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DIREITO CIVIL - DOLO

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DIREITO CIVIL
Vícios de Consentimento e Vícios Sociais
Os defeitos que podem surgir nos negócios jurídicos são passíveis de anulação, de acordo com o art. 171 do Código Civil, sendo eles divididos em vícios sociais e vícios de consentimento.
Denomina- sevício de consentimento o defeito que se refere:
ao dolo, erro, coação, estado de perigo e lesão, estes são assim chamados porque provocam uma manifestação de vontade não correspondente com o íntimo e verdadeiro querer do agente, ou seja, quando a vontade exposta pelo manifestante diverge de sua verdadeira vontade.
Já o vício social, referente à fraude contra credores e à simulação, não se refere a um conflito entre o íntimo querer do agente e a sua declaração, mas sim a exteriorizada intenção de prejudicar terceiros ou violar a lei.
O que diferencia o vício social do vício de consentimento é o fato de que, no primeiro, a vontade manifestada corresponde exatamente ao desejo do agente, porém com ciente intenção de prejudicar, e no segundo a vontade é “maquiada” pela outra parte ou terceiros, não correspondendo à verdadeira vontade interior (como acontece no dolo).
Entretanto, suas semelhanças podem ser reparadas no art. 171 do Código Civil, que diz ser anulável o negócio jurídico que contenha os vícios de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Conclui-se, portanto, que os dois vícios possuem semelhança no que diz respeito aos respectivos efeitos: o de anulabilidade, que consiste em sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados por pessoa relativamente incapaz ou, eivados de algum vício do consentimento ou vício social.
Vale lembrar que a simulação, componente do vício social, sofreu uma alteração no novo Código Civil, disciplinando seu efeito a partir da invalidade do negócio jurídico. 
O art. 167 do Código Civil dispõe: “É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou se válido for à substância e na forma.” Nulidade é a sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados sem a observância dos requisitos essenciais, impedindo-os de produzir os efeitos que lhe são próprios. É nulo, o negócio, quando ofende preceitos de ordem pública
Dolo
Dolo é o artifício empregado para induzir alguém à prática de um ato que o prejudica, e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro. Consiste em manobras maliciosas levadas a efeito por uma das partes, ou terceiro, a fim de conseguir da outra uma emissão de vontade que lhe traga proveito. O dolo é provocado intencionalmente por uma das partes ou por terceiro, e faz com que a vítima se equivoque.
Segundo os irmãos Mazeud, “a vítima do dolo não está só enganada, mas também foi enganada” (Gonçalves, Carlos Alberto “Direito Civil Brasileiro – Parte Geral 1). A rigor, o dolo não é vício de vontade, mas causa do vício de vontade.
No direito penal, o dolo é a intenção de praticar um ato que se sabe contrário à lei, portanto, diz-se doloso o crime quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. No direito civil, dolo é todo artifício usado para enganar e/ou induzir alguém. Distingue-se, também, o dolo processual, que provém da conduta processual reprovável, contrária a boa-fé.
Caracteres do dolo
No dolo o equívoco é provocado por outrem; provocado na vítima pelo autor do dolo ou terceiro, sendo passível de anulabilidade. O dolo, como espécie de vício de consentimento pode levar o seu autor a indenizar os prejuízos que tiver causado com seu comportamento de indução. A vítima de dolo participa diretamente do negócio e é enganada pela má-fé do autor.
Os requisitos do Dolo são: intenção de induzir o declarante a praticar o ato jurídico, utilização de recursos fraudulentos graves, que esses artifícios sejam a causa determinante da declaração da vontade, que procedam do outro contratante ou de terceiros.
Classificações e Espécies de dolo
Destacam-se as seguintes espécies de dolo:
a) Dolo Principal: somente o dolo principal vicia o negócio jurídico. É caracterizado quando o negócio é realizado somente porque houve induzimento malicioso de uma das partes. Se não houvesse o artifício ou a manobra maliciosa, o negócio não se teria concretizado.
“Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa”.
b) Dolo Acidental: essa espécie de dolo não vicia o negócio. O consentimento viria de qualquer maneira, o que não leva a anulação do negócio, mas obriga a reparação das perdas e danos.
c) “Dolus Bonus”: é o dolo tolerável, não há gravidade suficiente para viciar a manifestação de vontade (exemplo: comerciantes que exageram as qualidades das mercadorias que estão vendendo). Não faz com que o negócio seja anulável, pois de qualquer maneira realizariam o negócio e não se deixam envolver. Para Washington de Barros Monteiro o dolo pode ter “fim lícito, elogiável, e nobre”, quando, por exemplo, induz alguém a tomar remédio que recusa ingerir, e lhe é necessário.
d) “Dolus Malus”: é o dolo que possui gravidade, é aplicado com a intenção de ludibriar e de prejudicar. O “dolus malus” divide-se em: dolo principal e dolo acidental, já citado acima. Apenas o “dolus malus” vicia o consentimento, o que leva a anulabilidade do negócio jurídico ou a obrigação de reparar perdas e danos, conforme a gravidade da manobra.
(*) Dolus bonus e Dolus malus– vem do Direito romano.
A lei não regulamenta a intensidade da gravidade do dolo que vicia o consentimento, não distinguindo entre tolerável ou não tolerável. Portanto, cabe ao juiz analisar o caso concreto para decidir se o ludibriante excedeu ou não o limite do razoável.
e) Dolo positivo ou comissivo e dolo negativo ou omissivo: o dolo omissivo também pode ser denominado como omissão dolosa, que de acordo com o art. 147 do Código Civil, o silêncio intencional de uma das partes pode ser considerado omissão dolosa, e prova-se que sem ela o negócio não teria sido celebrado. Dessa maneira, pode ser pleiteada a anulação do negócio jurídico, baseando-se no princípio da boa-fé.
f) Dolo de terceiro: o dolo pode ser proveniente de outro contratante ou de terceiro, que não faz parte do negócio. O art. 148 do Código Civil garante a anulação para negócios jurídicos viciados por dolo de terceiro. Se uma das partes, beneficiada no caso do dolo de terceiro, souber da manobra e não advertir a outra parte é considerado cúmplice e responde por sua má-fé. Entretanto, se a parte beneficiada não souber do dolo de terceiro, não se anula o negócio jurídico. Mas a vítima poderá reclamar perdas e danos do autor do dolo.
g)Dolo de Representante: o representante de uma das partes não pode ser considerado terceiro, pois age em nome do representado, como se fosse o próprio. Se o representante induz ao erro a outra parte, este será anulável.
h)Dolo Bilateral:“Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização”.Assim, se ambas as partes tem culpa, uma vez que cada qual quis obter vantagem em prejuízo da outra, na poderão anular o negócio, ou reclamar indenização. Ninguém pode valer-se da própria torpeza, não houve boa-fé para que possam se defender.
i) Dolo de Aproveitamento: consiste na idéia de que alguém se aproveita da situação de necessidade ou inexperiência do outro contratante para obter benefícios desproporcionais ao negócio.
Dolo e os demais Vícios de Consentimento
Há uma ligação entre o erro e o dolo, pois nos dois casos a vítima é iludida. Diferem pelo fato de que, no erro, a vítima se engana sozinha, já no dolo, o engano é provocado por outrem. Outra diferença entre esses dois defeitos do negócio jurídico é que o erro é de natureza subjetiva, ou seja, não tem como penetrar no íntimo da pessoa para saber o que se passou em sua mente no momento de declaração da vontade. 
As anulações são fundadas no dolo, e para o erro vale a equiparação de perdas e danos.
A diferença entre coação e dolo, está no fato de que, este primeiro ocorre a partir de uma ameaça ou pressão exercida sobre um indivíduo paraforçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio.
O estado de perigo difere totalmente do dolo, pois se configura quando o indivíduo, premido da necessidade de salvar a si próprio ou alguém de sua família, a partir de um grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Quando for uma pessoa que não pertença à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
O último vício de consentimento é a lesão, o qual apresenta diferença em relação ao dolo, pelo fato de ser o prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações de um contrato, no seu momento de celebração, causado pela premente necessidade ou inexperiência de uma das partes.
Já para os vícios sociais, o dolo se distingue da simulação, pois nesta a vítima é lesada sem participar do negócio simulado. No caso do dolo, a vítima participa diretamente do negócio, porém somente a outra parte conhece a manobra maliciosa e age de má-fé.
A fraude contra credores difere do dolo, pois não conduz a um descompasso entre o íntimo querer do agente e a sua declaração. A vontade manifestada corresponde ao seu desejo, mas é exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros. Esse vício ocorre quando o devedor desfalca seu patrimônio, a ponto de se tornar insolvente, com o intuito de prejudicar os seus credores.
Tanto a fraude contra credores como a simulação são mais graves que o dolo, a ponto de a última ter efeito de nulidade do negócio, já o dolo acarreta apenas a anulabilidade.
Análise de Caso
Tem-se como objeto de análise um Agravo de Instrumento (N. 0061474-55.2010.4.01.0000/DF) proferido pelo Tribunal Regional da Primeira Região, com relatório do Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e agravante “Playparts Importação Logística e Comércio LTDA”.
A empresa em questão interpôs o agravo relativo ao indeferimento de antecipação de tutela para liberação de mercadorias estrangeiras retidas/apreendidas no Porto de Santos (SP) por suposto “erro na classificação fiscal” e “suspeita de subfaturamento”.
O caso é o que segue: apesar das alegações da empresa, o que se observou foi um erro de classificação fiscal de grande parte das mercadorias envolvidas na importação – no caso, acessórios para videogame e, mais especificamente, controles para o eletrônico em questão – de modo que, a empresa apresentou a fatura comercial com valores muito abaixo dos praticados no mercado classificando, inclusive, acessórios de maior qualidade, ou mais complexos, da mesma forma que os inferiores advindos do mesmo carregamento.
Além disso, entre 26.000 (VINTE E SEIS MIL) unidades somente 2.000 (DUAS MIL) foram classificadas de maneira correta, as demais – que, assim como as outras, deveriam ter sido identificadas como “unidades de controle sem fio” – foram enquadradas como “Outras máquinas digitais para processamento de dados”, o que reduziu a taxa tributária em R$ 156.000,00 (CENTO E CINQUENTA E SEIS MIL REAIS).
Ademais e, de suma importância para que tal análise se valide, observou-se, através do extrato de Licença de Importação, apresentado pelo representante legal da empresa, o fato de que o mesmo sabia da correta classificação a ser adotado, o que evidencia a má-fé ao classificar os itens importados posteriormente a tal documento, legitimando, assim, à aplicação da pena de perdimento prevista no Regulamento Aduaneiro.
Por último, o relator faz necessário mencionar que, em nenhum momento, foram apresentados documentos que refutassem as alegações constantes nos autos, o que contribuía para o seu voto.
Nesses termos a Sétima Turma, acompanhando os votos do relator e, entendendo que houve má-fé por parte da importadora, a fim de diminuir a carga tributária a ser paga à Fazenda Nacional, julgou o agravo improcedente e, indeferiu o pedido de tutela antecipada.
Acompanhando a apresentação dos fatos expostos é possível perceber a quantidade de erros que o representante comete em nome da sua conduta dolosa, desde o estabelecimento de preços iguais para peças distintas até a classificação errônea de 1/13 (UM TREZA AVOS) das peças; O dolo, entretanto, só fica provado através da Licença de Importação, feita anteriormente às classificações-nela o importador apresenta as reais classificações dos produtos a serem importados; Visto isso é possível afirmar o conhecimento do representante a cerca da real classificação que se fazia necessária para que a tributação ocorresse dentro das conformidades legais e, não tendo sido essa feita é que se configura a conduta dolosa.
No próprio voto o Desembargador faz menção ao dolo por parte do representante legal da empresa envolvida no caso; Este dolo foi, portanto, configurado a partir do momento em que se provou o conhecimento deste individuo a respeito dos valores e classificações reais dos produtos, uma vez que não existe outra explicação plausível para um erro desta magnitude – trata-se, então, de um dolo de representante legal.
Baseados nos fatos expostos, assim como nos documentos que os provam, é que se fez possível a fundamentação do relator a respeito do caso e o, conseqüente, voto de negação ao agravo.
Conclusão
Tem-se por dolo um vício de consentimento, que conduz a anulação do negócio jurídico, como disposto no art. 171, II, do Código Civil. O prazo decadencial para arguição da anulabilidade é de quatro anos, a contar do dia em que se realizou o negócio jurídico viciado.
Também, o dolo, é bastante utilizado para se fundamentar ações de anulação do negócio jurídico no lugar do erro, já que, como visto anteriormente, o erro é subjetivo, o que dificulta a comprovação de que houve erro na manifestação de vontade.
Além disso, cabe ressaltar que o novo Código Civil inovou em diversos aspectos do dolo, principalmente no que se refere a dolo de terceiro e dolo de representante legal, aspectos que apresentavam algumas falhas no antigo Código de 1916.

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