. Bens coletivos: engloba a universalidade de fato e a de direito. Exemplo da primeira é a biblioteca, e exemplo da segunda é o fundo de comércio. BENS Bens reciprocamente considerados: 1. Bem principal: que assim se considera em relação a outros (ex: árvore em relação ao fruto). 2. Bem acessório: cuja existência supõe a do principal (ex: o fruto em relação à arvore). 2.1 Benfeitorias: a) Benfeitorias necessárias: conservação; b) Benfeitorias úteis: melhoramentos; c) Benfeitorias voluptuárias: embelezamento. 2.2. Frutos: a) Naturais (frutos de árvores); b) Industriais; c) Civis. BENS BENS PÚBLICOS Bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno. Já os bens particulares são aqueles que pertencem a pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Espécies: a) de uso comum do povo (rios, mares, estradas, ruas e praças); b) de uso especial (edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive autarquias); c) dominicais (dominiais). FATOS JURÍDICOS Fato Jurídico: fenômeno decorrente da natureza ou da ação humana com implicação jurídica. Ex: chuva relacionada a um contrato de seguro. Ato Jurídico: quando o fenômeno com implicação jurídica decorre da ação humana. Existem dois tipos: em sentido estrito, quando a lei disciplina o ato de modo a deixar pouca margem a formatações, e o negócio jurídico, que ocorre quando é possível atuar em um nível maior de liberdade. Validade do Negócio Jurídico (art. 104, CC): 1. Agente capaz; 2. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 3. Forma prescrita ou não defesa em lei. FATOS JURÍDICOS Agente capaz: arts. 3º e 4º do NCC. Objeto lícito: não proibido pelo direito. Objeto possível: jurídica e fisicamente. Objeto determinado (ex: medida exata de um imóvel) ou determinável (venda de saca de café) Forma prescrita ou não defesa em lei: princípio da liberdade da forma (art. 107 do NCC). FATOS JURÍDICOS DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 1. Erro: declaração de vontade emanada de erro substancial (ex: celebrar doação pensando se tratar de venda). É anulável! 2. Dolo: meio utilizado para enganar alguém. É anulável! Exceto quando se trata de dolo acidental, que só incorre em perdas e danos. 3. Coação: emprego de violência física ou moral que impede o livre arbítrio. 4. Estado de perigo: alguém, sob pressão de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. 5. Lesão: quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 6. Fraude contra credores: quando o devedor insolvente, ou na iminência de o ser, desfalca seu patrimônio. FATOS JURÍDICOS ATOS NULOS E ANULÁVEIS É nulo (nulidade absoluta): a) praticado por pessoa absolutamente incapaz; b) objeto ilícito ou impossível ou indeterminável; c) motivo (comum a ambas as partes) ilícito; d) não preencher a forma prescrita em lei; e) sonegação de solenidade prevista em lei; f) objetivo de fraude; g) lei taxativamente declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Pode ser declarado de ofício. FATOS JURÍDICOS É anulável (nulidade relativa): a) incapacidade relativa do agente; b) vício resultante de erro, dolo, coação, lesão ou fraude contra credores. - Não pode ser declarado de ofício. Simulação: revestido de negócio jurídico, mas que não corresponde à real intenção das partes. Ex: compra e venda fictícia para enganar credores. Ato ilícito: contrário ao direito e que provoca dano (moral/material) a terceiro, gerando o dever de indenizar (responsabilidade civil). OBRIGAÇÕES Direito das Obrigações: conjunto de normas e princípios jurídicos reguladores das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer. Elementos constitutivos: 1. Subjetivo (sujeitos ativo e passivo); 2. Objetivo: prestação (deve ser lícito, possível e determinado ou determinável); 3. Vínculo jurídico entre os sujeitos. OBRIGAÇÕES Fontes da obrigação: 1. Contrato; 2. Declaração unilateral de vontade; 3. Ato ilícito. Diferença entre direitos pessoais e reais: - Relação Jurídica Obrigacional: Credor – Devedor - Relação Jurídica Real: Titular do Direito Real – Bem/Coisa OBRIGAÇÕES Modalidades das Obrigações - Classificação Básica: 1. Obrigação de Dar ou Restituir: a) Coisa certa (ex: Enciclopédia Barsa, última edição impressa);e b) Coisa incerta (ex: coleção de livros, sem especificação). 2. Obrigação de fazer: a) Fungível (ex: qualquer um dos técnicos da assistência técnica pode realizar o serviço de manutenção de um aparelho);e b) Infungível (ex: somente o técnico João pode realizar a manutenção do aparelho). 3. Obrigação de não fazer (ex: compromisso de sigilo da empresa sobre as informações obtidas do cliente). OBRIGAÇÕES Classificação especial ou secundária: 1. Obrigação simples: um só credor, um devedor e um objeto. 2. Obrigação complexa: mais de um credor, devedor ou objeto. 3. Obrigação cumulativa: várias obrigações e o devedor só se exonera com cumprimento de todas (ex: na compra de um imóvel o comprador se compromete a entregar um carro e certa quantia em dinheiro). 4. Obrigação alternativa: duas ou mais obrigações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas (ex: reserva do barco “Rapidão” ou “Ventania” para recreio). 5. Obrigação facultativa: embora com único objeto, o devedor tem a faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza diversa (ex: na compra de um imóvel o comprador se compromete a pagar R$20.000,00, sendo facultado, entretanto, a substituição da prestação em dinheiro pela entrega de um carro no mesmo valor). OBRIGAÇÕES 6. Obrigação divisível: a obrigação pode ser cumprida por partes pelo devedor (ex: entrega de 100 sacas de farinha) 7. Obrigação indivisível: a obrigação não pode ser cumprida por partes. a) Natural (ex: entrega de um boi reprodutor); b) Legal (ex: módulo rural – Estatuto da Terra);e c) Convencional (ex: estipulação em contrato). 8. Obrigação Solidária: mais de um credor (solidariedade ativa) ou mais de um devedor (solidariedade passiva), cada um com direito ou obrigação à dívida toda, respectivamente. a) Solidariedade ativa (ex: qualquer dos credores, professores Daniel e Dênnis, pode exigir o cumprimento da obrigação do aluno “Desatento”, que se liberta ao cumprir a obrigação com qualquer dos credores); b) Solidariedade passiva (ex: o credor, professor “Daniel”, poderá exigir de qualquer dos alunos da sala de aula o cumprimento da obrigação, e sendo um o prestador, esse poderá cobrar dos demais a quota-parte de cada um). OBRIGAÇÕES 9. Obrigação de resultado: obrigação é cumprida com a obtenção de determinado resultado (ex: os alunos que obtiverem média anual acima de 9,98 conquistarão uma vaga de estágio. Atenção! É só um exemplo!) 10. Obrigação de meio: a obrigação é cumprida mesmo que o resultado esperado não venha a ser alcançado, bastando que o devedor se empenhe para consegui-lo (Ex: médico, advogado etc). 11. Obrigação condicional: a obrigação é cumprida apenas quando determinado evento futuro e incerto vir a ocorrer (ex: ao se formar em Economia o aluno “Atencioso” ganhará um emprego na empresa “Sucesso”) 12. Obrigações modais: a obrigação é onerada com um encargo (ônus) ao beneficiário de uma liberalidade. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 1.Cessão de Crédito: o crédito é um bem de caráter patrimonial suscetível de transferência. A cessão de crédito é o negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional. Cedente: credor que transfere seus créditos; Cessionário: terceiro a quem o crédito é transmitido; Cedido: devedor do crédito. Na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios, salvo estipulação em contrário. Necessário instrumento público, ou particular revestido das solenidades do §1º do art. 654. 2. Assunção de dívida (Novidade do CC): terceiro assume a obrigação do devedor, desde que haja consentimento expresso do credor. O devedor primitivo fica exonerado de sua obrigação, salvo se, ao tempo da assunção, o terceiro (devedor substituto) era insolvente e o credor o ignorava. ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES Pagamento: é o cumprimento dado a um obrigação, em dinheiro ou coisa. Extingue a obrigação, e possui elementos básicos: 1. Vínculo obrigacional; 2. Intenção de solvê-lo (animus solvendi); 3. Cumprimento da prestação; 4. Pessoa que o recebe. ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES Pagamento em consignação: depósito judicial feito em pagamento de uma dívida, quando o credor se recusa a receber, quando o credor for desconhecido ou ausente, ou quando ocorrer dúvida sobre quem deve receber, entre outros casos, e extingue a obrigação. A consignação pode ser feita através do depósito de dinheiro ou de bens móveis ou imóveis. Pagamento com sub-rogação: dívida paga por um codevedor, ou interessado, transferindo-se para ele os direitos do título. Não há extinção da obrigação, mas tão somente uma substituição do credor. A sub-rogação pode ser legal ou convencional. a) Legal – art 346, CC; b) Convencional – art. 347, CC. ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES Imputação do pagamento: existindo dois ou mais débitos da mesma natureza, líquidos e vencidos, em relação ao mesmo credor, o devedor indica qual está pagando. 1. Requisitos da imputação: a) Pluralidade de débitos; b) Identidade de partes; c) Igual natureza das dívidas; d) Possibilidade de o pagamento resgatar mais de um débito. 2. Espécies de imputação: a) Do devedor – art. 352, CC; b) Do credor – art. 353, CC; c) Legal – arts. 354 e 355, CC. ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES Dação em pagamento: o credor consente em receber prestação diversa da que lhe é devida (ex: credor que aceita receber no lugar da quantia de R$30.000,00, um barco de pesca). Novação: substituição de uma obrigação por outra. - Espécies: 1. Criação de uma nova dívida, que substitui a anterior (novação objetiva); 2. Mudança de devedor, credor ou conjuntamente devedor e credor (novação subjetiva); 3. Alteração do sujeito (credor/devedor) e do objeto da obrigação (novação mista). - Requisitos: a) Existência de obrigação anterior; b) Constituição de nova obrigação;e c) Intenção de novar (animus novandi). ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES Compensação: é o meio de extinção de obrigação entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra (ex: A deve 100 para B, mas B também deve 100 para A). Ressalte-se que a dívida deve ser líquida e vencida, podendo, inclusive, a compensação incidir sobre coisas fungíveis. - Espécies: a) Legal; b) Convencional; c) Judicial (processual). Confusão: modo de extinção da obrigação pela reunião, na mesma pessoa, das posições de devedor e de credor (Ex: A deve 100 para B, mas B morre e A é o seu único herdeiro). A confusão pode verificar-se a respeito da dívida toda ou de parte dela, sendo total ou parcial. Remissão: é a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o devedor do cumprimento da obrigação. É o perdão da dívida, é forma de extinção da obrigação, mas depende da concordância do devedor. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES Mora: a) Do devedor: retarda culposamente o cumprimento da obrigação. Requisitos: dívida líquida e certa; vencimento da dívida; e culpa do devedor. b) Do credor: recusa do credor em receber a prestação no tempo, lugar e forma convencionados. Perdas e Danos: quando ocorre prejuízo a alguém, pelo descumprimento de um contrato, ou pela prática de ato ilícito, por dolo ou culpa. Abrange o prejuízo imediato e o que prejudicado deixou de lucrar (ex: veículo em zigue-zaque, que se choca contra um táxi, o taxista pode reclamar o conserto e lucros cessantes). INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES Juros: podem ser legais ou convencionais, e subdividem-se em compensatórios e moratórios. a) Compensatórios: remuneração do credor (Súmula n. 382 do STJ, de 25/05/2009: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade). b) Moratórios: indenização ao credor pelo retardamento do cumprimento da obrigação (art.406, NCC). Cláusula Penal: também chamada de multa convencional, é uma convenção na qual as partes se obrigam a pagar uma determinada multa no caso de violação do contrato. É uma obrigação acessória, e não pode ser superior ao valor da obrigação principal. No caso do mútuo, a multa não pode ser superior a 10% do valor da dívida (Lei de Usura – Decreto n. 22.626, de 07/04/1933). Pode ser moratória, em razão de atraso ou descumprimento, e compensatória, quando ocorre inexecução total da obrigação principal. Arras ou sinal: garantia dada pela parte, para a conclusão ou a execução do contrato. O arrependimento é possível, se assim for convencionado, mas quem deu as arras perdê-las-á em benefício da outra parte, e quem as recebeu devolvê-las-á, e nesses casos tem caráter meramente indenizatório. CONTRATOS CONTRATOS: convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas (manifestação de vontade), que envolve uma relação jurídica patrimonial, e que embora tenha como fundamento a autonomia da vontade, limita-se pelos princípios da função social e da oa-fé objetiva. Validade: os mesmos requisitos do negócio jurídico, quais sejam: agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não proibida por lei. Principiologia: 1. Autonomia da vontade; 2. Força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda) – Absoluto? Não, por exemplo, fato imprevisível (teoria da imprevisão – rebus sic stantibus); 3. Relatividade objetiva dos efeitos do contrato. Atenção! Relativização em razão dos princípios sociais (função social do contrato; equivalência material e boa-fé objetiva) CONTRATOS Classificação dos contratos: 1. Bilaterais: obrigação para ambas as partes; 2. Unilaterais: apenas uma das partes se obriga em relação à outra; 3. Onerosos: as partes têm obrigações patrimoniais; 4. Gratuitos: apenas uma das partes se compromete economicamente; 5. Comutativos: as partes recebem contraprestação mais ou menos equivalente; 6. Aleatórios: uma das partes corre o risco de não receber nenhuma contraprestação patrimonial efetiva e equivalente; 7. Instantâneos: cumprimento em uma só prestação; CONTRATOS 8. Sucessivos: cumprimento em várias prestações sucessivas; 9. Formais: lei exige determinada forma; 10. Não formais (maioria): forma livre; 11. Principais: têm vida própria e independente; 12. Acessórios: existem em razão de outro contrato; 13. Paritários: partes em pé de igualdade; 14. Adesão: uma das partes detém o monopólio do objeto. - Atenção! Art. 243 do NCC: quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 15. Abstratos: vale pela forma externa e não se discute o negócio que o originou; 16. Causais: discute-se a validade do negócio subjacente; 17. Consensuais: simples consentimento das partes; 18. Reais: exigem a entrega da coisa para se completar; 19. Típicos: Expressamente previstos em lei 20. Atípicos: não previstos expressamente em lei (art. 425 do NCC). CONTRATOS Vícios Redibitórios: nos contratos comutativos, como os de compra e venda, a coisa pode apresentar vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor. - O prejudicado pode: 1. pedir o valor pago; 2. pedir abatimento de preço. - Prazo: 1. Móvel: 30 dias; 2. Imóvel: 1 ano. Evicção: ocorre quando o adquirente de uma coisa se vê total ou parcialmente privado da mesma, em virtude de sentença judicial, que a atribui a terceiro, seu verdadeiro dono. CONTRATOS Extinção do Contrato 1.Resolução: cumprimento; descumprimento; termo final; advento de um fato ou uma condição 2. Resilição: desfazimento do contrato por vontade das partes. - Distrato: bilateral e deve ter a mesma forma do contrato (art. 472 do NCC) - Unilateral (denúncia): por uma só das partes, e basta a notificação 3. Rescisão: Extinção do contrato em razão de alguma irregularidade ou por via judicial. CONTRATOS Cláusula Resolutiva: cláusula contratual, expressa ou tácita, que prevê a rescisão do contrato pelo descumprimento de obrigação. Exceção de contrato não cumprido: ocorre nos contratos bilaterais, e consiste na condição de que nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Resolução por onerosidade excessiva: ocorre quando, a pedido do devedor, se dá a resolução do contrato por ter se tornado excessivamente oneroso, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis (teoria da imprevisão - rebus sic stantibus).
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