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GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS José Ângelo Ferreira 1 ÍNDICE Unidade I: Aspectos Introdutórios da Contabilidade de Custos.....................................3 Tópico 1.1 - Importância da Gestão de Custos na Empresa. . . . . . . .. . .. . .. . .. .4 Tópico 1.2 - Conceitos e Objetivos de Custos...............................................................7 Tópico 1.3 - Classificação de Custos...........................................................................10 Exercícios......................................................................................................................20 Unidade II: Gestão Estratégica de Custos.....................................................................23 Tópico 2.1 - Utilizando a Analise Custo Volume Lucro (CVL) para Tomada de Decisão..........................................................................................................................25 Tópico 2.2 - Planejamento do Custo e Análise............................................................33 Tópico 2.3 - Análise do Ponto de Equilíbrio (Break-Even)..........................................38 Tópico 2.4 - Efeito do Mix de Vendas no Lucro..........................................................43 Exercícios......................................................................................................................50 Unidade III: Formação de Preço...................................................................................56 Tópico 3.1 – Elementos do Demonstrativo de Resultados. . . . . . . .. . .. . .. . .. . .58 Tópico 3.2 – Formação de Preço..................................................................................62 Unidade IV: Sistemas e Métodos de Custeio................................................................72 Tópico 4.1 – Sistemas de Custeio: Princípios e Métodos.............................................74 Tópico 4.2 – Sistemas Tradicionais de Custeio............................................................77 Exercícios......................................................................................................................95 Gabarito.......................................................................................................................105 2 UNIDADE I Aspectos introdutórios da Contabilidade de Custos Objetivos de Aprendizagem • Conhecer e direcionar os custos dos produtos. • Analisar os fatores diretores do custo. • Medir o custo da falha por toda a organização buscando oportunidades de melhoria. • Identificar os fatores que dirigem os custos. • Direcionar os esforços da gestão visando o controle custos. • Reconhecer e refletir sobre a importância do custo como um processo organizacional-chave para a empresa. Plano de Estudo • Importância da Gestão de Custo na Empresa • Conceitos e Objetivos sobre Custos • Classificação de Custo 3 INTRODUÇÃO Com a abertura do mercado brasileiro à globalização iniciada na década de 90, a gestão de custos passou por grandes transformações, já que a inserção do país no mercado globalizado permitindo que empresas estrangeiras, antes impossibilitadas de comercializarem seus produtos no Brasil, oferecessem ao consumidor brasileiro produtos fabricados muitas vezes com tecnologia e qualidade superiores aos nacionais, provocaram nas empresas brasileiras, a necessidade, independente ao seu porte ou mercado de atuação, a aprimorar técnicas de análise de resultados e de custeio dos seus produtos e serviços. Os gestores estão diante de um novo cenário de ordem econômica e social, que impactam de forma incisiva na gestão. Os negócios tem agora outra configuração, estão mais competitivos e com ganhos cada vez mais modestos. Hoje, a gestão dos negócios requer mais dedicação e muita técnica. Aferir lucro é exigência maior de qualquer atividade econômica pois impactam nas demais funções da organização, já que o lucro, permite solidificar o seu patrimônio. Porém, o lucro não ser resume a uma simples verificação da diferença entre preço e custo, receita e despesa, o lucro é uma a consequência da soma das ações gerenciais como um todo: qualidade, produtividade, planejamento, controle, entre outras. Em seu aspecto mais técnico, o lucro deixou de ser atributo da receita, mas sim é resultante dos custos incorridos, fazendo com que, almejar lucro, recai sobre o controle e a gestão destes custos de forma inversamente proporcional: menor custo implica em maior lucro. Diante desta nova realidade, as empresas sejam elas pequenas, médias ou grandes, precisam não só de ferramentas eficientes, para serem utilizadas na administração do negócio e sim de uma mudança de cultura, de processos, de comportamento de um novo paradigma consubstanciada em técnicas modernas de gestão de custos. 4 TÓPICO 1.1- Importância da Gestão de Custos na Empresa O impacto da concorrência provocou uma reflexão na estrutura e gerenciamento dos custos, considerando que contabilidade de custos das empresas empregava técnicas que forneciam ao gestor somente as informações básicas dos custos que, de posse delas tomavam as decisões de investimentos e comercialização, técnicas estas cujo critério centrava no rateio dos custos fixos pela mão-de-obra direta ou horas/máquina, por exemplo, ignorando fatores como contribuição, variedade, complexidade e mudança (FERREIRA, 2007). O sistema de formação de preços das empresas tinha como foco a pretensão de lucro estabelecida pelo empresário, que adicionada ao custo obtido na transformação do produto, determinava seu preço de venda. Esta ótica de gestão, subordinada ao ambiente inflacionário endêmico vigente no Brasil, impossibilitava ao consumidor, estabelecer qualquer referencial de preços. O poder de definir o preço estava nas mãos da empresa. Para Ferreira (2007), o preço de venda era definido pela seguinte equação: Custo + Lucro = Preço de venda Custo: obtido pelo empresário Lucro: estabelecido pelo empresário Preço: resultante A falta de concorrência e a inflação sempre crescente, tornava dispensável implementação de um sistema de custeio mais eficiente, uma vez que a que a variação diária da inflação embutida nos preços, mascarava e encobria toda e qualquer perda. #REFLITA O processo inflacionário brasileiro nesta época, absolvia e absorvia todas as ineficiências da empresa, e o cliente, sem alternativa, pagava esse ônus nos preços dos produtos e serviços. 5 Preço – Custo = Lucro Preço: definido pelo mercado Custo: gerenciado pelo empresário Lucro: resultado #REFLITA# A concorrência, consequente da abertura de mercado, provocou uma mudança substancial na concepção tradicional de custos. A empresa percebe então que seu poder em determinar o preço de seus produtos e serviços, migram para as mãos do cliente, quando este passa a ser definido pelo mercado. O lucro de determinante passa a determinado nesta nova equação, fazendo com que o gerenciamento eficaz dos custos se torne uma meta estratégica da organização, tendo como premissa o conhecimento, a análise e a otimização de seus custos, na necessidade de competir neste mercado globalizado com produtos e serviços cada vez mais competitivos. Esta nova realidade, segundo Ferreira (2007) pode ser representada na seguinte equação: Os problemas causados pelo desperdício, da falta de qualidade, da baixa produtividade refletidos nos produtos e serviços, foram rapidamente sentidos pelo consumidor, fazendo com que optassem pelos produtos importados com qualidade superior e preços menores que os praticados pelas empresas brasileiras. Problemas como custos não identificados, ou classificados de forma incorreta, métodos inadequados de apropriação dos custos indiretos aos produtos, mostram que, apesar das grandes mudanças ocorridas na forma de gestão dos custos, ainda ocorrem com frequência nas empresas. Sabemos porém, que os processos de uma organização sofrem constantes pressões das forças competitivas como: novos concorrentes, produtos substitutivos, poder de imposição de alguns clientes, forma de negociação dos fornecedores, a rentabilidade exigida pelos acionistas e diante destas forças, a importância do preço tem um forte peso no processo decisório do cliente, o que provoca nas organizações uma busca no domínio e controle sobre seus custos. Para fazer frente a estas pressões, as organizações segundo Ferreira (2007) devem buscar o equilíbrio entre concorrência, lucratividade e rentabilidade, que pode ser representada em uma nova equação: PREÇO - LUCRO = CUSTO ALVO Preço = fixado pelo mercado Lucro = necessário para garantir a rentabilidade do capital investido Custo Alvo = meta a ser perseguida pela organização Este estágio de gestão de custos, permite a empresa o domínio do seu custo-alvo, determinando sua meta de lucro, garantindo assim a rentabilidade do capital investido pelos acionistas ou sócios. 6 #FATOS E DADOS# O Governo anunciou em outubro de 2013, a desoneração da folha de pagamento para mais 15 setores da economia, como tecnologia da informação, têxteis, móveis, naval, entre outros. De acordo com matérias publicadas na imprensa, essa desoneração inclui substituir a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de pagamento, passando a ser cobrada uma taxa que vai variar entre 1% e 2,5% sobre o faturamento bruto da empresa. Esta desoneração visa a redução dos custos totais da empresas, para que possam enfrentar a concorrência provocada por produtos importados, decorrente da abertura de nossa economia. A desoneração da folha impacta diretamente nos resultados da empresa, impactando de forma significativa na determinação do seu custo alvo. Fonte: #FATOS E DADOS# Hoje, a empresa reconhece que os modelos de apropriação de custos e formação de preços contábeis tradicionais, podem distorcer as informações gerenciais sobre o custo dos produtos e serviços, prejudicando as decisões gerenciais. Sendo assim, um gerenciamento de Custo mais eficaz, fornece meios para que a empresa possa estabelecer custos mais acurados e garantir meios para o controle destes custos. #ATIVIDADE DE AUTOESTUDO 1) Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ( ) A contabilidade de custo tradicional considera no cálculo de custo fatores como: contribuição, variedade, complexidade e mudança. ( ) O processo inflacionário brasileiro nesta época, absolvia e absorvia todas as ineficiências da empresa, e o cliente, sem alternativa, pagava esse ônus nos preços dos produtos e serviços. ( ) Um gerenciamento de Custo mais eficaz, fornece meios para que a empresa possa estabelecer custos mais acurados e garantir meios para o controle destes custos. #ATIVIDADE DE AUTOESTUDO# #RECAPITULANDO • Com a abertura do mercado brasileiro à globalização iniciada na década de 90, a gestão de custos passou por grandes transformações. • O impacto da concorrência, provocou uma reflexão na estrutura e gerenciamento dos custos, considerando que a contabilidade de custos das empresas empregava técnicas que forneciam ao gestor somente as informações básicas dos custos. • Para fazer frente a estas pressões, as organizações segundo Ferreira (2007) devem buscar o equilíbrio entre concorrência, lucratividade e rentabilidade. • Aplicar uma gestão de custos mais eficiente, permite a empresa o domínio do seu custo-alvo, garantindo a rentabilidade do capital investido pelos acionistas ou sócios. #RECAPITULANDO# 7 TÓPICO 1.2 - Conceitos e Objetivos de Custos Conceitos de Custo Existem vários e diferentes conceitos sobre Custo. Gestores que compreendem estes conceitos e termos são capazes de melhor utilizarem as informações e evitarem informações equivocadas de custos. Procuramos, dentro desta grande gama de conceitos, algumas definições de fácil compreensão e entendimento e que sintetizem a essência e a importância deste assunto (FERREIRA, 2007): Terminologias no Estudo de Custos Apresentamos a seguir, as terminologias utilizadas no estudo de custos (BORNIA, 1995, apud FERREIRA, 2007): Gastos: é o valor dos bens e serviços adquiridos pela empresa. Desembolso: é o pagamento resultante da aquisição de um bem ou serviço, podendo ser à vista ou a prazo. Investimento: é o gasto com bem e serviço em função da vida útil ou benefícios atribuíveis a períodos futuros. Custo Direto: é o gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção. São todos os gastos relativos à atividade de produzir. Objeto de Custo: é a medida de custo de um produto ou serviço. Despesa: é o gasto com bem ou serviço não utilizado nas atividades de produção, porém consumido com o fim de obter receitas. Perda: é um gasto não intencional decorrente de fatores externos ou da atividade normal da empresa (ex. perdas normais de matéria-prima). É incorporado ao custo da produção. Mão-de-obra Direta: A mão-de-obra direta está relacionada com todo o funcionário que executa uma tarefa capaz de ser medida e agregada diretamente ao produto como é o caso de um operário no setor de pintura onde o tempo consumido na pintura de um produto ou componente pode ser medido. • Custo é recurso utilizado para atingir um objetivo especifico. • Custo é o valor expresso em moeda corrente (r$) de atividades e materiais efetivamente consumidos e aplicados na fabricação e comercialização dos produtos. • Custo é a remuneração dos recursos financeiros, humanos e materiais consumidos na fabricação e comercialização da venda. • Custo é o preço pelo qual se obtém um bem. 8 Mão-de-obra Indireta: A mão-de-obra indireta esta relacionada com todo funcionário que executa tarefas não diretamente ligadas a transformação do produto (supervisores, pessoal administrativo, etc) e é de difícil distribuição ao produto, pois não é possível conhecer quanto tempo o produto consome da pessoa. É o caso de um operário que tem como função supervisionar ou controlar determinadas tarefas que possui difícil mensuração. O valor da mão-de-obra indireta deve então, ser estimada ou rateada aos produtos, no entanto, os critérios de rateio devem ser cuidadosamente elaborados para que não ocorram distorções quando aos custos que forem alocados aos produtos. Matéria-Prima: É o material que pode sofrer algum tipo de beneficiamento através de um processo produtivo com a utilização de mão-de-obra e insumos, obtendo como resultado final um produto comerciável. Os materiais são sempre classificados como custo variável e podem apresentar-se como diretos ou indiretos. Custos Indiretos: São os custo que não são facilmente vinculados aos produtos, mas a um conjunto ou a empresa. Como nos custos diretos, os custos indiretos são encontrados na área produtiva (materiais indiretos, depreciação, salário dos supervisores, aluguel etc) e na área comercial (telefone, viagens, propagandas etc). No entanto, existe uma dificuldade grande de atribuir os custos indiretos aos produtos, pois necessitam ser apropriados através da escolha de critérios que podem provoca distorções no custo final do produto. Centros de Custos: Denominam-se Centros de Custos, as diversas seções de uma empresa delimitadas segundo o aspecto de localização de todos os custos aí verificados. Os centros de custos classificam-se em produtivos e administrativos e, eventualmente, em auxiliares. Centros de Custos Produtivos: São aqueles setores da empresa onde se processa a fabricação dos produtos. Exemplo: corte, costura e acabamento na indústria de confecção. Em empresas de médio e grande porte costuma-se subdividir ainda mais algumas seções produtivos de modo a separar em vários centros de custos as máquinas ou atividades que devam ter diferentes custos hora/máquina ou hora/homem, ainda que executando operações idênticas. Centros de Custos Administrativos: São os setores que executam atividades de caráter gerencial ou administrativo da empresa. Exemplo, Administração Geral, Administração do Material, Expedição, Vendas, Filiais, etc. Objetivo de Conhecer os Custos O principal objetivo de conhecer e dominar o custo é aumentar a competitividade da empresa através de uma metodologia que determine os custos dos itens comercializados, sua rentabilidade e sua viabilidade comercial e econômica. #FATOS E DADOS A competitividade provocada pela concorrência advinda da abertura de mercado em 1990, e a busca do crescimento sustentado provocaram nas empresas a grande corrida para o desenvolvimento e gerenciamento dos custos dos seus itens, acentuando cada vez mais a importância de acompanhar sua evolução, seus respectivos preços de 9 vendas e servindo também como orientação nas decisões de permanência ou não destes itens, no rol dos produtos comercializados. Fonte: FERREIRA, José Angelo;.Custos Industriais. São Paulo: Editora STS, 2007. #FATOS E DADOS# Consequências da Ausência de Informações de Custos Graves são as consequências, para a empresa, da ausência de informações sobre os seus custos. Dentro delas podemos enumerar (FERREIRA, 2007): #ATIVIDADE DE AUTOESTUDO 1) Classifique os eventos descritos a seguir em Investimento (I), Custo (C), Despesa (D) ou Perda (P): ( ) Compra de matéria-prima ( ) Consumo de energia elétrica ( ) Utilização de mão-de-obra ( ) Consumo de combustível ( ) Salários do pessoal administrativo ( ) Aquisição de máquinas ( ) Utilização de matéria-prima ( ) Aquisição de embalagem ( ) Deterioração do estoque de matéria-prima por enchente ( ) Comissões proporcionais às vendas #ATIVIDADE DE AUTOESTUDO# #RECAPITULANDO • Existem vários diferentes conceitos sobre Custo. Gestores que compreendem estes conceitos e termos são capazes de melhor utilizarem as informações e evitarem informações equivocadas de custos. • Um objeto de custo pode ser um produto, serviço, projeto, cliente, atividades ou departamento na qual uma medida de custo é desejada. • O principal objetivo de conhecer e dominar o custo é aumentar a competitividade da empresa. #RECAPITULANDO • Desconhecimento do lucro por Produto fabricado; • Venda de produtos que podem não estar gerando o lucro necessário; • Aplicação do Capital de Giro através da fabricação para estoques de produto pouco rentável; • Um esforço de venda orientado para produtos menos lucrativos; • Desconhecimento dos custos das atividades da empresa; • Falta de informação necessária para incentivar ou fixar ações para redução de custo; • Menor lucro e menor rentabilidade; • Ameaças a estabilidade econômica, financeira e consequente crescimento da empresa. 10 TÓPICO 1.3 - Classificação de Custos a) Em relação aos produtos fabricados Frequentemente a classificação de um custo como Direto ou Indireto causa alguma confusão inicial, visto que a distinção entre Direto e Indireto é feita primeiramente com base no julgamento da viabilidade econômica do levantamento da informação do custo. Segundo, porque um custo pode ser classificado como Direto em relação a um produto e Indireto em relação a outro produto. Exemplo: Em uma fabrica de móveis o gasto com água pode ser considerado como custo Indireto, visto que a água não incide diretamente na fabricação de um móvel, já numa fabrica de postes para distribuição de energia elétrica a água pode ser classificada como custo Direto, pois é parte integrante do concreto que é a matéria-prima principal para a fabricação de poste (FERREIRA, 2007). Segundo Martins (1995) os custos em relação aos produtos fabricados podem ser classificados em: Custos Diretos ou Custos traçados: são custos que podem ser apropriados diretamente aos produtos fabricados (ex. matéria-prima, embalagem, etc.) Custos Indiretos ou Custos alocados: são custos que, para serem apropriados ao produto, dependem de cálculos ou estimativas através de critérios de rateios (ex. aluguel, salários depreciação, etc.) Custo Atribuído: é o custo final do produto ou serviço, envolvendo os custos diretos e os custos indiretos para sua obtenção. OBJETO DE CUSTO • Fatores que afetam os Custos Diretos e Indiretos A materialidade do custo em questão: A importância do custo em questão. O que mais impacta no produto, aquele que é economicamente viável de ser levantado. CUSTOS ATRIBUÍDOS Custos Diretos Ex.: papel para impressão de um livro Custos Indiretos Ex.: aluguel do imóvel onde o livro é impresso Custos Diretos Custos Indiretos 11 #REFLITA Levantar o custo de entrega de uma encomenda para um cliente é economicamente viável, enquanto o custo da etiqueta do endereço do cliente provavelmente deva ser classificado como indireto, pois não é economicamente viável levantar seu custo individual. Os benefícios de conhecer o valor exato de cada etiqueta não excedem o custo do levantamento desta informação. O custo tem um custo e tem-se que avaliar o custo - beneficio do esforço utilizado para apurá-lo. #REFLITA# Custo Benéfico do Levantamento de Informações para Custos Fonte: Ferreira (2007). A tecnologia disponível para o levantamento da informação: O desenvolvimento da tecnologia da informação ampliou a apropriação nos produtos dos custos classificados como diretos. Ex.: o código de barras utilizado nas linhas de produção permitiu a apropriação de custos antes classificados como indiretos devido à dificuldade de obtenção de informação precisa da participação destes custos no produto. #FATOS E DADOS# O diretor da área de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, destacou a importância do desenvolvimento de tecnologia em grandes projetos. O objetivo é diminuir o custo total para extração de petróleo e gás em alto mar. “É importante ter à tecnologia e aos mecanismos adequados de gestão para produzir de forma competitiva e reduzir de forma significativa os custos de produção”, afirmou o diretor durante a Offshore Technology Conference (OTC Brasil 2013), nesta quarta- feira (30/10), no Rio de Janeiro. Fonte: http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2013/10/30/tecnologia-pode-ajudar-a- reduzir-custo-de-producao-afirma-diretor/ #FATOS E DADOS# Projeto e Definição do Processo: a definição do projeto do processo facilita a apropriação de um custo como direto, pois se torna possível identificar o custo de um item utilizado em um produto ou para um cliente especifico. Detalhamento das informações Custo Benefício 12 Acordos contratuais: o contrato de fabricação de um determinado produto para um cliente específico, um chip de computador para a Intel como exemplo, permite que se classifique como direto os custos dos componentes para a fabricação daquele chip. b) Em relação aos níveis de produção Custos Fixos: são custos que não se alteram com qualquer que seja o volume de produção. Porém os custos fixos unitários se alteram em relação ao volume produzido (ex. seguros, material de expediente, telefone, etc.) Exemplo de rateio de custo fixo unitário para um volume de produção de 5.000 unidades de determinado produto, considerando que o custo fixo total do período foi de $ 57.000,00: Custo Fixo Total Custo Fixo Unitário = -------------------------- Volume de Produção $ 57.000,00 Custo Fixo Unitário = -------------------------- = $ 11,40 por unidade 5.000 Exemplo de rateio de custo fixo unitário para um volume de produção de 8.000 unidades de determinado produto, considerando que o custo fixo total do período foi de $ 57.000,00 Custo Fixo Total Custo Fixo Unitário = -------------------------- Volume de Produção $ 57.000,00 Custo Fixo Unitário = -------------------------- = $ 7,12 por unidade 8.000 13 Gráfico da Variação do Custo Fixo Unitário em Relação ao Volume Produzido Fonte: Ferreira (2007). Custos Variáveis: são custos que se alteram com o volume de produção. Porém os custos variáveis unitários são constantes, por exemplo, a matéria-prima utilizada na fabricação de um produto, quanto mais se produz mais matéria-prima se consome, porém cada produto em individual consumirá sempre a mesma quantidade de matéria-prima. Custo Variável Total Altera com o Volume de Produção Fonte: Ferreira (2007). 11,40 7,120 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 1 2 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500 $ 50.000,00 $ 100.000,00 $ 150.000,00 $ 200.000,00 Custo Total da Materia-Prima To ta l P ro du zi do 14 Custo Variável Unitário (5% Comissão) não Altera com o Volume de Vendas Fonte: Ferreira (2007). Custos Fixos e Variáveis em relação ao Volume de Produção Fonte: LEONE (1992, p. 62). 0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% $ 50.000,00 $ 100.000,00 $ 150.000,00 $ 200.000,00 Volume de Vendas % C om is sã o Custos Variáveis Volume de produção $ Custos Fixos 15 c) Considerações para Análise e Determinação dos Custos Fixos e Variáveis Segundo Welsch (1964, p.199), ao se estudar um custo com objetivo de caracterizá-lo como fixou ou variável, deve-se considerar os seguintes aspectos: Fixos Variáveis Controle Os custos fixos são controlados por algum nível dentro da empresa. Normalmente, são controlados por níveis mais altos dentro da hierarquia organizacional. Os custos variáveis são controlados geralmente pelo centro de custos que o realiza. Atividade Os custos fixos são aqueles relacionados com a capacidade. São aqueles que independem do volume de atividade. Esses custos variam em função do nível de atividade. Faixa de Volume Os custos fixos devem ser relacionados com uma faixa de volume. São raros os custos fixos que permanecem constantes além de uma faixa de volume. Do mesmo modo que os custos fixos, os custos variáveis devem ser analisados dentro de uma faixa efetiva de volume. Fora dos limites dessa faixa, os custos variáveis terão normalmente outro comportamento quando tomados unitariamente. Decisão Administrativa Os custos fixos ligam-se estreitamente as decisões tomadas pela administração. Muito embora alguns custos variáveis possam ser alterados em virtude das decisões administrativas, isso acontecerá em relação ao seu total. Entretanto, sempre reagirão diante do volume de atividade sob taxas diferentes de variabilidade. Período Os custos fixos são sempre relacionados ao período Os custos variáveis são relacionados as atividades Em relação à unidade do produto Os custos fixos tornam-se variáveis. Os custos variáveis tornam-se fixos. Fonte: Adaptado por Ferreira (2007). #ATENÇAO! Direcionador de Custo (Cost Driver): é um fator ou um nível de atividade ou volume, que afeta o custo. É uma relação de causa e efeito entre o nível de atividade ou volume de um determinado produto e seu custo total. Por exemplo, o número de 16 livros impressos é um direcionador de custos da quantidade de papéis utilizados na impressão de cada livro (BORNIA, 1995). #ATENÇÃO# d) Relacionamento entre os tipos de custos Segundo Iglesias (1999), os custos podem ser simultaneamente: ü Diretos e variáveis ü Diretos e fixos ü Indiretos e variáveis ü Indiretos e fixo Exemplo de Combinação de Custos Diretos/Indiretos e Variáveis/Fixos Fonte: Ferreira (2007). e) Custo Unitário e Custo Total Custo Unitário: o custo unitário também chamado de custo médio, é calculado ao dividir o custo total por uma unidade de medida (horas trabalhadas, número de entregas, número de itens fabricados, número de itens montados, etc). Por exemplo, supondo que os custos de produção de uma fábrica de calçados em um período de 30 Compor- tamento do Custo Custos Variáveis Objeto do Custo: Livro de Poesias Ex. Folhas de papel utilizadas na impressão do livro Objeto do Custo: Livro de Poesias Ex. Salário do auxiliar de Edição Custos Fixos Custos Diretos Custos Indiretos Objeto do Custo: Livro de Poesias Ex. Energia consumida pelas maquinas de impressão na confecção do livro Objeto do Custo: Livro de Poesias Ex. Aluguel do imóvel da Editora Atribuição dos Custos ao Objeto do Custo 17 dias foram de $ 230.000,00 e o número de pares de sapatos fabricados foi de 8.000 pares, o custo unitário por par seria: Custo Total de Produção Custo Unitário = --------------------------------------- Quantidade de pares fabricados $ 230.000,00 Custo Unitário =------------------------ = $ 28,75 por par 8.000 Custo Total = $ 230.000,00 O custo unitário como apresentado acima é frequentemente utilizado em relatórios financeiros. Porém, os gestores devem pensar em termos dos custos totais e não de custo unitário na tomada de decisões. #SAIBA MAIS Outras classificações de custos (FERREIRA, 2007): Custos Históricos: são custos apurados após o encerramento do período (mês por exemplo). Custos Predeterminados: são custos calculados antes que ocorram efetivamente. Utilizados principalmente para orçamentos e custo padrão. Ao utilizar o custo predeterminado, se faz necessário o levantamento do custo histórico para verificar variações ou distorções ocorridas. Custos de Produção do Período: é a soma dos custos incorridos no período. #SAIBA MAIS# #ATIVIDADE DE AUTOESTUDO 1) Uma fábrica produz dois tipos de camisa. Classifique cada um dos seguintes itens de custo em relação a cada um dessas camisas. Classifique os eventos em (CVP) Custo Variável de Produção; (CVV) Custo Variável de Vendas e CF (Custo Fixo): • O telefone do setor administrativo.______________ • A linha utilizada na confecção da camisa:_______________ • A energia elétrica gasta na produção:__________________ • A despesa com seguro da indústria:_________________ #ATIVIDADE DE AUTOESTUDO# 18 #RECAPITULANDO • O custo variável altera em relação ao volume e as atividades. O custo fixo total permanece inalterado por um período de tempo podendo se alterar de acordo com o volume ou atividade (ex.: aumento do número de funcionários de produção, quando a empresa atingir volumes de pedidos muito acima da sua capacidade atual). Os custos variáveis variam no total e os custos fixos permanecem fixos no total. • O custo unitário de um objeto de custo deve ser interpretado com cautela quando ele incluir componentes de custo fixo, pois o custo variável altera de acordo com o volume, porém permanece constante em relação à unidade, já o custo fixo permanece constante em relação ao volume, mas altera em relação à unidade. • O custo direto é todo custo que pode ser apropriado diretamente a um objeto de custo e pode ser levantado de uma forma economicamente viável (relação custo - benefício). O custo indireto pode ser apropriado diretamente a um objeto de custo, desde que o custo - benefício do seu levantamento seja economicamente viável, porém usualmente, pela inviabilidade econômica do levantamento do custo indireto, o mesmo é apropriado ao objeto de custo utilizando um critério de rateio. #RECAPITULANDO #CONSIDERAÇÕES FINAIS A Administração de Custos segundo Ferreira e Souza (1999) é uma poderosa ferramenta gerencial, oferece às empresas um fantástico diferencial competitivo, pois, possibilita o controle sobre cada item comercializado, bem como propiciar ao gestor: · estar apto a direcionar os custos dos produtos e analisar acuradamente todos os fatores que os dirigem, tais como variedade, complexidade, escopo e mudança, e não apenas volume; · estar apto a medir o custo da falha por toda a organização, de modo a concentrar a atenção dos dirigentes nas principais oportunidades de melhoria; · estar apto a identificar os fatores que dirigem os custos, para que os dirigentes possam ser guiados para onde e quando possam direcionar melhor seus empenhos visando controlar os custos; · estar apto a reconhecer e refletir a importância crucial de processos organizacional-chave; . estar apto a identificar qual o processo de fabricação mais econômico, que preço praticar nos seus produtos e serviços, qual departamento da empresa utiliza mais eficientemente seus recursos, quais clientes mais contribuem para os lucros da companhia · ter instrumentos que permitam a análise gerencial periódica do desempenho da empresa através de suas unidades. #CONSIDERAÇÕES FINAIS# 19 #MINI CASO Para conhecer mais sobre a importância da gestão de custos, leia o artigo Gestão de Custos um Fator de Sobrevivência para as Empresas, acessando o link: http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/305.pdf. #MINI CASO# #RESUMO O impacto da concorrência provocou uma reflexão na estrutura e gerenciamento dos custos, considerando que a contabilidade de custos das empresas empregava técnicas que forneciam ao gestor somente informações básicas dos custos que, de posse delas tomavam decisões de investimentos e comercialização, técnicas estas centradas no rateio de custos fixos pela mão-de-obra direta ou horas/máquina, ignorando fatores como contribuição, complexidade e mudança. O principal objetivo de conhecer e dominar o custo é aumentar a competitividade da empresa através de uma metodologia que determine os custos dos itens comercializados, sua rentabilidade e sua viabilidade comercial e econômica. Hoje a empresa reconhece que os modelos de apropriação de custo e formação de preços contábeis tradicionais, podem distorcer as informações gerenciais sobre o custo dos produtos e serviços, prejudicam as decisões gerenciais, sendo assim, um gerenciamento de custo mais eficaz, fornece meios para que a empresa possa estabelecer custos mais acurados e garantir meios para controle destes custos. Os custos podem ser classificados em Custos Diretos que podem ser apropriados diretamente aos produtos e serviços, Custos Indiretos que para serem alocados aos produtos dependem de cálculos e estimativas através de critérios de rateio e Custos Atribuídos que é o custo final do produto ou serviço, envolvendo os custos diretos e os custos indiretos necessários para sua obtenção. Quanto a variabilidade, os custos podem ser classificados em Custos Fixos que são relacionados aos períodos e Custos Variáveis que são relacionados as atividades. Fonte: http://www.aedb.br/seget/artigos12/10616499.pdf #RESUMO# #RELATO DE CASO A empresa Descartáveis Higiene Total foi fundada em 2003 para de atender o mercado de materiais de limpeza institucionais para indústria e comércio e também a linha de descartáveis para hospitais, clínicas médicas e dentárias, bem como a necessidade dos consumidores residenciais oferecendo assim produtos concentrados de alta qualidade no atacado e varejo. A Descartáveis Higiene Total tem como atividade principal a produção de tapetes personalizados da 3M. Junto à unidade produtiva da empresa, está a loja que comercializa produtos descartáveis para residências e clínicas médicas, que não são produtos fabricados pela organização, ou seja, a parte relacionada ao comércio não tem nenhuma ligação com a produção dos tapetes. 20 Para o cálculo do custo dos seus produtos o proprietário fazia o levantamento de seus custos ao final de cada mês, sem a separação dos custos referentes a fabricação dos produtos com os custos inerentes exclusivamente à loja e que não são relacionados a fabrica. A empresa Descartáveis Higiene Total apresentava algumas falhas relacionadas ao método utilizado para calcular os seus custos. A primeira falha estava relacionada a não separação dos custos e despesas, este problema pode ser resolvido com a distinção dos mesmos, separando-os para posteriormente realizar os cálculos utilizados na gestão de custos. Outra falha estava relacionada em como é realizado o rateio dos custos entre a fábrica e a loja, já que alguns gastos como a energia elétrica, impostos, contador, despesas e manutenções de veículos são referentes aos dois estabelecimentos. Assim tais gastos são rateados em quantidades iguais entre a fábrica e a loja. O primeiro passo para a solução do problema foi a separação entre custos e despesas, pois os custos estão relacionados à área produtiva dos tapetes e as despesas para comercialização. Após separar custos e despesas, identificar os custos diretos e indiretos bem como os custos fixos e variáveis, foi possível calcular a margem de contribuição do produto e através desta metodologia calcular o custo unitário dos produtos. Após o conhecimento de todos os custos e com a utilização dos métodos para o cálculo da gestão de custos, os gestores tiveram uma maior precisão na formação dos custos dos produtos fabricados e comercializados pela empresa, apurando assim o lucro de cada item, possibilitando uma gestão focada no aumento da rentabilidade de suas operações. #RELATO DE CASO# #EXERCÍCIOS# 1.1) Em relação a custos, é correto afirmar: ( ) a. os custos fixos totais mantém-se estáveis, independentemente do volume da atividade fabril; ( ) b. os custos variáveis da produção decrescem proporcionalmente à quantidade produzida, em razão inversa; ( ) c. os custos variáveis de vendas decrescem em conformidade com a quantidade produzida; ( ) d. o custo fixo unitário, diminuem em conformidade com o volume produzido. 1.2) Uma empresa industrial utiliza energia elétrica como força motriz do seus equipamentos para seu processo produtivo. Assim sendo, a energia elétrica gasta em sua fábrica será considerada: ( ) a. custo variável de vendas ( ) b. custo fixo ( ) c. custo semi -fixo direto ( ) d. custo variável de produção 21 1.3) O aluguel do imóvel onde está instalada uma indústria sofre reajuste a cada três meses e o custo industrial é anual. Esse custo é classificado como: ( ) a. custo variável ( ) b. custo fixo ( ) c. custo semifixo ( ) d. custo semivariável 1.4) Classifique os eventos descritos a seguir em Investimento (I), Custo Variavel de Vendas (CVV), Custo Variáveis de Produção (CVP) e Custos Fixos (CF): ( ) a. Compra de Matéria-prima ( ) b. Consumo de Matéria-Prima ( ) c. Consumo de energia elétrica na área administrativa ( ) d. Consumo de energia elétrica na área industrial ( ) e. Fretes de entrega ( ) f. Fretes de insumos produtivos ( ) g. Gastos com depreciação da fábrica ( ) h. Gastos com supervisão da linha de produção ( ) i. Leasing (aluguel) de veículos administrativos ( ) j. Gastos com limpeza e conservação da fábrica ( ) k. Consumo de material secundário na fábrica ( ) l. Embalagem consumida na indústria ( ) m. Ociosidade da mão-de-obra ( ) n. Mão-de-obra ( ) o. Consumo de combustível da administração ( ) p. Consumo de combustível dos vendedores ( ) q. Salários do pessoal administrativo ( ) r. Aquisição de máquinas ( ) s. Comissões proporcionais às vendas ( ) t. ICMS ( ) u. PIS/COFINS ( ) v. Simples Federal ( ) w. Material de Expediente ( ) x. Manutençao de Equipamento da Fabrica ( ) y. Aluguel do Imovel ( ) z. Seguro do Imovel 1.5) A empresa “Faz de Conta S.A.”, que atua no setor de serviços para animação de festas, desembolsou um gasto de $5.000,00 com a compra de uma máquina de bolhas de sabão e $1.000,00 com gasto de propaganda, através da impressão de panfletos. Tais gastos são considerados, respectivamente. Escolher uma resposta. ( ) a. Investimento e custo variável de vendas. ( ) b. Investimento e custo fixo ( ) c. Custo variável de produção e investimento. ( ) d. Investimento e Custo Variavel de Produção. ( ) e. Ambos são custos fixos 22 1.6) A empresa “Simulada Ltda”, uma indústria do segmento metalúrgico, adquiriu dia $100.000,00 em máquinas e equipamentos, pagando $5.000,00 de seguro pelos bens adquiridos. Tais gastos são considerados, respectivamente: ( ) a. Investimento e custo variável de vendas. ( ) b. Investimento e custo fixo ( ) c. Custo variável de produção e investimento. ( ) d. Investimento e Custo Variavel de Produção. ( ) e. Ambos são custos fixos 1.7) Devem ser classificados como custo de produção os itens: ( ) a. Matéria-prima, mão-de-obra, honorários da diretoria. ( ) b. Honorários contábeis, fretes de vendas e seguros. ( ) c. Seguros e material direto. ( ) d. Matéria-prima, manutenção de Equipamento da fabrica, energia elétrica. ( ) e. Salário da administração, material direto, perdas. REFERÊNCIAS DA UNIDADE I BORNIA, Antonio Cezar. Mensuração das Perdas dos Processos Produtivos: Uma Abordagem Metodológica de Controle Interno. Florianópolis, 1995 Tese (Doutorado), Universidade Federal de Santa Catarina. FERREIRA, José Angelo. Custos Industriais. São Paulo: Editora STS, 2007. LEONE, George Guerra. Custos um Enfoque Administrativo. Rio de Janeiro. Editora da FGV, 1992. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1995. 23 UNIDADE II Gestão Estratégica de Custos Objetivos de Aprendizagem • Entender os conceitos básicos do Custo Volume Lucro (CVL) • Aprender como determinar o ponto de equilíbrio utilizando o Custo Volume Lucro • Usar o CVL para o planejamento de custos • Compreender como aplicar a CVL para analise dos direcionadores de custos • Aprender a distinguir entre margem de contribuição e margem bruta • Utilizar o CVL na analise de custos e preço dos produtos Plano de Estudo • Utilizando a Analise Custo Volume Lucro para tomada de decisão • Planejamento do Custo e Analise Custo Volume Lucro • Efeito do Mix de Vendas no Lucro 24 INTRODUÇÃO O mercado brasileiro está em constante mudança, cada vez mais ágil, moderno e disputado. Podemos afirmar que hoje o mercado brasileiro é mais dinâmico. Este dinamismo que vemos hoje teve o seu gatilho no início da década de 90 quando o mercado brasileiro foi aberto para a globalização permitindo que empresas estrangeiras se instalasse no país e quando que diversos outros produtos e serviços chegassem as casas dos brasileiros. Este mercado mais dinâmico tornou a tarefa de empresários e gestores de empresa cada vez mais difíceis, pois, toda decisão, desde então, deve ser tomada observando o mercado e mensurando os seus efeitos no faturamento e no lucro da empresa. Com a vinda de novos produtos e concorrentes para o mercado nacional a necessidade de investimentos em estrutura qualificação e propaganda começou a crescer, e ser elevada em consideração já a partir da escolha do Mix de Produtos da empresa, como também na formação do preço de venda e dos custos dos produtos. Para otimizar os resultados da empresa e conseguir prever os efeitos de cada decisão ou movimento de mercado dentro das empresas, surgi a necessidade de uma ferramenta que avalie a proporção entre preço de venda, custos, volume de produção e vendas e a rentabilidade da empresa, ou seja, o tão precioso lucro. A ferramenta que possui essa função é denominada de Análise Custo/Volume/Lucro ou Análise CVL, entrega informações de suma importância para empresários e gestores das empresas, os permitindo tomarem decisões é mensurando o impacto no faturamento e lucro a serem obtidos com cada mudança do mercado ou planejamento e estratégias tomadas. Nesta unidade iremos verificar que a análise CVL reúne conceitos de três outros elementos da gestão de custos que são a Margem de Contribuição, o Ponto de Equilíbro e por fim a Margem de Segurança. Através da análise conjunta destes elementos e atribuindo cenários e perspectiva de resultados e lucros a análise CVL permite ao gestor de custos prever o impactos das suas decisões nos demonstrativos de resultado projetados e assim tomar decisões como a melhor escolha do Mix de Produtos que a empresa irá trabalhar 25 TÓPICO 2.1 - Utilizando a Analise Custo Volume Lucro (CVL) para Tomada de Decisão Esta unidade examina uma das ferramentas mais básicas e importantes para a gestão de custos e tomada de decisão: o Custo Volume Lucro. A Análise CVL (Custo - Volume - Lucro) envolve os conceitos de Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e Margem de Segurança. #REFLITA# “A análise do CVL é uma ferramenta valiosa para calcular o impacto de preços, custos e volume sobre o lucro operacional. Uma importante dimensão do trabalho da administração é gerenciar cada variável que afeta o lucro operacional, para aumentar a lucratividade da companhia” (MAHER, 2003, p.36). #REFLITA# Segundo Ferreira (2007), a Margem de Contribuição representa o valor que a unidade de um produto produzido e comercializado pela empresa, deduzidos seus custos variáveis, contribui para pagar os custos fixos da operação. Em relação ao Ponto de Equilíbrio, Bornia (1995), define como o nível de atividade no qual o valor das vendas totais se iguala os custos totais, fazendo com que a empresa não obtenha lucro e nem sofra prejuízos. Portanto o Ponto de Equilíbrio é o volume de operações que gera lucro igual a zero. Para Ferreira (2007) a Margem de Segurança que consiste o total das vendas que excede o ponto de equilíbrio, demonstrando o quanto as vendas podem sofrer de queda sem com isso realizar prejuízos. #FATOS E DADOS# No estado de Santa Catarina entre Itajaí e Barra Velha, ao longo da BR 101, em março de 2013 estavam instalados 11 postos revendedores, tendo estes um potencial expressivo na venda de óleo diesel, representando 19,4% de todo no estado. 26 Os proprietários dos postos revendedores estavam encontrando dificuldades na gestão dos custos das operações e através de uma consultoria do Sebrae, aprenderam como aplicar a Analise CVL, visto que são constantes as oscilações de preços, motivadas principalmente pelo ônus tributário, possibilitando assim otimizar o desempenho das organizações que dirigem, conseguindo assim diminuir o elevado índice de mortalidade empresarial do setor. #FATOS E DADOS# Além da utilização do CVL, para determinar o Ponto de Equilíbrio e a quantidade de vendas necessária para atingir determinado lucro operacional, a analise CVL pode orientar os gestores para outras decisões como apresentaremos a seguir. 1) Decisão sobre Investimento em Propaganda Para melhor compreendermos a utilização da CVL, tomemos com exemplo a empresa CAMISARIA CORTE CERTO LTDA, supondo que a empresa esteja projetando uma venda de 150 camisas em uma feira de exposição na qual participa, visando obter um lucro de $ 1.500,00. A diretora de vendas da CAMISARIA CORTE CERTO LTDA é procurada pela empresa de Publicidade VENDE TUDO, que está coordenando as negociações nesta feira. A VENDE TUDO, oferece a veiculação de uma propaganda sobre a empresa em um caderno especial do evento. A propaganda custará $ 1.000,00. Este custo será fixo, não sofrendo qualquer alteração, independente ao número de camisas que a empresa vender neste evento. A diretora de vendas tem como expectativa, que a propaganda aumentará sua venda para 180 camisas. Analisando a tabela a seguir, é possível decidir se a empresa deve ou não investir nesta propaganda: 150 camisas vendidos sem propaganda 180 camisas vendidos com propaganda Diferença (1) (2) (3) = (2) – (1) Margem de Contribuição ( $ 30 ) $ 4.500,00 $ 5.400,00 $900,00 Custos Fixos $ 3.000,00 $ 4.000,00 $ 1.000,00 Lucro Operacional $ 1.500,00 $ 1.400,00 $ (100,00) Fonte: Adaptado de Ferreira (2007). 27 2) Decisão para Redução no Preço de Vendas A análise do CVL orienta também na decisão sobre reduzir ou não o preço de um produto, provocando o aumento no volume de vendas e consequentemente a receita da empresa. Tome-se com exemplo CAMISARIA CORTE CERTO LTDA., supondo-se que a empresa decida em reduzir o preço de venda unitário da camisa para $ 85,00 com base em uma redução de custos obtida pela fabrica de $ 70,00 para $ 65,00. A gerente de vendas acredita que com a redução no preço de $ 100,00 para $ 85,00, será possível vender 180 camisas sem precisar investir em propaganda, já que este gasto se mostrou inviável. Com base na analise do CVL tem-se: Fonte: Adaptado de Ferreira (2007). Conclui-se que: Margem de Contribuição após redução de preço para $ 85,00: ($ 85 - $ 65) x 180 $ 3.600,00 Margem de Contribuição para preço normal $ 100,00: ($ 100- $ 70) x 150 $ 4.500,00 Aumento/queda da margem de contribuição coma redução de preços $(900,00) Conclui-se que: Analisando a coluna da Diferença(3), chega-se a conclusão de que se a empresa fizer o anúncio proposto pela agência de propaganda, a margem de contribuição aumentará em $ 900,00, porém os custos fixos, aumentarão em $ 1.000,00, reduzindo o lucro operacional da empresa para um prejuízo de $ 100,00. Ao investir na propaganda, o prejuízo da empresa será de $ 100,00. Desta maneira, a CAMISARIA CORTE CERTO LTDA não deve anunciar neste caderno especial do evento. Mesmo com o aumento nas unidades vendidas em 30 peças, a redução de preços provoca a diminuição na margem de contribuição total, reduzindo consequentemente o lucro operacional da empresa, já que, os custos fixos permanecem os mesmos, demonstrando a inviabilidade desta estratégia. 28 Preço $ 100,00 Preço $ 85,00 ($ 100,00 - $ 70,00) x 150 ($ 85,00 - $ 65,00) x 180 Margem de Contribuição $ 4.500,00 $ 3.600,00 Custos Fixos $ 3.000,00 $ 3.000,00 Lucro Operacional $1.500,00 $600,00 Fonte: Adaptado de Ferreira (2007). 3) Análise de Sensibilidade e Incerteza Antes de decidir por uma alternativa, os gestores frequentemente se orientam pela Analise Sensitiva. Segundo Ferreira (2007), a Análise Sensitiva é a técnica que os gestores utilizam para examinar como os resultados se comportariam se uma das hipóteses iniciais sofressem alteração. No contexto da analise CVL, a analise sensitiva responde algumas questões como: Para o autor, o uso de planilhas eletrônicas possibilita aos gestores que utilizarem a técnica da Análise Sensitiva de uma maneira sistemática e eficiente. Com o recurso de planilhas eletrônicas, os gestores podem facilmente conduzir a análise para examinar os efeitos e iterações das mudanças nos preços de venda, nos custos variáveis, nos custos fixos e na projeção do lucro operacional. • Qual seria o lucro operacional se houvesse uma queda de 5% nas vendas inicialmente projetadas? • Qual seria o lucro operacional se os custos variáveis unitários aumentassem em 10%? 29 #ATENÇÃO# A margem de segurança pode responder, por exemplo, a seguinte questão: Em quanto podem cair às vendas antes de a empresa atingir seu ponto de equilíbrio? #ATENÇÃO# Como apontado por Kaplan e Atkinson (1989), muitas decisões gerenciais requerem a análise do comportamento de custos e lucros em relação as suas expectativas do volume de vendas, sendo que a maior incerteza, não está relacionada com custos e preços dos produtos, mas com a quantidade a ser vendida. A Análise de Custo/Volume/Lucro, torna possível analisar os efeitos das mudanças nos volumes de vendas e na consequente lucratividade da organização. A competitividade cada vez mais acirrada no mundo dos negócios tem conduzido os gestores na busca por soluções acertadas que possibilitem otimizar os resultados melhorando a obtenção de lucros. Quando a concorrência é grande, preços competitivos são uma boa maneira de atrair e cativar clientes. Tome-se como exemplo uma planilha da simulação da Analise de Sensibilidade da CAMISARIA CORTE CERTO LTDA, para diferentes hipóteses de lucro, custos variáveis e custos fixos: Planilha de Análise do CVL da CAMISARIA CORTE CERTO LTDA. Custo Receita Necessária, com um Preço de Venda Variável de $ 100,00 para obter o lucro de: Custos Fixos Unitario 0,00 1.500,00 2.000,00 3.000,00 70,00 10.000,00 15.000,00 16.666,67 20.000,00 3.000,00 85,00 20.000,00 30.000,00 33.333,33 40.000,00 95,00 60.000,00 90.000,00 100.000,00 120.000,00 70,00 11.666,67 16.666,67 18.333,33 21.666,67 3.500,00 85,00 23.333,33 33.333,33 36.666,67 43.333,33 95,00 70.000,00 100.000,00 110.000,00 130.000,00 70,00 13.333,33 18.333,33 20.000,00 23.333,33 4.000,00 85,00 26.666,67 36.666,67 40.000,00 46.666,67 95,00 80.000,00 110.000,00 120.000,00 140.000,00 Fonte: Ferreira (2007). Ao utilizar uma planilha, a empresa pode visualizar de maneira fácil e rápida, a necessidade de receita. Se praticar o preço de venda unitário de $ 100,00 por camisa, obtendo diferentes lucros operacionais considerando os vários níveis de custos fixos e custos variáveis da empresa. #ATENÇÃO! # A análise da sensibilidade possibilita ao gestor projetar cenários positivos ou não, caso uma expectativa prevista não se realize. Outra possibilidade é o calculo dos resultados operacionais diante de uma expectativa de queda ou aumento de receitas e despesas. #ATENÇÃO! # 30 Com um custo fixo de $ 3.000,00 e um custo variável unitário de $ 85,00 por unidade de camisa, seria necessário uma receita de $ 20.000,00 para que a empresa opere no equilíbrio (lucro operacional igual a zero). Mantendo as mesmas condições de custos fixos e variáveis, para que a empresa obtenha um lucro operacional de $ 3.000,00, é necessário uma receita de $ 40.000,00. A empresa pode também simular, qual será a receita necessária (no exemplo dado $ 80.000,00), para alcançar o ponto de equilíbrio caso o custo fixo (aluguel do estande da feira) aumentar para $ 3.500,00 e os custo variáveis subirem para $ 95.00 a unidade. Um dos aspectos mais importante da analise da sensibilidade é à margem de segurança. A margem de segurança é a quantidade vendida menos o ponto de equilíbrio. #SAIBA MAIS# Saiba mais sobre Análise de Sensibilidade com o artigo: A Análise De Custo/Volume/Lucro Como Ferramenta Gerencial Para Tomada De Decisão: Um Estudo De Caso Em Uma Indústria Química Do Sul De Santa Catarina, acessando o link: http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/00004C/00004CE3.pdf #SAIBA MAIS# Como exemplo do cálculo da margem de segurança, consideremos que os custos fixos da C&C Ltda. sejam de $ 3.000,00, o preço de venda unitária da camisa $ 100,00, os custos variáveis unitários por unidade $ 70,00. Para 150 unidades vendidas, a receita será de $ 15.000,00 e o lucro operacional $ 1.500,00 e o ponto de equilíbrio é de 100 unidades ou $ 10.000,00. A margem de segurança é de $ 5.000,00 ( $ 15.000, 00 - $ 10.000,00) ou 50 camisas ( 150 – 100 camisas). Isto é, a empresa pode ter uma queda de vendas de 50 camisa que ainda permanecerá em equilíbrio (lucro igual a zero). # MINI CASO# Análise Custo/Volume/Lucro aplicada a Reran Sorvetes A empresa Reran Sorvetes tem como atividade principal a produção e comercialização de alimentos congelados. A empresa está situada na cidade de Armazém (sul de Santa Catarina), distante aproximadamente 200 km de Florianópolis. Pelas suas características pode ser considerada uma microempresa, contando com o trabalho dos dois sócios e de apenas um funcionário, ocupando área física de apenas 81 (oitenta e um) metros quadrados. A produção abrange um rol de cerca de quarenta produtos distintos, dispersos nas linhas “Picolés”, “Sorvetes”, “Potes 2 litros”, “Potes 750ml” e “Potes 10 litros”. Para executar a Análise de Custos/Volume/Lucro desejada foram empregados procedimentos visando o levantamento dos dados necessários. Nesta direção, após 31 exame dos controles internos e de entrevistas com os responsáveis pelos setores da empresa, foram coligidas as seguintes informações: a) custo de compra das matérias-primas; b) consumo de cada matéria-prima por unidade de cada tipo de produto fabricado; c) custo total com matérias-primas por unidade de cada produto; d) determinação dos percentuais incidentes sobre o preço de venda, como tributos, comissões, etc; e) obtenção dos preços de vendas praticados por produto comercializado. Em seguida, passou-se ao cálculo dos fatores envolvidos na Análise CVL, ou seja, calculou-se a margem de contribuição unitária dos produtos, a margem de contribuição total em função do volume mensal comercializado, o ponto de equilíbrio (em unidades e em valor) e a margem de segurança. Ao confrontar a margem de contribuição proporcionada por cada produto fabricado com o respectivo tempo de produção, foi possível aferir a “Rentabilidade do produto pelo fator de restrição (tempo gasto)”. Ou seja, considerando como fator de restrição da capacidade produtiva o tempo de fabricação de cada unidade determinou-se quais os produtos deveriam ser produzidos prioritariamente em cada linha comercializada. O CVL como ferramenta gerencial há muito vem sendo considerada pela literatura técnica pertinente como pródiga em ofertar subsídios decisoriais consistentes aos gestores. Conforme evidenciado, sua aplicabilidade é perfeitamente possível também em organizações industriais de pequeno porte, como a empresa mencionada nesta pesquisa. Assim, é pertinente que os administradores e contadores ligados às empresas de pequeno porte tentem entender e aplicar os conceitos abrangidos pela Análise Custos/Volume/Lucro em tais organizações, como forma de otimizar o desempenho das mesmas, tendo assim, melhores condições para evitar ou diminuir as dificuldades de gerenciamento das atividades financeiras que levam diversas empresas à falência pouco tempo depois de iniciadas. #MINI CASO # #ATIVIDADE DE AUTOESTUDO# Assinale a alternativa correta: 1) A Margem de Contribuição é a diferença entre receita e: a) Custos fixos b) Lucro Operacional c) Custos variáveis 2) Um dos aspectos mais importante da análise de sensibilidade é: a) Margem de Contribuição b) Lucro Operacional c) Ponto de Equilíbrio d) Margem de Segurança 32 3) A análise do CVL é uma ferramenta valiosa para calcular o impacto de preços, custos e volume sobre: a) Margem de Contribuição b) Lucro Operacional c) Ponto de Equilíbrio d) Margem de Segurança #ATIVIDADE DE AUTOESTUDO# #RECAPITULANDO# • Usar a Análise CVP requer pressupor que os custos ora são fixos ora variáveis em relação a quantidade vendida e que há uma linearidade entre receitas e custos; • A Análise CVP auxilia os gestores a entender o comportamento do custo total, das receitas totais e do lucro e as mudanças que ocorrem nos preços, custos fixos e custos variáveis; • Na tomada de decisão os gestores usam a Analise CVP para comparar margem de contribuição e custos fixos em diferentes alternativas; • Margem de Contribuição é receita menos custos variáveis. #RECAPITULANDO# 33 TÓPICO 2.2 - Planejamento do Custo e Análise A análise do Custo Volume Lucro destaca os riscos e retornos de uma estrutura de custos de uma organização, auxiliando os gestores a fazerem considerações sobre estruturas alternativas de custos. Estruturas Alternativas de Custo entre Custo Fixo e Custo Variável Ao considerar a CAMISARIA CORTE CERTO LTDA. como exemplo, que pagou $ 3.000,00 pelo aluguel do estande. Supondo que os organizadores houvessem oferecido a empresa três diferentes alternativas de locação do espaço: ü Opção 1: $ 3.000,00 taxa fixa ü Opção 2: $ 1.800,00 taxa fixa mais 10% de comissão sobre as receitas ü Opção 3: 25% de comissão sobre as vendas sem taxa fixa. Ao projetar uma venda de 150 camisas, faz-se necessário analisar qual o impacto de cada opção sobre o lucro e qual o risco que cada opção oferece. Tabela CVL Para Opções de Aluguel do Estande Opção 1 Opção 2 Opção 3 Receita Total ( $ 100,00 o par ) Custos Variáveis $ 15.000,00 $ 10.500,00 $ 15.000,00 $ 12.000,00 $ 15.000,00 $ 14.250,00 Margem de Contribuição $4.500,00 $3.000,00 $ 750,00 Custo Fixo (locação do estande) $3.000,00 $ 1.800,00 $0,00 Lucro Operacional da Feira $1.500,00 $ 1.200,00 $ 750,00 Ponto de Equilíbrio ($) $ 10.000,00 $9.000,00 $0,00 Ponto de Equilíbrio (un) 100 90 0 Como pode ser observado na tabela acima, apesar de propiciar um lucro maior, ao optar pela Opção 1 a empresa corre também um risco maior, pois a necessidade de venda para atingir o Ponto de Equilíbrio é de 100 camisas, já na Opção 2 será necessário vender 90 camisas, enquanto que na Opção 3, por não ter o custo fixo do aluguel do Estande, o Ponto de Equilíbrio é igual a zero. 34 Se o numero de unidades vendidas caírem para 90 camisas, a empresa trabalharia com prejuízo na Opção numero 1, pois a margem de contribuição não cobriria o custo fixo do aluguel do estande, a Opção 2 daria lucro igual a zero, porém cobriria o valor do aluguel e a Opção 3 daria lucro de $ 450,00, pois não tem o custo do aluguel. FATOS & DADOS Atualmente, os mercados seguradores brasileiros e mundiais passam por inúmeros desafios. Como exemplo, no Brasil, podemos citar os níveis de fraude em sinistros, as dificuldades do seguro saúde e o aumento do grau de competição. Em um estudo feito no final de 2013 em seguradoras nacionais concluíram que, de um modo geral, as seguradoras brasileiras têm taxas de rentabilidade maiores que as internacionais, pois, por o capital ser mais escasso em nossa economia, além do maior risco associado, as empresas devem ter alguma compensação. Porém, o que observa-se de mais interessante neste estudo, é que tal ganho não ocorre nem tanto pela maior margem líquida das operações, mas sobretudo pelo maior nível de alavancagem das companhias nacionais. Ou seja, em uma linguagem “menos teórica”, aqui, de cada “Real” de seguro vendido, as seguradoras brasileiras têm obtido de lucro o mesmo que uma internacional. A diferença é que a venda no Brasil pode ser realizada com menor capital. Fonte: http://www.sincor.org.br/conteudoPortugues/modeloInternaSemMenu.aspx?codConte udo=283 FATOS & DADOS Empresas com custos fixos altos, como o da Opção 1 por exemplo, possuem um alto grau de alavancagem. Como resultado, um aumento nas vendas gera lucros maiores, já uma queda nas vendas podem causar prejuízo operacional. O nível de alavancagem pode ser medido pela divisão da margem de contribuição pelo lucro operacional: A análise do risco-retorno das alternativas estruturas de custos é chamada de alavancagem da operação. O grau de alavancagem da operação descreve os efeitos que os custos fixos causam, quando a margem de contribuição diminui com a queda nas vendas (FERREIRA, 2007). 35 Opção 1 Opção 2 Opção 3 Margem de Contribuição unitária $80,00 $ 50,00 $ 30,00 Margem de Contribuição venda 40 camisas $ 3.200,00 $ 2.000,00 $ 1.200,00 Lucro Operacional da Feira $1.200,00 $ 1.200,00 $ 1.200,00 Grau de Alavancagem da Operação 2,67 1,67 1,00 Como podemos observar na tabela acima, para uma venda de 40 camisas, a margem de contribuição é de 2,67 vezes o lucro operacional na Opção 1, já na Opção 2 é de 1,67 vezes e na Opção 3 é de 1,00 vez. Se considerarmos, por exemplo, um aumento nas vendas na ordem de 50%, de 40 para 60 camisas, a margem de contribuição aumentará em 50% para cada opção apresentada. O lucro operacional, porém aumentará 2,67 x 50% = 133% (de $ 1.200,00 para$ 3.600,00) na Opção 1, mas somente 1,00 x 50% = 50% na Opção 3 (de $ 1.200,00 para $ 1.800,00). #SAIBA MAIS# Saiba mais sobre Grau de Alavancagem, acessando o link: https://docs.google.com/viewer?url=http://jeffersonmgmendes.com/Eng_economica/E ngecon_09_alavancagem_financeira.pdf #SAIBA MAIS# Efeitos do Horizonte de Tempo Um tema importante na análise Custo Volume Lucro, é que os custos podem ser classificados em determinados momentos como custos fixos e em outros como custos variáveis ( FERREIRA, 2007). Esta classificação sofre o efeito do intervalo de tempo que for considerado na tomada de uma decisão, já que no curto prazo uma boa parte dos custos podem ser considerados como fixos. Tomemos como exemplo um avião de passageiros vai partir em 30 minutos e tem ainda 30 lugares vagos, e um passageiro em potencial chega com uma transferência de passagem de outra companhia aérea concorrente. Quais serão os custos variáveis para a empresa aérea? Provavelmente uma refeição a mais, o que representará muito pouco. Podemos considerar neste caso que todos os custos da 36 decisão de levar este passageiro podem ser considerados como fixos. Agora suponha que a empresa aérea esteja se decidindo por incluir uma nova cidade as suas rotas, neste caso, a maioria dos custos que incidirão poderão ser considerados como variáveis e poucos custos classificados como fixos. Este exemplo nos mostra, que definir os custos como realmente fixos, depende muito da área de atuação da empresa, do horizonte do tempo em análise e da situação especifica a se decidir. Horngren (2003), explica que a Análise CVL é uma das mais utilizadas ferramentas de gestão, já que através desta análise, é possível examinar o comportamento das receitas e custos totais, como também, dos resultados das operações decorrentes de mudanças ocorridas nos níveis de vendas, preços, custos variáveis unitários e custos fixos. Em geral, os gestores, utilizam esta análise como uma ferramenta para auxilia- los a responder questões que envolvam expectativas futuras de lucratividade se houverem modificações nos preços de venda, nos custos e no volume vendido. #ATIVIDADE DE AUTOESTUDO# Assinale se verdadeira ou falsa: 1) Análise CVL é uma das mais utilizadas ferramentas de gestão, já que através desta análise, é possível examinar o comportamento das receitas e custos totais da empresa. a) Verdadeira b) Falsa 2) A Análise CVL possível examinar o comportamento das receitas e custos totais, como também, dos resultados das operações decorrentes de mudanças ocorridas nos níveis de vendas, preços, custos variáveis unitários e custos fixos. a) Verdadeira b) Falsa 3) Empresas com custos fixos altos, não possuem um alto grau de operação de alavancagem. a) Verdadeira b) Falsa 4) Empresas com alto grau de alavancagem se aumentarem suas vendas geram lucros maiores, já uma queda nas vendas podem causar prejuízo operacional. a) Verdadeira b) Falsa 5) Um tema importante na análise Custo Volume Lucro, é que os custos não podem ser classificados em determinados momentos como custos fixos e em outros como custos variáveis. a) Verdadeira b) Falsa #ATIVIDADE DE AUTO ESTUDO# 37 #RECAPITULANDO# • A análise do Custo Volume Lucro, destaca os riscos e retornos de uma estrutura de custos de uma organização; • A análise do Custo Volume Lucro, auxilia os gestores a fazerem considerações sobre estruturas alternativas de custos; • A análise do risco-retorno das alternativas estruturas de custos é chamada de alavancagem da operação; • O grau de alavancagem da operação descreve os efeitos que os custos fixos causam, quando a margem de contribuição diminui com a queda nas vendas; • Análise CVL é uma das mais utilizadas ferramentas de gestão, já que através desta análise, é possível examinar o comportamento das receitas e custos totais da empresa. #RECAPITULANDO# 38 TÓPICO 2.3 - Análise do Ponto de Equilíbrio (Break-Even) O Ponto de Equilíbrio, conhecido também como Ponto de Ruptura é a conjunção dos custos totais com as receitas totais. Deste modo, os custos e despesas fixas seriam totalmente absorvidos e partir daí, a empresa inicia seu retorno do investimento com a obtenção de lucro. Segundo Ferreira (2007), o Ponto de Equilíbrio ou break even point, aponta a necessidade mínima de faturamento que a empresa precisa alcançar para fazer face as suas despesas operacionais. Para Martins (2003, p. 257), o Ponto de Equilíbrio indica a capacidade mínima que a empresa deve operar para não ter prejuízo. É, portanto, a relação entre o volume de vendas e a lucratividade, determinando o nível de vendas necessário para cobrir os custos operacionais. Ou ainda, é o ponto em que a empresa se equilibra, servindo também para mostrar a magnitude dos lucros ou perdas da empresa se as vendas ultrapassarem ou caírem para um nível abaixo desse ponto. #FATOS E DADOS# No ano de 2012, preocupada com a queda na rentabilidade, A Agrovel, empresa de pequeno porte no ramo de agronegócio, fabricante de componentes para implementos agrícolas, estabelecida no interior paulista há treze anos e com vinte funcionários, decidiu por implantar a ferramenta de análise do Ponto de Equilíbrio para direcionar suas metas de vendas. Foi apurado que o ponto de equilíbrio da empresa era de R$ 64.000,00, o que correspondia a 92% do faturamento médio da empresa. De posse desta informação, os dirigentes da empresa puderam visualizar que a venda media da empresa era insuficiente para atingir os objetivos de retorno esperado e puderam então, direcionar seus esforços para aumentar seu faturamento visando assim a melhora nos resultados. #FATOS E DADOS# Podemos analisar o Ponto do Equilíbrio sobre três aspectos: Ponto de Equilíbrio Financeiro, Contábil e Econômico (FERREIRA, 2007, p.37): Ponto de Equilíbrio Financeiro avalia a necessidade mínima de faturamento da empresa sem considerar a depreciação, visto que, a depreciação não representa uma saída de caixa. É o resultado da divisão dos Custos Fixos (CF), menos a depreciação pela Margem de Contribuição (MC), multiplicado pela Receita Sobre Vendas (RSV): PEF = [(CF - Depreciação) / MC] x RSV 39 Exemplo: No exemplo acima, para que a empresa atinja o equilíbrio financeiro, isto é, faça frente as suas despesas operacionais menos a depreciação, será necessário um faturamento de $ 60.000,00. Ponto de Equilíbrio Contábil avalia a necessidade mínima de faturamento da empresa considerando a depreciação do imobilizado. É o resultado da divisão dos Custos Fixos totais pela Margem de Contribuição, multiplicado pela Receita Sobre Vendas. Exemplo: No exemplo acima, para que a empresa atinja o equilíbrio contábil, isto é, faça frente as suas despesas operacionais incluindo a depreciação, será necessário um faturamento de $ 66.666,66. #ATENÇÃO# Vale lembrar que em qualquer atividade que envolver tomada de decisão, estará presente riscos e incertezas. Sendo assim, os resultados esperados de decisões sobre o nível mínimo de vendas apontadas pela análise do Ponto de Equilíbrio, também estão sujeitos a variações. PEC = (CF / MC) x RSV Calculando PEF: PEF = [(CF - Depreciação) / MC] x RSV PEF = [(20.000,00 – 2.000,00) / 30.000,00] x 100.000,00 PEF = 60.000,00 PEF = 60.000,00 Calculando PEC: PEC = (CF / MC) x RSV PEC= (20.000,00 / 30.000,00) x 100.000,00 PEC = 66.666,66 PEF = 60.000,00 40 #ATENÇÃO# Ponto de Equilíbrio Econômico avalia a necessidade mínima de faturamento da empresa considerando a depreciação mais a remuneração do Capital dos sócios ou acionistas. É o resultado da divisão dos Custos Fixos totais mais o Custo da Oportunidade pela Margem de Contribuição, multiplicado pela Receita Sobre Vendas. Neves (1982) considera que o custo de oportunidade representa as oportunidades de remuneração sobre um investimento externo acessível à empresa, sendo assim visto como a remuneração de um investimento alternativo que poderia ser obtido pela empresa. Para Ferreira (2007, p.41), o custo da Oportunidade corresponde a uma remuneração mínima do capital investido pelos sócios ou acionistas, comparada a uma remuneração que seria obtida aplicando este capital no mercado financeiro (CBD, RDB, Poupança, etc.). É o lucro mínimo almejado pelo empresário. Exemplo Calculando CO: • Patrimônio Líquido (PL): R$ 400.000,00 • Remuneração CDB: 2% ao mês Calculando: CO = PL x Taxa de Aplicação CO = 400.000,00 x 2% No exemplo acima, para que a empresa atinja o equilíbrio econômico, isto é, faça frente as suas despesas operacionais incluindo a depreciação e remunere seu Patrimônio Liquido a uma taxa mínima de atratividade de 2% ao mês, será necessário um faturamento de $ 93.333,33. CO = PL x Taxa de Aplicação CO = 8.000,00 Calculando PEE: PEE = [(CF + CO) / MC] x RSV PEE = [(20.000,00 + 8.000,00) / 30.000,00] x 100.000,00 PEE = 93.333,33 PEF = 60.000,00 41 Ponto de Equilíbrio em Quantidade (PEq): é a quantidade mínima de produtos que a empresa necessita produzir e vender para fazer frente as suas despesas operacionais. É o resultado da divisão dos Custos Fixos totais pela Margem de Contribuição Média, do mix de produtos fabricados pela empresa. Exemplo: Preço Venda Médio = 100,00 Custos Variáveis Totais = 60,00 MC Média = PV (médio) – CVT MC Média = 100,00 – 60,00 MC Média = 40,00 No exemplo acima, para que a empresa atinja o equilíbrio em quantidade física, isto é, faça frente as suas despesas operacionais incluindo a depreciação será necessário produzir e vender 500 unidades de seu produto. #ATIVIDADE DE AUTOESTUDO# Assinale a Alternativa Correta: Sabendo que: Custos Fixos -800.000 Custo Variável Unitário (Vendas + Produção) -300,00 Preço Unitário -700,00 1) O ponto de equilíbrio é igual a: a. ( ) 2.000 unidades. b. ( ) 1.000 unidades. c. ( ) 2.500 unidades. d. ( ) 1.200 unidades 2) A receita total do ponto de equilíbrio é de: a. ( ) 1.000.000 b. ( ) 300.000 c. ( ) 1.400.000 d. ( ) 1.250.00 3) O lucro, no ponto de equilíbrio, é de: a. ( ) zero. b. ( ) 400.000 c. ( ) 500.000 d. ( ) 300.000 PE(q) = (CF / MC unit) Calculando PE(q): PE(q) = (CF / MC unit) PE(q) = (20.000,00 / 40,00) PE(q) = 500 un. PEF = 60.000,00 42 #RECAPITULANDO • O Ponto de Equilíbrio, conhecido também como Ponto de Ruptura é a conjunção dos custos totais com as receitas totais, ,apontando a necessidade mínima de faturamento que a empresa precisa alcançar para fazer face as suas despesas operacionais. • Podemos analisar o Ponto do Equilíbrio sobre três aspectos: Ponto de Equilíbrio Financeiro, Contábil e Econômico. • Ponto de Equilíbrio Financeiro avalia a necessidade mínima de faturamento da empresa sem considerar a depreciação, visto que, a depreciação não representa uma saída de caixa. • Ponto de Equilíbrio Contábil avalia a necessidade mínima de faturamento da empresa considerando a depreciação do imobilizado. • Ponto de Equilíbrio Econômico avalia a necessidade mínima de faturamento da empresa considerando a depreciação mais a remuneração do Capital dos sócios ou acionistas. • Ponto de Equilíbrio em Quantidade é a quantidade mínima de produtos que a empresa necessita produzir e vender para fazer frente as suas despesas operacionais. • Qualquer atividade que envolva tomada de decisão, estará presente riscos
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