Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2016 DiversiDaDe De Fanerógamos Prof.ª Roberta Andressa Pereira Copyright © UNIASSELVI 2016 Elaboração: Prof.ª Roberta Andressa Pereira Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 574 P436dr Pereira; Roberta Andressa Diversidade de fanerógamos/ Roberta Andressa Pereira: UNIASSELVI, 2016. 238 p. : il. ISBN 978-85-7830-977-0 1. Biologia. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci III apresentação Caro acadêmico, Você já parou para pensar sobre qual a planta que dá origem ao café, uma das bebidas mais populares em todo o mundo? Ou mesmo o vinho, já conhecido da humanidade desde a antiguidade? Conhece como é e qual a parte da planta usada pela indústria têxtil para produzir o tão famoso fio de algodão? Ou sabia que a cana-de-açúcar, além de muito utilizada pela culinária por conta do açúcar, é utilizada para fabricação de bioetanol, combustível produzido e exportado pelo Brasil? As plantas estão ao nosso redor e participam do nosso dia a dia. Vão muito além das refeições em forma de salada ou sobremesas saudáveis. Conhecê-las é fundamental! É neste mundo que você está convidado a entrar, no mundo da Botânica! A Botânica é o ramo da ciência que tem como objeto de estudo as plantas, e tenta descobrir e explicar como estes organismos são constituídos e funcionam, como estão organizados e de que maneira interagem, afetam e são comprometidos pelo meio que ocupam. O presente caderno de estudos tem como proposta oferecer um primeiro contato de você, acadêmico, com os conceitos e princípios da Morfologia Vegetal, de forma a apresentar um material básico e de apoio com as principais informações sobre o tema. Além disso, serve como uma forma inicial de contato e diálogo entre professor e aluno. Entender a morfologia das plantas é de suma importância para que você possa compreender os processos fisiológicos das mesmas e suas relações filogenéticas. Assim, o objetivo principal deste material é servir como um guia para você orientar seus estudos, e deverá, sempre, ser complementado com leituras adicionais em bibliografias específicas, muitas delas apresentadas no final de cada unidade. Espero que você possa ter uma noção de como funciona e é estruturado o corpo de uma planta. Assim como, da grandeza da diversidade de organismos fotossintetizantes e sua importância no meio ambiente, ajudando na preservação do equilíbrio dos ecossistemas, muitos deles comprometidos pela ação do homem. Prof.ª Roberta Andressa Pereira IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – E AÍ? COMO É UMA PLANTA? ................................................................................ 1 TÓPICO 1 – MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS ................................ 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 RAIZ ........................................................................................................................................................ 4 2.1 DESENVOLVIMENTO INICIAL DA RAIZ ................................................................................. 4 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS RAÍZES ................................................................................................... 6 2.2.1 Quanto à origem ..................................................................................................................... 6 2.2.2 Quanto à morfologia .............................................................................................................. 6 2.2.3 Tipos especiais de raízes ........................................................................................................ 7 2.3 NÓDULOS RADICULARES .......................................................................................................... 14 3 CAULE ..................................................................................................................................................... 15 3.1 TIPOS DE RAMIFICAÇÃO E CRESCIMENTO .......................................................................... 16 3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CAULES ................................................................................................. 17 3.3 FORMAS DE VIDA DE PLANTAS VASCULARES (DE ACORDO COM GIULIETTI ET AL., 1994, P. 17-24; SOUZA ET AL., 2013, P. 71-79.) ....................................................... 21 4 FOLHA .................................................................................................................................................... 25 4.1 PARTES DE UMA FOLHA COMPLETA ..................................................................................... 25 4.2 CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS ................................................................................................. 26 4.3 FILOTAXIA ....................................................................................................................................... 33 4.4 MODIFICAÇÕES FOLIARES......................................................................................................... 34 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 36 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 38 TÓPICO 2 – MORFOLOGIA EXTERNA DA FLOR E INFLORESCÊNCIAS ............................. 41 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41 2 FLOR ........................................................................................................................................................ 41 2.1 CLASSIFICAÇÕES GERAIS ........................................................................................................... 42 2.2 PERIANTO........................................................................................................................................ 45 2.2.1 Cálice (representado pela letra K) ........................................................................................46 2.2.2 Corola (representado pela letra C) ....................................................................................... 46 2.3 ANDROCEU (representado pela letra A) ..................................................................................... 47 2.3.1 Algumas classificações ........................................................................................................... 47 2.4 GINECEU (representado pela letra G) ......................................................................................... 49 2.4.1 Algumas classificações ........................................................................................................... 50 2.4.2 Fórmula e diagrama floral ..................................................................................................... 53 3 INFLORESCÊNCIAS ........................................................................................................................... 54 3.1 TIPOS DE INFLORESCÊNCIAS RACEMOSAS OU INDEFINIDAS ...................................... 54 3.2 TIPOS DE INFLORESCÊNCIAS CIMOSAS OU DEFINIDAS .................................................. 56 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 57 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 59 sumário VIII TÓPICO 3 – MORFOLOGIA DOS FRUTOS ..................................................................................... 63 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63 2 FRUTOS SIMPLES ............................................................................................................................... 65 3 FRUTOS AGREGADOS E MÚLTIPLOS ......................................................................................... 68 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 70 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 72 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 73 UNIDADE 2 – PLANTA TAMBÉM TEM SUA ANATOMIA ......................................................... 77 TÓPICO 1 – A CÉLULA VEGETAL ...................................................................................................... 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79 2 CÉLULA VEGETAL .............................................................................................................................. 80 2.1 PECULIARIDADES DA CÉLULA VEGETAL ............................................................................ 82 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 88 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90 TÓPICO 2 – TECIDOS VEGETAIS ...................................................................................................... 93 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93 2 TECIDOS MERISTEMÁTICOS......................................................................................................... 93 2.1 MERISTEMAS APICAIS OU PRIMÁRIOS ................................................................................. 93 2.2 MERISTEMAS LATERAIS OU SECUNDÁRIOS ............................................................ 95 3 TECIDOS PERMANENTES ............................................................................................................... 97 3.1 TECIDO DE REVESTIMENTO ...................................................................................................... 97 3.2 TECIDO DE PREENCHIMENTO ................................................................................................102 3.3 TECIDOS DE SUSTENTAÇÃO ....................................................................................................105 3.4 TECIDOS DE CONDUÇÃO .........................................................................................................107 3.5 TECIDOS DE SECREÇÃO E CÉLULAS SECRETORAS ..........................................................113 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................117 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................120 TÓPICO 3 – OS ÓRGÃOS VEGETAIS .............................................................................................123 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123 2 RAIZ ......................................................................................................................................................123 3 CAULE ...................................................................................................................................................129 4 FOLHA ..................................................................................................................................................134 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................138 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................142 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................144 UNIDADE 3 – A DIVERSIDADE E INTIMIDADE DAS PLANTAS VASCULARES COM SEMENTES .......................................................................................................147 TÓPICO 1 – AVANTE! VAMOS CONQUISTAR O AMBIENTE TERRESTRE! .......................149 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149 2 A CONQUISTA DO AMBIENTE TERRESTRE ............................................................................150 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................154 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................157 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................159 IX TÓPICO 2 – PLANTAS VASCULARES COM SEMENTES: AS GIMNOSPERMAS E AS ANGIOSPERMAS ..........................................................................................................161 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161 2 AS GIMNOSPERMAS .......................................................................................................................161 2.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DAS GIMNOSPERMAS ..........................................................162 2.2 OS REPRESENTANTES DAS GIMNOSPERMAS ....................................................................163 2.3 REPRODUÇÃONAS GIMNOSPERMAS ..................................................................................165 3 AS ANGIOSPERMAS ........................................................................................................................167 3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DAS ANGIOSPERMAS ...........................................................168 3.2 REPRODUÇÃO DAS ANGIOSPERMAS ...................................................................................169 3.2.1 A flor .......................................................................................................................................170 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................179 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................182 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................186 TÓPICO 3 – BOTÂNICA ECONÔMICA ..........................................................................................189 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................189 2 ALGUMAS ESPÉCIES DE INTERESSE ECONÔMICO .............................................................191 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................213 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................216 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................217 TÓPICO 4 – METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE BOTÂNICA .........................................219 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................219 2 PROPOSTAS PARA AS AULAS ......................................................................................................220 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................231 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................232 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................233 X 1 UNIDADE 1 E AÍ? COMO É UMA PLANTA? OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • saber dividir os órgãos das plantas em vegetativos e reprodutivos; • identificar as partes da raiz, do caule, da folha, das flores, inflorescências e frutos; • reconhecer os diferentes tipos de raiz, caule, folha e flores, inflorescências e frutos. Esta primeira unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado. TÓPICO 1 – MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS TÓPICO 2 – MORFOLOGIA EXTERNA DA FLOR E INFLORESCÊNCIAS TÓPICO 3 – MORFOLOGIA DOS FRUTOS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 1 INTRODUÇÃO Todos dizem que o Brasil é um dos países com maior diversidade vegetal do mundo, resultado de uma grande variedade de cores, formatos e tamanhos das nossas plantas. Mas você saberia dizer de que partes são formadas as plantas? Ou ainda, saberia identificar cada uma destas partes? Frequentemente o conhecimento popular identifica algumas partes das plantas de forma incorreta. Por exemplo, você sabia que a parte alaranjada da cenoura, que usamos na culinária, é uma raiz? E a batata-doce também? E que a batata-inglesa é um caule? E que a parte comestível da cebola trata-se, na verdade, de folhas modificadas? Conheceremos a partir de agora outras curiosidades através do estudo da morfologia externa das plantas. Esta área da Botânica, também chamada de Organografia Vegetal, se dedica ao estudo da morfologia externa, ou seja, da forma e da estrutura, dos órgãos das plantas, classificando e nomeando as estruturas vegetais e suas variações. Estar familiarizado com seus conceitos é condição primordial para estabelecer uma compreensão global da planta e sua interação com o ambiente que habita, e, posteriormente, conseguir dividir as plantas em pequenos grupos e reconhecê-los. ESTUDOS FU TUROS Neste primeiro tópico abordaremos o estudo da morfologia externa dos órgãos vegetativos das plantas vasculares terrestres, como a raiz, o caule e as folhas. Vamos lá? UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 4 2 RAIZ De uma maneira geral, podemos afirmar que a raiz é o órgão vegetativo que apresenta como função principal a fixação da planta ao substrato e a absorção de água e nutrientes. Por conta disso, normalmente é subterrânea e aclorofilada, ou seja, não apresenta o pigmento clorofila, que confere cor verde aos órgãos vegetais. Apresenta, ainda, geotropismo e hidrotropismo positivos, isto é, seu crescimento se dá em direção à terra e à água, respectivamente. Além disso, pode ser um órgão de reserva, como nas cenouras (Daucus carota – Família Apiaceae) e nabos (Brassica napus – Família Brassicaceae), ou ter função de respiração, como observado em algumas plantas de mangue, como no mangue-branco (Laguncularia racemosa – Família Combretaceae). Em algas e musgos, a estrutura que apresenta funções similares não é vascularizada, como nas outras plantas. Diante desta característica, recebem o nome de rizoides. As raízes não apresentam folhas, gemas laterais e apicais, nós e entrenós, diferenciando-se dos caules. 2.1 DESENVOLVIMENTO INICIAL DA RAIZ A semente das plantas fanerógamas contém uma planta em miniatura, um esporófito jovem, o embrião. Ele tem uma raiz embrionária, denominada radícula, um eixo caulinar embrionário, chamado hipocótilo – epicótilo e uma ou duas folhas embrionárias, os cotilédones. É difícil estabelecer o limite entre a radícula e o hipocótilo (porção caulinar situada abaixo do(s) cotilédone(s)). Por essa razão, fala-se em eixo hipocótilo- radicular. Ao germinar a semente, a radícula se distende por divisões e alongamentos celulares formando uma raiz primária. Veja o esquema a seguir (Figura 1). TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 5 FIGURA 1 – FEIJÃO (Phaseolus vulgaris – FAMÍLIA FABACEAE) A. Semente aberta longitudinalmente e em vista lateral. O embrião do feijão tem uma plúmula acima dos cotilédones, consistindo em um eixo curto (epicótilo), um par de folhas e um meristema apical. Seus cotilédones contêm nutrientes armazenados. B. Estágio de desenvolvimento. Observe que durante a germinação, seus cotilédones são levados para acima do solo pelo alongamento do hipocótilo. FONTE: Raven et al. (2007), p. 524. Na porção inicial da raiz primária em crescimento distinguem-se três regiões ou zonas (Figura 2). FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS PARTES CONSTITUINTES DA RAIZ FONTE: Adaptado de: <http://www.mundoeducacao.com.br/upload/conteudo_ legenda/1d596d1403d8985f0f6743ef7d30b517.jpg>. Acesso em: 10 jan. 2016. A B UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 6 • Coifa: estrutura em forma de capa que reveste o ápice radicular, onde estão localizados os tecidos meristemáticos. Esses tecidos apresentam células ainda não diferenciadas e em constante divisão celular. Pode secretar mucilagens que auxiliam na proteção e penetração do órgão no substrato. É formada por uma região central denominada caliptrogênio. • Zona de alongamento ou de distensão: onde ocorre a distensão (observamos os tecidosmeristemáticos) e início da diferenciação dos tecidos primários da raiz. Esta região é protegida pela coifa. Danos causados a esta região por microrganismos, ou mesmo pelo atrito com o substrato, poderiam danificar a estrutura radicular e, consequentemente, o desenvolvimento da planta. • Zona pilífera ou de absorção: nesta região os tecidos estão totalmente diferenciados. Pode-se observar a presença de pelos radiculares, que são projeções epidérmicas. Estes pelos aumentam a superfície de contato do órgão com o substrato, aumentando, por conseguinte, a absorção de água e nutrientes. Entretanto, essa absorção pode ocorrer em outras partes da planta também. • Zona de ramificação ou suberosa: é a porção mais antiga e longa da raiz. Esta região é caracterizada por apresentar espessamento e formação de raízes laterais. 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS RAÍZES As raízes podem ser classificadas de acordo com a sua origem ou morfologia. 2.2.1 Quanto à origem • Axial: raízes originadas a partir do desenvolvimento da radícula do embrião. • Adventícia: são assim chamadas as raízes que derivam de qualquer outro órgão, principalmente do caule, e não da radícula do embrião. A raiz que se origina da radícula logo atrofia e não se desenvolve. 2.2.2 Quanto à morfologia • Sistema pivotante: observado na grande maioria das gimnospermas (como as coníferas) e angiospermas (plantas que dão flores e frutos). Neste sistema é possível observar uma raiz principal e suas raízes laterais, portanto, na sua grande maioria são formados a partir de raízes axiais (Figura 3A). TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 7 FIGURA 3 – SISTEMAS RADICULARES A. Plântula de feijão (Phaseolus vulgaris – Família Fabaceae), indicando a raiz axial pivotante (setas finas) e raízes laterais (setas largas). B. Plântula de milho (Zea mays – Família Poaceae). Nesta espécie e nas demais monocotiledôneas todas as raízes são adventícias, formando um sistema fasciculado. FONTE: Souza et al. (2013), p. 18-19. 2.2.3 Tipos especiais de raízes Podemos classificar as diversas formas de raízes encontradas nas plantas. Vejamos as principais. a) Raízes Subterrâneas: - Tuberosas (Figura 4): são raízes axiais ou fasciculadas que se apresentam intumescidas pelo armazenamento de substâncias de reserva. Muitas delas são utilizadas na alimentação humana. Como exemplo, temos as tuberosas pivotantes, como rabanete (Raphanus sativus – Família Brassicaceae), cenoura (Daucus carota – Família Apiaceae) (Figura 4A), beterraba (Beta vulgaris – Família Amaranthaceae) (Figura 4B); fasciculadas tuberosas: mandioca (Manihot sp.- Família Euphorbiaceae), batata-doce (Ipomoea batatas – Família Convolvulaceae) (Figura 4C). • Sistema fasciculado: nas monocotiledôneas, as raízes primárias têm vida curta. Assim, o sistema radicular deste grupo vegetal é composto por raízes adventícias e suas raízes laterais. Assim, nenhuma raiz é mais proeminente que as outras (Figura 3B). BA UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 8 FIGURA 4 – RAÍZES TUBEROSAS A. Cenoura (Daucus carota – Família Apiaceae). B. Beterraba (Beta vulgaris – Família Amaranthaceae). C. Batata-doce (Ipomoea batatas – Família Convolvulaceae). FONTE: Disponível em: A. <http://www.supermemo.com.br/2012/01/beneficios-da-cenoura/>. B. <http://frutasdouradas.dyndns.org:360/FrutasDouradas/Imagens/beterraba2.jpg>. C. <http://www.lideragronomia.com.br/2012/08/batata-doce.html>. Acessos em: 10 jan. 2016. A B C a) Raízes Aéreas Não se desenvolvem subterraneamente, mas expostas ao ar. São geralmente adventícias. - Suportes: são aquelas que aumentam o sistema de fixação de algumas plantas. Formam-se a partir de galhos e caules e penetram no solo. Ex.: milho (Zea mays– Família Poaceae) (Figura 5A), mangue-vermelho (Rhizophora mangle – Família Rhizophoraceae) (Figura 5B). FIGURA 5 – RAÍZES ESCORAS A B A. Milho (Zea mays – Família Poaceae). B. Mangue-vermelho (Rhizophora mangle – Família Rhizophoraceae). FONTE: A. Souza et al. (2013), p. 21. B. Disponível em: <http://manguedasabiaguaba.blogspot.com.br/>. Acesso em: 10 jan. 2016. TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 9 - Tabulares: são uma variação das raízes suporte. Os ramos radiculares encontram-se ligados ao caule, como verdadeiras tábuas. São características de árvores grandes de florestas tropicais e têm como função aumentar a estabilidade da planta. Ex.: Raízes de figueira (Ficus sp.- Família Moraceae) (Figura 6A). - Escora (Figura 6B-C): São raízes que aparecem em certas espécies de figueiras (Ficus benjamim, por exemplo). Elas descem de ramos caulinares laterais, alcançam o solo, ramificam-se e começam a absorver água. Por se tratarem de eudicotiledôneas, elas crescem em espessura e com o tempo tornam-se tão espessas que passam a substituir o caule em sua função, pois elas, além de fixarem a ponta no solo e absorverem a água, conduzem essa água até a copa e sustentam a copa. Quando já há muitas raízes bem desenvolvidas, o caule pode desaparecer, ficando a copa totalmente escorada em raízes. Figueiras milenares na Índia se expandem radialmente alcançando centenas de metros além de seu ponto de origem. - Estrangulares (Figura 6D): são uma variação das raízes escora. São raízes de vegetais não parasitas, que vivem sobre outros e que os envolvem, crescendo em direção ao solo, armando uma rede que vai se espessando, impedindo então o crescimento em espessura da planta hospedeira, que, muitas vezes, acaba morrendo. As plantas que apresentam este tipo de raiz são comumente chamadas de mata-pau. Embora essas raízes costumam ser chamadas de “raízes estrangulantes”, o termo não é adequado, pois as raízes não estrangulam (processo ativo), mas simplesmente impedem o crescimento em espessura do caule da planta hospedeira (processo passivo). Se a hospedeira for uma palmeira, por exemplo, ambas podem conviver por muitos anos. FIGURA 6 – FIGUEIRAS (Ficus sp. – FAMÍLIA MORACEAE) A B UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 10 A. Raiz tabular. B-C. Raízes escoras. D. Raiz estranguladora. FONTE: Disponível em: A. <https://arvoresdesaopaulo.files.wordpress.com/2014/07/figueira-do-parque-celso- daniel-em-santo-andrc3a9-antes.jpg>. B. <http://arvoresdesaopaulo.files.wordpress. com/2009/04/troncos-da-figueira-das-lagrimas-ricardo-cardim.jpg?w=500&h=374>. C. <http://arvoresdesaopaulo.files.wordpress.com/2010/03/figueira-no-ibirapuera-foto-de- ricardo-cardim-direitos-reservados.jpg>. D. <http://www.panoramio.com/photo/21305391>. Acessos em: 10 jan. 2016. C D - Sugadoras (Figura 7): caracterizam plantas parasitas. Essas raízes são também chamadas de haustórios e penetram no hospedeiro, através de uma estrutura chamada apressório, até atingirem os tecidos vasculares (responsáveis pela condução de água e fotoassimilados). As plantas parasitadas são classificadas em: • holoparasitas, quando penetram o tecido vascular responsável pelo transporte de fotoassimilados. Este tecido é chamado floema. Exemplo: cipó-chumbo (Cuscuta racemosa – Família Convolvulaceae) (Figura 7A-B), planta quase completamente aclorofilada, heterótrofa. Geralmente a planta hospedeira se exaure e morre em pouco tempo. • hemiparasitas, quando penetram o tecido vascular responsável pela condução de água e sais minerais. Este tecido é denominado xilema. Exemplo: erva-de-passarinho (Struthanthus sp. – Família Loranthaceae) (Figura 7C-D) , planta autótrofa e com folhas verdes. Como as hemiparasitas são autótrofas, hospedeiro e parasita podem conviver por muitos anos, pois a hospedeira só deve retirar mais água do solo do que necessita. TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 11 FIGURA 7 – RAÍZES SUGADORAS A B C D A-B. Holoparasitas. C-D. Hemiparasita. A,C. Vista geral. B. Detalhe. D. Detalhe dosapressórios. FONTE: Disponível em: A. <http://www.blogdovestibular.com/2015/07/questao-tipos-de-raizes.html>. B. <http://herbologiamistica.blogspot.com.br/2010/07/cipo-chumbo.html>. C. <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Morfofisiologia_vegetal/morfovegetal2.php>. D. <http://ramonlamar.blogspot.com.br/2014_04_01_archive.html>. Acessos em: 10 jan. 2016. A água e sais minerais transportados pelo xilema constituem a seiva bruta, enquanto os produtos fotoassimilados, ou seja, os compostos orgânicos produzidos durante a fotossíntese, são chamados seiva elaborada, e transportados pelo floema. ATENCAO - Respiratórias: tipo de raiz presente em muitas plantas subaquáticas; são esponjosas porque são ricas em aerênquima (tecido com grandes espaços intercelulares cheios de ar) com função de suprimento de oxigênio para os órgãos submersos. Ex.: Ludwigia sp. – Família Onagraceae. - Pneumatóforos: podem ser consideradas um tipo de raízes respiratórias, mas diferem estruturalmente por serem raízes que apresentam, além do tecido aerenquimático (mencionado anteriormente), tecidos condutores de seiva bruta UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 12 e elaborada. Crescem (por geotropismo negativo, ou seja, no sentido contrário ao centro da Terra) verticalmente para fora do solo encharcado onde vive a planta. As raízes, assim como os outros órgãos das plantas, necessitam de oxigênio para a respiração. Por esta razão, a maioria das plantas não pode viver em solos com drenagem inadequada. Para solucionar esse problema, algumas árvores que crescem em habitats brejosos, como, por exemplo, o mangue-preto (Avicennia sp. – Família Acanthaceae) (Figura 8A) e o mangue-branco ou siriúba (Laguncularia racemosa - Família Combretaceae), apresentam porções de suas raízes crescendo para cima da superfície do banhado. Essas raízes servem, portanto, não apenas para fixar a planta ao substrato, mas também para a aeração do sistema radicular. - Grampiformes (Figura 8B-C): são raízes curtas, semelhantes a grampos, que surgem do caule e têm por função fixar certas trepadeiras em diferentes superfícies, tais como paredes, e servem também de suporte para o caule escandente. Ex.: hera-japonesa (Parthenocissus tricuspidata – Família Vitaceae) (Figura 8B). FIGURA 8 – PNEUMATÓFOROS E RAÍZES GRAMPIFORMES A. Pneumatóforos em Avicennia sp. – Família Acanthaceae. B-C. Raízes grampiformes. B. Hera- japonesa (Parthenocissus tricuspidata – Família Vitaceae). C. Detalhe. FONTE: A. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d2/Avicennia_resinifera_ Coromandel_2005_a.jpg>. Acesso em: 10 jan. 2016. B. Souza et al. (2013), p. 33. C. Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/raiz-grampiforme.jpg>. Acesso em: 10 jan. 2016. BA C - Cinturas: são adaptações peculiares das plantas epífitas (plantas que vivem sobre outras plantas). Estas raízes crescem enroladas ao tronco da planta suporte ou de outro substrato qualquer, como rochas. Ex.: raízes de muitas orquídeas e bromélias (Figura 9). TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 13 FIGURA 9 – RAÍZES CINTURA FONTE: Disponível em: A. <http://www.microplanta.com/articulos/wp-content/uploads/2011/07/vanda1.jpg>. B. <http://www.lusorquideas.com/-blogue/category/dendrobium>. Acessos em: 10 jan. 2016. c) Raízes Aquáticas As plantas aquáticas desenvolvem raízes especiais, ricas em tecido aerenquimático (ou seja, tecido que armazena ar entre suas células), que serve para armazenar e conduzir o ar, além de auxiliar na flutuação. Ex.: alface-d’água (Pistia stratiotes – Família Araceae) (Figura 10A), aguapé (Eichhornia crassipes – Família Pontederiaceae) (Figura 10B). FIGURA 10 – REPRESENTAÇÕES ESQUEMÁTICAS DE RAÍZES AQUÁTICAS A. Alface-d’água (Pistia stratiotes – Família Araceae). B. Aguapé (Eichhornia crassipes – Família Pontederiaceae). Fonte: A.<http://amorpeloverde. atspace.com/raiz.htm>. B.<http://www.geocities.ws/investigandoaciencia/ raizes>.htm. Acessos em: 10 jan. 2016. A B B A UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 14 2.3 NÓDULOS RADICULARES Aparecem nas raízes de muitas plantas pertencentes à família Fabaceae (família das leguminosas como o feijão, grão-de-bico, amendoim, soja, ervilha, lentilha), como decorrência da infecção por bactérias (Rhizobium) fixadoras de nitrogênio atmosférico (Figura 11). Essas bactérias penetram as raízes através dos seus pelos radiculares, passando até as células mais internas, onde se multiplicam e estimulam tais células a também se dividirem, resultando no nódulo. As bactérias atuam no processo de fixação do nitrogênio. Alteram N2 (gás) disponível no solo para NH4+ (nitrato), que é a forma em que o vegetal consegue utilizar o nitrogênio. Trata-se, então, de uma associação simbiótica de grande importância adaptativa para as plantas que a apresentam, pois lhe permite obter nitrogênio (via atividade bacteriana) em solos pobres neste nutriente essencial. FIGURA 11 – NÓDULOS RADICULARES EM SOJA (Glycine max– FAMÍLIA FABACEAE) FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ ABAAAgEkUAJ/anatomia-raiz>. Acesso em: 10 jan. 2016. ESTUDOS FU TUROS Tudo tranquilo até aqui? Então vamos seguir viagem pelo corpo da planta. A seguir, conheceremos os diversos tipos de caules! TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 15 3 CAULE De forma geral, podemos dizer que o caule é a parte do corpo da planta que une as raízes às folhas, sendo, portanto, mais complexo do que o sistema radicular. Ele pode apresentar folhas, gemas laterais e apicais, onde encontramos tecidos meristemáticos primários (responsáveis pelo crescimento em longitudinal da planta), e nós e entrenós (Figura 12). FIGURA 12 – CAULE A B C Gema apical Gema lateral Caule Entrenó Nó Nó A. Características de um caule. B. Detalhe de gemas axilares (entre as folhas e o caule) e terminal (no ápice do ramo) da sibipiruna (Poincianella pluviosa – Família Fabaceae). C. Detalhe da gema reprodutiva da falsa-erva-cidreira (Lippia alba – Família Verbenaceae). FONTE: A. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/valimjulia/caule-32374987>. Acesso em: 10 jan. 2016. B-C. Souza et al. (2013), p. 45. O nó é o local em que uma ou mais folhas aparecem. As gemas axilares (ou laterais) também se formam na região do nó, daí esta região ser também chamada região das ramificações. O espaço entre dois nós consecutivos denomina-se entrenó (ou internó). A gema localizada no ápice do órgão é denominada gema apical ou terminal, e promove o crescimento em comprimento da planta. O caule comumente apresenta fototropismo positivo (crescimento em direção à luz) e geotropismo negativo, e pode ser clorofilado ou acumular substâncias nutritivas, como ocorre na batata-inglesa (Solanum tuberosum – Família Solanaceae), gengibre (Zingiber officinale – Família Zingiberaceae) e cará ou inhame (Dioscorea sp. – Família Dioscoreaceae). As duas funções principais são: • suporte – serve como suporte mecânico para as folhas e estruturas reprodutoras, o qual as coloca em posição favorável aos agentes polinizadores e dispersores e para obter a quantidade adequada de luz solar; • condução – o caule transporta pelo floema os produtos fotoassimilados produzidos pelas folhas (e caules fotossintetizantes) para as áreas que não realizam a fotossíntese. Ao mesmo tempo, o caule transporta água e sais minerais ascendentemente das raízes para as folhas, pelo xilema (tipo de tecido vascular). UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 16 3.1 TIPOS DE RAMIFICAÇÃO E CRESCIMENTO a) Sistema monopodial (Figura 13A-B): neste sistema, o crescimento do caule se dá pela atividade de uma única gema apical, que permanece por toda a vida do vegetal. Plantas com este crescimento podem não desenvolver qualquerramificação lateral, como no mamoeiro (Carica papaya – Família Caricaceae). Nas palmeiras (plantas da Família Arecaceae) (Figura 13A), a ramificação lateral geralmente se limita à produção de inflorescências na época da reprodução. É importante salientar que mesmo em plantas com muitos ramos laterais pode-se encontrar um sistema monopodial. É o que observamos na grande maioria das coníferas (pinheiros) (Figura 13B); o eixo principal é facilmente reconhecido, pois só ele cresce verticalmente, enquanto os ramos laterais têm crescimento oblíquo e bem mais vagaroso. b) Sistema simpodial (Figura 13C-D): neste sistema, várias gemas participam continuamente da formação de cada eixo. Isso pode acontecer porque a gema apical cessa sua atividade ou porque o eixo principal perde sua superioridade sobre os ramos laterais. Como resultado, temos a formação arredondada das copas da maioria das árvores. FIGURA 13 – TIPOS DE RAMIFICAÇÃO E CRESCIMENTO D A-B. Sistema monopodial. A. Palmeira-jussara (Euterpe edulis – Família Arecaceae) B. Araucária (Araucaria sp. – Família Araucariaceae. C-D. Sistema simpodial. FONTE: Disponível em: A. <http://www.floriculturacampineira.com.br/floricultura_produto- zoom.asp?id_imagem=5422>. B. <http://www.sitiovitoriaregia.com.br/img/Araucaria.jpg>. C. <http://www.bemviver.org/imagens/Arvore.jpg>. D. <http://jornalnovidades.com.br/?p=7756>. Acessos em: 10 jan. 2016. A B C TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 17 3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CAULES a) Caules aéreos - Tronco (Figura 13B-D): bem desenvolvido, muito robusto, lenhoso (caule que produz madeira) e ramificado; característico da maioria das árvores e arbustos de eudicotiledôneas e gimnospermas. Ex.: araucária, cedro (Cedrela fissilis – Família Meliaceae), limoeiro (Citrus limonum – Família Rutaceae). - Estipe: caule geralmente cilíndrico, não ramificado, com uma coroa de folhas apenas no ápice. Ex.: palmeiras (Figura 13A). - Haste (Figura 14): caule delicado, não lenhoso, ereto, da maioria das ervas. Ex.: couve (Brassica oleracea – Família Brassicaceae) (Figura 14A), hortelã (Mentha sp. – Família Lamiaceae) (Figura 14B), girassol (Helianthus annuus – Família Asteraceae) (Figura 14C). - Colmo (Figura 14D-E): caules divididos em gomos, com nós e entrenós bem nítidos. Há colmos cheios, como a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum – Família Poaceae) (Figura 14D) e milho, e ocos, como o bambu (Bambusa spp. – Família Poaceae) (Figura 14E). FIGURA 14 – TIPOS DE CAULES A-C. Caules do tipo haste. A. Couve (Brassica oleracea – Família Brassicaceae). B. Hortelã (Mentha sp. – Família Lamiaceae). C. Girassol (Helianthus annuus – Família Asteraceae). D-E. Caules do tipo colmo. D. cana-de-açúcar (Saccharum officinarum – Família Poaceae). E. bambu (Bambusa sp. Família Poaceae). FONTE: Disponível em: A. <http://plantas-medicinais.me/wp-content/ uploads/2010/08/mall.jpg>. B.<http://2.bp.blogspot.com/_qqwONhF5NzE/TMwugBiplVI/ AAAAAAAABYY/3kbwLCi5R00/s1600/hortela.gif>. C.<http://www.redeto.com.br/images/ noticia/20131025134918_girassol_flor_simbolo_do_estado_lenna_borges.jpg?KeepThis=true>. D. <http://www.sistemafaep.org.br/cana-da-acucar-amargo-prejuizo.html>.E. <http://reciclaedecora. com/wp-content/uploads/bambu.jpg>. Acessos em: 10 jan. 2016. A B C D E UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 18 - Volúvel (Figura 15A): caule que cresce enrolando-se a um suporte. Pode ser dextrorso, quando o caule se enrola no sentido horário, como se observa no guaco (Mikania glomerata – Família Asteraceae), ou sinistrorsos, quando ocorre no sentido anti-horário, como no cará-do-ar (Dioscorea bulbifera). - Sarmentoso ou caule prostrado ou rastejante (Figura 15B): através de suas raízes, estes caules ficam presos ao solo em um ponto. Encontrando um suporte alguns podem subir, enrolando-se neles, ou formando gavinhas que se enrolam. Ex.: chuchu (Sechium vulgare – Família Cucurbitaceae), aboboreira (Cucurbita pepo – Família Cucurbitaceae). - Estolho (Figura 15C-D): este tipo de caule também rasteja junto à superfície do solo, tem entrenós bem alongados e em cada nó apresenta gemas e raízes, podendo se fixar novamente nesse ponto. Ex.: morango (Fragaria sp. – Família Rosaceae). - Cladódio: este tipo de caule modificado tem como função principal realizar fotossíntese e/ou reservar água. Geralmente, está presente em plantas afilas (isto é, sem folhas) ou com folhas reduzidas, comumente transformadas em espinhos. Ex.: cactos (Família Cactaceae) (Figura 15E), carqueja (Baccharis sp. – Família Asteraceae). FIGURA 15 – TIPOS DE CAULES A. Caule volúvel em Ipomea sp. crescendo sobre outra planta. B. Caule rastejante da aboboreira (Cucurbita pepo – Família Cucurbitaceae). C-D. Estolho no morangueiro. E. Cladódio em cactos. FONTE: Disponível em: A. <http://1.bp.blogspot.com/_8flEUDwr_So/TJNFOq8NEdI/ AAAAAAAAAGw/0-jhWGFpAe0/s1600/Campainha+(Ipomea+cairica,+%5BL.%5D+Sweet)+preto1. jpg>.B. <http://www.henriettesherbal.com/files/images/photos/c/cu/d04_2301_cucurbita-.jpg> C. <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/caule/imagens/caule64.jpg>. D. <http://2.bp.blogspot.com/_1c0wmap1eQc/R1SexPVnBrI/AAAAAAAAACE/9z_2XfuxL5Y/s1600- R/L.jpg. E. http://www.f-lohmueller.de/cactus/Dendrocereus/Dendrocereus012.htm>. Acessos em: 10 jan. 2016. A Estolão CB D E TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 19 b) Caules subterrâneos - Rizomas (Figura 16A-B): tem crescimento horizontal, raízes adventícias e ramos aéreos, e são aclorofilados. Exemplos: íris (Iris sp. – Família Iridaceae), espada- de-são-jorge (Sanseviera sp. – Família Ruscaceae), lírio-do-brejo (Hedychium sp. – Família Zingiberaceae), biri (Canna sp. – Família Cannaceae), bananeira (Musa sp. – Família Poaceae). - Tubérculo (Figura 16C): quando armazenam substâncias de reserva, com crescimento limitado. Ex.: batata-inglesa. - Cormo (Figura 16D): sistema caulinar espessado e comprimido verticalmente, geralmente envolvido por catafilos (folhas modificadas) secos. Um cormo difere do tubérculo por ter a base do seu caule larga e não o ápice. Difere do bulbo por ter mais tecido caulinar e menos catafilos. Ex.: palma-de-santa-rita ou gladíolo (Gladiolus sp. – Família Iridaceae). - Bulbos: são caules subterrâneos com entrenós bastante reduzidos, formando um “disco” basal, de onde surgem muitas folhas modificadas (os catafilos) que acumulam reservas. Enquanto no cormo as reservas estão no próprio eixo caulinar, no bulbo estão nos catafilos. Ex.: cebola (Allium cepa – Família Alliaceae) (Figura 16D), alho (Allium sativus), tulipa (Tulipa sp. – Familia Liliaceae), lírios (Lilium sp. – Família Liliaceae). FIGURA 16 – TIPOS DE CAULES SUBTERRÂNEOS A-B. Caules do tipo rizoma. C. Esquema evidenciando o caule do tipo tubérculo em batata- inglesa. D. Cormo. E. Bulbo da cebola (Allium cepa – Família Alliaceae). FONTE: Disponível em: A. <http://www.jardimdeflores.com.br/JARDINAGEM/JPEGS/ A47rizoma2.jpg>. B. <http://www.aulete.com.br/rizoma>.C. <http://www.colegiovascodagama. pt/ciencias3c/onze/biologiaunidade6repassex.html>.D.<http://1.bp.blogspot.com/_jf5pZSfZAh4/ TShAyerIKMI/AAAAAAAAOok/kbtxbIWA2X0/s1600/santa4.JPG>. E. <http://www.ceasaminas. com.br/agroqualidade/Cebola/cebmorfologia.jpg>. Acessos em: 10 jan. 2016. A B D Talo Talo Colo Colo Raiz Raiz Prato Prato Catáfilo interno Catáfilo externo Catáfilo externo E CRaízTubérculo UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 20 a) Caules aquáticos São caules adaptados à vida aquática. A elódea (Elodea sp. – Família Hydrocharitaceae), por exemplo, apresenta caule do tipo haste, apesar de ser aquático. NOTA Você já ouviu falar sobre modificações caulinares? São modificações que ocorrem nos caules para que estes possam assumir outras funções, além das já descritas, comofixar a planta a algum suporte, proteção, ou ainda, assumir o papel de órgão fotossintetizador. Vamos conhecer mais sobre estas modificações? As gavinhas (Figura 17) são estruturas que se enrolam em suportes e sustentam caules escandescentes. Ex.: uva (Vitis vinifera – Família Vitaceae), maracujá-doce (Passiflora edulis – Família Passifloraceae). FIGURA 17 – GAVINHAS A. Abóbora (Cucurbita pepo – Família Cucurbitaceae). B. Chuchu (Sechium edule – Família Cucurbitaceae). FONTE: Disponível em: A. <http://floresjardinsdomundo.blogspot.com.br/2011/06/ flores-e-suas-definicoes-gardenia.html>. B. <http://pic80.picturetrail.com/VOL2050/ 10580583/22239115/368517796.jpg>. Acessos em: 10 jan. 2016. Já os espinhos são ramos caulinares curtos, pontiagudos, com função de defesa, principalmente proteção contra predação. São facilmente observados na laranjeira e no limoeiro (Citrus spp. – Família Rutaceae). Mas atenção! Não confunda espinhos caulinares com acúleos. Acúleos são simples formações epidérmicas, sem vascularização e geralmente sem posição definida no caule. A rosa (Rosa sp. – Família Rosaceae) (Figura 18A) apresenta acúleos, que são facilmente retirados quando sob leve pressão. Você já tentou arrancá-los? Entretanto, você não conseguirá fazer o mesmo com os espinhos do limoeiro, justamente porque são espinhos verdadeiros, e não apenas uma projeção do tecido mais externo do órgão. Existem também espinhos foliares, que são folhas modificadas, como nas cactáceas (Figura 18B). A B TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 21 FIGURA 18 – A DIFERENÇA DE ESPINHOS E ACÚLEOS A. Acúleos em rosa (Rosa sp. – Família Rosaceae). B. Folhas modificadas em espinhos em cactos (Cactus sp. – Família Cactaceae). FONTE: Disponível em: A. <http://4.bp.blogspot.com/_pGLAh1T5rTc/S7BpQNchX9I/ AAAAAAAABEk/gRkU-lpTFjs/s1600/aculeo.jpg>. B. <http://flores.culturamix.com/informacoes/tudo-sobre-os-cactos>. Acessos em: 10 jan. 2016. A B 3.3 FORMAS DE VIDA DE PLANTAS VASCULARES (DE ACORDO COM GIULIETTI ET AL., 1994, P. 17-24; SOUZA ET AL., 2013, P. 71-79.) a) De acordo com o tipo de caule De acordo com o tipo de caule, podemos dividir as plantas em ervas (Figura 19A), arbustos (Figura 19B) e árvores (Figura 19C). Assim, uma erva é uma planta com caule não lenhoso (ou seja, não produz madeira) e, geralmente, não vivendo muito mais de um ano. - Arbustos e árvores são plantas lenhosas, com caule e ramos, que vivem vários anos, tornando-se mais espessados a cada estação, à medida que o câmbio vascular adiciona novas camadas de xilema e floema (veremos com mais detalhe adiante, quando conversarmos sobre anatomia das plantas). Enquanto o arbusto não tem um tronco principal, mas vários eixos principais que aparecem do nível do solo, uma árvore tem sempre um tronco com ramos apenas na parte superior. Há, contudo, muitas formas intermediárias entre estes três tipos principais de hábito de vida, como, por exemplo: - Subarbusto: planta geralmente pequena, com base levemente lenhosa e resto herbáceo, pouco ramoso, geralmente vivendo vários anos. - Arvoreta: uma árvore de baixo porte, ou com tronco principal muito curto. UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 22 FIGURA 19 – FORMAS DE VIDA DE ACORDO COM O TIPO DE CAULE A. Erva (maria-sem-vergonha, Impatiens sp. – Família Balsaminaceae). B. Arbusto (murta, Eugenia mattosii – Família Myrtaceae). C. Árvore (ipê-amarelo, Tabebuia sp. – Família Bignoniaceae). FONTE: Disponível em: A. <http://dorasantoro.blogspot.com.br/2012/04/maria-sem- vergonha.html>. B. Souza et al. (2013, p. 74). C. Disponível em: <http://www.viveiroipe.com. br/?mudas=ipe-amarelo>. Acessos em: 10 jan. 2016. A B C b) De acordo com a forma de nutrição De acordo com a forma de nutrição, encontramos plantas: - Heterotróficas: podem ser: • Parasitas: parasitam plantas vivas, retirando a seiva elaborada da planta parasitada. Como exemplo, temos o cipó-chumbo, já mostrado na Figura 7(A- B), um exemplar da família Balanophoraceae (Figura 20). FIGURA 20 – PLANTA PARASITA DA FAMÍLIA BALANOPHORACEAE FONTE: Disponível em: <http://lh6.ggpht.com/_5ylFlh9vpZE/ SpFAgIT4hnI/AAAAAAAAAHI/PJyJXrtzUgA/DSCI8661.JPG>. Acesso em: 10 jan. 2016. TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 23 • Hemiparasitas ou semiautotróficas. Assim como as holoparasitas, as hemiparasitas também parasitam plantas vivas, mas, ao contrário, retiram apenas a seiva bruta. Ex.: ervas-de-passarinho (Figura 7C-D). • Saprófitas: nutrem-se de matéria orgânica morta. Ex.: Burmanniaceae, algumas Orchidaceae. - Autotróficas: podem ser: • Hidrófitas errantes – vivem sobre a superfície da água, não fixas no substrato. Como exemplo, podemos citar o aguapé (Eichhornia sp. – Família Pontederiaceae) e a alface-d’água (Pistia stratiotes – Família Araceae) (Figura 21A). • Plantas que se autossustentam (não se apoiam sobre outras): - Fanerófitas: plantas lenhosas ou herbáceas perenes, com mais de 50 cm de altura, cujos ramos não morrem periodicamente. Ex.: a grande maioria das árvores, como as figueiras (Figura 21B). - Caméfitas: plantas lenhosas ou herbáceas perenes, com menos de 50 cm de altura. Quando mais altas, seus ramos morrem periodicamente. Ex.: muitas ervas e subarbustos dos campos, cerrados e brejos temporários, plantas com estolhos ou ramos prostrados etc. (Figura 21C). - Criptófitas: plantas perenes, herbáceas, com a parte principal do sistema caulinar reduzida a bulbo, cormo, xilopódio ou rizoma, assim apresentando suas gemas abaixo da superfície do solo. São subdivididas em geófitas (gemas em solo seco) (Figura 21D), as hidrófitas fixas (gemas sob a água) (Figura 21E) e as helófitas (gemas em solo encharcado) (Figura 21F). - Hemicriptófitas: plantas perenes, herbáceas, com redução periódica do sistema caulinar a um órgão com as gemas no nível da superfície do solo, podendo ser um rizoma ou xilopódio, por exemplo. Podemos citar o morangueiro (Figura 21G). - Terófitas: plantas anuais; completam todo seu ciclo de vida dentro de um ano, morrendo após a frutificação e passando a estação desfavorável sob a forma de semente. Um exemplo bem conhecido é o milho (Figura 21H). FIGURA 21 – ALGUMAS FORMAS DE VIDA A B UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 24 Morangueiro Raiz Estolho C D E F G H A. Hidrófitas errantes. B. Fanerófita. C. Caméfita. D. Criptófita, geófita. E. Criptófita, hidrófita fixa. F. Criptófita helófita. G. Hemicriptófitas. H. Terófita. FONTE: Disponível em: A. <http://www.plantasquecuram.com.br/ervas/alface-da-agua.html#.VpVPx_krLIU>. B. <https://py3cvsclaudio.wordpress.com/2012/06/25/aquecimento-global/figueira/>. C. <http://s193.photobucket.com/user/sdas7/media/DeuterocohniaX1flowersw- DSCF9006_zpsf4d938c2.jpg.html>.D. <http://ruralpecuaria.com.br/tecnologia-e-manejo/ hortifruti/cobertura-morta-no-manejo-de-plantas-daninhas-em-cebola.html>. E. <http:// bambupublicidade.com.br/wp-content/uploads/2013/09/imagem.php_1.jpeg>. F. <http://www.wikiwand.com/it/Echinodorus>.G. <http://ptbr.protistaeplantae.wikia.com/wiki/ Mecanismos_assexuados_de_reprodu%C3%A7%C3%A3o_vegetal?file=Estolhos_j.jpg>. H. <http://www.belagricola.com.br/noticias/24/03/2015/brasil-tera-leve-aumento-na-2-colheita- de-milho-em>. Acessos em: 10 jan. 2016. • Plantas que crescem sobre ou apoiadas em outras: - Lianas: são plantas que germinam no solo e escalam um suporte, mas mantêm sempre o contato com o solo, como a abóbora e o chuchu (Figura 17). - Hemiepífitas ou pseudolianas: são plantas que germinam sobre outras plantas e depois estabelecem raízes no solo (como as figueiras mata-pau, observadas na Figura 6D, ou muitas espécies de Philodendron – Família Araceae); ou plantas que germinam no solo, escalam um suporte e posteriormente desconectam sua ligação com o solo(algumas espécies das famílias Araceae e Piperaceae). - Epífitas: plantas que germinam e enraízam sobre outras plantas vivas ou mortas, ou eventualmente sobre outros suportes, como cercas, postes, etc. As plantas que crescem sobre rochas são denominadas rupícolas. Dentre as epífitas, temos muitas espécies de bromélias, orquídeas e cactos. TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 25 4 FOLHA É o órgão vegetativo das plantas, geralmente com formato laminar, cuja principal função é a fotossíntese, uma vez que é nelas que encontramos o pigmento clorofila em maior quantidade. A folha é uma expansão lateral do caule e tem origem nos primórdios foliares, que tiveram sua formação a partir da gema durante a fase de seu crescimento. No processo de desenvolvimento do primórdio foliar ocorre diferenciação dos tecidos, que geralmente se organizam em uma estrutura laminar. É um órgão muito bem adaptado à captação de luz e absorção de gás carbônico. Diante disso, além de realizar a fotossíntese, as folhas estão diretamente ligadas aos processos de respiração, transpiração e gutação ou sudação. Quanto à duração, as folhas podem ser persistentes, como os pinheiros (vegetais perenifólios) ou caducas, como na grande maioria das árvores (vegetais caducifólios). 4.1 PARTES DE UMA FOLHA COMPLETA As folhas apresentam uma enorme variedade de tamanho e forma. Por isso, elas frequentemente servem de ajuda na identificação de plantas e por esta razão é importante a criação de termos precisos para descrever seus vários caracteres, como forma do limbo, ápice, base, margem etc. As folhas das gimnospermas e angiospermas podem apresentar diferenças entre si, entretanto, uma folha apresenta basicamente as seguintes partes (Figura 22): • Limbo ou lâmina foliar: porção comumente laminar e verde, na qual são encontrados os tecidos assimiladores (que participam do processo de fotossíntese) e as nervuras (formadas pelos tecidos que transportam as seivas). • Pecíolo: apresenta forma de pequena haste, sustenta o limbo e o prende ao caule (se não houver bainha). As folhas que o possuem são chamadas pecioladas, enquanto que as que não o apresentam são chamadas sésseis. • Bainha: muito frequente em monocotiledôneas. É a parte basal que abraça total ou parcialmente o caule. As folhas que as apresentam são conhecidas como invaginantes. UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 26 FIGURA 22 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE FOLHA COMPLETA A. Folha simples de dicotiledônea e monocotiledônea. B. Folha composta pinada. FONTE: Disponível em: A. <http://bonsaijuizdefora.blogspot.com.br/2011/11/ fisiologia-vegetal.html>. B. <http://slideplayer.com.br/slide/47695/>. Acessos em: 10 jan. 2016. 4.2 CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS a) Quanto à composição • Simples (Figura 22A, 23A): quando o limbo é indiviso, ou seja, não está dividido em partes. Ex.: folha de laranjeira, parreira etc. • Composta (Figura 22B, 23B-H): quando o limbo é dividido em porções laminares, chamadas de folíolos. Os folíolos podem, também, se subdividir, formando os foliólulos, como vemos nas folhas bipinadas. Nas folhas tripinadas, os foliólulos voltam a se subdividir. As folhas compostas recebem várias denominações de acordo com o número e disposição dos folíolos. As mais comuns estão listadas a seguir: - Pinada (Figura 23B-C): com folíolos dispostos oposta ou alternadamente ao longo de um eixo comum, a raque. Pode ser Paripinada (Figura 23B): pinada, com um par de folíolos terminais ou Imparipinada (Figura 23C): pinada, com um folíolo terminal. Ráquis ou Raque Folíolo Pecíolo Pulvino B Folha peciolada Pecíolo Folha séssil DICOTILEDÔNEAS MONOCOTILEDÔNEA Nervuras ramificadas Nervuras ramificadas Folha invaginante Nervuras paralelas Bainha A TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 27 - Bipinada (Figura 23D): com duas ordens de folíolos, cada uma pinada. - Tripinada (Figura 23E): com três ordens de folíolos, cada uma pinada. - Palmada ou digitada (Figura 23F): com mais de três folíolos partindo de um ponto comum. - Bifoliolada (Figura 23G): com dois folíolos partindo de um ponto comum. - Trifoliolada (Figura 23H): com três folíolos partindo de um ponto comum. FIGURA 23 – FOLHAS A E F G H B C D A. Folha simples. B-H. Folhas compostas. B. Pinada, paripinada. C. Pinada, imparipinada. D. bipinada. E. Tripinada. F. Digitada. G. Bifoliolada. H. Trifoliolada. FONTE: Souza & Lorenzi (2012), p. 83, 281, 285, 302, 280, 496, 295, 400, respectivamente. b) Quanto à forma do limbo: O formato do limbo ou lâmina foliar é uma característica muito importante, utilizada, por exemplo, para distinguir espécies e famílias botânicas. Conheça a seguir as principais formas: • Linear (Figura 24A): forma alongada e apresenta uma só nervura. Há ainda uma forma especial de folhas lineares chamada acicular, onde a folha apresenta forma de agulha; • Falciforme (Figura 24B): em forma de foice; UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 28 • Cordiforme (Figura 24C): em forma de coração; • Hastiforme (Figura 24D): triangular com dois lobos basais; • Lanceolada (Figura 24E): o aspecto lembra uma lança. A folha é mais longa que larga e estreita-se em direção ao ápice; • Oblanceolada (Figura 24F): a folha tem a forma lanceolada, mas invertida, isto é, a parte mais larga é a apical; • Reniforme (Figura 24G): em forma de um rim; • Deltoide (Figura 24H): em forma de delta ou triângulo. O ápice da folha corresponde ao ápice do triângulo; • Espatulada (Figura 24I): folha larga próxima ao ápice e com uma base longamente atenuada. Há uma variação chamada oboval (Figura 24K), mas a base não é tão atenuada quanto em folhas espatuladas; • Oval (Figura 24J): a folha tem a forma oval, com a parte mais larga voltada para a base; • Runcinada (Figura 24L): oblanceolada com margens partidas ou laceradas, e o ápice mostra-se mais desenvolvido; • Sagitiforme (Figura 24M): lembra uma seta, triangular-oval com dois lobos basais retos ou ligeiramente encurvados; • Orbicular (Figura 24N): a folha tem forma circular; • Oblonga (Figura 24O): a folha é mais longa que larga e com bordos quase paralelos na maior parte de sua extensão; • Elíptica (Figura 24P): a folha tem um formato elíptico; • Romboidal (Figura 24Q): a folha tem forma de um losango ou rombo. FIGURA 24 – CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS QUANTO À FORMA DO LIMBO FONTE: Giulietti et al. (1994, s/n) TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 29 c) Quanto à margem do limbo: Pode-se classificar as folhas e folíolos de acordo com o tipo de margem que apresentam. Seguem os tipos mais comuns: • Lisa ou inteira (Figura 25A): como o nome sugere, a margem é lisa, não apresentando reentrâncias; • Repanda (Figura 25B): margem levemente sinuosa; • Crenada (Figura 25C): margem dividida em pequenos lobos obtusos e arredondados (dentes arredondados); • Denteada (Figura 25D): também chamada dentada. Esta margem apresenta lobos comumente agudos que se colocam em ângulo reto em relação ao meio do limbo. Há uma variedade denominada denticulada, mas esta diferencia-se da primeira por apresentar lobos muito menores. Importante: não confundir com a serreada, onde os lobos são voltados para o ápice foliar; • Serreada (Figura 25E): ou serrada. Apresenta lobos agudos a ascendentes, ou seja, direcionados para o ápice; • Erosa (Figura 25F): é constituída por lobos, ou “dentes”, distribuídos de forma irregular ao longo de toda margem, passando a impressão de terem sido roídas ou desgastadas; • Crespa (Figura 25G): margem excessivamente irregular e ondulada; • Sinuada (Figura 25H): margem sinuosa. FIGURA 25 – CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS QUANTO À MARGEM DO LIMBO A B C D E F G H A. Lisa ou inteira. B. Repanda. C. Crenada.D. Denteada. E. Serreada. F. Erosa. G. Crespa. H. Sinuada. FONTE: Gonçalves & Lorenzi (2007), p. 37. d) Quanto à base do limbo: • Aguda (Figura 26A): quando os bordos na inserção com o pecíolo formam um ângulo agudo; • Cuneada (Figura 26B): as margens juntam-se em um ângulo de 45º com a nervura central; UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 30 • Obtusa (Figura 26C): quando os bordos na inserção do pecíolo formam um ângulo obtuso; • Arredondada (Figura 26D): a base apresenta-se como um semicírculo; • Truncada (Figura 26E): quando os bordos na inserção com o pecíolo parecem ter sido cortados; • Decorrente (Figura 26F): quando a base se estende além do ponto de inserção no caule, tornando-o alado; • Atenuada (Figura 26G): quando os bordos na inserção com o pecíolo afinam-se gradativamente; • Assimétrica (Figura 26H): também chamada oblíqua. Apresenta base assimétrica; • Subcordada (Figura 26I): folha basicamente cordada, mas que apresenta lobos posteriores menos proeminentes que uma folha cordada típica; • Cordada (Figura 26J): quando os bordos na inserção com o pecíolo recurvam- se dando à base a forma de um coração; • Sagitada (Figura 26K): quando os bordos na inserção com o pecíolo dão à folha uma forma de seta; • Hastada (Figura 26L): folha com lobos orientados perpendicularmente ao seu eixo principal. Assemelha-se à folha sagitada, mas se diferencia por apresentar lobos perpendiculares, não paralelos ao eixo do órgão. FIGURA 26 – CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS QUANTO À BASE A J K L G H I D E F B C A. Aguda. B. Cuneada. C. Obtusa. D. Arredondada. E. Truncada. F. Decorrente. G. Atenuada. H. Assimétrica. I. Subcordada. J. Cordada. K. Sagitada. L. Hastada. FONTE: Gonçalves & Lorenzi (2007), p. 34. TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 31 e) Quanto ao ápice do limbo: Da mesma forma que vimos anteriormente os diferentes tipos de base, encontramos também uma diversidade grande de ápices foliares. Conheça os principais (Figura 27): • Acuminado: quando os bordos da lâmina formam no ápice uma ponta aguda e comprida; • Agudo: quando os bordos da lâmina formam no ápice um ângulo agudo; • Obtuso: quando os bordos da lâmina formam no ápice um ângulo obtuso; • Truncado: quando o ápice parece ter sido cortado; por terminar abruptamente; • Emarginado: quando os bordos da lâmina formam, gradualmente no ápice, uma reentrância; • Obcordado: quando os bordos da lâmina formam no ápice uma pequena reentrância, parecendo um coração invertido; • Cuspidata: ou cuspidada. Forma curta de ápice acuminado; • Mucronata: ápice que apresenta-se extremamente abrupto, mas continuado por uma porção pontiaguda, rígida, quase sempre representada pela nervura central. Este tipo de ápice também é chamado aristado. FIGURA 27 – CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS QUANTO O ÁPICE DO LIMBO acuminata aguda obtusa truncada mucronata cuspidata obcordada emarginada FONTE: Disponível em: <http://farmacobotanica.xpg.uol.com.br/aula3p2. html>. Acesso em: 10 jan. 2016. f) Disposição das nervuras As folhas podem ser classificadas de acordo com o tipo de venação (ou nervação), ou seja, quanto à disposição de suas nervuras: • Pinada ou peninérvea: quando existe uma única nervura primária servindo de origem para as nervuras de ordens superiores. Há aqui três tipos principais: - craspedódroma (Figura 28A): quando as nervuras secundárias terminam na margem; - camptódroma (Figura 28B): as nervuras secundárias não terminam na margem; - hifódroma ou uninérvea (Figura 28C): quando só existe a nervura primária, estando as outras ausentes; UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 32 • Actinódroma ou palmatinérvea (Figura 28D): quando três ou mais nervuras primárias divergem radialmente de um ponto único; • Acródroma ou curvinérvea (Figura 28E): quando duas ou mais nervuras primárias ou secundárias muito desenvolvidas formam arcos convergentes no ápice da folha. Os arcos são recurvados na base; • Campilódroma (Figura 28F): quando muitas nervuras primárias ou suas ramificações se originam de um ponto comum e formam arcos muito recurvados antes de se convergirem em direção ao ápice da folha; • Paralelódroma ou paralelinérvea (Figura 28G): quando duas ou mais nervuras primárias originadas uma ao lado da outra na base da folha correm paralelas até o ápice, onde convergem. FIGURA 28 – CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS DE ACORDO COM A NERVAÇÃO A. Pinada: craspedódroma. B. Pinada: camptódroma. C. Pinada: uninérvea. D. Actinódroma ou Palmatinérvea. E. Acródromo ou curvinérvea. F. Campilódroma. G. Paralelódrama ou paralelinérvea. FONTE: Gonçalves & Lorenzi (2007), p. 38, modificado. g) Presença de tricomas: Segundo Souza et al., (2013, p. 112), “os tricomas são projeções da epiderme e podem estar presentes em qualquer parte do vegetal, assumindo diferentes funções, que incluem desde a proteção contra o excesso de radiação solar até o auxílio na dispersão das sementes”. De forma geral, dividimos as folhas em glabras, quando os tricomas não estão presentes, e pilosas, quando possuem tricomas. Neste caso também existem denominações específicas no que se refere à forma, distribuição, frequência e tipo de tricomas (veremos estes detalhes quando estudarmos a anatomia das folhas). h) Cor As folhas são classificadas em uniforme (Figura 29A), quando apresentam uma só cor, geralmente verde; ou variegada ou maculada (Figura 29B), quando as vemos com vários tons de verde, ou ainda com manchas irregulares de outra cor. A GD E FB C TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 33 FIGURA 29 – CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS QUANTO A COR (A) Uniforme e (B) Variegada. FONTE: Disponível em: A. <http://www.40forever. com.br/folhas-de-chocolate/>. B. <https://www.flickr.com/photos/32378995@ N08/3044424196>. Acessos em: 10 jan. 2016. A B 4.3 FILOTAXIA Filotaxia é o arranjo ou disposição das folhas no caule. A forma como as folhas estão dispostas é muito importante para a planta, porque pode evitar o sombreamento da folha situada logo abaixo. Os tipos básicos de filotaxia são: • Esparsa (Figura 30A): quando não há um padrão de inserção das folhas no caule; • Alterna (Figura 30B): quando há apenas uma única folha por nó. Por conta disto, as folhas (ou folíolos) mostram-se em níveis diferentes no caule; • Oposta (Figura 30C): quando há duas folhas por nó, ou seja, duas folhas se inserem no caule ao mesmo nível, mas em oposição, isto é, pecíolo contra pecíolo. Quando o par de folhas superior coloca-se em situação cruzada em relação ao inferior, temos a filotaxia oposta-cruzada (Figura 30D). • Verticilada (Figura 30E): três ou mais folhas dispõem-se no mesmo nó. FIGURA 30 – ESQUEMAS REPRESENTANDO AS DIVERSAS FORMAS DE FILOTAXIAS A. Esparsa. B. Alterna. C. Oposta. D. Oposta cruzada. E. Verticilada. FONTE: Disponível em: <http://botanicavirtual.udl.es/fulla/filotax.htm>. Acesso em: 10 jan. 2016. A D EB C UNIDADE 1 | E AÍ? COMO É UMA PLANTA? 34 4.4 MODIFICAÇÕES FOLIARES Muitas espécies de vegetais possuem folhas modificadas para realizar funções especiais ou para assegurar a sobrevivência em condições excepcionais, recebendo denominações distintas. A seguir estão listados os principais exemplos: • Cotilédones (Figura 31): são folhas embrionárias com função de nutrição (reserva), encontradas nas sementes. • Folhas carnívoras (ou insetívoras): mostram diversas adaptações para a captura de insetos e outros organismos. Pode apresentar folhas em forma de urna, como em Nepenthes sp. (Família Nepenthaceae) (Figura 31A); folhas dotadas de cerdas ou tentáculos secretores, como em Drosera sp. e Dioneae sp., ambas pertencentes à Família Droseraceae (Figura 31B-C). • Brácteas (proteção e atração): as folhas podem estar transformadas emestruturas vistosas ou atrativas, que auxiliam a polinização. Ex.: bico-de-papagaio (Figura 31D), antúrio (Figura 31E), margarida etc. • Gavinhas (fixação): tem por função a fixação da planta em um suporte. Ex.: ervilha (Pisum sativum – Família Fabaceae). Mas tenha cuidado para não confundir com as gavinhas caulinares, já mostradas na Figura 17. • Escamas e catafilos: são folhas, geralmente incolores e carnosas, que cobrem os bulbos e que protegem as gemas axilares de muitas plantas. Ex.: cebola (Allium cepa) (Figura 16E). • Espinhos: é uma estrutura geralmente lignificada, que apresenta tecido vascular e que corresponde à folha ou porção desta. Ocorrem espinhos na margem das folhas do Ilex aquifolium. Em muitas cactáceas (Figura 18B), as folhas podem estar transformadas em espinhos, para reduzir a transpiração. TÓPICO 1 | MORFOLOGIA EXTERNA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS 35 FIGURA 31 – MODIFICAÇÕES FOLIARES A-C. Plantas carnívoras. A. Nepenthes (Família Nepenthaceae). B. Dionaea e C. Drosera (Família Droseraceae). D-E. Folhas modificadas em brácteas. D. Bico-de-papagaio (Euphorbia sp. – Família Euphorbiaceae). E. Antúrio (Anthurium sp. – Família Araceae). FONTE: Disponível em: A. <http://farm4.static.flickr.com/3661/3320181982_d8646db71e.jpg>. B. <http://3.bp.blogspot.com/_INLEQFN9P4M/TKzhQJGsT8I/AAAAAAAAAPQ/8rTOAh6L2eY/s1600/ intermedia.jpg>. C. <http://www.sempretops.com/wp-content/uploads/Plantas-Carnivoras- Fotos-e-Curiosidades-FOTO-1.jpg>. D. <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/folha/ imagens/folha-58.jpg>. E. <http://www.tocadoverde.com.br/anturio-vermelho.html>. Acessos em: 10 jan. 2016. A B C Flores Brácteas D E 36 Neste tópico você viu que: • Organografia vegetal é o campo da Botânica que se dedica ao estudo da morfologia externa, ou seja, da forma e da estrutura dos órgãos das plantas, classificando e nomeando as estruturas vegetais e suas variações. • Algumas funções das raízes: fixação, sustentação, absorção de água e sais minerais, condução da seiva ao caule, reserva nutritiva (em algumas), respiração (aeração). • As raízes axiais têm origem na radícula do embrião, e as adventícias originam- se de outros órgãos, principalmente do caule. • Na região inicial da raiz observamos a coifa, zona de distensão, zona pilífera e zona de ramificação. • As raízes podem ser subterrâneas, aéreas ou aquáticas. • As raízes podem ser classificadas de forma especial de acordo com sua função e estrutura, como as raízes tuberosas, suporte, tabulares, escora, estrangulantes, sugadoras, respiratória, pneumatóforos, grampiformes, cintura, contrácteis. • O caule pode apresentar folhas, gemas laterais e apicais, onde existem meristemas primários, e nós e entrenós. • Os dois tipos principais de ramificação e crescimento são monopodial e simpodial. • Os caules podem ser classificados em aéreos (tronco, tronco suculento, haste, estipe, colmo, volúvel, sarmentoso, estolho, cladódio) e subterrâneos (rizomas, tubérculo, cormo, bulbo, xilopódio). Podemos encontrar também caules aquáticos. • Existem algumas modificações caulinares, como as gavinhas e espinhos. • Os caules podem ser classificados, também, de acordo com o modo de vida e nutrição. • As folhas exercem algumas funções, como a fotossíntese, respiração, transpiração e gutação ou sudação. • Uma folha apresenta, basicamente, limbo, pecíolo e bainha. RESUMO DO TÓPICO 1 37 • As folhas podem ser classificadas quanto à inserção no caule, à composição, à forma do limbo, à margem do limbo, à base do limbo, ao ápice do limbo, à disposição das nervuras, à presença de tricomas, de acordo com a consistência e com a cor. • Existem algumas modificações foliares, como cotilédones, folhas coletoras, folhas carnívoras, gavinhas, catafilos, espinhos e brácteas. • Filotaxia é o arranjo ou disposição das folhas no caule. Ela pode ser: oposta, oposta-cruzada, verticilada e alterna. 38 1 Assinale com X nos quadrados correspondentes ao(s) tipo(s) de caule(s) das plantas listadas. Mas atenção! Uma planta pode desenvolver mais de um tipo de caule! AUTOATIVIDADE 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tronco Haste Estipe Colmo Sarmentoso Volúvel Estolho Cladódio Rizoma Tubérculo Bulbo Cormo Plantas: 1 - Cactos 4 - Gengibre 7 - Goiabeira 10 - Palmito 2 - Palma-de-santa-rita 5 - Chuchu 8 - Batata-inglesa 11 - Bambu 3 - Morango 6 - Alho 9 - Agrião 12 - Feijão-de-vara 2 Relacione as colunas de acordo com as formas de vida das plantas: (1) Vitória-régia ( ) Liana (2) Milho ( ) Hidrófita fixa (3) Junco ( ) Fanerófita (4) Carqueja ( ) Hidrófita errante (5) Gengibre ( ) Caméfita (6) Ipê-amarelo ( ) Geófita (7) Aguapé ( ) Hemicriptófita (8) Morango ( ) Terófita (9) Uva ( ) Epífita (10) Orquídea ( ) Helófita 3 Diga que tipo de raízes compõe o sistema radicular das plantas listadas a seguir: a) cenoura: b) palmeira-juçara: c) cipó-chumbo: d) hera: e) aipim: 39 4 Cite um tipo de planta que apresenta o seguinte tipo de raiz: a) cintura: b) respiratória: c) tabular: d) aquática: 5 Diga se as características a seguir são de raiz (R) ou de caule (C): ( ) Possui gemas apical e axilares ( ) Geralmente tem fototropismo positivo ( ) Apresenta coifa para proteção do meristema ( ) Geralmente tem geotropismo positivo ( ) Não apresenta folhas ( ) Tem nós e entrenós 6 Analise as características a seguir e diga como se chama a folha que a apresenta: a) possui pelos ou tricomas – b) composta por número ímpar de folíolos – c) tem nervuras primárias paralelas entre si – d) especializada para captura de insetos – e) tem forma de rim – f) tem manchas coloridas irregulares – 7 Brácteas e catafilos são folhas modificadas. Assinale a alternativa que indica, respectivamente, a sua função e um exemplo de planta que os apresenta: a) ( ) Proteção de gemas subterrâneas e armazenamento de substâncias; antúrio e gengibre; b) ( ) Armazenamento de substâncias e atração de polinizadores; banana e copo-de-leite; c) ( ) Atração de polinizadores e armazenamento de substâncias; copo-de- leite e cebola; d) ( ) Fotossíntese e proteção de gemas subterrâneas; gengibre e primavera; e) ( ) Fotossíntese e transpiração; espírito-santo e cebola. 40 41 TÓPICO 2 MORFOLOGIA EXTERNA DA FLOR E INFLORESCÊNCIAS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Este tópico abordará a estrutura dos órgãos reprodutivos do grupo de plantas vasculares terrestres mais derivado. Vamos descobrir como estão estruturadas as flores, suas funções e inflorescências e os frutos, órgãos que ajudam na dispersão dos indivíduos. Vamos lá? 2 FLOR A flor aparece nas gimnospermas com aspecto rudimentar e são chamadas de estróbilos ou cones, tornando-se mais especializadas nas angiospermas, o grupo mais derivado (evoluído) das plantas. Ela é um conjunto de folhas modificadas que constitui o aparelho reprodutivo desse grupo vegetal. De forma geral, uma flor é composta das seguintes estruturas: • Verticilos de Proteção (que somados formam o Perianto): - Sépalas – geralmente verdes ou não muito vistosas, cuja função é a proteção das demais partes da flor no botão floral. O conjunto de sépalas constitui o Cálice, representado muitas vezes pela letra K. - Pétalas – geralmente coloridas e muito vistosas, cuja função é a atração de agentes polinizadores. O conjunto de pétalas é chamado de Corola, e é representado pela letra C. • Verticilos de Reprodução: - Estames – seu conjunto é nomeado Androceu. São folhas férteis masculinas, formadas por uma haste, o filete, e uma parte intumescida, a antera, onde são produzidos e alocados os grãos-de-pólen. - Carpelos – seu conjunto é chamado Gineceu. Correspondem às folhas férteis femininas, ou seja, o órgão reprodutor feminino,
Compartilhar