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Direito Constitucional - Aula 02 - Normas Constitucionais

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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
 
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1
AULA 02: NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Muito se discutiu e ainda se discute no que toca à imperatividade ou carga 
cogente das normas jurídicas, ou seja, sua aptidão para impor-se aos seus 
destinatários e obrigar-lhes a conduzir-se nos termos por ela determinados. 
Uma adequada compreensão da matéria parte de duas premissas básicas: 
(a) toda e qualquer norma jurídica possui imperatividade, potencial 
jurídico para impor-se aos seus destinatários, produzindo efeitos jurídicos 
sobre as relações jurídicas da qual participam; (b) a imperatividade não se 
manifesta com a mesma intensidade em todas as normas jurídicas, ou 
seja, as normas jurídicas, conforme sua categoria, possuem graus 
diversos de imperatividade. 
Nesse contexto, são duas as categorias básicas em que se dividem as 
normas jurídicas: as normas cogentes e as normas dispositivas. 
As normas cogentes possuem imperatividade em grau absoluto, no sentido 
de que impõe aos seus destinatários independentemente de sua anuência. 
É, no caso, de nenhuma valia a vontade do sujeito: basta que a situação em 
concreto da qual ele participe amolde-se à hipótese em abstrato prevista na 
norma jurídica, e esta incide automaticamente, disciplinando a relação 
jurídica. 
Como subespécies de normas cogentes temos as normas preceptivas, que 
obrigam a uma certa conduta; e as proibitivas, que vedam determinado 
comportamento. 
Ilustrando a exposição, trazemos o art. 1.245 do Código Civil/2002, 
segundo o qual: “Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o 
registro do título translativo no Registro de Imóveis”. 
É exemplo de norma cogente preceptiva, pois obriga seu destinatário a 
certo comportamento. Nos seus termos, todo aquele que desejar adquirir 
uma propriedade (imóvel) deverá necessariamente levar a registro o título 
translativo, pois só tal conduta o torna efetivamente proprietário, 
integrando o imóvel ao seu patrimônio. Não basta ao interessado, no caso, 
a posse de um contrato de compra e venda e dos comprovantes de 
pagamento do valor acordado. A propriedade só se transfere, o imóvel só se 
torna seu, se levar tal contrato, com a prova da quitação, a registro no 
Registro de Imóveis. 
Pode-se citar, como segundo exemplo, o art. 426 do Código Civil/2002, que 
reza: “Não poderá ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”. 
Trata-se, aqui, de uma norma cogente proibitiva, fulminando a validade de 
quaisquer contratos desta natureza. A todos, portanto, é vedada celebração 
de contratos cujo objeto seja a herança de pessoas ainda vivas, sendo 
absolutamente nula qualquer disposição contratual em sentido contrário. 
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2
As normas dispositivas, por sua vez, são aquelas que estabelecem uma 
regra, mas permitem que seus destinatários disponham de forma diversa da 
nela estabelecida. É o caso, por exemplo, do art. 427 do Código Civil/2002, 
que dispõe: “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não 
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do 
caso”. 
Segundo o dispositivo, se alguém (proponente) faz uma proposta de 
contrato a outrem (aceitante), regra geral vincula-se a ela, se a outra parte 
concordar com a proposta nos termos originalmente formulados. Esse 
efeito, todavia, pode ser sustado pelo proponente, se este, ao elaborar a 
proposta, ressalvar expressamente que se reserva o direito de desistência 
(ou quando o contrário resultar da natureza do negócio ou de circunstâncias 
do caso, como consta no dispositivo). 
Como se percebe, o art. 427 estipula uma regra para dada situação 
(proposta de contrato), disciplinando seus efeitos jurídicos (vinculação do 
proponente à sua proposta). Permite, entretanto, que a parte estabeleça 
efeito diverso (não se vinculando à proposta apresentada), mediante sua 
manifestação de vontade (ressalvando que não se vincula à proposta). 
Temos aqui, então, uma típica norma dispositiva: regula dada situação, mas 
apenas no silêncio das partes participantes da relação jurídica. Ela incide, 
pois, de forma supletiva, regulando a relação jurídica frente à omissão das 
partes em disporem de forma diversa daquela nela estipulada. 
Perceba-se que a norma dispositiva goza de imperatividade, apenas em 
grau menor que a norma cogente. Esta incide sempre, independentemente 
de vontade das partes, ao passo que a norma dispositiva pode ter sua 
incidência afastada pela vontade individual. Contudo, se não houver tal 
manifestação de vontade, regrando a relação jurídica em termos diferentes 
do estipulado na norma dispositiva, ela incide integralmente. E esta é, 
precisamente, sua imperatividade. 
Concluímos, então, reforçando as duas afirmações antes formuladas: toda e 
qualquer norma jurídica é imperativa, mas varia o grau de imperatividade 
conforme o tipo de norma jurídica de que se trate, se cogente ou 
dispositiva. 
Tal conclusão aplica-se em tudo e por tudo às normas constitucionais, como 
veremos a seguir. 
A doutrina constitucional italiana, analisando o tema, num estágio inicial 
dividiu as normas constitucionais em duas categorias: normas preceptivas 
e normas programáticas, assim consideradas as normas constitucionais 
que instituem programas de ação para o Estado. 
Tal concepção foi inicialmente elaborada reconhecendo efeitos jurídicos 
distintos às duas categorias de normas constitucionais: os impositivos 
(imperativos) e os meramente indicativos, aqueles aplicáveis às normas 
preceptivas, e estes, às normas programáticas. 
Posteriormente, tal concepção evoluiu, de forma que a doutrina italiana 
passou a reconhecer que todas as normas constitucionais, qualquer que 
seja sua natureza e seu conteúdo, são detentoras imperatividade, 
produzindo efeitos jurídicos sobre seus destinatários e regulando as 
relações jurídicas que constituem seu objeto. Assim, uma visão inicial, que 
vislumbrava as normas programáticas como simples orientações de 
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conduta, sem maior efeito vinculante para os Poderes Públicos, evoluiu para 
uma construção teórica em que essa espécie de norma não consiste apenas 
num aconselhamento, sendo também um comando, uma determinação a 
ser obedecida pelo ente estatal. 
Reconhecido o fato de que as normas programáticas, tais como as 
preceptivas, são detentoras de imperatividade, partiu a doutrina italiana 
para o estabelecimento das diferenças entre uma e outra categoria de 
norma constitucional, arquitetando tais diferenciações a partir de três 
aspectos: os destinatários, o objeto e a natureza dessas normas. 
Quanto aos destinatários, seriam programáticas as normas dirigidas ao 
legislador, encarregado da elaboração da legislação infraconstitucional, e 
preceptivas, as endereçadas ao magistrado e aos cidadãos em geral. Em 
termos gerais, tal distinção afigura-se correta, pois as normas 
programáticas destinam-se precipuamente ao legislador, a quem cabe 
disciplinar os programas a serem executados pelo Estado. Não há como se 
negar, todavia, que de forma indireta elas também alcançam os demais 
agentes estatais, e mesmo aos cidadãos em geral, uma vez que eles 
estarão sujeitos à legislação editada em obediência à norma programática. 
Com relação ao objeto, seriam programáticas aquelas que recaíssem sobre 
a atuação do Estado e preceptivas as direcionadas ao indivíduo, seja para 
regular suas relações jurídicas com o Estado, seja para disciplinar suas 
relações privadas. 
Quanto à natureza, programáticas seriam as normas caracterizadas por 
um elevadograu de abstração, de imprecisão ou mesmo de imperfeição, 
isto é, normas que não possuíssem todos os elementos estruturais 
necessários à plena definição de seu conteúdo, e que não prescrevessem 
sanções específicas para sua inobservância, requerendo, para sua plena 
aplicação, o trabalho do legislador infraconstitucional. Já as normas 
preceptivas seriam as normas dotadas de todos os elementos estruturais 
necessários à deflagração imediata e integral de seus efeitos. 
Vista as diferenças propostas pela doutrina italiana entre as normas 
programáticas e as preceptivas, retornando ao ponto principal até aqui 
abordado, podemos concluir que toda e qualquer norma constitucional, pelo 
só fato de compor o estatuto fundamental do Estado, independente de 
quaisquer outras considerações, goza de imperatividade, produzindo, em 
maior ou menor grau, efeitos jurídicos sobre seus destinatários. 
Prosseguindo na matéria, é indispensável a percepção de que a Constituição 
é composta de duas modalidades básicas de dispositivos – princípios e 
normas -, que apresentam diferenças quanto aos tipos de efeitos jurídicos 
produzidos. Para a análise desta diferença recorreremos às lições de Gabriel 
Dezen Junior. 
Ensina o Professor que os princípios constitucionais, por sua maior 
subjetividade e generalidade ou, de outro modo, menor concreção e 
densidade semântica (comparativamente às normas), permitem amplas 
possibilidades de interpretação e aplicação, o que lhes confere um tempo de 
vida superior ao das normas, destinando-se precipuamente a direcionar o 
trabalho do legislador no momento de elaboração da norma e a servir como 
parâmetro de verificação da compatibilidade da legislação ordinária com a 
Constituição, em especial com os próprios princípios constitucionais. 
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Enfim, presta-se o princípio constitucional, essencialmente, para a 
verificação da constitucionalidade da legislação ordinária em vigor e para a 
orientação da legislação ordinária futura, que deverá consagrar os valores 
neles corporificados. Esses são os dois principais tipos de efeitos jurídicos a 
que se destinam os princípios. 
As normas constitucionais, por sua vez, objetivam tipos diversos de 
efeitos jurídicos. Caracterizadas (em comparação com os princípios) por 
uma maior concreção e densidade semântica, por um grau mais elevado de 
precisão e detalhamento, oferecem ao intérprete menores possibilidades 
interpretativas, o que restringe seu tempo de vida útil. Visam, basicamente, 
a reger a relação jurídica que constitui seu objeto, a disciplinar a situação 
em concreto que se amolda à sua precisão abstrata, a aferir sua 
constitucionalidade. 
Apenas para ilustrar a diferença, transcreveremos dois dispositivos 
constitucionais: 
“Art. 37. A administração direta e indireta de qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá 
aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade 
e eficiência, e, também, ao seguinte: 
(...) 
II – a investidura em cargo ou emprego público depende de 
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e 
títulos, de acordo com a natureza e o grau de complexidade do cargo 
ou emprego, na forma da lei, ressalvadas as nomeações para cargo 
em comissão, declarado em lei de livre nomeação e exoneração; 
(...)” 
O caput do art. 37 enumera cinco princípios constitucionais de observância 
obrigatória por toda a Administração direta e indireta, qualquer que seja o 
Poder ou a esfera de governo que ela integre. Perceba-se que a 
Constituição, neste dispositivo, limita-se a identificar tais princípios, 
conferindo ao intérprete da Carta uma ampla gama de possibilidades 
interpretativas, uma variedade de sentidos e definições que ele pode 
descobrir inserido no princípio, o que permitirá sua aplicação numa 
infinidade de situações. É evidente que a previsão não objetiva uma 
situação em especial, não visa a regular um caso específico, ao contrário, 
destina-se ela a abranger um sem-número de casos em que poderão incidir 
os referidos princípios, os quais, ademais, devem ser valorizados pelo 
legislador, ao elaborar as diversas leis aplicáveis à Administração, bem 
como pelo magistrado, que deverá decretar a nulidade, por inconformidade 
com a Constituição, de qualquer ato normativo ou concreto que afronte a 
disposição. 
Já o inc. II do art. 37, que traz uma norma constitucional, é de aplicação 
muito mais restrita. Trata-se de dispositivo que estabelece uma dos 
requisitos indispensáveis para a específica hipótese que regula: provimento 
de cargos efetivos e empregos públicos. Prescreve, pois, uma condição para 
que os cargos efetivos e empregos públicos sejam validamente preenchidos 
– aprovação em concurso público – e sua utilidade essencial reside aí. O 
dispositivo aplica-se exclusivamente a tal situação, e não permite 
praticamente nenhuma margem de interpretação na sua aplicação: ou 
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houve a aprovação em concurso público, ou é inconstitucional o ato de 
provimento. 
Em conclusão, temos, de um lado, os princípios constitucionais, de menor 
densidade semântica e maior grau de abstração, características que 
possibilitam ao jurista amplas possibilidades de interpretação, assegurando-
lhes uma maior longevidade. São úteis, principalmente, como orientação 
para a legislação futura e verificação da compatibilidade da legislação 
anterior à Constituição.De outro lado, temos as normas constitucionais, 
diferenciadas pela maior densidade semântica e menor nível de abstração, 
características que limita suas possibilidades de interpretação e acarretam 
menor longevidade. Prestam-se, principalmente, para a regulação da 
situação específica nela normatizada. 
Como último ponto introdutório, cabe apenas ressaltar que todos os 
dispositivos constitucionais gozam de superioridade hierárquica sobre a 
legislação ordinária. No Brasil, acompanhando a tendência contemporânea, 
adotamos um conceito formal de Constituição, e, consequentemente, um 
conceito formal de supremacia da Constituição (assunto que abordaremos 
com mais vagar em outra aula), de modo que todo e qualquer dispositivo, 
pelo só fato de estar prescrito em nossa Constituição, goza de supremacia, 
de superioridade hierárquica sobre as demais normas integrantes de nosso 
ordenamento jurídico. 
Reunindo os apontamentos até aqui formulados, temos, então, que na 
análise das normas constitucionais três pontos devem ser ressaltados: 
1º) toda Constituição é composta de dois tipos de dispositivos, princípios e 
normas, os primeiros caracterizados por um maior grau de generalidade e 
abstração, o que permite inúmeras interpretações de seu sentido e sua 
aplicação em uma infinidade de situações diversas. Já as normas são 
dispositivos de maior concreção, maior nível de detalhamento, o que reduz 
consideravelmente as possibilidades interpretativas. Ademais, destinam-se 
a regular situações específicas; 
2º) todos os princípios e normas constitucionais, por estarem prescritos na 
Constituição, gozam de superioridade hierárquica com relação à legislação 
ordinária. Qualquer divergência é decidida necessariamente em seu favor; 
3º) é veemente negada pela moderna doutrina constitucionalista a 
possibilidade de existirem dispositivos constitucionais despidos de 
imperatividade, de eficácia jurídica. Em maior ou menor grau, conforme o 
tipo de dispositivo ou a maior ou menor precisão de sua redação, todos os 
dispositivos constitucionais possuem eficácia jurídica, imperatividade, carga 
cogente, regulando as relações jurídicas que constituem seu objeto e seus 
respectivos destinatários.A seguir, apresentaremos rapidamente os conceitos de validade (ou 
validez), vigência e eficácia das normas constitucionais. Apenas uma 
observação: no decorrer da aula, quando empregarmos o termo normas, 
estaremos utilizando-o com sentido mais genérico, significando dispositivo, 
com o que estão englobados também os princípios. Nossa escolha decorre 
da forma como a matéria é usualmente tratada pela doutrina. 
 
2) VALIDEZ, VIGÊNCIA E EFICÁCIA: 
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Inicialmente, trataremos destes três institutos aplicáveis à generalidade das 
normas jurídicas. 
Nesse contexto, validade significa que a norma jurídica foi produzida em 
conformidade com os preceitos, materiais e formais, da 
Constituição. 
A validez não deve ser confundida com a vigência, sendo esta a aptidão 
da norma para produzir efeitos jurídicos. Uma fez produzida a norma, 
ela ainda não está apta à produção de efeitos jurídicos, ela ainda não vige, 
por ainda não ter poder para impor seus comandos aos seus destinatários. 
A vigência – a aquisição de seu caráter de obrigatoriedade – pode ser 
definida de dois modos: (a) por expressa prescrição na própria norma, que 
em seu texto define o momento em que se iniciará sua vigência; ou (b) pela 
aplicação das regras da lei de Introdução do Código Civil (LICC), incidentes 
quando omissa na matéria a própria norma. Assim, se a própria norma não 
define o período a partir do qual começa a vigorar, aplicam-se as normas da 
LICC, segundo as quais, frente a tal omissão, a vigência da norma inicia-se 
45 depois de sua publicação, no Brasil, e 90 dias, no exterior. 
Eficácia, por sua vez, pode ser compreendida sob duas perspectivas 
distintas. Pela primeira, corresponde à efetiva observância da norma 
pelos seus destinatários; a denominada eficácia social. Pela segunda, 
corresponde à aptidão da norma para a produção de efeitos jurídicos, 
independentemente da real sujeição dos destinatários a seus preceitos; a 
chamada eficácia técnica ou jurídica. 
Transladando tais conceitos para o Direito Constitucional, temos que: 
- no que toca à validade, esta perde a relevância no que toca à própria 
Constituição, uma vez que a obra do poder constituinte originário não está 
sujeita a qualquer regra de norma ou de fundo. Logo, nada a ser alegado 
quanto à sua validade. Esta adquire relevo, todavia, quanto às alterações 
promovidas no texto constitucional. Tais alterações estão sujeitas material e 
formalmente aos preceitos da Constituição. Logo, serão inválidas quando 
desconformes para com eles; 
- quanto à vigência, nada de novo, pois corresponde à data em que a 
Constituição, já promulgada e publicada, entrou em vigor, ou seja, adquiriu 
aptidão para produzir efeitos jurídicos. A Constituição de 1988, por 
exemplo, entrou em vigor em 05 de outubro de 1988, embora alguns de 
seus dispositivos tenham tido sua vigência diferida, por determinação neles 
mesmo contida; 
- quanto à eficácia, aplicam-se também os conceitos anteriormente 
apresentados. A eficácia técnica ou jurídica confunde-se com a vigência: 
desse modo uma Constituição vigente é juridicamente eficaz, e vice versa. 
Este é o sentido usual de eficácia. 
Já a eficácia social exige mais: não basta que a Constituição esteja em 
vigor, é necessário que ela efetivamente seja obedecida por seus 
destinatários, é indispensável que estes reconheçam sua posição de 
estatuto supremo do Estado e conformem sua conduta aos seus comandos. 
Desse modo, uma Constituição vigente pode não possuir de eficácia social, 
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o que ocorre quando, apesar de estar formalmente em vigor, é 
desconsiderada pelos seus destinatários. 
Na verdade, o mais comum é que a Constituição, genericamente falando, 
goze de eficácia social, enquanto que algumas de suas normas são despidas 
da mesma. Assim, a Constituição, como um todo, possui eficácia social, 
sendo acatada pelos seus destinatários, mas alguns de seus dispositivos são 
por estes desconsiderados, gozando somente de eficácia jurídica. 
Passemos, agora, ao tópico principal dessa unidade. 
 
3) CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
3.1) CLASSIFICAÇÃO NORTE-AMERICANA 
A doutrina norte-americana construiu uma classificação que até hoje 
mantém sua utilidade no estudo das Constituições escritas, diferenciando as 
normas constitucionais em auto-aplicáveis ou auto-executáveis e não auto-
aplicáveis ou não auto-executáveis. 
As normas constitucionais auto-aplicáveis ou auto-executáveis são 
aquelas que possuem todos os elementos necessários à integral 
produção de seus efeitos jurídicos, não requerendo, para tanto, 
complementação pela legislação ordinária. São normas cuja redação desce 
a um nível de precisão, de detalhamento, que permite sua imediata 
aplicação, independentemente da edição de quaisquer outras normas 
infraconstitucionais. 
As normas constitucionais não auto-aplicáveis ou não auto-
executáveis, ao contrário, são aquelas que requerem necessariamente 
complementação pela legislação ordinária, como requisito para a integral 
deflagração de sua eficácia jurídica. São normas cuja construção não conta 
com todos os elementos estruturais de uma norma jurídica, o que impede a 
plena produção de seus efeitos até que venham a ser complementadas pela 
legislação ordinária. 
 
3.2) CLASSIFICAÇÃO DE AZZARITTI 
Gaetano Azzaritti, doutrinador italiano, classificou as normas constitucionais 
em duas modalidades: normas preceptivas e normas programáticas, 
aquelas detentoras de imperatividade, de eficácia jurídica, estas 
despidas de imperatividade, equiparando-se a um enunciado de 
natureza política ou filosófica. 
Na sua visão, apenas as normas preceptivas seriam verdadeiras normas 
jurídicas, pois detentoras de eficácia jurídica, do poder de impor-se aos 
seus destinatários e obriga-los a conformar sua conduta com os preceitos 
nela contidos. As normas programáticas, apesar de constarem da 
Constituição, não seriam efetivamente normas jurídicas, pois destituídas de 
eficácia jurídica. Teriam o valor de meros aconselhamentos, sem obrigar 
seus destinatários a agir nos termos por ela indicados. 
A classificação de Azzaritti foi formulada nos primórdios dos estudos 
constitucionalistas na Itália, quando então se admitia, como vimos, um 
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fenômeno contraditório: a existência de normas no ordenamento jurídico 
supremo do Estado – sua Constituição – que não seriam efetivamente 
normas jurídicas, já que não tinham poder de impor-se aos seus 
destinatários. 
 
3.3) CLASSIFICAÇÃO DE CRISAFULI 
Todavia, essa concepção italiana inicial logo caiu por terra, com a obra de 
Vésio Crisafuli, que classificou as normas constitucionais em três 
modalidades: normas programáticas, normas imediatamente 
preceptivas e normas de eficácia diferida. 
Sem adentrar nos pormenores de seu raciocínio, importa-nos destacar que 
este doutrinador superou a visão italiana inicial, que reconhecia efeitos 
meramente indicativos às normas programáticas, as quais passaram a ter 
reconhecida sua condição de verdadeira norma jurídica, pois detentoras de 
eficácia jurídica. 
Seu ponto de vista logo se consolidou, e, a partir de então, é tranqüilo o 
entendimento de que todas as normas constitucionais, justamente pelo fato 
de constarem no estatuto jurídico supremo do Estado, são normas jurídicas 
propriamente ditas, de cumprimento obrigatório pelos seus destinatários. 
 
3.4) CLASSIFICAÇÃO DE RUY BARBOSA 
A classificação desse eminente jurista nada mais é, na verdade, doque a 
transposição para o Direito Constitucional brasileiro da classificação norte-
americana, que dividiu as normas de uma Constituição em duas categorias: 
normas constitucionais auto-aplicáveis ou auto-executáveis e normas 
constitucionais não auto-aplicáveis ou não auto-executáveis. 
Aqui como lá, as normas auto-executáveis são aquelas que possuem todos 
os elementos necessários à plena produção de seus efeitos jurídicos, 
estando aptas para tanto já no momento em que a Constituição entra em 
vigor. Não requerem, pois, a edição de legislação ordinária que complete 
seus preceitos. 
Por outro lado, as normas não auto-executáveis são normas incompletas, 
porque não elaboradas com todos os elementos necessários à integral 
deflagração de sua eficácia jurídica. De um modo geral, são normas que 
estabelecem princípios a serem observados pelos órgãos estatais, ou 
mesmo pela coletividade, ou que dispõem sobre programas a serem 
executados pelo Estado, exigindo regulação pela legislação ordinária como 
requisito para a produção da totalidade dos efeitos jurídicos pretendidos 
pelo legislador constituinte. 
Advirta-se, entretanto, que tais normas, com a entrada em vigor da 
Constituição, mesmo antes de editada a legislação complementar, já tem 
aptidão para a produção de efeitos jurídicos, pois sua inserção na 
Constituição automaticamente revoga toda a legislação ordinária precedente 
incompatível com seus preceitos, e torna inconstitucional toda a legislação 
ordinária posterior que apresente o mesmo vício. Negar-se tais efeitos é 
negar a essas normas a condição de normas jurídicas, o que é refutado pela 
doutrina constitucional contemporânea. 
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As normas não auto-executáveis são, enfim, normas jurídicas que, desde a 
entrada em vigor da Constituição, já produzem os efeitos jurídicos acima 
indicados, estando a produção da plenitude de seus efeitos condicionada à 
elaboração da legislação infraconstitucional requerida. 
 
3.5) CLASSIFICAÇÃO DE LUIZ ROBERTO BARROSO 
Luiz Roberto Barroso elaborou uma classificação em que reconhece três 
grupos distintos de normas constitucionais, (a) as normas constitucionais 
definidoras de direitos; (b) as normas constitucionais de organização e 
(c) as normas constitucionais programáticas. 
 As normas constitucionais definidoras de direitos têm por objeto a previsão 
dos direitos e garantias fundamentais. 
As normas constitucionais de organização têm por objeto o estabelecimento 
de regras relativas à organização do Estado e ao exercício do poder, 
tratando de temas como forma de Estado, forma e regime de Governo, 
separação dos Poderes, meios de aquisição e perda do poder, entre outros. 
E as normas programáticas, por sua via, são aquelas que estabelecem 
finalidades para a ação estatal. 
 
3.6) CLASSIFICAÇÃO DE CELSO BASTOS E CARLOS AYRES BRITO 
Os citados mestres produziram uma classificação que subdivide as normas 
constitucionais em dois grandes grupos: as normas de aplicação, 
subdivididas, por sua vez, em regulamentáveis e irregulamentáveis; e 
as normas de integração, que apresentam como subtipos as normas 
completáveis e as normas restringíveis. 
As normas de aplicação são as normas da Constituição que já possuem 
todos os elementos necessários para a produção da totalidade de seus 
efeitos jurídicos, pois apresentam em seu corpo os três os elementos lógico-
estruturais de uma norma jurídica: hipótese, mandamento e conseqüência. 
Tais normas já regulam suficiente a matéria que é seu conteúdo, 
estabelecendo com precisão a hipótese em que se aplicam, a conduta a ser 
observada, e as conseqüências da sua incidência. 
Subdividem-se em normas de aplicação irregulamentáveis, que não 
admitem complementação pela legislação ordinária, restringindo-se seu 
disciplinamento à própria Constituição; e normas de aplicação 
regulamentáveis, que permitem sua complementação pela legislação 
infraconstitucional. 
Já as normas de integração são aquelas que não possuem, em si 
mesmas, aptidão para a produção de efeitos jurídicos na forma desejada 
pelo legislador constituinte, por não apresentarem em seu corpo alguns dos 
três elementos lógico-estruturais. Para a produção de tais efeitos faz-se 
indispensável o disciplinamento infraconstitucional. 
Subdividem-se em normas de integração completáveis, que tem na 
elaboração da legislação ordinária a condição para a produção integral de 
seus efeitos; e normas de integração restringíveis, que permitem sua 
limitação pela legislação infraconstitucional. 
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3.7) CLASSIFICAÇÃO DE ZAGREBELSKI 
Zagrebelski constrói sua classificação tendo por critério diferenciador a 
eficácia das normas constitucionais, a partir do que estabelece duas 
modalidades de normas constitucionais: as normas de eficácia direta e as 
normas de eficácia indireta, estas, subdivididas em normas de eficácia 
diferida, normas de princípio e normas programáticas. 
As normas constitucionais de eficácia direta são aquelas que possuem uma 
estrutura redacional suficientemente completa para produzir 
imediatamente todos os efeitos jurídicos a que se predispõem, sendo 
passíveis, desde sua prescrição no texto constitucional, de aplicação pelo 
Poder Judiciário e pela Administração Pública, e de observância pelos 
indivíduos em geral. 
Normas de eficácia indireta, por seu turno, são aquelas que não possuem 
uma estrutura completa, a qual deve ser objeto de elaboração pela 
legislação infraconstitucional. Subdividem-se em 
-a) normas de eficácia diferida, como as que prescrevem as linhas gerais de 
certos órgãos e entidades, ficam sua efetiva criação a cargo da legislação 
ordinária; 
b) normas de princípio, que se limitam a prever o valor jurídico (isonomia, 
razoabilidade etc), ficando a cargo da legislação ordinária definir suas 
múltiplas aplicações (embora o Autor não negue que a própria previsão do 
princípio, a partir de sua interpretação pela doutrina e pela jurisprudência, 
pode gerar, por si só, conseqüências jurídicas); e 
c) normas programáticas, que estabelecem programas a serem postos em 
funcionamento pelo Estado, tanto a nível legislativo como executivo. 
 
3.8) CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ 
A Professora Maria Helena Diniz elaborou uma classificação em que são 
identificadas quatro espécies de normas constitucionais: as normas 
supereficazes ou com eficácia absoluta; as normas com eficácia plena; 
as normas com eficácia restringível e as normas com eficácia relativa 
complementável. 
As normas supereficazes ou com eficácia absoluta, nas palavras de Gabriel 
Dezen Junior, são aquelas “dotadas de efeito paralisante de toda a 
legislação infraconstitucional com elas incompatíveis, as quais vêm sendo 
identificadas nas cláusulas pétreas”. 
As normas com eficácia plena, por sua vez, são as normas constitucionais 
que não requerem complementação pela legislação ordinária, já possuindo 
todos os elementos indispensáveis para a produção imediata da totalidade 
de seus efeitos jurídicos. Nas palavras da Professora, “consistem, por 
exemplo, nos preceitos que contenham proibições, confiram isenções, 
prerrogativas e que não indiquem órgãos ou processos especiais para sua 
execução”. 
Já as normas com eficácia restringível são as normas da Constituição que, 
desde sua entrada em vigor, já possuem todos os elementos necessários 
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para a integral produção de seus efeitos jurídicos, admitindo, entretanto, 
que tais efeitos sejam restringidos pela legislação infraconstitucional.E, por fim, as normas de eficácia relativa complementável (subdividas em 
normas de princípio institutivo e de princípio programático), que não 
possuem, por si sós, condições para a integral produção de seus efeitos 
jurídicos, para o que se faz indispensável a complementação pela legislação 
infraconstitucional. 
 
3.9) CLASSIFICAÇÃO DE JOSÉ AFONSO DA SILVA 
É da autoria do Professor José Afonso da Silva a famosa classificação das 
normas constitucionais em (a) normas constitucionais de eficácia 
plena, (b) normas constitucionais de eficácia contida e (c) normas 
constitucionais de eficácia limitada. 
Normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que, desde a entrada 
em vigor da Constituição, estão aptas a produzir na integralidade os efeitos 
jurídicos a que se predispõem. São normas, portanto, que trazem em si 
mesmas todos os elementos necessários à plena deflagração de seus 
efeitos, sem necessidade de normatização infraconstitucional posterior que 
as complemente. Em virtude disso, possuem aplicabilidade direta, 
imediata e integral. 
Norma dessa espécie encontra-se, por exemplo, no art. 5o, II, da CF, o qual 
dispõe que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei”. O dispositivo estabelece o princípio da legalidade, 
de imediata e integral aplicação, independentemente da elaboração de 
qualquer norma complementar. 
Normas constitucionais de eficácia contida, por sua vez, são aquelas que 
possuem todos os elementos necessários à imediata produção de 
seus efeitos, mas admitem que os mesmos sejam restringidos pela 
legislação infraconstitucional, por certos conceitos jurídicos nela 
mesmo prescritos ou mesmo por outras normas constitucionais. 
Considera-se que tais normas têm aplicabilidade direta e imediata, como 
as normas de eficácia plena, porque aptas a produzir imediatamente seus 
efeitos, mas não integral, porque admitem restrição na amplitude de tais 
efeitos. 
Como apontado, as normas de eficácia contida podem ter seus efeitos 
limitados por força da legislação infraconstitucional, por determinados 
conceitos jurídicos largamente aceitos ou por outras normas constitucionais. 
Como exemplo do primeiro caso – restrição pela legislação 
infraconstitucional – podemos citar o art. 5o, XIII, da CF, segundo o qual “é 
livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer”. O dispositivo traz um 
direito assegurado a todos, independentemente de lei, mas admite uma 
legislação posterior que estabeleça os requisitos para o exercício de 
determinado trabalho, ofício ou profissão, desta forma restringindo o seu 
alcance. 
Aplicada a regra a um caso concreto, temos que atualmente não há 
qualquer regulação sobre o ofício de massagista, não há qualquer requisito 
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de cumprimento obrigatório para aqueles que pretendem exercer o ofício. 
Logo, tal exercício é, até o presente momento, livre para todos os 
interessados. Entretanto, o art. 5º, XIII, da CF, autoriza que seja editada 
uma lei estabelecendo requisitos para o ofício, a partir do que poderão atuar 
como massagista somente aqueles que preencherem os requisitos legais. É 
esse o raciocínio que envolve a compreensão de toda e qualquer norma 
constitucional de eficácia contida. 
No segundo caso, a restrição se dá por força de determinados conceitos 
jurídicos, amplamente aceitos pela doutrina e pela jurisprudência, em 
função de sua antiga e constante utilização pela legislação, como “interesse 
público”, “bons costumes”, “segurança nacional”, “ordem pública”, entre 
outros. Tais conceitos estão previstos na própria norma de eficácia contida, 
e sua interpretação pode implicar na redução de seus efeitos. 
É o que pode ocorrer, por exemplo, na aplicação do inc. XXV do art. 5º da 
CF. Reza o dispositivo que “no caso de iminente perigo público, a autoridade 
competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao 
proprietário indenização ulterior, se houver dano”. A interpretação da 
expressão “iminente perigo público” pelas autoridades competentes 
implicará em restrição na aplicação do instituto previsto na norma (a 
requisição administrativa) 
E, temos, como terceira hipótese de redução dos efeitos das normas de 
eficácia contida, as demais normas constantes da Constituição. O inc. XII do 
art. 5º da CF, por exemplo, assegura o direito à inviolabilidade da 
correspondência, mas tal direito admite restrições no estado de sítio, pela 
aplicação do inc. III do art. 139 da CF. 
Por fim, existem as normas constitucionais de eficácia limitada, aquelas 
que não foram elaboradas com todos os elementos indispensáveis à plena 
produção de seus efeitos, necessitando, para tanto, da edição de uma 
legislação infraconstitucional posterior que as complemente. Enquanto não 
editada essa legislação, não estão aptas para a produção integral de seus 
efeitos. Em função disso, afirma-se que sua aplicabilidade é indireta, 
mediata e reduzida. 
Não se conclua, a partir disso, que as normas de eficácia limitada, por si só, 
não possuam qualquer eficácia jurídica. Elas detêm, independentemente de 
qualquer providência complementar, uma eficácia mínima, também 
denominada negativa, adquirida desde o momento da entrada em vigor da 
Constituição, qual seja: a revogação da legislação anterior com ela 
incompatível e a inconstitucionalidade da legislação posterior que, do 
mesmo modo, afronte seus preceitos. 
Exemplo de norma de eficácia limitada é a prescrita no art. 5o, VII, da CF, 
segundo o qual “é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva”. 
O dispositivo estabelece um direito, mas o mesmo é passível de exercício 
somente quando editada a lei nele requerida. Todavia, desde a entrada em 
vigor da Constituição, independentemente de legislação ordinária, por si só 
revogou eventual legislação anterior que vedasse a assistência religiosa nas 
entidades civis (p. ex., hospitais) e militares (p. ex., quartéis) de internação 
coletiva, e tornou inconstitucional qualquer norma posta em legislação 
superveniente que pretenda estabelecer essa proibição. 
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13
As normas constitucionais de eficácia limitada admitem subdivisão em 
duas modalidades: normas constitucionais de princípio institutivo e 
normas constitucionais de princípio programático. 
Normas constitucionais de princípio institutivo são as que prescrevem 
os traçados gerais de estruturação e as atribuições de órgãos, 
entidades ou institutos, determinando ao legislador ordinário que, com 
maior ou menor liberdade, edite lei que estabeleça efetivamente tais 
órgãos, entidades ou institutos, e especifique suas atribuições. 
A norma constitucional de princípio institutivo pode ser impositiva (normas 
de princípio institutivo impositivas), quando impõe ao legislador ordinário, 
como dever, a elaboração da legislação, como se observa, por exemplo, no 
§ 7º do art. 144 da CF (“A lei disciplinará a organização e o funcionamento 
dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a 
eficiência de suas atividades”); ou pode ser permissiva (normas de 
princípio institutivo permissivas ou facultativas), quando confere ao 
legislador uma mera faculdade, uma competência de exercício não 
obrigatório, como se observa, por exemplo, no § 8º do art. 144 da CF (“Os 
Municípios poderão constituir guardas municipais, destinadas à proteção de 
seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei”). 
Ademais, perceba-se que, nos dois exemplos citados, a norma 
constitucionalestabeleceu alguns elementos de observância obrigatória 
quando da elaboração da legislação ordinária: no primeiro caso, a lei que 
regulará a organização dos órgãos de segurança pública deverá estabelecer 
regras que assegurem sua eficiência; no segundo, a lei local que criar a 
Guarda municipal poderá atribuir-lhe somente as atribuições de proteção 
dos bens e serviços e instalações municipais, sem possibilidade de 
ampliação dessa competência. 
Entretanto, a prescrição desses elementos limitadores da competência 
legislativa não é uma regra geral, pois a norma constitucional pode outorgar 
a competência sem estabelecer qualquer restrição em seu próprio texto, 
como se nota, por exemplo, no art. 128, § 5º, da CF, que faculta aos 
Procuradores-Gerais da União e dos Estados a elaboração de projeto de lei 
que disponha sobre a organização, as atribuições e o estatuto dos 
respectivos Ministérios Públicos, sem prescrever qualquer elemento 
limitativo de tal competência. Entenda-se: a própria norma que prevê a 
competência não traz qualquer limitação, o que não significa que estas não 
existam, a partir da aplicação de outras normas constitucionais. 
Pode-se citar, também, o art. 33, o qual determina, simplesmente, que “a 
lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios”; e 
o art. 91, § 2o, conforme o qual “a lei regulará a organização e o 
funcionamento do Conselho de Defesa Nacional. 
Normas constitucionais de princípio programático, segunda categoria de 
normas de eficácia limitada, são as normas constitucionais que instituem 
programas de ação para o Estado. 
Na lição do Professor Vicente Paulo, com base nos ensinamentos de José 
Afonso da Silva, as normas programáticas: 
são aquelas (de eficácia limitada) pelas quais o constituinte, em vez 
de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-
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se a lhes traçar os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos 
(legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como 
programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins 
sociais do Estado. Constituem programas a serem realizados pelo 
Poder Público, disciplinando os interesses econômico-sociais, tais 
como: realização da justiça social; valorização do trabalho; amparo à 
família; combate à ignorância etc. 
Em tais normas, o constituinte não remete simplesmente à lei o seu 
intento; estabelece como finalidade um princípio, mas não impõe 
propriamente ao legislador a tarefa de executá-los, requer, na 
verdade, uma política de seus órgãos, pertinentes à satisfação dos 
fins propostos (...) 
São, em suma, normas caracterizadas por um alto grau de abstração, 
estabelecendo um programa de ação para o Estado, os objetivos a serem 
nele perseguidos e os princípios a serem observados na sua persecução. A 
eficácia dessas normas é, efetivamente, em parte limitada ou, melhor 
dizendo, diferida, pois sua aplicabilidade plena pressupõe a atuação do 
Estado, por qualquer de seus Poderes, elaborando a legislação necessária 
para a completa deflagração de seus efeitos ou adotando medidas concretas 
com a mesma finalidade. Possuem, todavia, um efeito jurídico imediato, 
independente de qualquer construção normativa posterior, a chamada 
eficácia negativa, anteriormente mencionada, que é a vedação à 
elaboração de normas que disponham de forma contrária às suas 
prescrições e a revogação de toda e qualquer norma ordinária 
eventualmente existente que disponha em sentido contrário. 
As normas programáticas são normas típicas das Constituições dirigentes. 
Relembrando, tais Constituições são aquelas que se voltam precipuamente 
para o futuro, estipulando programas de ação para o Estado. Ora, são 
justamente as normas programáticas que prescrevem tais programas, logo, 
podemos inferir que não só as normas programáticas são típicas de 
Constituições dirigentes, mas que uma Constituição é assim classificada 
justamente por conter em seu texto normas programáticas. 
Ilustrando a exposição, trazemos como exemplo de norma programática o 
art. 170 da Constituição, o qual dispõe que a “ordem econômica, fundada 
na valorização do trabalho e da livre iniciativa, tem por fim assegurar a 
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados 
os seguintes princípios (...)”. O dispositivo prescreve os elementos que 
embasam a ordem econômica, os objetivos que dentro dela devem ser 
alcançados e os princípios que nela devem ser respeitados. A eficácia 
negativa dessa norma consiste, pois, precisamente, em impedir a 
elaboração de qualquer norma que contrarie suas disposições. A partir da 
edição da legislação que a regule, pormenorizando-a e ampliando em muito 
seu leque de aplicação, teremos o que poderíamos chamar de eficácia 
positiva de uma norma programática: sua aplicação integral, plena, em 
obediência à vontade do legislador constituinte originário. 
Segundo José Afonso da Silva, há três tipos de normas programáticas: (a) 
normas programáticas relacionadas com o princípio da legalidade 
(como o inc. XXVII do art. 7º, que assegura a “proteção em face da 
automação, na forma da lei”); normas programáticas relativas aos 
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Poderes Públicos (como o art. 227, § 1º, segundo o qual “o Estado 
promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do 
adolescente...” e o art. 218, segundo o qual “o Estado promoverá e 
incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação 
tecnológicas”); e normas programáticas referentes à ordem econômico-
social em geral (como o art. 178, caput, segundo o qual “a lei disporá 
sobre a ordenação dos transportes aéreos, aquático e terrestre ...”). 
Encerrando, compilamos lição de Vicente Paulo sobre a diferença entre as 
normas de eficácia contida e limitada: 
 “a) com a promulgação da Constituição, a força de tais normas é 
distinta: as normas de eficácia contida são de aplicabilidade direta e 
imediata, vale dizer, o direito nelas previsto é imediatamente 
exercitável, desde a promulgação da Constituição; as normas de 
eficácia limitada são de aplicabilidade indireta e mediata, vale dizer, 
não produzem seus plenos efeitos desde a promulgação da 
Constituição, ficando o exercício do direito nelas previsto dependente 
da edição de regulamentação ordinária; 
 b) ambas requerem normatização legislativa, mas a finalidade dessa 
normatização ordinária é distinta: nas normas de eficácia contida, a 
norma regulamentadora virá para restringir, para impor limites ao 
exercício do direito (que, até então, desde a promulgação da 
Constituição, era amplamente exercitável); nas normas de eficácia 
limitada, a norma regulamentadora virá para assegurar, para tornar 
viável o exercício do direito (cujo exercício, até então, estava 
impedido); 
c) a ausência de regulamentação implica conseqüências distintas: em 
se tratando de norma de eficácia contida, enquanto não houver 
regulamentação ordinária, o exercício do direito é amplo (a legislação 
ordinária virá para impor restrições ao exercício desse direito); em se 
tratando de norma de eficácia limitada, enquanto não houver 
regulamentação ordinária, o exercício do direito permanece obstado, 
impedido (a legislação ordinária virá para tornar viável o exercício 
desse direito).” 
 
3.10) NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA EXAURIDA 
As normas constitucionais de eficácia exaurida (ou de aplicabilidade 
esgotada), definidas por Uadi Lammêgo Bulos, são aquelas que já 
produziram todos os efeitos jurídicos para os quais foram editadas, 
sendo encontradas no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
(ADCT). 
Exemplificativamente,podemos citar como norma constitucional desta 
espécie a contida no art. 3º do ADCT, que prevê o processo de revisão 
constitucional, a ser instaurado uma só vez, após 05 anos da promulgação 
da Constituição. 
Esta norma já foi aplicada em 1994, quando, então, foi instaurado o 
referido processo, dele resultando a edição de seis emendas (emendas 
constitucionais de revisão). Como não há possibilidade de ser iniciado um 
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novo processo desta natureza, a norma prescrita no referido dispositivo é 
de eficácia exaurida, tendo encerrado a produção de seus efeitos jurídicos. 
 
 
 
QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES 
 
 
 
1 (CESPE/Auditor do TCDF/2002) As normas constitucionais 
programáticas, enquanto não-realizadas mediante atividade estatal 
administrativa ou legislativa, não podem revogar atos normativos 
anteriores que disponham em sentido colidente com o princípio nelas 
substanciado. 
 
2 (CESPE/Analista Legislativo – Câmara dos Deputados/2002) - 
Quanto aos destinatários, as normas programáticas de natureza 
concreta e perfeitas diferem das normas preceptivas pelo fato de 
serem destinadas tanto para a atividade do Poder Judiciário quanto 
para o Poder Legislativo. 
 
3 (CESPE/Analista Legislativo – Câmara dos Deputados/2002) - As 
normas programáticas podem ser consideradas semelhantes no que 
diz respeito à matéria e ao destinatário e se diferenciam no que 
concerne à eficácia. 
 
4 (CESPE/Defensor Público da União – 2004) - Embora as normas 
programáticas sejam alvo de críticas, ao menos parte da doutrina as 
reconhece; considerando-as existentes, o destinatário dessas 
normas, juridicamente, é o Poder Executivo. 
 
5 (CESPE/Procurador Federal de 2ª Categoria – AGU - 2004) - As 
normas programáticas são normas jurídico-constitucionais de 
aplicação diferida que prescrevem obrigações de resultados, e não 
obrigações de meio, sendo, no caso brasileiro, vinculadas ao princípio 
da legalidade ou referidas aos poderes públicos ou dirigidas à ordem 
econômico-social. 
 
6 (CESPE/Procurador Consultivo – MP TCE/PE – 2004) - No caso das 
normas constitucionais conhecidas como programáticas, assim como 
no das classificadas como de eficácia limitada, é juridicamente válido 
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o advento de norma infraconstitucional que lhes seja contrária, 
justamente porque a eficácia delas é deficiente. 
 
7 (ESAF/AFRF/2002) - Assinale a opção correta. 
a) É típico de uma Constituição dirigente apresentar em seu corpo 
normas programáticas. 
b) Uma lei ordinária que destoa de uma norma programática da 
Constituição não pode ser considerada inconstitucional. 
c) Uma norma constitucional programática, por representar um 
programa de ação política, não possui eficácia jurídica. 
d) Uma Constituição rígida não pode abrigar normas programáticas 
em seu texto. 
e) Toda Constituição semi-rígida, por decorrência da sua própria 
natureza, será uma Constituição histórica. 
 
8 (ESAF/AFRF/2003) – Assinale a alternativa correta: 
a) A norma constitucional programática, porque somente delineia 
programa de ação para os poderes públicos, não é considerada 
norma jurídica. 
b) Chama-se norma constitucional de eficácia limitada aquela emenda 
à Constituição que já foi votada e aprovada no Congresso Nacional, 
mas ainda não entrou em vigor, por não ter sido promulgada. 
c) Somente o Supremo Tribunal Federal – STF está juridicamente 
autorizado para interpretar a Constituição. 
d) Da Constituição em vigor pode ser dito que corresponde ao modelo 
de Constituição escrita, dogmática, promulgada e rígida. 
e) Os princípios da Constituição que se classificam como cláusulas 
pétreas são hierarquicamente superiores às demais normas 
concebidas pelo poder constituinte originário. 
 
9 (ESAF/AFT/2003) - Analise as assertivas a seguir, relativas à 
eficácia das normas constitucionais e às concepções de constituição, 
e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, 
marque a opção correta. 
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas de eficácia contida são de 
aplicabilidade direta e imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de 
aplicação restringido por uma legislação futura, por outras normas 
constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos. 
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas constitucionais de eficácia 
limitada são do tipo normas declaratórias de princípios institutivos 
quando: determinam ao legislador, em termos peremptórios, a 
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emissão de uma legislação integrativa; ou facultam ao legislador a 
possibilidade de elaborar uma lei, na forma, condições e para os fins 
previstos; ou possuem esquemas gerais, que dão a estrutura básica 
da instituição, órgão ou entidade a que se referem, deixando para o 
legislador ordinário a tarefa de estruturá-los, em definitivo, mediante 
lei. 
( ) A concepção de constituição, defendida por Konrad Hesse, não 
tem pontos em comum com a concepção de constituição defendida 
por Ferdinand Lassale, uma vez que, para Konrad Hesse, os fatores 
históricos, políticos e sociais presentes na sociedade não concorrem 
para a força normativa da constituição. 
( ) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial 
instaurador do processo de criação das normas positivas, seria a 
constituição em seu sentido lógico-jurídico. 
( ) A constituição, na sua concepção formal, seria um conjunto de 
normas legislativas que se distinguem das não constitucionais em 
razão de serem produzidas por processo legislativo mais dificultoso, o 
qual pode se materializar sob a forma da necessidade de um órgão 
legislativo especial para elaborar a Constituição – Assembléia 
Constituinte – ou sob a forma de um quorum superior ao exigido para 
a aprovação, no Congresso Nacional das leis ordinárias. 
a) V, F, V, F, V 
b) V, F, F, V, V 
c) F, V, V, V, F 
d) F, F, F, V, V 
e) V, V, F, V, V 
 
10 (ESAF/AFRF/2005) - Sobre conceito de Constituição e suas 
classificações e sobre a aplicabilidade e interpretação de normas 
constitucionais, marque a única opção correta. 
a) Segundo a doutrina do conceito de constituição, decorrente do 
movimento constitucional do início do século XIX, deve ser afastado 
qualquer conteúdo que se relacione com o princípio de divisão ou 
separação de poderes, uma vez que tal matéria não se enquadra 
entre aquelas que se referem de forma direta à estrutura do Estado. 
b) Uma constituição não-escrita é aquela cujas normas decorrem de 
costumes e convenções, não havendo documentos escritos aos quais 
seja reconhecida a condição de textos constitucionais. 
c) De acordo com o princípio da máxima efetividade ou da e. ciência, 
princípio de interpretação constitucional, a interpretação de uma 
norma constitucional exige a coordenação e combinação dos bens 
jurídicos em conceito, de forma a evitar o sacrifício total de uns em 
relação a outros. 
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d) O art. 5º, inciso XXII, da Constituição Federal de 1988, que 
estabelece “Art. 5º [...] inciso XXII – é garantido o direito de 
propriedade”, é uma norma constitucional de eficácia contida ou 
restringível. 
e) O princípio de interpretação conforme a constituição não pode ser 
aplicado na avaliação da constitucionalidade de artigo de uma 
Emenda à Constituição promulgada pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal. 
 
11 (FCC/Auditor – TCE/MG – 2005) - A normaconstitucional que 
dispõe que o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento 
científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas é, quanto à 
aplicabilidade, uma norma 
(A) auto-executável. 
(B) incondicionada. 
(C) programática. 
(D) condicionada. 
(E) de eficácia contida. 
 
12 (FCC/Procurador – TCE/PI – 2005) - Em matéria de interpretação 
e aplicabilidade das normas constitucionais, a doutrina brasileira 
predominante sustenta que 
(A) as normas constitucionais de eficácia contida são as que só 
produzem todos os seus efeitos ao serem regulamentadas por norma 
infraconstitucional. 
(B) as normas constitucionais de eficácia plena gozam de presunção 
de constitucionalidade e, por isso, são hierarquicamente superiores às 
de eficácia contida e às de eficácia limitada. 
(C) o Poder Judiciário, na sua função institucional primordial de 
interpretar e aplicar as leis, é o principal destinatário das normas 
constitucionais programáticas, por força do principio da unidade da 
constituição. 
(D) a declaração de inconstitucionalidade parcial, sem redução de 
texto, é uma das hipóteses de aplicação da interpretação conforme a 
constituição. 
(E) a contradição entre normas constitucionais originárias deve ser 
resolvida mediante a declaração de inconstitucionalidade da norma 
que mais atinja os valores constitucionalmente protegidos. 
 
13 (FCC/Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas Considera-se 
de eficácia limitada a norma constitucional segundo a qual 
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20
(A) é vedada a utilização pelos partidos politicos de organização 
paramilitar (art. 17, § 42). 
(B) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei (art. 52, lI). 
(C) é livre o exercicio de qualquer trabalho, oficio ou profissão, 
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 52, 
XII I). 
(D) é direito dos trabalhadores urbanos e rurais a proteção em face 
da automação, na forma da lei (art. 72, XXVII). 
(E) a casa é asilo inviolável do individuo, nela ninguém podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo nos casos 
previstos na Constituição (art. 52, XI). 
 
14 (FCC/Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/MG – 2005) - 
Considere o que segue: 
I. Compete à União elaborar e executar planos nacionais e regionais 
de ordenação do território e desenvolvimento econômico e social. 
II. Os Estados podem incorporar-se, entre si, subdividir-se ou 
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos 
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população 
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso 
Nacional, por lei complementar. 
Essas normas constitucionais são denominadas, respectivamente, de 
eficácia 
(A) plena de principio institutivo e de eficácia limitada ou contida. 
(B) absoluta de principio programático e de eficácia contida de 
princípio institutivo. 
(C) limitada de principio programático e de eficácia limitada de 
principio institutivo. 
(D) relativa restringivel e de eficácia plena de principio programático. 
(E) absoluta de principio institutivo e de eficácia limitada de principio 
programático. 
 
15 (FCC/Procurador MP TC AM/2006) - Considerando a classificação 
doutrinária predominante no tocante à aplicabilidade das normas 
constitucionais, a norma constitucional que estabelece que “ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei”,e que expressa o princípio da legalidade,é norma 
(A) de eficácia plena e de aplicabilidade 
(B) de eficácia limitada e de aplicabilidade dependente de lei 
posterior. 
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(C) de eficácia contida e de aplicabilidade diferida. 
(D) programática e dependente de medidas administrativas para sua 
concreção 
(E) de caráter institutivo e dependente de norma posterior que lhe 
fixe o alcance. 
 
Gabarito: 
 
1. E 
2. E 
3. E 
4. E 
5. C 
6. E 
7. A 
8. D 
9. E 
10. D 
11. C 
12. D 
13. D 
14. C 
15. A

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