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Disciplina: Higiene e Controle Sanitário dos Alimentos Profª Ph.D Mônica Mesquita Marinho de Carvalho Mestre em Ciências Biológicas/ IBqM-UFRJ Doutora em Bioquímica/ IQ- UFRJ monica.marinho@uva.br Criação do Sistema APPCC O Sistema APPCC foi criado a partir de 2 fatos principais: 1. O sistema APPCC, nos anos 60, foi desenvolvido de forma colaborativa pela Pillsbury Company, pelo exército dos EUA e pela NASA com o intuito de produzir alimentos seguros para o programa espacial norte-americano. A NASA requeria defeitos zero na produção de alimentos para os astronautas. 2. Sistemas de Gerenciamento da Qualidade Total que enfatizam um enfoque sistemático total da manufatura, melhorando a qualidade ao mesmo tempo que diminuem os custos. Conceito APPCC • Um sistema que IDENTIFICA, AVALIA e CONTROLA perigos que são significativos para a segurança de alimentos (Codex Alimentarius). • O APPCC é um protocolo com embasamento científico. • Focado na prevenção da ocorrência de problemas, ao invés de basear-se nos testes de produto final. HACCP --- Hazard Analysis and Critical Control Point System Caracterização dos SistemaS De Segurança Alimentar Elaboração do Plano APPCC • Procedimentos preliminares Identificação da empresa Razão Social: ________________________________ Endereço: ___________________________________ CEP: ___________ Cidade: __________ Estado: _____ Telefone (__)________________ Fax:_________ E-mail: ________ CNPJ:________________________ I.E:______________________ Responsável Técnico:____________________________________ Categoria do estabelecimento:_____________________________ Relação dos produtos elaborados ou serviço executados: ______________________________________________________ Tipo de distribuição:_____________________________________ Data:__/__/____ Aprovado por: Diretor Geral ou Gerente Geral Elaboração do Plano APPCC • Procedimentos preliminares Organograma da empresa Direção Geral Coordenador do Programa APPCC Data: ___/____/______ Aprovado por: Proprietário, Diretor Geral ou Gerente Geral Elaboração do Plano APPCC • Procedimentos preliminares Avaliação de pré-requisitos Boas Práticas POPs Elaboração do Plano APPCC • Procedimentos preliminares Programa de capacitação técnica • Coordenador da equipe • Equipe APPCC • Outros colaboradores Sistema APPCC Sequência lógica para a implantação do Sistema APPCC: 1. Formar a equipe multidisciplinar de APPCC; 2. Descrever o produto/grupo de produtos; 3. Identificar o uso intencional; 4. Estabelecer fluxograma; 5. Confirmar fluxograma no local; 6. Aplicação dos 7 princípios. Comprometimento da alta direção; Definição de um coordenador; Definição de responsabilidades; Composição da equipe: Representantes das áreas de aquisição, recebimento, produção, higienização, controle da qualidade, garantia da qualidade, projeto, manutenção, segurança ambiental, transporte e distribuição; CAPACITAÇÃO TÉCNICA. 1. Formação da Equipe Multidisciplinar 1. Formação da Equipe Multidisciplinar Formação da Equipe APPCC Nome: _____________________ Função*: Cargo**: Responsável Técnico: Data: ___ Aprovado por: * Na equipe APPCC **Na empresa Composição devidamente detalhada – ingredientes, estrutura física ou química (incluindo Aw, pH, etc); Embalagem e rotulagem (quando aplicável); Intenção de uso; Processo de conservação - tratamentos microbianos (térmico, congelamento, defumação, etc); Estocagem apropriada no cliente - prazo de validade. 2. Descrição do Produto/Grupo de Produtos Formulário 1 Fonte: BRASIL, 1998 Formulário 2 Fonte: BRASIL, 1998 3. Identificação do uso intencional Forma de preparação e distribuição/exposição; Consumidor alvo (uso esperado do produto pelo usuário final ou consumidor); Informação sobre populações sensíveis (grupos vulneráveis da população – idosos, crianças, gestantes ou imunodeprimidos). 4. Estabelecer Fluxograma /Descrição das Etapas Proporcionar visão clara, simples e objetiva das etapas; Permite a equipe conhecer e descrever o processo de preparo; Base para identificar os PCCs; Base para aplicar as medidas corretivascom os perigos identificados. 5. Confirmar fluxograma local A equipe deve verificar in loco se o fluxograma de preparação elaborado corresponde à realidade do mesmo, já que a definição dos PCCs depende de sua exatidão; Ajustar o fluxograma onde for necessário. Deve proporcionar uma visão clara, simples e objetiva das etapas. Modelo de Fluxograma EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO SISTEMA APPCC • Preparação: Arroz com Brócolis (Ingredientes: arroz, brócolis, alho, cebola, óleo e sal). *Descrever a forma de preparo, conservação, armazenamento e validade. Recepção Armazenamento Higienização (PCC*) Cocção Mistura de ingredientes Manutenção a quente (PCC*) Distribuição (PCC*) Armazenamento sob congelamento Armazenamento seco TEMPERO CARNES Recebimento Descongelamento Pré-preparo Tratamento Térmico Envase Distribuição Recebimento PCC 1 (F) PCC 2/3 (B) PCC 3/4 (B) PCC 2 (B) 7 Princípios do Sistema APPCC 7 p ri n cí p io s 1. Analisar os perigos e caracterizar as medidas preventivas; 2. Determinar os Pontos Críticos de Controle (PCCs); 3. Estabelecer Limites Críticos para cada PCC; 4. Estabelecer um sistema de monitoramento para cada PCC; 5. Estabelecer Ações Corretivas; 6. Estabelecer procedimentos de verificação; 7. Estabelecer procedimentos de registro e documentação. PRINCÍPIO 1 ↓ Identificação dos Perigos Perigos Agente químico, físico ou biológico é perigo quando ultrapassa o nível de tolerância; Quanto menor a tolerância, maior a periculosidade. Princípio 1 Severidade Avaliação da Severidade: Perigos Biológicos: Alta - São as patologias resultantes de contaminações por MO ou suas toxinas com quadro clínico muito grave; Média – São as patologias resultantes da contaminação por MO de patogenicidade moderada, mas com possibilidade de disseminação extensa; Baixa - São as patologias resultantes da contaminação por MO de patogenicidade moderada, mas com possibilidade de disseminação restrita. Princípio 1 Severidade Avaliação da Severidade: Perigos Químicos: Alta - Contaminações dos alimentos por substâncias químicas proibidas ou usadas indevidamente (agrotóxicos e produtos veterinários). Micotoxinas, toxinas de moluscos e metabólitos tóxicos de origem microbiana. Baixa – Substâncias químicas permitidas no alimento que podem causar reações moderadas, como alergias leves e passageiras (uso inadequado de aditivos, resíduo de detergentes e sanificantes). Princípio 1 Severidade Avaliação da Severidade: Perigos Físicos: Alta - Representados por materiais como pedras, vidros... Que podem causar danos ou injúrias, podendo até ser risco de vida para o consumidor. Baixa – Representados por materiais estranhos que normalmente não causam injúrias ou danos à integridade física do consumidor como areia, terra, serragem, insetos inteiros ou fragmentos ou excrementos, pêlos de roedores... Podem causar choque emocional ou danos psicológicos. Princípio 1 Formulário 3 - Perigo Biológico Princípio 1 Fonte: BRASIL, 1998 Formulário 3 – Perigo Químico Princípio 1 Fonte: BRASIL, 1998 Formulário 3 – Perigo Físico Princípio 1 Fonte: BRASIL, 1998 Medida de Controle Toda ação ou atividade que pode ser utilizada para prevenir ou eliminar um perigo à segurança do alimento ou reduzi-lo a um nível aceitável. Controle: Análises, testes, inspeções ou ensaios.Princípio 1 Medidas de Controle Preventivas Não Preventivas PRINCÍPIO 2 ↓ Identificação dos Pontos Críticos de Controle (PCCs) Identificação dos PCCs Etapa no processo onde um controle pode ser aplicado e é essencial para prevenir, eliminar ou reduzir a um nível aceitável um perigo à segurança do alimento. Os PCCs são os pontos caracterizados como realmente críticos à segurança. A identificação dos PCCs pode ser facilitada pela aplicação de uma árvore decisória ou outros sistemas lógicos. Princípio 2 Identificação dos PCCs Princípio 2 Fonte: OPAS, 2006 Formulário 4 – Identificação dos PCCs Enumerar todos os perigos: Princípio 2 Fonte: BRASIL, 1998 PRINCÍPIO 3 ↓ Estabelecimento dos Limites Críticos Limite Crítico de Controle Os LC são definidos como os critérios que permitem distinguir entre o aceitável e não aceitável. Frequentemente incluem medidas de temperatura, tempo, umidade, pH, Aw, cloro disponível e parâmetros sensoriais (aparência visual e textura). Podem ser obtidos em guias, legislações, experimentos Princípio 3 Limite Crítico de Controle Perigo PCC LC Patógenos bacterianos Não esporulados Pasteurização 72°C por 15 segundos Fragmentos metálicos Detector de metais Fragmentos metálicos superiores a 0,5 mm Patógenos bacterianos Forno de secagem Aw 0,85 para controlar proliferação nos produtos secos Nitrito excessivo Salmoura Máximo de 200 ppm de nitrito de sódio no produto final Patógenos bacterianos Acidificação pH máximo de 4,6 para controlar o Cl. botulinum nos alimentos acidificados Alérgenos alimentares Etiqueta Etiqueta que seja legível e que contenha uma lista de ingredientes corretos Histamina Recepção Níveis máximos de histaminas de 25 ppm na avaliação de histamina no atum. Princípio 3 Limite Crítico de Controle Princípio 3 Limites de Segurança • Valores próximos aos LC. Limites Operacionais • São geralmente mais restritivos e estabelecem o nível que se alcançaria antes que o limite crítico seja violado Limite Crítico de Controle Princípio 3 Processo Limite Crítico Limite Operacional Acidificação pH 4,6 pH 4,3 Secagem 0,84 Aw 0,80 Aw Aquecimento 80°C 85°C Espessura do corte 2 cm 2,5 cm Limite Crítico versus Limite Operacional PRINCÍPIO 4 ↓ Monitoramento dos pontos críticos Monitoramento É a condução de uma sequência planejada de observações ou medidas dos parâmetros de controle para avaliar se um PCC está sob controle. Os procedimentos de monitoramento devem ser capazes de detectar a falta de controle no PCC. Os objetivos do monitoramento: • Medir o grau de eficácia com que opera o sistema APPCC; • Determinar em que momento o nível de funcionamento do sistema está provocando uma perda de controle no PCC; • Estabelecer registros que refletem o nível de funcionamento do sistema. Princípio 4 Monitoramento Princípio 4 Observações Visuais • Evisceração completa de pescado • Presença de objetos em recipientes • Dizeres na rotulagem • Verificação de lacres Avaliações Sensoriais Medições Químicas • Odores • Medição de anormais pH em conservas e Carnes in natura • Coloração estranha • Texturas anormais • Medição da [ ] de cloro • Viscosidade • Medição da [ ] de soluções desinfetantes Medições Físicas • Aferição de temperatura • Controle de tempo Testes Microbiológicos • Fornecem resultados demorados, não devem ser utilizados na monitorização dos PCCs PRINCÍPIO 5 ↓ Ações Corretivas Ação Corretiva Qualquer ação a ser tomada quando os resultados do monitoramento nos PCCs indicarem uma perda de controle. A perda do controle se considera como um desvio do LC para um PCC. Todo o desvio deve ser CONTROLADO mediante adoção de uma ou mais medidas para controlar o produto no ato e corrigir a causa. O controle do produto inclui a adequada identificação, controle e a retirada do produto afetado. O controle e a retirada do produto, assim como as medidas corretivas adotadas devem ser registradas e arquivadas. Princípio 5 Formulário 5 – Ação Corretiva Princípio 5 Fonte: BRASIL, 1998 PRINCÍPIO 6 ↓ Procedimento de verificação Verificação É a implementação de métodos, procedimentos, testes e outras avaliações além do monitoramento para determinar a conformidade com o Plano de APPCC. A verificação permite por em prova as medidas de controle e assegurar que exista um controle eficiente para todo o tipo de possibilidade. Cada Sistema APPCC deve incluir procedimentos de verificação para cada PCC e para o Plano geral. Princípio 6 Verificação Registros ou relatórios de verificação: As atividades de verificação devem ser documentadas. Esses documentos devem incluir: métodos, fichas, pessoa responsável, resultados e as medidas adotadas. Esses documentos devem fazer parte do Plano APPCC. Princípio 6 Verificação e Análise Microbiológica IMPORTANTE!!! Amostras e análise microbiológicas não são adequadas para garantir a inocuidade dos alimentos. A análise microbiológica de qualquer maneira tem um papel a desempenhar na verificação do APPCC e para assegurar que os limites não são violados. Princípio 6 PRINCÍPIO 7 ↓ Documentação e registros Documentação e Registro Princípio 7 Como parte do Plano APPCC devem ser mantidos quatro tipos de registros: 1. Documentos de apoio para desenvolver oPlano; 2. Registros gerados pelo PlanoAPPCC: a) Registros de controle de todos os PCCs, b) Registros de desvios e medidas corretivas, c) Registros de verificação e validação; 3. Documentos dos métodos e procedimentos aplicados; 4. Registros dos programas de capacitação doscolaboradores. Gerenciamento do Sistema APPCC Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria n° 46, de 10 de fevereiro de 1998. Institui o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 mar. 1998. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION - FAO. Sistemas de calidade e inocuidad de los alimentos. Manual de capacitacion. Disponível em: http://www.fao.org/docrep/005/w8088s/w8088s00.htm. Acesso em 01 nov. 2015. FORSYTHE, S. J. Microbiologia da segurança alimentar. Porto Alegre: Artmed, 2002. 424p. LANDGRAF, M., FRANCO, B. G. G. M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu, 2008. 182p. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE - OPAS. Higiene dos Alimentos – Textos Básicos / Organização Pan-Americana da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Food and Agriculture Organization of the United Nations. – Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2006. 64 p PEREIRA, P. J. B. A. Referenciais de segurança alimentar: Estudo Comparativo. 2010. Instituto Superior de Engenharia do Porto, Dissertação de mestrado em gestão de processos e Operações do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). 236p. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL – SENAC. Guia de elaboração do Plano APPCC. Rio de Janeiro: SENAC/DN, 2001. 282p.
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