Buscar

modelo-acao-declaratoria-de-inexistencia-de-debito-c-c-repeticao-de-indebito-c-c-danos-morais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE SOLÂNEA - ESTADO DA PARAÍBA
(10 linhas) 
URGENTE – PEDIDO DE LIMINAR
VALDOMIRO PEDRO DA SILVA, brasileiro, casado, portador da cédula de identidade nº 1.138.569 – SSP/PB, inscrito no CPF sob o nº 518.151.414-68, residente e domiciliado na Rua Belísio Pessoa, 09, Centro, Solânea/PB, por intermédio dos seus advogados legalmente constituídos, conforme instrumento procuratório em anexo (doc.01), vem à presença de Vossa Excelência com fundamentos nos arts. 4º do Código de Processo Civil, art. 6.º VI, VII, VIII do Código de Defesa do Consumidor, arts. 186 e 927 do Código Civil e Resoluções 456/200 e 90/01 da ANEEL, propor...
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CANCELAMENTO DE ÔNUS c/c DANOS MORAIS c/c REPETIÇÃO DE INDÉBITO COM PEDIDO DE LIMINAR
em face da ENERGISA S/A – COMPANHIA DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA DA PARAIBA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 09.095.183/0001-40, sito a BR-230, Km 25, Cristo Redentor João Pessoa/PB, CEP: 58.071-680, pelos motivos de fato e direito a seguir delineados. 
I.DO PEDIDO DE GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Consoante o disposto nas Leis 1.060/50 e 7.115/83, o Promovente declara para os devidos fins e sob as penas da lei, ser pobre na forma da lei, não tendo como arcar com o pagamento de custas e demais despesas processuais, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, pelo o que requer desde já, os benefícios da justiça gratuita.
II. DOS FATOS
O promovente é usuário da unidade consumidora devidamente inscrita no CDC n.º 5/1097393-1, conforme depreende-se dos documentos acostados (doc.02), tendo sempre quitado de forma tempestiva seus débitos.
Ademais, ressalte-se que o autor jamais se envolveu em qualquer espécie de conflito com os seus credores, tendo em vista que sempre se pautou segundo os ditames preceituados pelo ordenamento jurídico vigente.
Ocorre Excelência, que no dia 16 de Fevereiro de 2011, o promovente veio a sofrer enorme constrangimento e exposição em decorrência de atitude provocada pela promovida, que enviou funcionários ao imóvel de sua propriedade, com o objetivo de proceder à averiguação no medidor de energia, sem efetuarem nenhuma comunicação a respeito da visita técnica.
Os funcionários da empresa promovida adentraram ao imóvel de propriedade do autor, dirigindo-se de imediato ao contador de energia. Douto Julgador, data vênia, os representantes da promovida deveriam ter efetuado a comunicação da visita com antecedência, mas não, acharam por bem insistir e averiguar, suposta perda de energia na residência.
Ora Excelência, qual a validade legal de uma afirmativa decorrente de atitude unilateral da promovida? Porque a mesma não aguardou, e na presença do autor, procedeu com a referida averiguação?
Ademais, passado pouco mais de 02 (dois) meses, o promovente novamente fora surpreendido pela promovida, ao receber na sua residência uma absurda fatura que lhe cobrara a quantia de R$ 3.587,71 (três mil quinhentos e oitenta e sete reais e setenta e um centavos), referente ao consumo pelo autor no período de 03/2008 a 02/2011 (doc.03), o que se consubstancia uma gritante ilegalidade, haja vista ser de valor praticamente 20 (vinte) vezes superior à média de consumo mensal do autor.
Sendo assim, em se aproximando a data do vencimento da fatura enviada pela promovida para pagamento pelo autor, este não teve outra alternativa, senão, realizar uma confissão de dívida nos termos cobrados e acordados na carta ao cliente, sendo esta dividida em 72 (setenta e dois) parcelas mensais, conforme se constata dos documentos em anexos (doc.04).
Desta feita, analisando-se que não há qualquer fundamentação fática ou jurídica a embasar tal cobrança pela concessionária de energia elétrica, de modo que a mesma se evidencia como totalmente ilegal, não restou outra alternativa ao autor, senão recorrer aos auspícios do Poder Judiciário, de forma a ver tutelado todo o direito que embasa a presente peça postulatória, e desse modo ser ressarcido por todos os danos suportados, quer seja material, quer seja moral, com a evidente e notória exposição e humilhação do promovente perante seus vizinhos e familiares. 
III. DA COAÇÃO SOFRIDA PELO PROMOVENTE PARA ASSINAR O TERMO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA
Embora o contrato seja lei entre as partes, dentro da teoria civilista é cediço que esta empresta sua força para ratificar os acordos de vontade celebrados pelas partes. Os requisitos de validade do negócio impõe ser lícito às partes esperar que do contrato decorram os efeitos previstos, ou seja, que a vontade expressa seja respeitada – se assim não ocorrer – confia-se na lei e no Estado para ver cumprido forçosamente o pactuado. Esta regra atende, um reclamo de segurança nas relações jurídicas da sociedade.
Por outro lado, existe previsão de anulação e nulidade do negócio jurídico, diante da vontade inquinada, quando a manifestação não é expressa de modo espontâneo ou o é, porém de modo turvado, decorrência de circunstâncias internas ou externas que orbitam o negócio; ou ainda quando – a despeito da pudica manifestação – ela ocorre em flagrante prejuízo de direito alheio, o ordenamento lhes atribui a alcunha de negócios nulos ou anuláveis, dependendo da gravidade desta circunstância, estamos a falar de fundamento dos defeitos do negócio e sua consequente nulidade.
Segundo o grande Clóvis Beviláqua, é o emprego de um artifício astucioso para induzir alguém a pratica de um ato negocial que prejudica e aproveita ao autor do dolo ou terceiro . (RT, 161: 276, 187:60, 444:112, 245:547, 522:232 e 602:58. RJTJSP. 137:39).
Assim, constata-se que o promovente ao assinar o termo de confissão de dívida, este o fez, sob forte coação, haja vista que para dá continuidade ao fornecimento do serviço essencial de energia elétrica, teria que efetuar o pagamento e via de consequência assumir os efeitos da irregular inspeção. 
Não tendo outra alternativa a ser feita, o ora promovente assumiu a dívida no montante de R$ 3.587,71 (três mil quinhentos e oitenta e sete reais e setenta e um centavos), a qual foi dividida em 72 (setenta e dois) parcelas mensais de R$ 49,83 (quarenta e nove reais e oitenta e três centavos). 
Ressalte-se pois, que a energia elétrica é um serviço de grande importância, sendo considerado até mesmo indispensável a sociedade, mediante esses preceitos e sob forte coação moral, o promovente necessitando de tal fornecimento, teve que confessar em todos os seus termos a confissão de dívida, o que via de regra, demonstra total IRREGULARIDADE. 
Segundo Maria Helena Diniz, o dolus malus, de que cuida o art 145, é defeito de negócio jurídico, idôneo a provocar sua anulabilidade, dado que tal artifício consegue ludibriar pessoas sensatas e atentas. “Dolus causam dans” ou dolo principal . O dolo principal ou essencial é aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído , acarretando a anulação daquele ato negocial (RT , 226:395 e 254:547)”.
Assim, a coação seria qualquer pressão física ou moral exercida sobre pessoa , bens ou a honra de um contratante para obrigá-lo a efetivar certo ato negocial. (RT, 705:97,619:74. 622:74, 634:107, 557:128. JTACSP, JM, 111:179), caso este dos autos.
Logo, comprova-se que se o autor não assinasse o termo de confissão de dívida, este não poderia em hipótese alguma utilizar os serviços da promovida, ou seja, houve coação para a assinatura do referido termo. 
IV. DO TERMO DE OCORRÊNCIA E INSPEÇÃO
Douto Julgador, faz-se necessário aduzirmos neste tópico que o termo de ocorrência e inspeção que fora lavrado pelos representantes da promovida quando da prática de todo o ato abusivo e ilegal ora debatido.
De início, é importante deixar evidenciado a Vossa Excelência que o medidor de energia que se encontrava em uso na residência do promovente tinha sido instalado pela própria promovida, haja vista que o mesmo fora posto na longínqua década de 90, tendo permanecido intacto durante todo esse tempo, sem que ocorresse qualquer espécie deviolação por parte da autora.
Ora Excelência, em primeiro lugar, ressalte-se que a promovida se limitou a afirmar que o medidor estava danificado ou destruído, todavia não realizou qualquer espécie de inspeção mais apurada no mesmo, nem permitiu ao autor analisar e participar da perícia que afirma a promovida, todavia não comprova, ter realizado.
Por outro lado, saliente-se que, se realmente ocorrera perda de energia ou algum outro dano, o que não se restou demonstrado nos presentes autos, tal fato não decorreu de qualquer atitude, comissiva ou omissiva, do promovente, mas sim da própria promovida, haja vista que decorreu lapso temporal considerável para realizar aferição ou troca de medidor na residência da autora.
Agora, de forma totalmente abusiva, sem falar de ilegal, vem a promovida no imóvel do autor e realiza a mudança do medidor de energia do mesmo, levando-o consigo e, após, envia uma absurda conta de energia, em valor totalmente inimaginável para um cidadão comum, afirmando tão somente que, mesmo sem ter havido violação ou qualquer espécie de danificação ou desvio de energia, houve perda de energia. Como? E se houve, de quem é a culpa?
Como resposta, repita-se: não há qualquer meio legal a comprovar que realmente houve perda de energia, bem como se ocorrera, o que não se encontra demonstrado, decorreu por culpa única e exclusiva do promovido. 
Ainda, é importante também salientar que de acordo com o termo de ocorrência e inspeção que segue em anexo, no seu item, a consumidora não requereu a realização de perícia.
V. DA MEDIDA LIMINAR PARA SUSPENDER A COBRANÇA ORA DEBATIDA ATÉ O JULGAMENTO FINAL DA PRESENTE LIDE
Nobre Julgador, para que seja deferida uma medida liminar se faz necessário o preenchimento de dois requisitos fundamentais pelo requerente, ou seja, a fumaça do bom direito e o perigo da demora.
Conforme se restou plenamente demonstrado no discorrer do presente petitório, não há qualquer dúvida sobre o lídimo direito que embasa a presente peça postulatória, quer seja porque não se restou demonstrado no presente feito a real perda de faturamento de consumo de energia elétrica na unidade consumidora do promovente, quer seja porque não lhe fora assegurado o direito em participar de perícia que afirma a promovida ter sido realizada, ou ainda porque não houve qualquer atitude comissiva ou omissiva do promovente perante o medidor de energia retirado, de modo que o mesmo não se encontrava adulterado, violado, com religação ou qualquer outro meio de desvio de energia, o que, na verdade, é relatado no próprio termo de ocorrência e inspeção lavrado pelo promovido.
Por outro lado, o perigo da demora, do mesmo modo, é clarividente no presente caso, tendo em vista que o autor vem regularmente efetuando seus pagamentos conforme se constata na documentação acostada ao presente petitório.
Com efeito Excelência, o autor, por se tratar de um cidadão que sempre se pautou na mais estrita obediência ao ordenamento jurídico vigente, de forma que sempre quitou tempestivamente suas obrigações, se encontra em um dilema, ou seja, pagar um valor que não é devido ou sentir a humilhação de ver o seu nome inscrito nos órgãos de proteção ao crédito em virtude de inadimplência com a conta de energia.
Para qualquer cidadão que sempre trilhou no limiar da legalidade, é por demais humilhante e vexatório ver o seu nome no cadastro de inadimplentes, e principalmente, em virtude de um suposto débito, que na verdade não é devido.
Ademais, a nossa jurisprudência é uníssona no tocante a impossibilidade do corte no fornecimento de energia elétrica ou inclusão do nome do titular da unidade consumidora nos órgãos de proteção ao crédito, por valores cobrados em fatura e não pagos pelo suposto devedor, enquanto perdurar ação judicial que vise cancelar a mencionada cobrança, vejamos: 
TJRN - Agravo de Instrumento com Suspensividade: AI
67908 RN 2010.006790-8 
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DÉBITO. DESVIO DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA. PEDIDO LIMINAR DE SUSPENSÃO DA COBRANÇA DOS VALORES REFERENTES À ENERGIA CONSUMIDA E NÃO MEDIDA E O RESTABELECIMENTO DO FORNECIMENTO DO SERVIÇO. CARACTERIZAÇÃO DE DÉBITO PRETÉRITO.CORTE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA INDEVIDO.DISCUSSÃO JUDICIAL ACERCA DA EXIGIBILIDADE DO DÉBITO. SUSPENSÃO DA COBRANÇA DOS VALORES E RESTABELECIMENTO DO SERVIÇO. CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO RECURSO. É correta a suspensão da cobrança da dívida enquanto pendente discussão judicial acerca da exigibilidade do débito oriundo do consumo de energia elétrica não medida.- A cobrança de débitos pretéritos não autoriza a suspensão no fornecimento da energia elétrica. Precedentes desta Corte e do STJ.
Ementa: APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÕES DE CONHECIMNETO E CAUTELAR. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. DÉBITO EM DISCUSSÃO JUDICIAL. AÇÃO PRINCIPAL. REQUISITO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL. Não merece ser conhecido recurso cujas razões são completamente dissociadas do teor da decisão atacada. AÇÃO CAUTELAR. Vedado o corte do fornecimento de energia elétrica quando o débito está em discussão judicial, conforme jurisprudência deste Tribunal e do STJ. APELAÇÃO DA AÇÃO PRINCIPAL NÃO CONHECIDA. APELAÇÃO DA AÇÃO CAUTELAR DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70042525709, Segunda Câmara.
Desse modo, e em virtude de todo o exposto, é que se REQUER a Vossa Excelência, o deferimento da presente medida liminar, para que seja cancelado o termo de confissão de dívida, onde o autor acordou o pagamento da suposta dívida em 72 (setenta e dois) parcelas mensais de 49,83 (quarenta e nove reais e oitenta e três centavos), por ser questão de direito e de justiça para com a promovente. 
VI. DO DIREITO 
A Constituição Federal de 1988 assim dispõe:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Estabelece o art. 186 do Código Civil Brasileiro:
“ Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” 
E a consequência de cometer ato ilícito está estipulada no art. 927 do Código Civil Brasileiro:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
Ora, o débito debatido do promovente para com o promovido jamais existiu, de modo que se consubstanciam como totalmente ilegais todas as condutas praticadas pelo mesmo.
Na verdade, como dito, o autor jamais procedeu com qualquer ato invasivo do contador de energia do seu imóvel, o que, inclusive, fora atestado pelos funcionários do promovido, de modo que se ocorrera qualquer espécie de perda de consumo, o que não se restou demonstrado nos presentes autos, fora por culpa exclusiva da concessionária de energia elétrica, e não do promovente, não podendo este arcar com atitude culposa da mesma.
Douto Julgador, é patente o direito do autor, quer seja no tocante a inexistência do débito impugnado, quer seja em virtude do clarividente dano moral sofrido, com a exposição do seu nome perante os vizinhos e a sociedade solanense, quer seja com a entrada dos representantes da energisa em seu imóvel, ou pela permanência do carro da empresa em frente ao imóvel do promovente, de modo que expôs, indubitavelmente, o autor ao ridículo.
a) DA PLENA APLICABILIDADE DO CDC AO PRESENTE CASO
O Código de Defesa do Consumidor, diploma plenamente aplicável a espécie, nos ensina no seu art. 22 que as concessionárias de serviço público deverão prestar os serviços de forma adequada, eficiente e seguro, vejamos:
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento,são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Do mesmo modo, o art. 23 do mesmo diploma legal é taxativo ao dispor que a ignorância do fornecedor sobre a qualidade do serviço prestado não o exime de responsabilidade, IN VERBIS:
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade. 
Nobre Julgador, diante dos ensinamentos advindos dos artigos mencionados, podemos aquilatar o entendimento de que o promovido deveria ter prestado o serviço de forma adequada, eficiente e segura. Todavia, se isto não ocorrera, como relata o próprio laudo de inspeção e ocorrência, ao afirmar a perda no consumo de energia, sem no entanto comprovar, a responsabilidade é exclusiva do mesmo, mesmo se este não tivesse o conhecimento do suposto vício que inquinava o contador de energia.
Nobre Julgador, a promovida realiza inspeção no imóvel, troca o medidor de energia e afirma, de forma unilateral, que os lacres foram rompidos, possibilitando o acesso ao interior do medidor, plaqueta de identificação solta no interior do medidor, disco descentralizado e preso, assim como o mancal inferior deslocado, e após, de forma totalmente ilegal e abusiva, envia fatura de energia no enorme valor já delineado na presente.
Ora Excelência, há única prova que existe nos autos, e que advêm da própria promovida, é que o autor não procedeu com qualquer conduta comissiva ou omissiva no contador de energia da sua residência, de modo que se resta demonstrado nos autos que se ocorrera danificação na unidade consumidora (fato não demonstrado), fora por culpa exclusiva do promovido, que deverá arcar inteiramente com suas responsabilidades, e não vir de forma totalmente ilegal e abusiva expor a promovente ao ridículo perante seus vizinhos e familiares, como realmente o fez.
O art. 6º do CDC nos ensina que são direitos básicos dos consumidores, entre outros, a efetiva reparação de danos sofridos, quer sejam materiais, quer sejam morais, bem como o acesso aos órgãos judiciários com o objetivo de resguardar os danos mencionados:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
A inversão do ônus da prova, também é direito do consumidor:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
É patente o direito no qual se fundamenta o pedido do autor, que deverá ser ressarcido por todo o dissabor sofrido e os anseios amargados, que representam a essência do conceito de dano moral, que não deverá jamais ser esquecido pelo aplicador da lei, e sim concedido, sem esquecer a sua quantificação.
Nas palavras do Professor Arnoldo Wald, o dano é a lesão sofrida por uma pessoa no seu patrimônio ou na sua integridade física:
Nas palavras do Professor Arnoldo Wald, "Dano é a lesão sofrida por uma pessoa no seu patrimônio ou na sua integridade física, constituindo, pois, uma lesão causada a um bem jurídico, que pode ser material ou imaterial. O dano moral é o causado a alguém num dos seus direitos de personalidade, sendo possível à cumulação da responsabilidade pelo dano material e pelo dano moral" (Curso de Direito Civil Brasileiro, Editora Revista dos Tribunais, SP, 1989, p. 407).
Diante de todo exposto e por realmente configurar um lídimo direito do promovente, é que se requer a procedência total do presente petitório, para que ocorra o devido ressarcimento ao autor, conforme demonstrado, principalmente por toda a dor sofrida e os anseios amargados pelo mesmo, que decerto são muitos e mais gravosos em pessoas de poucos conhecimentos.
No presente, o dano moral deve ser quantificado com a precisão peculiar aos grandes Julgadores, tendo em vista que o mesmo possui um duplo condão, ou seja, o de ressarcimento do promovente e o de punição do promovido, de modo que este se sinta coibido de incorrer novamente em prática iguais ou semelhantes a ora debatida, o que evidentemente se transformará em uma garantia para toda a sociedade. 
b) DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO
A repetição de indébito é um instituto promulgado pelo legislador com intuito de ressarcir o consumidor dos ônus causados pela situação adversa que a cobrança ilícita lhe gerou. Quanto a temática, disciplina o artigo 42, parágrafo único do CDC:
“Art. 42.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo de engano justificável.”
Diante de tamanha irregularidade da Promovida expondo cláusulas que contrariam o Código de Defesa ao Consumidor e os constrangimentos gerados ao Promovente, resta-lhe requerer a restituição dos valores indevidamente cobrados, em DOBRO, corrigidos e acrescidos dos juros legais, conforme preceitua o dispositivo legal acima elencado.
Emérito julgador, conforme se constata dos documentos em anexos, resta clarividente que o promovente efetuou o pagamento de 19 (dezenove) parcelas mensais, sendo estas no valor de R$ 49,83 (quarenta e nove reais e oitenta e três centavos) cada, totalizando o montante de R$ 946,77 (novecentos e quarenta e seis reais e setenta e sete centavos). 
Assim sendo, deve o Promovente ser restituído em dobro e com as devidas correções, o valor de R$ 1.893,54 (mil oitocentos e noventa e três reais e cinquenta e quatro centavos), conforme o parágrafo único do art. 42 do CDC prevê, haja vista a cobrança ser totalmente ilegal e arbitrária, como claramente comprovados nos argumentos anteriormente mencionados.
V- DOS PEDIDOS
Ante o exposto, considerando que a pretensão do autor encontra arrimo nas disposições legais já mencionadas, requer a Vossa Excelência:
1) Que seja recebida a presente Peça Postulatória, e em seguida devidamente processada e julgada;
2) Que seja deferido os benefícios da justiça gratuita nos termos disciplinados pela Lei nº 1.060/50, conforme demonstrado;
3) Que seja concedida a inversão do ônus da prova, conforme preconiza o Código de Defesa do Consumidor;
4) Que seja deferida a medida liminar, inaudita altera pars , de forma a determinar a imediata suspensão do termo de confissão de dívida, onde o autor acordou o pagamento da suposta dívida em 72 (setenta e dois) parcelas mensais de 49,83 (quarenta e nove reais e oitenta e três centavos), parcelas estas cobradas na conta de energia com CDC de nº 5/1097393-1, sendo a medida liminar deferida, em ato contínuo aplique-se multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), em caso de descumprimento.
5) Que seja determinada a citação do promovido, para comparecer a Audiência a ser designada por este Juízo, e apresentar CONTESTAÇÃO aos fatos, sob pena de ser decretada a revelia, tendo assim por verdadeiros todos os fatos narrados na presente exordial;
6) Ao final, que seja JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação, nos seguintes moldes:
a) Declarando a inexistência do débito de que trata o presente feito, do autor para com a promovida;
b) Condenando a promovida ao pagamento de R$ 20.000,00(vinte mil reais), a título de dano moral.
c) Condenando a promovida em 1.893,54 (mil oitocentos e noventa e três reais e cinquenta e quatro centavos), a título de repetição de indébito; entretanto, em caso de decisão posterior ao valor pago até o protocolamento da presente, sejam os referidos valores corrigidos e pagos, a título de repetição de indébito;
7) A Condenação em honoráriossucumbências a serem fixados na proporção de 20% sobre o valor da causa em caso de eventual recurso.
Por fim, pugna que todas as publicações sejam feitas em nome do Advogado Jovelino Carolino Delgado Neto – OAB/PB 17.281, sob pena de nulidade.
Protesta provar por todos os meios probatórios em direito admitidos.
Atribui-se a presente causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), para efeitos meramente fiscais.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Solânea, 07 de dezembro de 2012
JOVELINO CAROLINO DELGADO NETO
OAB/PB 17.281

Outros materiais