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Organização dos Poderes Noções Gerais

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ORGANIZAÇÃO DO PODERES
NOÇÕES GERAIS 
1.0 Considerações Gerais
– Quando se fala em organização dos poderes, parte do princípio que o poder é uno e indivisível, o que parece contraditório com o tema a ser estudado “Organização dos Poderes”, na verdade o que se divide são as funções e não o poder. Incorre no mesmo equívoco a constituição federal que ao tratar desse tema define-o como “Organização dos Poderes”.
2.0 A Organização de poderes na Antiguidade
– Na antiguidade, o maior exemplo disso foi a fase da República em Roma, na qual havia a presença do poder executivo (Consulado composto por dois cônsules.), legislativo (Senado, os 100 senadores (patrícios) eram escolhidos pelos cônsules;) e judiciário (Pretores, que eram os juízes).
– Os principais filósofos e pensadores a respeito desse tema foram Aristóteles e Platão,
- (2.1) A Teoria de Aristóteles
– Aristóteles em sua obra “A Política”, em que admitia existir três órgãos separados a quem cabiam as decisões do Estado. Eram eles o poder Deliberativo, o Poder Executivo e o Poder Judiciário.1(http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,separacao-dos-poderes-em-corrente-tripartite,33624.html)
- (2.2) A Teoria de Platão
– Platão, por exemplo, em “A República”, onde podemos visualizar pontos que deixam clara a concepção de uma teoria que consistia em subdividir as funções do Estado de forma que esta não se concentrasse nas mãos de apenas uma pessoa, o que poderia dar ensejo a trágicos fins, uma vez que, como todos sabem, o homem se desvirtua ante a concentração e a não limitação de poder a ele outorgado 2(http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,separacao-dos-poderes-em-corrente-tripartite,33624.html)
3.0 A Organização de poderes na Idade Média
– Na Idade Média, com a ascensão do poder absoluto do rei, quase não houve uma organização (divisão de funções), do poder dentro dos limites do Estado. Em 1576, o francês Jean Bodin (1529-1596), descreve com precisão em sua obra “Os seis livros da República” e teoriza sobre o poder absoluto do rei. Para o autor, esse poder é perpétuo (porque não pode ser revogado) e absoluto (no sentido de não estar submetido nem a controle nem a contrapeso por parte dos outros poderes). 3Mendes, Gilmar ferreira, Branco, Paulo Gustavo Gonet, curso de direito constitucional, 90 edição, pag 40.
- (3.1) A Teoria de Jean Bodin 
– Jean Bodin em sua teoria sobre a organização dos poderes, defende que o rei (monarca), disponha de assuntos de soberania como legislar, declarar guerra e etc, todavia o mesmo deve governa com auxílio de assembleias e de magistrados.
- (3.2) A Teoria de São Tomás de Aquino,
– Para, São Tomás de Aquino, “…Primeiramente, que todos tenham alguma participação no governo, porque, segundo o livro II da Política, existe aí uma garantia de paz civil, e todos amam e guardam uma tal ordenação…” (ST 1a 2ae q.105 a.1)
– Ainda de acordo com São Tomás de Aquino, “…por isso, a melhor organização para o governo de uma cidade ou de um reino é aquela em que à cabeça é posto, em razão de sua virtude, um chefe único tendo autoridade sobre todos. Assim sob sua autoridade se encontra um determinado número de chefes subalternos, qualificados segundo a virtude…”. (ST 1a 2ae q.105 a.1)
4.0 A Organização dos poderes na Modernidade
– Inspirados nos pensadores da antiguidade e da idade média, os teóricos da Idade moderna, os filósofos da Idade Moderna desenvolveram os princípios basilares a respeito da organização dos poderes. São eles, Montesquieu, Kant, Rosseau e Locke.
- (4.1) A Teoria de Kant
– Kant afirma que o Estado, como representação da vontade geral unida, é composto por três pessoas, o soberano, a autoridade executiva e a autoridade judiciária. Estes três poderes do governo agiriam como em um silogismo, sendo a premissa maior a lei estabelecida pela vontade do povo (legislativo), a premissa menor o comando para a obediência da lei (executivo) e a conclusão a sentença dada como direito para o caso em questão,(judiciário).4http://jus.com.br/artigos/9580/o-estado-na-obra-de-kant
– Para Kant, o legislativo é o poder soberano e deve ser exercido somente pela vontade unida do povo, de modo que cada um decida para todos e que todos em conjunto decidam para cada um. Somente deste modo, seria possível um sistema no qual o legislador não possa prejudicar os sujeitos de suas leis, visto que o próprio legislador estará na posição de sujeito.5http://jus.com.br/artigos/9580/o-estado-na-obra-de-kant
- (4.2) A Teoria de John Locke “Two Treatises of Governmente”
– Na era moderna deve-se a Locke a concepção da fórmula de divisão dos poderes como meio de proteção dos valores. Locke parte da ideia de dividir os poderes em 2, em sua teoria porém ele concebe a divisão de poderes a parti de 3 poderes, Poder Legislativo (soberano, pois, emana do povo), Poder Executivo (Execução das leis) e Poder Federativo (gestão administrativa), Locke não fala em Poder Judiciário, sendo o mesmo uma atribuição do Poder Executivo. O autor não vê empecilhos em reunir o Poder Executivo e o Poder Federativo em único poder, por isso sua teoria é conhecida como a teoria dos 2 poderes e não 3.6Mendes, Gilmar ferreira, Branco, Paulo Gustavo Gonet, curso de direito constitucional, 90 edição, pag 42.
- (4.3) A Teoria de Rosseau
– Em sua obra o “Contrato Social”, que publicou em 1762, Rosseau sustenta que o poder soberano pertence diretamente ao povo, pelo pacto social, os indivíduos se transformaram em corpo político, renunciando à liberdade natural, mas com a segurança que os mesmos estariam sendo governados por uma lei genérica, fruto da totalidade do corpo soberano. Rosseau propõem que o mesmo povo que colocou o indivíduo no poder, tenha a legitimidade de retirar o poder o qual o havia delegado.7Mendes, Gilmar ferreira, Branco, Paulo Gustavo Gonet, curso de direito constitucional, 90 edição, pag 42.
- (4.4) A Teoria de Montesquieu “Charles-Louis de Secondat”8Nome verdadeiro do barão de Montesquieu, a palavra “Montesquieu” era um título de nobreza.
– Em sua obra “O Espírito das Leis” parte da premissa de que é necessário que um poder freie outro poder, para isso desenvolve tripartição dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário. O sistema de freios, faz com que a sociedade tenha uma maior segurança jurídica e liberdade.
– Montesquieu também apura o conceito de liberdade política, define-a como a liberdade como poder de fazer tudo o que se deve querer, tudo o que as leis permitem e em não ser constrangido a fazer o que não deve desejar fazer.
5.0 Os Sentidos da Palavra Poder na constituição, um estudo do Professor Carlos Ayres Britto.
- (5.1) Poder como Órgãos
– Esse, primeiro sentido é exposto no artigo 20 da CF, na qual o poder é visto Órgãos da RFB.
– Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
- (5.2) Poder como Função
– Nesse caso o poder traz uma ideia de função ou atribuição, explicitado no artigo 44 e 76 da Carta Maior.
– Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
– Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
(5.3) Poder como Soberania
– Artigo 10 da Constituição Federal
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
6.0 Funções Tipicas e Atípicas dos Poderes no Brasil
(a) Poder Legislativo
– O poder Legislativo tem como função típica, a incumbência de legislar e fiscalizar o poder executivo. É importante salientar que função típica é aquela que é realizada de maneira constante (funções tradicionais)9FERNADES, Bernado Gonçalves, Curso de Direito Constitucional 60 edição, pag.777
– Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: (função legislativa)
– Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta. (função legislativa)
- Art. 58 § 3º – As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. (função fiscalizadora)
– Como função atípica (funções não tradicionais), o poder legislativo, possui a função administrativa e Judiciária.
– Art. 52 I – processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (função atípica judiciária)
– Art. 52 II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; (função atípica judiciária)
– Art. 51 IV e Art.52, XIII - – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (função atípica administrativa).
(b) Poder Executivo
– As funções típicas do poder Executivo são as chamadas funções administrativas (administração da coisa pública), ou seja é a função de execução de políticas públicas, fomento, gerenciamento e desenvolvimento da máquina administrativa.10FERNADES, Bernado Gonçalves, Curso de Direito Constitucional 60 edição, pag.889
– Art. 84. a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (função administrativa)
– As funções atípicas do poder Executivo, são as funções legislativas e a função judiciária, que por sua vez não é definitiva, devida a natureza administrativa, se trata de uma jurisdição lato sensu.11FERNADES, Bernado Gonçalves, Curso de Direito Constitucional 60 edição, pag.889
– Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (função atípica legislativa)
– O a função jurisdicional é disciplina por uma infraconstitucional lei 8112/90 (função atípica judiciária)
(c) Poder Judiciário
– O Poder Judiciário, possui como atividade típica a função jurisdicional, ou seja, a função de dizer o direito dentro dos limites de competência e territoraliedade, já as funções atípicas estão a de legislar (editar portarias, ou até mesmo súmulas vinculantes STF) e administrativa (gestão de seus órgãos).
– Art.96, I, b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; (Função atípica Administrativa)
– Art.96, I, a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; (função atípica legislativa)
12http://arquivos.unama.br/nead/graduacao/cesa/direito/2semestre/tge/html/unidade5/aula1/aula1_page2.html

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